terça-feira, maio 16, 2017

A goleira que reinventou o tiro de meta e quase estragou a festa das rivais...


União 5 x 0 Alecrim: A goleira que reinventou o tiro de meta e quase estragou a festa das rivais

Por Ana Clara Dantas - comentarista do TVU Esporte da TV Universitária e do Universidade do Esporte, da radio 88,9 - FM Universitária de Natal/RN

Carla jogava bola na rua, ouvia gritos de “mulherzinha”, como se fosse xingamento ser mulher.

Com a Mila não foi diferente.

Pequenina, mas com atrevimento enorme, ela fez muito moleque esquecer os fundamentos mais básicos do futebol.

Carla foi pro gol.

Talvez por identificação, talvez por pura necessidade.

Mila ainda inferniza defesas alheias.

Bom, talvez nem tenha sido assim mesmo a caminhada dessas duas.

O que eu sei é que depois de muitos treinos, rachões, e jogos, elas ficaram frente a frente no Campeonato Potiguar.

Carla é goleira do Alecrim.

Time que, por si só, merece um parágrafo à parte como a personificação do mais desvairados dos amores futebolísticos.

Mas voltando às meninas...

Mila é a que muda o jogo.

Ela que resolve pro União.

É por ela que estamos no estádio.

Sem sua genialidade o mundo seria o mesmo, mas eu não daria esse sorriso besta de quem acabou de vê-la achar espaço até não caber mais e só parar na goleira Carla.

Ah, Carla.

E esse sol infernal?

O gramado tá meio ruim, né?

O Alecrim não ataca muito, então segura aí.

Mas só dá União.

E lá vem a Mila.

Aí já foi.

É gol.

Carla manda o time pra frente.

Como diz a gíria do futebol moderno: “Vamos, agredir o adversário, porra!”.

Tiro de meta pro Alecrim.

União recupera a bola.

Mila tenta.

Carla foi buscar.

Tiro de meta pro Alecrim e de novo o União recupera.

Mila chega.

Mas Carla parece decidida.

Aqui não!

E o jogo segue nessa sequência interminável: Tiro de Meta - União recupera - chega em Mila - bate pro gol - CARLAAAAA.

Na arquibancada alguém sentencia: “Ela vai entregar dez tiros de meta e vai fazer dez defesas”.

O mais tropicalista dos Caetanos diria: “Que loucura!”.

Mas quando o improvável entra em campo, o talento trata de colocar tudo no lugar.

Mila estava mordida pra resolver o jogo.

A treinadora da seleção está no estádio, algumas equipes de TV estão presentes, e a luz natural está indo embora enquanto chega o anoitecer.

Isso mesmo, o Estádio vai ficar às escuras.

Alguns dirão que é exagero, mas parece que até o sol, curioso que é, resolveu ficar mais um pouco para ver a Mila jogar e vencer a goleira Carla.

Depois ficou escuro, escuro demais pra ver o que quer que fosse.

Sejam as equipes de TV, seja a treinadora da seleção.

E por mais que a goleira tentasse, parecia estar sempre batendo na porta do céu.

No fim, um resultado expressivo.

União 5 x 0 Alecrim e uma grande história pra contar.

Vence o futebol feminino!

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