Revivendo a final de Champions League de 1998 entre Juventus e Real
Madrid...
A história se repete.
Por Oscar Cowley, repórter do programa "Universidade do Esporte" da rádio 88,9 - FM Universitária
Há dezenove anos, Juventus e Real
Madrid disputavam uma final de Champions League como a que teremos a
oportunidade de apreciar no dia 3 de junho, em Cardiff.
O cenário, porém, era diferente.
Se hoje temos como favorito o
time espanhol, em 1998 os italianos eram o time mais prestigioso da Europa.
O palco desta vez fora o belo
estádio do Ajax, o Amsterdam Arena, que recebeu 48,500 pessoas.
Zidane, agora técnico do Real,
comandava a “escuadra” da Juventus junto com uma das maiores lendas do time,
Alessandro Del Piero.
Jogadores como Inzaghi (aquele
mesmo que depois jogou pelo Milan), Davids, Deschamps, Montero, Conte (hoje
técnico do Chelsea), Di Livio e o goleiro Peruzzi (parece difícil de acreditar,
mas Buffon ainda não era o goleiro naquela época) completavam um dos elencos
mais poderosos da história da Vecchia Signora.
Por outro lado, os merengues
buscavam ‘a sétima’ depois de 32 anos de jejum.
Não menos poderoso, o Real Raul,
como era conhecido na época, contava com grandes nomes também, como Roberto
Carlos, Hierro, Morientes, Seedorf, Mijatovic, Sanchís e, claro, Raul, nome
mais que importante para a história ‘blanca’.
No banco de reservas, dois dos
técnicos mais vitoriosos do futebol lideravam as equipes, pela Juventus,
Marcello Lippi, e no Real, Jupp Heynckes.
Em Amsterdam, a Juventus disputou
sua terceira final de Champions consecutiva depois de eliminar o Mônaco nas
semifinais.
O confronto contra os franceses,
assim como neste ano, ficou marcado pela superioridade mostrada em campo pelo
time de Turim.
Além disso, tinham conquistado o
campeonato italiano com cómoda vantagem, colocando medo no time espanhol que,
por sua vez, atravessava uma fase horrível na liga chegando a disputa apenas na
4° colocação e fora da classificação para a próxima Liga dos Campeões.
Numa atmosfera contagiante,
estimulada pela paixão que o povo holandês nutre pelo futebol, o jogo começou
favorável para a Juventus que ainda nos primeiros minutos chegou ao gol de
Illgner com um chute de fora da área de Deschamps.
Em seguida, com algumas aparições
de Zidane, cujo estilo de jogo envolvia uma mistura de elegância e
tranquilidade, o clube italiano começava a dominar a partida e criar ocasiões
de gol.
Rapidamente, Heynckes notou a
necessidade de anular o homem responsável pela maquinaria do time rival
colocando Hierro e Redondo para marcar o francês, conseguindo rebaixar quase
que de forma total sua autoridade dentro de campo.
A partir daí as chances para o
Real começaram a chegar, sendo a mais clara dos pés de Raul que, após uma bela
jogada do atacante Mijatovic, acabou finalizando para fora do gol.
Durante o segundo tempo, a forte
marcação sobre Zidane deixou clara a grande dependência que a Juventus sofria
do jogador, uma vez que a zona de criação ficou praticamente anulada.
Deschamps e Di Livio, que
deveriam complementar esse papel, não apareceram, de forma que a organização de
jogo ficou sobre responsabilidade de David que, convenhamos, nunca foi um bom
jogador com a bola nos pés (a não ser que isso significasse enfiar uma bomba de
qualquer forma no gol).
No momento em que o jogo parecia
mais equilibrado, a final sinalou quem seria seu herói da noite.
Chegávamos próximos aos 66’ do
segundo tempo, quando o italiano Panucci lançou uma bola na área em busca do homem
em quem os madridistas apostavam para decidir o confronto, Raul González.
Porém, o futebol funciona de
maneira misteriosa e quiseram os deuses do esporte que o gol fosse marcado pelo
jogador mais contestado do time.
Tendo falhado de chegar no
espanhol, a bola sobrou para o lateral Roberto Carlos na frontal da área que
não pensou duas vezes em rematar no gol com a força característica de sua perna
esquerda.
A trajetória, contudo, foi
cortada pela zaga da Juventus que, num raro momento de indefinição, deixou a
esfera sobrar nos pés de Predrag Mijatovic que com muita tranquilidade tirou do
goleiro e anotou o gol que daria o título da ‘sétima’ para o Real Madrid.
Sem dúvida, este foi um daqueles
gols capazes de fazer esquecer todos os problemas de uma temporada
problemática.
O jogador, nascido na antiga
Iugoslávia, mais especificamente na região que hoje corresponde a Montenegro,
ainda não tinha anotado um gol sequer na competição europeia e vinha sofrendo
duras críticas da prensa espanhola.
Ainda, uma lesão na panturrilha
quase o tira do jogo e, de fato, teria sido impedido de jogar pelo seu
treinador caso o montenegrino não tivesse escondido a lesão.
Ao rever as imagens do treino
antes do jogo, era possível ver como Mijatovic, com as meias bem levantadas,
algo atípico no jogador durante essas sessões, tratava de evitar que Heynckes
notasse que estava lesionado.
Finalmente o time espanhol
conseguiu estar à altura da melhor equipe do momento, desbancando todo o
favoritismo dado aos turinenses.
Uma situação parecida com a qual
nos deparamos de cara a final deste ano, ainda que com uma inversão de papeis.
Desta vez, será o Real que
disputará sua terceira final em apenas quatro anos saindo na frente nas casas
de apostas para levar o título.
Porém, se algo podemos aprender
com a história é que o jogo se vence no campo, pois no futebol nunca há uma
certeza absoluta...
Gostam de coincidências?
Para não “zicar” nenhum dos dois
times disponibilizarei uma para cada.
Desde 1989, quando o Milan bateu
o Steua Bucaresti, há um campeão italiano há cada 7 anos: Milan (1989),
Juventus (1996), Milan (2003), Inter de Milão (2010), e em 2017...
O confronto entre espanhóis e
italianos é o que mais vezes ocorreu na decisão da Liga dos Campeões, a
Espanha, entretanto, ganha de lavada: cinco títulos contra dois da Itália em
sete decisões.
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