Angelo Pagotto era um daqueles jogadores predestinados a dar certo...
Talento e qualidade não faltavam.
Infelizmente, maturidade, sim...
E, foi exatamente a falta de maturidade que impediu seu sucesso, segundo
ele mesmo conta em entrevista à ‘Gazzetta dello Sport’.
O ex-goleiro era tido como a maior promessa italiana na década de 90, mas
algumas decisões erradas o impediram de dar seguimento a uma carreira que tinha
tudo para ser brilhante...
Na entrevista, Pagotto conta como foi do céu ao inferno no curto período
de 3 anos.
Muito dinheiro e drogas, uma mistura explosiva
Em 1996 Angelo Pagotto foi campeão europeu de Sub-21 com seleção italiana...
Titular absoluto, não se incomodava muito com seu reserva imediato, um
rapazola chamado Gianluigi Buffon.
"Eu era jovem, tinha muito dinheiro no bolso, mas não tinha uma
família sólida para me orientar. Eu tinha as mulheres que queria. Naquele tempo
o Buffon eram alguns anos mais novo que eu. Muito jovem e inexperiente, acabou sendo
preterido e a titularidade caiu nas minhas mãos. Mas ele e eu éramos
predestinados e os goleiros mais talentosos da época", explica Pagotto...
No final da Euro Pagotto se transferiu da Sampdoria para o Milan, mas
antes, havia rejeitado uma proposta da Juventus.
"Não sei se me enganei ou não. Olhando para trás, talvez fosse
melhor ter ido para Turim. Eu e o meu agente tínhamos várias opções. Mas
optamos pela Sampdoria, porque o Walther Zenga estava no fim da carreira e eu
teria mais espaço. Na Juventus teria que suar muito. O meu coração ainda chora
por deixar a Sampdoria. O ambiente era agradável, senti-me uma merda. Em Milão
encontrei uma cidade fria e um clube ainda mais frio", recorda.
Mas o pior estava guardado para 1999, já no Perugia, quando foi suspenso
por dois anos ao flagrado por acusar cocaína num teste antidoping...
"Naquele tempo ainda podia evitar um teste de doping e se eu tivesse
má fé podia tê-lo feito. Mas estava calmo, porque numa semana em Parma e na
semana seguinte em Pádua acusei negativo. Só que entre ambos os testes, após um
jogo com a Fiorentina, acusei positivo. Acho estranho. Na altura o procurador
disse-me que se eu admitisse a culpa o meu castigo seria de seis meses, mas
nunca quis fazer isso", recorda Angelo Pagotto.
E aí começou o fim...
"Tudo se foi. Os jogadores, meus ex-companheiros de equipe, deixaram
de ser meus amigos. Passei dois anos com a minha mãe no hotel que abrimos. Ela
acreditou em mim. Havia dias em que eu não conseguia sair da cama, outros de
noitadas na discoteca. Tinha começado uma vida selvagem mas um dia percebi que
a situação estava a ficar descontrolada, olhei-me ao espelho e comecei a
tratar-me. Não tenho vergonha de dizer que recebi ajuda, não poderia ter lutado
sozinho contra a depressão", conta o ex-goleiro, que voltou a jogar no final da suspensão mas longe
dos grandes clubes e dos grandes palcos.
Em 2007, Pagotto voltou ser flagrado num exame antidoping, quando estava
no Crotone...
Foi o ponto final na carreira.
Tinha 34 anos e enfrentava uma suspensão de 8...
"Deixei a Itália e fui para a Alemanha. Fui pizzaiolo, cozinheiro,
tudo... Alguns italianos reconheciam-me, mas com aquelas roupas de trabalho era
difícil", recorda.
Atualmente com 47 anos, Angelo de volta a Itália e desempenha funções de
treinador de goleiros no Avellino, que disputa a Série C...
Essa é a história do goleiro que um dia colocou no banco, Gianluigi Buffon, mas é também, a história do homem que por imaturidade deixou escapar o “cavalo selado”.
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