Excelente matéria escrita pelo
jornalista Cassio Zirpoli, sobre endividamento das equipes brasileiras...
Clubes do Brasileirão têm R$ 1
bilhão em dívidas à revelia com a União; veja o ranking
por Cassio Zirpoli
Os maiores devedores da União,
considerando as dívidas abertas na consulta em 23/01/2023.
Ao todo, os clubes presentes nas
quatro séries do Campeonato Brasileiro de 2023 têm R$ 1 bilhão em dívidas
abertas com a União Federal.
De forma precisa, R$
1.028.904.605, somando débitos tributários, débitos previdenciários e multas
trabalhistas que não foram acordados, com o passivo correndo à revelia dos
clubes.
No caso, 58 dos 124 clubes são
responsáveis por este montante.
Ou seja, 46,7% dos participantes
– confira o ranking abaixo.
Os números de todos os times, a
partir dos respectivos CNPJ’s, estão à disposição através do aplicativo “Dívida
Aberta”, da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN).
A consulta pública lista todos os
contribuintes com dívida ativa junto à União e com o Fundo de Garantia do Tempo
de Serviço (FGTS).
Hoje, o ranking de clubes é
“liderado” pelo Brasiliense, com inacreditáveis R$ 383 milhões, dos quais de R$
375 mi em 45 débitos tributários.
Sozinho, o clube do Distrito
Federal tem 37,2% das dívidas abertas do Brasileirão com o governo federal.
Mesmo sendo relativamente novo.
Fundado em 1º de agosto de 2000
e, ascendeu logo e jogou na 1ª divisão em 2005.
Porém, decaiu. Sobre a dívida
atual, é como se o Brasiliense devesse R$ 17 mi em impostos a cada ano desde
que foi criado.
Regularização não é sinônimo
de dívida zerada
No primeiro ano do app, em 2020,
o maior devedor era o Cruzeiro, com R$ 261 milhões, mas o clube de BH firmou um
acordo com a PGFN e conseguiu descontos sobre encargos, juros e multas.
Além disso, conseguiu parcelar R$
182 milhões em 145 meses!
De volta à Série A em 2023, o
clube mineiro aparece com a maior dívida pública na elite, mas com um valor 11
vezes menor que aquela primeira consulta (23 mi x 261 mi).
Ou seja, a dívida pública do
clube segue enorme, mas a maior parte passou a ser desconsiderada devido ao
acerto.
Portanto, só voltará a aparecer
na checagem no app em caso de atraso.
Lembrando que isso é apenas uma
parte do passivo do Cruzeiro.
Ao todo, a raposa, que virou uma
Sociedade Anônima do Futebol (SAF), deve R$ 1 bilhão.
O caso do Cruzeiro a União também
serve para explicar a ressalva sobre o ranking levantado pelo blog.
Os 66 clubes do Brasileirão sem
dívida ativa com o governo são descritos no aplicativo oficial como
“estabelecimento em situação regular perante a PGFN”.
Isso não significa,
necessariamente, que estão “zerados” em dívidas, já que a consulta não lista os
débitos parcelados, garantidos ou com exigibilidade suspensa, que é o caso do
Cruzeiro agora.
Trio do Recife aumentou a
dívida
Na verdade, a maioria dos clubes
segue devendo, mas ao menos enxergam a pendência de maneira mais responsável.
E aí entra o trio de ferro do
Recife, com R$ 273 milhões em dívidas à revelia em 525 casos citados pelo
governo, sendo 113 mi no Sport (117 débitos), 89 mi no Náutico (199 débitos) e
70 mi no Santa (209 débitos).
Só de 2022 para 2023 a dívida do
trio subiu R$ 39 milhões, com +19 mi no rubro-negro, +7 mi no alvirrubro e +13
mil no tricolor.
Aparentemente, é algo ignorado há
anos nas gestões.
Uma hora chega à conta.
Além dos 124 clubes classificados
no BR, também consultei os dados de outros times profissionais de tradição
nacional, mas que neste ano estão fora da competição.
Ao todo, foram quase 150
consultas, chegando a quase R$ 1,2 bilhão.
Dois desses clubes abaixo da Série
D, Portuguesa e São Caetano, entraram no top 10 entre os maiores devedores
junto à União Federal, que agora começa um novo ciclo presidencial no país, com
Lula.
As maiores “dívidas abertas”
com a União
1º) R$ 383.756.924 –
Brasiliense (DF), Série D
2º) R$ 170.214.220 –
Guarani (SP), Série B
3º) R$ 118.704.472 –
Portuguesa (SP)*
4º) R$ 113.094.645 – Sport
(PE), Série B
5º) R$ 89.672.827 – Náutico
(PE), Série C
6º) R$ 70.313.125 – Santa
Cruz (PE), Série D
7º) R$ 31.819.543 – Avaí
(SC), Série B
8º) R$ 23.575.717 –
Cruzeiro (MG), Série A
9º) R$ 23.474.733 – São
Caetano (SP)*
10º) R$ 22.688.517 – Vila
Nova (GO), Série B
* Sem divisão nacional em
2023
Agora, a lista completa de
devedores nas quatro divisões de 2023.
A dívida acumulada junto à União
Federal é a seguinte: Série A 65,4 milhões, Série B 357,5 milhões, Série C
109,9 milhões e Série D 495,9 milhões.
Da lista anterior, os maiores
acordos entre quitação e parcelamento foram feitos por Vasco (-187 mi),
Figueirense (-56 mi), Fluminense (-38 mi), Botafogo (-35 mi), Vitória (-23 mi),
Paysandu (-11 mi), Corinthians (-6 mi) e São Paulo (-5 mi).
As dívidas abertas na Série A
de 2023
1º) R$ 23.575.717 –
Cruzeiro (MG)
2º) R$ 18.218.673 – América
(MG)
3º) R$ 10.719.514 – Vasco
(RJ)
4º) R$ 9.403.732 –
Palmeiras (SP)
5º) R$ 2.758.726 – Botafogo
(RJ)
6º) R$ 715.363 – Bahia (BA)
7º) R$ 20.569 – Fluminense
(RJ)
12 clubes em situação regular na
1ª divisão: Athletico (PR), Atlético (MG), Bragantino (SP), Corinthians (SP),
Cuiabá (MT), Flamengo (RJ), Fortaleza (CE), Goiás (GO), Grêmio (RS),
Internacional (RS), Santos (SP) e São Paulo (SP); 1 clube regular via
recuperação judicial: Coritiba (PR)
As dívidas abertas na Série B
de 2023
1º) R$ 170.214.220 –
Guarani (SP)
2º) R$ 113.094.645 – Sport
(PE)
3º) R$ 31.819.543 – Avaí
(SC)
4º) R$ 22.688.517 – Vila
Nova (GO)
5º) R$ 13.325.911 – ABC (RN)
6º) R$ 5.867.553 – Ponte
Preta (SP)
7º) R$ 649.274 –
Chapecoense (SC)
8º) R$ 248.634 – Atlético
(GO)
12 clubes em situação regular na
2ª divisão: Botafogo (SP), Ceará (CE), CRB (AL), Criciúma (SC), Ituano (SP),
Juventude (RS), Londrina (PR), Mirassol (SP), Novorizontino (SP), Sampaio
Corrêa (MA), Tombense (MG) e Vitória (BA)
As dívidas abertas na Série C
de 2023
1º) R$ 89.672.827 – Náutico
(PE)
2º) R$ 5.562.442 – Paysandu
(PA)
3º) R$ 4.772.857 –
Figueirense (SC)
4º) R$ 4.242.589 – América
(RN)
5º) R$ 3.708.762 – Remo
(PA)
6º) R$ 1.341.102 – CSA (AL)
7º) R$ 525.526 0 Botafogo
(PB)
8º) R$ 120.733 – Confiança
(SE)
9º) R$ 25.971 – Altos (PI)
10º) R$ 19.410 – Volta
Redonda (RJ)
10 clubes em situação regular na
3ª divisão: Amazonas (AM), Aparecidense (GO), Brusque (SC), Floresta (CE),
Manaus (AM), Operário (PR), Pouso Alegre (MG), São Bernardo (SP), São José (RS)
e Ypiranga (RS)
As dívidas abertas na Série D
de 2023
1º) R$ 383.756.924 –
Brasiliense (DF)
2º) R$ 70.313.125 – Santa
Cruz (PE)
3º) R$ 17.799.722 – Brasil
(RS)
4º) R$ 9.842.536 – Inter de
Limeira (SP)
5º) R$ 5.902.631 –
Campinense (PB)
6º) R$ 2.795.776 –
Democrata (MG)
7º) R$ 782.206 – Real
Noroeste (ES)
8º) R$ 741.730 – União
Rondonópolis (MT)
9º) R$ 543.171 – Maranhão
(MA)
10º) R$ 527.263 –
Portuguesa (RJ)
11º) R$ 521.785 –
Jacuipense (BA)
12º) R$ 425.734 – CRAC (GO)
13º) R$ 329.992 – Águia
(PA)
14º) R$ 265.855 –
Ferroviário (CE)
15º) R$ 265.444 – Globo
(RN)
16º) R$ 203;836 –
Ferroviária (SP)
17º) R$ 173.658 – Hercílio
Luz (SC)
18º) R$ 172.790 – Atlético
(CE)
19º) R$ 133.349 – Potiguar
(RN)
20º) R$ 111.070 – Nacional
de Patos (PB)
21º) R$ 100.055 – Atlético
de Alagoinhas (BA)
22º) R$ 91.207 – Real
Ariquemes (RO)
23º) R$ 33.175 –
Tocantinópolis (TO)
24º) R$ 32.389 – XV de
Piracicaba (SP)
25º) R$ 28.845 – Novo
Hamburgo (RS)
26º) R$ 17.942 – São
Joseense (PR)
27º) R$ 15.922 – Camboriú
(SC)
28º) R$ 12.206 – Sergipe
(SE)
29º) R$ 5.415 – Interporto
(TO)
30º) R$ 3.027 – Trem (AP)
31º) R$ 2.672 – Nacional
(AM)
32º) R$ 1.528 – São
Francisco (AC)
33º) R$ 1.411 – Tuna Luso
(PA)
31 clubes situação regular na 4ª
divisão: Aimoré (RS), Anápolis (GO), ASA (AL), Athletic (MG), Bahia de Feira
(BA), Caldense (MG), Cascavel (PR), Caucaia (CE), Caxias (RS), Ceilândia (DF),
Concórdia (SC), Cordino (MA), Cruzeiro (AL), Falcon (SE), Fluminense (PI),
Humaitá (AC), Iguatu (CE), Iporá (GO), Maringá (PR), Nova Iguaçu (RJ), Operário
(MS), Operário (MT), Pacajus (CE), Parnahyba (PI), Princesa do Solimões (AM),
Resende (RJ), Retrô (PE), Santo André (SP), São Raimundo (RR), Sousa (PB) e
Vitória (ES)
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