quarta-feira, fevereiro 08, 2023

As regras da Premier League que podem punir severamente o Manchester City

Como são as regras da Premier League que podem punir duro o City

Por Rodrigo Mattos/UOL Esporte

Durante a segunda-feira, a Premier League anunciou que uma investigação constatou que o Manchester City quebrou mais de 100 regras da liga durante o período de quase uma década.

O caso foi mandado para uma comissão que pode estabelecer punições de multa até rebaixamento e exclusão do campeonato.

É importante, portanto, entender como funcionam as regras da Premier League.

O regulamento é um documento de mais de 682 páginas, com o nome de Premier League Handbook, que inclui todos os procedimentos para o campeonato.

Estão lá desde os itens óbvios como dizer que cada vitória vale três pontos e os uniformes dos times até regras financeiras complexas.

São esses regulamentos relacionados à gestão e às finanças que o City teria quebrado.

É um princípio parecido com o de Fair Play Financeiro que há na UEFA e tem sido discutido para uma liga no Brasil.

Só que, no caso inglês, tudo faz parte da regra geral do campeonato.

As regras financeiras atuais incluem 74 artigos a serem cumpridos pelos clubes.

O objetivo é de que os times vivam com os recursos gerados pelo próprio futebol e mantenham seus gastos dentro dos limites permitidos por suas receitas

São nove cláusulas com obrigações de finanças que foram desrespeitadas pelo City, segundo o comunicado.

Há duas burlas mais relevantes

1) O City é acusado de registrar patrocínios inflados com empresas de Abu Dhabi, o que serviria para disfarçar dinheiro injetado pelos donos do clube

2) Há uma denúncia de que o City escondeu pagamentos de sua equipe, técnico principalmente, que teriam sido feito por terceiros.

E não diretamente pelo time.

Então, a Premier League aponta que o City não cumpriu regras que o obrigavam a descrever suas receitas de marketing detalhadas por origem, nem submeteu seus contratos para a avaliação da liga.

É a entidade que tem de dizer se os contratos têm um valor justo, isto é, refletem o mercado, ou foram inflados para simular uma receita.

Em seu comunicado, a Premier League destacou que um clube tem que fornecer “acurada informação financeira que dê a verdadeira e justa visão da posição das finanças do clube, em particular em relação às receitas (incluindo receita de patrocínio).”

Na última edição da lista de clubes mais ricos do mundo, a Deloitte colocou o City em primeiro lugar com 731 milhões de euros em receitas.

Deste total, mais da metade, 373 milhões de euros, são compostos por rendas comerciais.

Estão aí os contratos de marketing e propriedades do City.

O valor é superior ao arrecadado pelo Real Madrid, com torcida e marca mais valiosos, nesta área.

Além dos patrocínios, a Premier League destacou que os clubes são obrigados “a fornecer todos os detalhes da remuneração do técnico”.

Há indicações, por vazamentos de documentos feitos à revista “Der Spigel”, de que o ex-técnico Roberto Mancini recebia parte dos salários por meio de empresas ligadas a Abu Dhabi.

A Liga ainda apontou que o City deveria informar todos os detalhes dos pagamentos de jogadores.

O City ainda descumpriu normas de governanças, de respeitar o Fair Play da UEFA, de contribuir com a investigação da Premier League.

O clube de Manchester já se livrou de punições na UEFA apelando ao CAS (Corte Internacional do Esporte) e usando argumentos técnicos.

De novo, o City voltou a negar qualquer irregularidade e prometeu se empenhar para enterrar de vez o assunto.

A extensa acusação feita pela Premier League indica que haverá uma luta por estabelecer uma punição pesada ou o seu Handbook de 600 páginas vai virar letra morta.

Um comentário:

jornal da grande natal disse...

No Brasil tem que começar pelo três poderes no Planalto.