Como são as regras da Premier
League que podem punir duro o City
Por Rodrigo Mattos/UOL Esporte
Durante a segunda-feira, a
Premier League anunciou que uma investigação constatou que o Manchester City
quebrou mais de 100 regras da liga durante o período de quase uma década.
O caso foi mandado para uma
comissão que pode estabelecer punições de multa até rebaixamento e exclusão do
campeonato.
É importante, portanto, entender
como funcionam as regras da Premier League.
O regulamento é um documento de
mais de 682 páginas, com o nome de Premier League Handbook, que inclui todos os
procedimentos para o campeonato.
Estão lá desde os itens óbvios
como dizer que cada vitória vale três pontos e os uniformes dos times até
regras financeiras complexas.
São esses regulamentos
relacionados à gestão e às finanças que o City teria quebrado.
É um princípio parecido com o de
Fair Play Financeiro que há na UEFA e tem sido discutido para uma liga no
Brasil.
Só que, no caso inglês, tudo faz
parte da regra geral do campeonato.
As regras financeiras atuais
incluem 74 artigos a serem cumpridos pelos clubes.
O objetivo é de que os times
vivam com os recursos gerados pelo próprio futebol e mantenham seus gastos
dentro dos limites permitidos por suas receitas
São nove cláusulas com obrigações
de finanças que foram desrespeitadas pelo City, segundo o comunicado.
Há duas burlas mais relevantes
1) O City é acusado de registrar
patrocínios inflados com empresas de Abu Dhabi, o que serviria para disfarçar
dinheiro injetado pelos donos do clube
2) Há uma denúncia de que o City
escondeu pagamentos de sua equipe, técnico principalmente, que teriam sido
feito por terceiros.
E não diretamente pelo time.
Então, a Premier League aponta
que o City não cumpriu regras que o obrigavam a descrever suas receitas de
marketing detalhadas por origem, nem submeteu seus contratos para a avaliação
da liga.
É a entidade que tem de dizer se
os contratos têm um valor justo, isto é, refletem o mercado, ou foram inflados
para simular uma receita.
Em seu comunicado, a Premier
League destacou que um clube tem que fornecer “acurada informação financeira
que dê a verdadeira e justa visão da posição das finanças do clube, em
particular em relação às receitas (incluindo receita de patrocínio).”
Na última edição da lista de
clubes mais ricos do mundo, a Deloitte colocou o City em primeiro lugar com 731
milhões de euros em receitas.
Deste total, mais da metade, 373
milhões de euros, são compostos por rendas comerciais.
Estão aí os contratos de
marketing e propriedades do City.
O valor é superior ao arrecadado
pelo Real Madrid, com torcida e marca mais valiosos, nesta área.
Além dos patrocínios, a Premier
League destacou que os clubes são obrigados “a fornecer todos os detalhes da
remuneração do técnico”.
Há indicações, por vazamentos de
documentos feitos à revista “Der Spigel”, de que o ex-técnico Roberto
Mancini recebia parte dos salários por meio de empresas ligadas a Abu Dhabi.
A Liga ainda apontou que o City
deveria informar todos os detalhes dos pagamentos de jogadores.
O City ainda descumpriu normas de
governanças, de respeitar o Fair Play da UEFA, de contribuir com a investigação
da Premier League.
O clube de Manchester já se
livrou de punições na UEFA apelando ao CAS (Corte Internacional do Esporte) e
usando argumentos técnicos.
De novo, o City voltou a negar
qualquer irregularidade e prometeu se empenhar para enterrar de vez o assunto.
A extensa acusação feita pela Premier League indica que haverá uma luta por estabelecer uma punição pesada ou o seu Handbook de 600 páginas vai virar letra morta.
Um comentário:
No Brasil tem que começar pelo três poderes no Planalto.
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