Klopp explica saída do
Liverpool: «Preciso de descobrir como ter uma vida normal»
Treinador alemão refere que
vai "dar tudo esta temporada" antes de fazer uma pausa ou parar em
definitivo
Por Jornal Record/Portugal
- Jürgen Klopp compareceu nesta
sexta-feira a uma coletiva de imprensa onde explicou a decisão de deixar o
Liverpool no final da temporada...
“Com toda a responsabilidade
que este cargo traz, precisa de estar sempre no topo. Faço isto há 24 anos e já
disse antes, quando tens a carreira que tenho... Percebi que os meus recursos
não são intermináveis e preferi dar tudo esta temporada para depois fazer uma
pausa ou parar. Já não somos novos, já não saltamos tão alto como saltávamos. É
o que é”, começou por explicar o treinador alemão.
E acrescentou:
“Não foi uma coisa em que
pensei de propósito, mas quando comecei a pensar realmente nas coisas... Não
posso estar mais num nível de topo e preciso de dizer isso às pessoas. E foi
isso que transmiti ao clube. Acho que toda a gente acredita em mim, porque amo
realmente o clube. Estou convencido de que é a decisão correta”.
- Como se sente?
“Foi um alívio ter tomado esta
decisão. Não sabia que me ia sentir assim, mas acabou por acontecer. É um misto
de emoções. Hoje falei com os jogadores e essa foi uma das coisas importantes
que tive de fazer. Não sei o que os torcedores acham da decisão, mas a reação
dos jogadores foi muito boa. Estou aqui a 100% e hoje respondo às questões que
quiserem, estou muito focado no resto da temporada. É a coisa certa a fazer e
penso ter sido no momento certo, o clube precisa de tempo para resolver o
futuro enquanto estamos a viver o presente”.
- Que mensagem deixou aos
jogadores?
“Os jogadores não fizeram muitas
perguntas. Falei com todos e depois falei com alguns em particular. Temos uma
relação muito forte. Somos profissionais. Os rapazes veem as coisas como elas
são. Estiveram muito bem no treino, animados. Não fizeram uma festa quando lhes
disse isto, claro”.
- Vai dar conselhos à direção
quanto ao seu sucessor?
“No futebol, temos algumas
caras que fazem um trabalho incrível e que as pessoas não veem tanto. Parece
que faço o trabalho todo, mas não faço. O que construímos nos últimos oito anos
e meio foi uma estrutura muito forte nos bastidores para que tudo vá na direção
certa. E essa é uma das razões pelas quais eu posso sair. A última coisa que o
clube precisa é de um 'velho' a ir embora e a dizer 'precisam deste e deste'.
Desejo o melhor para este clube”.
Cansaço... “Amo esta equipe, a
maneira como reagimos em diferentes momentos. Mas o planejamento... Vocês podem
achar que o mercado de transferências é só o mercado de transferências, mas é o
momento em que finalmente podemos finalizar as coisas. A pré-temporada é muito
importante, e eu já o fiz tantas vezes... Tive seis conferências de imprensa
por semana durante tantos anos. Não tenho qualquer problema com vocês, mas mal
posso esperar pelo momento em que vou poder não dar entrevistas. Treinar uma
equipe como o Liverpool é tão importante para tanta gente. É energia, emoção,
relações. São coisas que requerem total dedicação. Com todas as coisas boas e
com todas as coisas más, é assim que sou. Se não consegues mais, tens de parar.
Não o disse passado um ano, dois, três, quatro ou cinco. Estava plenamente
confiante que ia conseguir continuar até 2026...”.
Sai com algum arrependimento?
“Não consigo pensar nisso
agora, não me consigo lembrar de certas coisas. No meu mundo, as melhores
memórias ainda estão por chegar. Foram tantos momentos que provavelmente
acabaria por mencionar o errado. Até agora, não tenho arrependimentos. Tenho
muitas memórias especiais. Se culparem alguém por não ganharmos mais vezes a
Liga dos Campeões, ou por não ganharmos outras coisas, culpem-me. Eu sou o
responsável. Nunca quis tanto viver a minha vida, nunca pensei nisso. Sempre
pensei que estava tudo bem, mas agora já não está. O que vai acontecer no
futuro? Não sei. Mas não vou treinar clubes nem seleções no próximo ano, nunca
mais vou treinar uma equipa inglesa - e isso posso prometer”.
- Alex Ferguson chegou a
anunciar que ia deixar o Manchester United no final de uma temporada e depois
voltou atrás na decisão. Pode acontecer neste caso?
“Não, não. Não sabia que isso
tinha acontecido com ele. Respeito muito Alex Ferguson e não sei o que
aconteceu nessa ocasião, mas pensei muito nisto. A certa altura precisei de
tomar uma decisão. Se ganharmos ou não ganharmos títulos? Não vai mudar nada”.
Mensagem para aos torcedores:
“Espero que aceitem a minha
decisão. Não consigo agradecer agora, são coisas que vão acontecer
eventualmente. Espero que não me interpretem mal, precisamos de todo o apoio
para os jogos que faltam”.
- Há alguma coisa em
particular que quer fazer depois de deixar o Liverpool?
“Não, não sei ter uma vida normal. Preciso de descobrir como fazer isso”.
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