Está de volta o cansativo aluga,
não aluga, envolvendo o estádio Maria Lamas Farache, o ABC FC e o América FC...
Sempre me neguei a tocar neste
assunto, pois em minha humilde opinião é algo tão tosco que sempre preferi me
manter distante.
Mas, chega um momento que não dá
para ficar quieto.
Vamos por partes...
Se tenho um imóvel que utilizo, mas
que gera despesas maiores que o que arrecado , preciso então equacionar este
problema...
Caso contrário, vou acabar
comprometendo minha estabilidade econômica e financeira.
Numa situação assim, se me
aparece alguém interessado em alugar o imóvel nos períodos que não o utilizo,
nada mais racional que eu o faça...
Afinal, a soma do que arrecado
com o que vou arrecadar com o aluguel, acaba com meu déficit e certamente vai
me gerar algum lucro.
De forma simplista, este é um raciocínio
lógico para qualquer um, ou pelo menos, deveria ser.
No entanto, no caso de nossos
clubes, as emoções baratas, turvam o raciocínio lógico e deixam a visão opaca.
O que acaba por gerar discussões
estéreis, mesquinhas e prejuízos.
Mesmo que neguem, a situação é a
seguinte:
O Maria Lamas Farache é a maior
obra já realizada por um clube do Rio Grande do Norte, mas sua manutenção é
cara e sua utilização como arena multiuso nunca foi concretizada e dificilmente
será em curto ou médio prazo.
Criar um complexo economicamente
viável em seu interior e a sua volta, custa dinheiro, muito dinheiro – a maior
prova é que até hoje, o ABC não conseguiu sanar o acumulo de água em frente ao
estádio nos períodos de chuva – vive a espera do poder público para tal.
Além do que, a legislação sobre o
silencio a que tem direito os moradores vizinhos ao estádio são rígidas e
certamente vai inviabilizar shows no local.
Por outro lado, o ABC, assim como
a maioria dos clubes brasileiros está atolado em dívidas...
Mesmo que tentem manter as aparências.
A diferença é que para clubes
como o ABC, conseguir patrocinadores que minimizem essas dividas não é tarefa
fácil...
O clube está sediado num Estado
de economia frágil e, portanto, seduzir grandes marcas com grandes verbas, é
quase um sonho.
Já o América, não vive situação
melhor...
Jogar em Goianinha pode até ser
algo romântico e heroico para seus torcedores...
Para seus dirigentes, é o
inferno.
O clube perde em arrecadação e em
longo prazo perde na adesão de novos torcedores, pois ao se distanciar de
Natal, seu berço, deixa para a concorrência o campo livre.
Goianinha foi uma emergência e
como tal precisa ser resolvida.
A direção do América deve ser
grata ao município, eles fizeram o que foi possível fazer...
Mas insistir em jogar dinheiro
público em Goianinha para depois, voltar a Natal, é injusto com o contribuinte,
seja ele, americano ou não.
Além do que, ampliar o Nazarenão,
não vai trazer nenhum benefício ao município...
A prefeitura posteriormente vai
ficar com um elefante branco e faminto a torrar recursos em sua manutenção e o
Palmeira ou qualquer outro clube local, terão que enfrentar a dura realidade de
se saber ainda mais diminutos, pois se num estádio com capacidade para quatro
ou seis mil pessoas, já não colocam quase ninguém em seus jogos, o que dirá num
estádio com capacidade ampliada para dez mil torcedores ou mais.
Resolver esta questão é urgente para
o América...
Jogar fora de Natal até que o
estádio Arena das Dunas esteja concluído é assinar a falência do clube e não me
venham com o discurso de que em breve a Arena do Dragão estará pronta e apta
para receber jogos da Série B ou A...
Breve neste caso significa alguns
bons anos pela frente...
Clubes mais ricos, mais estruturados
e donos de torcidas muito maiores, levaram anos para concluir seus estádios e
depois, outros tantos para se recuperar do dinheiro gasto na obra.
Acredito que o América fará seu
estádio...
Não tenho por que duvidar...
Mas, sua construção se dará por
etapas, até que finalmente se chegue ao que está posto na maquete e se enquadre
as exigências da CBF.
Até lá, a Arena do Dragão deverá
suportar jogos do Campeonato Estadual, Copa do Nordeste, as primeiras partidas
da Copa do Brasil e jogos da Série C...
Todo o resto é sonho, mesmo que
legitimo.
