Por José Cruz
Em janeiro de 2011 denunciei que
R$ 400 mil foram embolsados pela União Nacional dos Estudantes (UNE), diante da
falta de informações para um tal “Jogos de Verão” da UNE.
O dinheiro, liberado pelo
Ministério do Esporte, na época de Orlando Silva, ex-presidente da UNE, foi
repassado através da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Mas nunca consegui informação
oficial sobre os Jogos de Verão, estranhamente de “alto rendimento”.
Estranhamente, porque quem trata
de alto rendimento é o Comitê Olímpico e no caso acadêmico a Confederação
Brasileira de Desporto Universitário, CBDU.
Estranho e suspeitos os Jogos da
UNE, pelo menos enquanto não apresentarem os campeões.
Realidade
Agora, circula a notícia que é um
indicativo para este fato: o Ministério Público e o TCU descobriram que a UNE
recebeu R$ 12 milhões junto com a União Metropolitana de Estudantes de São
Paulo.
O dinheiro saiu de vários
ministérios para eventos culturais e esportivos. Mas as prestações de contas
das entidades demonstram que houve festa e farra…
O procurador do Ministério
Público, Marinus Marsico, conforme notícia de O Globo, identificou que boa
parte da prestação de contas dos R$12 milhões foi com notas frias.
Pior: a verba pública financiou,
também, bebidas alcoólicas: cerveja, vinho, cachaça, uísque e vodca, além de
telefones celulares, freezer e até um ventilador… quem sabe para jogar “poeira”
na confusão…
A direção da UNE desmente, mas
com argumentos tão frágeis que tornam mais suspeita a gastança com dinheiro
público.
Silêncio
Os ministérios do Esporte, da
Educação e a UFRJ nunca me enviaram os resultados dos Jogos de Verão, apesar
dos pedidos.
Que modalidades foram praticadas?
Onde?
Quem venceu?
Quantas instituições e atletas
participaram?
Até agora isso não foi revelado,
mas os R$ 400 mil do Ministério do Esporte sumiram.
E esse valor ainda não foi
analisado pelo Ministério Público.
Entre outras despesas na
prestação de contas que tive acesso, os tais Jogos de Verão gastaram R$
2.340,00 com flores; R$ 4.900,00 pagos a um jornalista; R$ 3.800,00 para uma
recepcionista; R$ 25.500,00 para a filmagem dos Jogos; R$ 29.000,00 pela confecção
de 2 mil sacolas; R$ 23.960,00 por duas mil pastas com zíper.
E por aí vai…
Mas não há despesas com esporte,
efetivamente, como arbitragem, medalhas, troféus etc.
Inacreditável
Diante das cobranças que fiz,
recebei um comunicado do Ministério do Esporte, sem qualquer informação sobre
os Jogos, mas com a seguinte preciosidade burocrática:
“Como o recurso (R$ 400 mil) é
descentralizado à aprovação da prestação de contas financeira e contábil não é
feita pelo Ministério do Esporte, mas pelo órgão executor, no caso a
Universidade Federal do Rio de Janeiro“.
Entenderam?
O Ministério libera a grana e a
prestação de contas e respectiva aprovação compete a quem gastou…
Não é uma maravilha?
Claro que é, principalmente
porque quem gastou a grana não foi a UNE nem a UFRJ, mas uma empresa chamada ANBP
Promoções e Eventos Empresariais Ltda.
Agora as dúvidas aumentam:
Os Jogos foram mesmo realizados?
Não creio, pois em caso positivo
teriam dado divulgação; e porque contrataram uma empresa para gastar o dinheiro?
Que resultado efetivo esse evento
trouxe para o fortalecimento do esporte nacional?
Porque o Ministério do Esporte
não se interessa em investigar esse caso suspeito de gravíssimas
irregularidades com dinheiro público?
Afinal, quantas Bolsa-Atletas poderiam
ser pagas com R$ 400 mil que jogaram no lixo?
Finalmente, o que diz o atual
ministro, Aldo Rebelo, ex-presidente da UNE, que tem a obrigação de zelar pelo
bom uso do bem público?