E o mito se foi...
O peso das derrotas e a aparente
perda do controle foram os fatores principais para a saída de Roberto Fernandes
do comando técnico do América.
Não há como discutir a importância
de Roberto Fernandes...
Foram segundo Sérgio Fraiman,
blogueiro torcedor, 91 partidas, 40 vitórias, 24 empates e 27 derrotas sob o
comando de Fernandes...
São números frios, nada
espetaculares, mas indiscutivelmente, são números importantes, se levarmos em
consideração a pouca disponibilidade financeira do América e a ditadura do
imediatismo que sempre oprime seus dirigentes.
Roberto Fernandes conquistou em
2012 o título estadual...
O América estava a oito anos na
fila...
Roberto Fernandes, nunca perdeu uma
partida oficial para o arquirrival, o ABC.
Tais fatos criaram condições para
que Fernandes se tornasse “intocável”, um mito, segundo os sempre exagerados
adjetivos que o futebol e seus fãs costumam utilizar em momentos êxtase.
Fernandes, “engoliu a corda” ...
Falava como um “estadista”,
teorizava como pesquisador dedicado e profundo...
Por vezes, usava sua fácil
retórica e explicava por que seus comandados haviam empatado ou perdido, mas conseguia
esgrimindo palavras, se colocar a distância das derrotas...
Mitos e estadistas costumam se
distanciar dos fracassos.
Seu trabalho dentro das
fronteiras do Rio Grande do Norte, por muito tempo não pode ser questionado,
mas quando fora da zona de conforto, os problemas brotavam.
Na Série B de 2012, conseguiu se
safar...
E bem.
O América terminou em 9º lugar e
somou 54 pontos.
Uma campanha ótima
para uma equipe que sempre tem contra si a falta de recursos.
Porém, a perda do estadual este ano, a
prematura desclassificação da Copa do Brasil e a pífia e medíocre campanha nas
nove primeiras rodadas da Série B, corroeram o passado...
Fernandes continuou seu discurso
de mito, de “estadista”, mas sem conseguir modificar o conteúdo...
Se repetia como nos bons
tempos...
Mas já não conseguia manter-se
tão distante das derrotas com outrora.
A falta de um discurso novo e a
sensação que o antes competente organizador havia perdido o rumo, se somaram a
clara incapacidade de solucionar problemas fora das condições ideais, contaminaram
com a desconfiança a sempre claudicante fé dos torcedores, esvaziaram os
argumentos de seus defensores jornalistas e colocaram contra parede
dirigentes...
Diante desses novos e cinzentos
tempos, a direção americana, mesmo sendo grata ao treinador, não teve saída...
Demitiu Fernandes...
Sabem os dirigentes americanos
que a única maneira seria essa...
Sabem os dirigentes americanos
que sem a dramática decisão, os respingos que até aqui conseguiram evitar, os
atingiria em brevíssimo tempo.