O clássico perdeu o foco da
motivação
O público pequeno no último
sábado no estádio Maria Lamas serviu para mostrar que o clássico envolvendo
América e Abc perdeu o foco da motivação. A semana que antecede a partida agora
é marcada por temas que envolvem questões de segurança. Aqui para nós, a
imprensa adora. O noticiário do futebol perdeu espaço para a Polícia Militar,
Ministério Público e vândalos. Fala-se muito pouco, por exemplo, em esquema
tático, disputa de artilheiros ou tabu entre as equipes. A pauta mira a falta
de espaço para a torcida adversária, a impossibilidade de aquecimento do time
visitante no gramado ou sobre o número limitado de ingressos para os oponentes.
O verbo proibir passou a ser o mais conjugado. Não pode isso, não pode aquilo e
por aí vai. Sem opção, as pessoas de bem optam pela televisão. Ninguém é maluco
de sair do conforto do seu lar para uma praça de guerra. É preciso saber
motivar o clássico. Os responsáveis, infelizmente, desaprenderam.
O texto acima foi pinçado do blog
vermelho de paixão, editado por Sérgio Fraiman...
Antes, é preciso dizer que mesmo
sendo um blog de um torcedor e escrito para outros torcedores, o blog acima
citado tem sim, qualidades...
Mesmo que aqui ou ali, derrape na
natural paixão de seu editor, a maioria das postagens tem teor informativo e verossímil...
Muitos colegas se pautam através
de suas informações, me incluo entre eles.
No entanto, a postagem sobre o
que Sérgio chamou de a perda do foco da motivação, merece uma reflexão e se me
permitem alguns contrapontos.
Deixo claro que o que pretendo é
debater e não abrir um combate...
Não sou senhor da verdade...
Não costumo terminar minhas locuções
ou escritos com a arrogância do ponto final ou fim de papo...
Toda argumentação, seja ela
verbal ou escrita, não se encerra no ponto final...
Fosse assim, a filosofia, a
sociologia e todas as ciências humanas estariam ainda engessadas aos primeiros
escritos...
Nada teria sido revisto,
aperfeiçoado ou rejeitado por novas evidências.
Sérgio afirma que as semanas que
antecedem os clássicos entre América e ABC, são agora, marcadas por que
questões que envolvem a segurança...
Se a frase terminasse aí, eu,
concordaria com ela na totalidade e mais, a reverberaria sem nenhuma correção.
Sérgio está corretíssimo.
No entanto, Sérgio acrescenta com
uma pitada de ironia e por que não dizer, com salpicos de “maldade” o seguinte:
“Aqui para nós, a imprensa adora”.
Não adora não, Sérgio...
Pelo menos, a maior parte, posso
lhe garantir.
Acontece que jornalismo é divulgar
informações e notícias de interesse público e não, tão somente, informações do interesse do
público.
Sei que tal frase é difícil de
ser entendida por quem não milita na área, mas é assim que a banda toca ou, é
assim, que deveria tocar.
Portanto, segurança é o foco,
quando existe a mais mínima chance da integridade física ou da vida estarem
expostas a riscos.
Noticiar a falta de espaço para
uma torcida, está inclusa nas duas mínimas chances citadas à cima...
A falta de ingressos evidenciada
pelos jornais, blogs, rádios e tevês, se faz necessária, por duas razões:
Primeira:
Cobrar dos responsáveis pelo
evento, respeito a quem em última instância sustenta em grande parte o dia a dia
dos clubes...
Estabelecer com transparência e
clareza todos os dados sobre onde, quando e quantos ingressos estarão
disponíveis é obrigação de quem organiza e, se tal obrigação não é cumprida,
cabe a imprensa exigir que se cumpra.
Segunda:
Evitar que pessoas se desloquem
para o local e lá, “batam com a cara na parede”...
Resumindo; não deixar que o desrespeito
seja completado com o deboche.
Sobre cadeados a impedir o ir e
vir, como não noticiar?
Como deixar passar em brancas
nuvens tamanha indelicadeza?
Jornalismo, também é educar ou,
deveria ser.
Em relação a escalações,
esquemas táticos, disputas de artilheiros e coisas afins, concordo com você...
É preciso dar espaço para tais
informações, mas cada coisa a seu tempo...
Infelizmente, o jornalismo esportivo tende a enveredar para o entretenimento e tal postura na maioria das vezes faz do fútil o foco.
Infelizmente, o jornalismo esportivo tende a enveredar para o entretenimento e tal postura na maioria das vezes faz do fútil o foco.
Que fique claro, não sou
contra...
Afinal, uma noite ou uma tarde
num estádio é a busca pela diversão...
Porém, toda diversão precisa
terminar com gente satisfeita e não com gente ferida ou morta...
Se a imprensa de Santa Maria no
Rio Grande do Sul, tivesse dedicado grande parte de seu espaço a noticiar e
cobrar dos proprietários da boate Kiss, aquilo que era da obrigação deles, provavelmente,
as pessoas tivessem voltado para casa cansadas, felizes, satisfeitas e não, em
caixões.
Infelizmente, o foco era mostrar
quem ia tocar, o que ia tocar e que podia rolar de bom na noite.
Você tem razão meu caro Fraiman,
ninguém é maluco de sair da casa para uma praça de guerra...
No entanto, pessoas sãs sairão,
caso ninguém lhes informe que na praça, além dos bancos, do coreto e das
possibilidades de sorrir, estarão desajustados, psicopatas, antissociais e
imbecis, dispostos a fazê-las sangrar apenas porque elas ousaram tentar ser
felizes.
Por fim, há um equívoco a mais em
seu texto, meu caro Fraiman:
Quem motiva, festa, boate,
quermesse e clássicos de futebol, são seus promotores, seus assessores de
imprensa e seus marqueteiros...
Jornalista notícia, elogia ou critica.
Só e tão somente, só.
Respeitosamente,
Fernando Amaral.
Respeitosamente,
Fernando Amaral.