Estou feliz; melhor, estou
orgulhoso...
Tenho motivos para isso...
Rafael Duarte é meu amigo e foi meu
estagiário no TV U Esporte.
Agora à pouco, quando abri o blog
do Juca Kfouri e me deparei com uma matéria sua, postada na página de um dos
mais sérios e respeitados jornalistas esportivos do país...
Vibrei.
Rafael é bom, é sério, é
independente e acima de tudo, é comprometido com sua profissão...
Aliás, sempre foi.
Não vou me alongar, posso me
tornar piegas e chato, mas hoje, inegavelmente, vou dormir muito feliz...
Existe vida inteligente e
independente no jornalismo norte-rio-grandense.
As mentiras que eles contam
Por Rafael Duarte
Para o Novo Jornal
A cobertura da Copa pela imprensa
é vergonhosa.
O jornalismo sério e crítico –
uma trincheira importante da democracia – foi jogado na caçamba do lixo pela
maioria dos jornais, TVs e rádios daqui e de fora.
Gosto muito da frase que diz que
a imprensa que torce, distorce.
Mas o que vemos em alguns casos é
a mentira pura e simples, indiscreta e abjeta, contada com o objetivo claro de
transformar um pesadelo num conto de fadas.
Muita gente não vê surpresa no
comportamento da imprensa, sempre mais atenta a seus interesses particulares do
que ao interesse coletivo.
O jogo sempre foi jogado assim,
dizem os amigos do senso comum.
E que assim seja, repetem os
conformados e conformistas de plantão.
Agora nesse debate todo, o que
também chama a atenção é a divulgação dessas mentiras por uma gente
esclarecida, outrora crítica, mas que confunde o apoio ao evento com a defesa
do governo.
Para os governistas, se a crítica
é sobre os gastos públicos em estádios privatizados (ah, são concessões de 20
anos, perdoe a nossa falha) é como se o endereço fosse a principal inquilina do
Palácio do Planalto.
E quanto mais se aproximam as
eleições, a neurose chega a níveis de faniquitos.
O governismo é uma doença.
Não ataca a todos, é verdade.
Mas seu principal sintoma é a
falta de memória, a cegueira política e ideológica.
Dilma Rousseff veio a Natal, foi
bajulada, ficou ‘en-can-ta-da’ e ratificou todas as mentiras que o governo vem
contando e compartilhando desde que a Fifa definiu o Brasil como sede.
Até Nelson Rodrigues, defensor
categórico da construção do Maracanã no final dos anos 40, deve ter levado uma
cutucada do Sobrenatural de Almeida quando foi citado como exemplo diante de
tanta informação falsa.
Dilma comemorou com orgulho o
fato da Arena das Dunas ter custado 3% a menos do que o valor estimado
inicialmente.
Talvez seja por isso que Guido
Mantega, o ministro da Fazenda, esteja a perigo no cargo.
O preço inicial do estádio – uma
olhada nos jornais de quatro anos atrás é suficiente – era de R$ 320 milhões.
Se o empréstimo junto ao BNDES a
juros baixíssimos fosse pago à vista, o que também não vai acontecer, a Arena
sairia hoje por R$ 423 milhões.
Só nessa brincadeira são R$ 123
milhões a mais de diferença.
Porém, ao longo dos 20 anos de
privatização (digo, concessão) a conta será de R$ 1,3 bilhão.
É inacreditável, faltando cinco
meses para o início do torneio, que ainda há quem sustente que não existe
dinheiro público investido nos estádios da Copa.
Ouço de colegas e amigos que as
críticas à Copa não me levarão a lugar nenhum.
É murro em ponta de faca, jogo
perdido.
Afinal, a Arena das Dunas está
concluída (a nossa imprensa en-can-ta-da, por sinal, a concluiu três vezes de
dezembro para cá).
Faz mal não, gente.
Não vou mentir para vocês: é um
prazer estar ao lado dos que perderam essa batalha.