Ontem, uma imagem percorreu o mundo...
A equipe do Real Santander, foi para o estádio, vestiu o uniforme, aqueceu, entrou em campo, mas não jogou.
Após o árbitro Gil Manzano dar a saída, perfilaram-se, abraçaram-se e permaneceram impassíveis, enquanto do lado de fora, os reservas e os membros da comissão técnica faziam o mesmo.
Do outro lado, os jogadores da Real Sociedad, respeitosamente tocaram a bola por cerca de 30 segundos, até que um deles a tocou para fora.
Calmo, Gil Manzano, foi até o grupo e perguntou se não iriam bater o lateral...
Ouviu um não como resposta do goleiro...
Insistiu, perguntou se sabiam das consequência e diante da negativa em continuar e a afirmativa de que todos estavam cientes do depois, encerrou a partida.
A imagem conta o fim, mas não a história...
O Racing Santander, vive uma crise sem tamanho...
Salários, fornecedores e outros compromissos estão em atraso e pelas leis espanholas, podem determinar o fim de um clube que fundou a Liga e que mesmo hoje, estando na Liga B, é tradicionalíssimo.
A atitude dos jogadores não foi tomada de chofre...
Durante toda a semana fecharam questão...
Ou o presidente da junta diretiva, Ángel Lávin, era demitido ou não jogariam.
Quando se dirigiram para o estádio e cumpriram todo o ritual, fizeram na expectativa de que seriam informados da demissão de Lávin, antes da bola rolar...
Não houve demissão...
Então, não jogaram.
Porém, não foi a penas a atitude dos jogadores que comoveu o mundo do futebol...
Cientes que o jogo poderia não acontecer, os torcedores do Racing foram ao estádio...
Quatro mil deles, lá estavam e, quando os atletas começaram a se retirar, levantaram, aplaudiram e gritaram em coro exigindo a demissão do presidente.
Tocados com a manifestação, os jogadores e a comissão técnica deram a volta no estádio e todos cantaram o hino do clube.
Na entrevista coletiva que concedeu após retornar ao vestiário, Paco Fernández, declarou:
“Era a partida de nossas vidas, mas a trocamos pela dignidade. Não jogamos por respeito ao futebol ao esporte que amamos e a nós mesmos.”
Assim que a notícia se espalhou, boleiros, treinadores e torcedores de toda a Espanha, Europa e até dos Estados Unidos, enviaram mensagens de apoio...
Luis Rubiales, presidente da AFE (Associação dos Futebolistas Espanhóis) permaneceu ao lado dos jogadores do Racing e ao final disse:
“A AFE, assessora, orienta e apoia seus membros.”
No outro lado da linha, a imprensa espanhola “comprou” a briga...
“Com a honra não se brinca”, estampou o Marca.com...
O Diário AS, seguiu a mesma linha, “O Racing não jogou, mas ganhou a partida da rebelião cidadã.”
Em suas páginas o Marca registrou pesquisa feita entre torcedores em toda a Espanha, que aponta que 83% querem que a Real Federação Espanhola (REF), indulte o clube e os atletas.
O desejo desses torcedores tem razão de ser; caso a REF, puna o Racing Santander, a pena é a exclusão do clube da Copa do Rei por um ano e multa que varia entre 3 mil e 12 mil euros.
Atualização
Hoje, a Junta de Acionistas, capitaneada pela WGA Assets and Wealth, empresa holandesa de propriedade de Ahsan Ali Syed e maior acionista do Racing, destituiu Ángel Lávin e o todos os membros da junta por ele comandada...
Juan Antonio 'Tuto' Sañudo, ex-zagueiro central do Racing foi empossado como presidente da nova junta...
Sañudo, terá ao seu lado, os ex-goleiros, Paco Liaño e Pedro Alba...
Os demais membros da nova junta, serão; Félix Álvarez 'Felisuco', o economista David Bárcenas, o assessor fiscal Raúl Serrano, e o advogado Marcos Rivas y Juan Gutiérrez.
Porém, o clube não escapou das sanções da Real Federação Espanhola...
O Artigo 77.1.a. do Código Disciplinar foi aplicado.
O Racing Santander está fora da Copa do Rei de 2014/2015 e vai pagar multa no valor de três mil e seis euros.
Antes da decisão de não mais jogar a Copa do Rei, o Racing Santander, eliminou L´Hospitalet, Leganés, Sevilla e Almería.