Se a lógica diz que vou perder...
Se as estatísticas afirmam que
não tenho chances de ganhar...
Se a história confirma as duas
primeiras e os analistas concordam com as três...
Porque então não devo arriscar?
De que me adianta me fechar e
aceitar passivamente a pressão e a avalanche de ataques que certamente o
adversário irá me impor?
Imagino que essas duas questões,
não necessariamente nessa ordem e nem muito menos com essas palavras, passaram pela
cabeça do treinador, Ange Postecoglou, da Austrália, antes da partida contra a
Holanda.
A partir desse questionamento e, é
claro, com a humana esperança de um milagre, Postecoglu, resolveu sair da
trincheira e ir de peito aberto para cima do adversário...
Os holandeses foram pegos de
surpresa e sentiram o golpe.
Em tese, a Austrália foi um osso
muito mais duro de roer que a Espanha...
Afinal, a Espanha mesmo que
reconhecendo a força da Holanda, não temeu – jogou e deixou jogar.
Já os australianos que holandeses
esperavam fechadinhos, encolhidinhos e pouco inclinados ao risco – se arriscaram...
Armaram seu sistema defensivo,
mas também, decidiram colocar as unhas de fora e atacar.
E, acabaram por fazer uma grande
partida.
Não estou colocando em discussão
aqui, a técnica, a habilidade, a capacidade de firula e todas essas coisas que
costumam pesar nas análises bem comportadas e quadradinhas, quando afirmo que
os australianos jogaram uma grande partida – afinal, cada lugar ou país molda características
diferentes ao jogo e a forma como ele conduzido –, não, não é isso...
O que coloco é que eles, os
australianos, ao reconhecerem suas limitações, procuraram nas suas virtudes uma
forma honrada de ir para uma disputa cujo resultado seria muito difícil de ser
mudado.
Por isso, me agradou vê-los jogar
e também, por isso, os holandeses foram obrigados a suar cinco vezes mais do
que imaginavam suar.