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Este espaço não propõe defesa nem ataque a nenhum clube ou pessoa. Este espaço se destina à postagem de observações, idéias, fatos históricos, estatísticas e pesquisas sobre o mundo do futebol. As opiniões aqui postadas não têm o intuito de estabelecer verdades absolutas e devem ser vistas apenas como uma posição pessoal sujeita a revisão. Pois reconsiderar uma opinião não é sinal de fraqueza, mas sim da necessidade constante de acompanhar o dinamismo e mutabilidade da vida e das coisas.
segunda-feira, outubro 06, 2014
domingo, outubro 05, 2014
Romário, Agnelo Queiroz e a bancada do Rio Grande do Norte...
Romário peitou a cartolagem, chutou a bunda da CBF e obteve
63% dos votos para o senado, no Rio de Janeiro...
Agnelo Queiroz ou "Agnulo" Queiroz, como o chamam em Brasília,
fez lambança quando esteve no Ministério dos Esportes, superfaturou o estádio
Mané Garrincha, foi vassalo da CBF e acabou derrotado nas eleições para o
governo do Distrito Federal.
Aqui em Natal, se elegeram os mesmos de sempre...
Para a Assembleia Legislativa:
Gustavo Carvalho e Hermano Morais, presidente e
ex-presidente do América...
Luis Antônio Tomba, dono do SC Santa Cruz...
Disson, ex-prefeito de Goianinha e construtor do estádio
Nazarenão e Álvaro Dias, que presidiu Corintians de Caicó.
Câmara Federal:
Rogério Marinho, vice-presidente administrativo e financeiro
do ABC.
Os chamados membros da bancada da bola - não gosto dessa
denominação, pois acho que deprecia uma “classe” já bastante depreciada - a quem
prefiro chamar de deputados ligados ao futebol e só ao futebol, pois desconheço
qualquer projeto decente ou digno de nota de qualquer um deles voltado para o
esporte, não vão fazer nenhuma revolução...
Deles só podemos esperar pires na mão ou manobras de
bastidores - tem quem adore.
Todos são submissos a CBF e todos prestam continência a
Marco Polo Del Nero, José Maria Marin e afins.
Série D e C na reta final...
Série D
Terminada as quartas de final da
Série D, vamos para as oitavas...
Um paranaense, um goiano, um
sergipano, um maranhense, um mineiro, um gaúcho e um representante do Distrito
Federal vão disputar as quatro vagas para a Série C e, é claro, o título de
campeão da competição...
Sem paulistas e sem cariocas.
Curiosamente, o Remo, clube
tradicional e de grande torcida no Pará, está fora...
Como sempre o culpado foi árbitro.
Eis os confrontos das Oitavas de
Final...
Londrina x Anapolina;
Confiança x Jacuipense;
Tombense x Moto Club;
Brasiliense x Brasil de Pelotas.
Cá com meus botões, torço para
que o Londrina e o Moto Clube consigam o acesso...
Ambos por sua história em seus
estados.
Infelizmente, Brasiliense e Brasil
de Pelotas se enfrentam...
Seria ótimo que os dois também
chegassem.
Série C
Na Série C, vai começar a fase
eliminatória...
Um da região norte...
Três da região nordeste...
E quatro da região sudeste...
São Paulo, um...
Minas Gerais, um...
E o Rio de Janeiro, dois.
O sul e o centro oeste, não
conseguiram classificar seus representantes.
Eis os confrontos...
Fortaleza x Macaé;
CRB x Madureira;
Mogi Mirim x Salgueiro;
Tupi x Paysandu.
Aqui também tenho meus
preferidos...
Fortaleza e Madureira...
Repetindo a Série C, dois dos meu
preferidos se enfrentam...
Tupi e Paysandu.
Série B... Começa a definição de quem é quem...
Terminada a 27º rodada da Série B, algumas posições começam
a se definir...
Ponte Preta, Avaí, Vasco da Gama e Joinville, matematicamente
estão garantidos para o próximo ano...
Não correm mais nenhum risco de queda.
Paralelamente, os quatro avançam em direção a Série B, mesmo
que não se possa descartar as chances de Boa Esporte, Náutico e Sampaio
Correa...
Daí para trás, a briga é mesmo para ficar ou não cair.
Na parte de baixo, Vila Nova e Portuguesa, pouca ou quase
nenhuma esperança alimentam mais...
O Icasa, é outro que apesar de não estar descartada a
possibilidade de ficar, não parecer ter força para evitar a queda – isso sem
contar com o rolo que se meteu na justiça desportiva.
A vaga que ninguém quer, será dispensada a tapa por América,
Paraná, ABC, Oeste, Bragantino e Luverdense.
É claro que o escrito acima se resume numa opinião pessoal.
América vence o Joinville... respira, mas ainda está no cadafalso...
Com ótima presença de público, o
América ao vencer o Joinville por 1 a 0, afrouxou o nó e mesmo ainda sobre o
cadafalso, respira agora mais confortável...
O sonoríssimo “UFA” liberado a
plenos pulmões pelos torcedores americanos prova a afirmação.
Porém, nada se resolve até que o
carrasco vire as costas e diga, desçam, a pena foi suspensa.
sábado, outubro 04, 2014
O ABC perde para o Oeste em Itápolis e sobe no telhado...
O ABC se enrolou em Itápolis...
A derrota também, por 1 a 0 para o Oeste, mostrou que o
alvinegro, não mais derrapa e sim, escorrega em direção ao abismo.
Perder dignamente no Mineirão para a melhor equipe do Brasil
e líder da Série A, nada acrescentou...
Apenas comprovou a tese de alguns mineiros que conheço e que
diz: a vaga é nossa mesmo, para que então se desgastar...
Será?
O filé é do Arena das Dunas...
Aos poucos, lentamente, como sementes
a brotar do chão, o que não foi dito começa a aparecer...
Li à pouco no blog vermelho de
paixão, órgão oficial do América, a seguinte informação:
“Para os torcedores que
reclamaram da falta de promoção para o Setor Premium, a explicação é simples.
Toda a bilheteria do setor pertence a Arena das Dunas, conforme estabelece o
contrato que foi assinado no ano passado pela diretoria do clube. Dessa forma,
cabe exclusivamente ao gestor do estádio fazer promoção ou não no Premium. A
Arena das Dunas também tem exclusividade na arrecadação dos camarotes.”
Viram só...
O filé do Arena das Dunas é do
consórcio...
E você aí, acreditando em Papai
Noel – escolhi Papai Noel por ele se vestir de vermelho.
Isidro Lángara, o goleador que desafiou Franco, Hitler e Mussolini... Na foto, o homem do centro.
Imagem: Autor Desconhecido
Por Tiago Pimentel
Para “Publico”
Foi o melhor marcador em três
países, apesar de uma carreira prejudicada pela Guerra Civil espanhola.
Esta é a história daquele que
podia ser hoje conhecido como o melhor atacante da história do futebol
espanhol, não fosse ter visto a carreira afetada pela Guerra Civil que levaria
o general Franco ao poder em Espanha.
Conta quem o viu jogar que Isidro
Lángara era um prodígio de força física e de poder de remate, e os números não
mentem: sagrou-se “Pichichi” da Liga espanhola em três temporadas consecutivas,
ao serviço do Oviedo.
E, mesmo longe de Espanha, continuou a marcar.
Foi o melhor marcador nos
campeonatos de México e Argentina, por onde andou durante a Guerra Civil
espanhola.
Ninguém, até aos nossos dias, foi
capaz de superar a sua média de gols com a camisa da seleção espanhola – marcou
17 nas 12 partidas que disputou (um gol a cada 63 minutos).
Nascido em 1912 em Pasaia, no
País Basco, Isidro Lángara cedo mostrou qualidades e aos 18 anos foi contratado
pelo Oviedo.
Estreou com dois gols, um bom
prenúncio do que iria ser o resto da sua carreira.
Foi o melhor marcador da Liga
espanhola entre 1933-34 e 1935-36, mas quando se encontrava de férias na terra
natal foi surpreendido pelo início da Guerra Civil espanhola.
Euskadi (País Basco) manteve-se
fiel à República, e em 1937 Lángara partia em turnê com uma seleção basca que
iria angariar fundos para as vítimas do conflito e também recolher apoios para
a causa basca.
Entretanto, já havia estreado
pela seleção espanhola, em 1932.
Portugal foi a vítima preferida
de Lángara: a 11 de Março de 1934, no Estádio de Chamartín, a equipe nacional
foi batida por 9-0, com cinco gols do centroavante basco.
Uma semana depois, no Lumiar, os
espanhóis voltaram a vencer (1-2), com “bis” de Lángara.
Ainda voltou a cruzar com a seleção
portuguesa em 1935, marcando outros dois gols.
Antes do “desafio” a Franco,
Isidro Lángara já tinha feito frente a Mussolini e Hitler.
No Mundial 1934, organizado pela
Itália, o artilheiro de Oviedo deu muitas dores de cabeça à equipe da casa, no
jogo dos quartas-de-final.
A partida, marcada pelo jogo
violento dos italianos, valeu um lugar na história (infame) do futebol ao
árbitro René Mercet.
Il Duce acabaria por conseguir o objetivo
de levar a Itália ao título.
Já em 1935, a Espanha foi a Colonia
jogar contra a Alemanha, mas o estádio repleto de suásticas ficou em silêncio
com os dois gols de Lángara.
Com a ascensão de Franco ao poder
em Espanha, a seleção basca decidiu não regressar a casa, mas antes seguir
viagem para as Américas.
Competiram como Club Deportivo
Euskadi no campeonato local, e, por essa altura, Lángara já tinha tal fama que,
contavam os seus antigos companheiros no Oviedo, nas cartas que lhe escreviam
não havia nenhuma outra indicação que não fosse: Isidro Lángara (México).
A equipa seria desmembrada em
1939 e Lángara seguiu para a Argentina, assinando pelo San Lorenzo de Almagro.
Mal desembarcou em Buenos Aires,
estreou com quatro gols frente ao River Plate.
Descrito por quem privou com ele
como um “bom homem, de origem humilde e sem qualquer traço de vedeta”, Isidro
Lángara não resistiu ao apelo do Oviedo e regressou a casa em 1946.
Atraiu uma multidão tal que o
comboio onde viajava teve de parar muito antes de chegar à cidade.
Terminou a carreira em 1948, tal
como tinha começado: com dois gols.
Após várias experiências como
técnico pela América do Sul, regressou ao País Basco, onde morreu em 1992.
E as balizas adversárias deixaram
de estar sob ameaça.
sexta-feira, outubro 03, 2014
Vasco da Gama e Umbro - parceria de 56 milhões...
Ontem, o Clube de Regatas Vasco
da Gama apresentou seus os novos uniformes...
A partir de agora, a Umbro vai
vestir os atletas do clube.
O contrato terá validade até 2017
e renderá aos cofres do Vasco, 56 milhões de reais...
80 mil peças foram entregues
antecipadamente e já estão à disposição dos torcedores nas 220 lojas do clube,
espalhadas pelo Brasil.
Na partida de logo mais, em São
Januário contra o Bragantino a equipe já estará usando o novo material.
Falido Futebol Clube...
No maravilhoso e muito
profissional futebol brasileiro acontecem coisas assim:
A soma dos jogos que o Santos realizou
como mandante em 2014, descontadas as despesas, renderam ao clube, R$ 215.989,58...
Leandro Damião, sozinho, recebe
salário de 500 mil.
O clube, mesmo com toda a
tradição, está há dois anos sem um patrocinador master.
quinta-feira, outubro 02, 2014
O América perdeu por 1 a 0, mas em nenhum momento se portou como inferior...
Foi ótimo e poderia ter sido
muito melhor
Foi sim uma noite inesquecível...
Poderia ter sido uma semana
incrível, não fosse a pequenez de alguns, a xenofobia burra de outros e o
incentivo geral a estupidez por parte de alguns conceituados membros da imprensa
esportiva.
Natal é uma cidade singular em
sua beleza e deveria ser plural em sua visão de mundo...
A soma das duas coisas nos
tornaria únicos.
Nunca entendi a recusa de parte
das pessoas de Natal em ser referência...
Nunca compreendi essa vontade de
se igualar ao que há de mais baixo, de menos civilizado.
O palco
A Arena das Dunas poucas vezes
esteve tão eletrizante...
Os americanos têm treinado com
afinco na confecção dos mosaicos...
Os olhos do Dragão
impressionaram...
Foi impagável.
A torcida do Flamengo fez
festa...
Festa que ficou ainda mais
animada e bonita com a resposta dos peles vermelhas, como costuma chamar a torcida americana, o
médico e conselheiro do clube, José Medeiros.
O jogo
Vou ficar na contramão de algumas
opiniões...
O América em nenhum momento se
apequenou ou foi dominado de forma inequívoca pelo Flamengo.
A maior posse de bola dos
cariocas se deu pela opção americana de marcar, mas não foi uma marcação
acovardada, acuada em seu próprio campo...
O América sempre marcou a partir
da intermediária, no campo defensivo do adversário...
No primeiro tempo,
fundamentalmente, o Flamengo tocou, tocou e recuou a bola, para de novo
recomeçar...
Por que?
Não havia espaço para troca de
passes e lançamentos longos...
Mesmo assim, os rubro-negros
tiveram duas chances reais...
Chances conseguidas em jogadas
individuais e consolidadas em virtude do melhor nível técnico de seus
jogadores...
Não acho que se possa discutir
tal afirmação.
Porém, o América teve uma chance
muito boa...
Desperdiçada por Max...
Mas não sejamos tão exigentes, na
posição em que Max estava, milagre seria se tivesse acertado a cabeçada no ângulo
do goleiro flamenguista.
No segundo tempo, um excesso que
somado a uma autossuficiência arrogante de Thiago Dutra, deu ao Flamengo a
chance de marcar seu gol...
Gabriel, servido por Alecsandro, marcou.
Não acho que o gol tenha abatido
o América...
No máximo, aborreceu pela forma
como aconteceu...
Tanto é verdade, que passados
alguns minutos o América voltou a jogar de igual para igual...
Sofrendo ataques perigosos, mas
sem deixar de fustigar a defesa do Flamengo.
Para mim, o único pecado que o
América cometeu na partida foi não chutar a gol...
Não buscar ser mais incisivo e
testar o goleiro Paulo Vítor.
No mais, o América não fez feio,
não decepcionou.
Os rubros vão para o Rio de
Janeiro com chances, mesmo que eu acredite que o Flamengo não vai repetir a
insensatez do Fluminense.
quarta-feira, outubro 01, 2014
O ABC perde por 1 a 0, mas quase engasga o Cruzeiro em pleno Mineirão...
O ABC jogou fechadinho, mas fez
boa partida....
O Cruzeiro venceu por 1 a 0...
O placar ficou no tamanho exato
da pouca importância que os mineiros deram ao adversário e salvou a arrecadação
do jogo em Natal.
Não fossem os cones que o ABC tem,
lugar de atacantes, talvez os cruzeirenses estivessem engolindo em seco e
amargando um resultado por eles jamais esperado.
Mesmo reconhecendo que o Cruzeiro com sua
equipe titular, é outra história, o placar deixou em aberto o futuro...
Quem sabe o futuro não reserve ao
ABC um grata e feliz surpresa.
terça-feira, setembro 30, 2014
O América está na zona de rebaixamento... o "esforço" dos jogadores, deu certo.
Depois de um enorme esforço, o
América finalmente conseguiu chegar a zona de rebaixamento...
A vitória do Icasa, em casa,
contra o Luverdense de Lucas do Rio Verde, Mato Grosso, resolveu a questão.
Amanhã, depois da Copa do Brasil,
os atletas americanos vão levantar a cabeça, ouvir o “professor”
e trabalhar muito para reverter (inverter, seria o correto) a situação...
Em outras palavras: vão ter que
suar muito para desfazer a lambança que fizeram com um empenho invejável.
América desfalcado e o jogo de palavras...
Os 12 desfalques que o América
terá diante do Flamengo, em termos práticos tem duas serventias...
Em casa de derrota, justificam...
Em caso de vitória, glorificam.
O velho futebol e seu pueril jogo
de palavras que tanto agrada o senso comum.
O Cruzeiro sutilmente diz que não está preocupado...
De uma forma bastante sutil o Cruzeiro deixa claro sua
nenhuma preocupação em relação ao confronto contra o ABC...
Primeiro disseram: "pouparemos nossos jogadores..."
Depois afirmaram: "jogaremos com uma equipe alternativa."
Aí, vem o treinador e diz:
“Agora nossa estratégia muda. O jogo é em casa e com
necessidade de fazer o resultado. No Mineirão, a gente joga para frente, com um
apelo ofensivo, e é isso que vamos tentar fazer na quarta”.
Marcelo Oliveira, treinador do Cruzeiro.
Mais sutil, impossível.
O Flamengo não teve nenhum benefício ao entrar na quarta fase da Copa do Brasil...
O Flamengo não foi beneficiado ao
entrar na quarta fase da Copa do Brasil, como alguns informam por aqui...
O Flamengo representou o Brasil
numa competição internacional...
Aliás, a mais importante
competição sul-americana, a Taça Libertadores da América e que é passaporte para o Mundial da FIFA.
Mesmo discordando de tal
critério, já que em nenhum outro lugar do mundo ele existe, para quem disputa competições internacionais, não é honesto
afirmar que o Flamengo foi beneficiado...
O Flamengo, assim como, o
Botafogo, o Cruzeiro e o Atlético Mineiro, que estão nas quartas de final, além
de Grêmio e Atlético Paranaense que foram eliminados, entrou na disputa seguindo os ditames do regulamento...
Regulamento que todos aceitaram...
Mais informação e menos sofisma.
América: estranho silencio...
Ou o América está mesmo sem
comando e entregue às traças, ou, ninguém por lá conseguiu entender a gravidade
do ocorrido em seu CT, no domingo pela manhã...
Hoje, terça-feira, nenhuma nota
oficial do clube foi emitida e nenhum posicionamento público de nenhum membro
de sua diretoria aconteceu...
Nada...
Mesmo que um rapaz de 23 anos
tenha saído do CT com uma das mãos em frangalhos, levado às pressas para o
hospital por Williman Oliveira, atual responsável pelo marketing do clube e seu
conselheiro.
Silencio sepulcral...
É como se nada tivesse
acontecido.
Não creio que se fingir de morto
numa situação assim, ajude em nada...
Melhor seria, vir a público e
dizer o que está sendo feito para coibir que coisas assim se repitam e que
atitudes serão tomadas para averiguar quem levou o rojão para interior do CT e
quem foi o responsável pelo chamamento da torcida para um ato tão descabido.
Justin Fashanu, um homem que preferiu morrer a continuar sendo humilhado...
O texto é longo...
Mas, nenhuma história triste pode ser escrita de outra forma.
Numa manhã de maio de 1998, Justin Fashanu foi encontrado pendurado no teto de uma garagem em Londres, com o pescoço enrolado em um fio elétrico e um bilhete ao lado. Em suas últimas palavras naquele bilhete de suicídio, ele escrevera que a justiça nem sempre era justa com todos e pedia a Jesus Cristo que o recebesse bem "em casa".
Mas, nenhuma história triste pode ser escrita de outra forma.
Numa manhã de maio de 1998, Justin Fashanu foi encontrado pendurado no teto de uma garagem em Londres, com o pescoço enrolado em um fio elétrico e um bilhete ao lado. Em suas últimas palavras naquele bilhete de suicídio, ele escrevera que a justiça nem sempre era justa com todos e pedia a Jesus Cristo que o recebesse bem "em casa".
Terminava assim a vida do
primeiro jogador de futebol profissional a assumir publicamente ser
homossexual. Fashanu também foi o primeiro negro a ser vendido por 1 milhão de
libras, na Inglaterra da década de 1980. Centroavante clássico, teve uma
passagem meteórica pelo Norwich City e outra frustrante pelo Nottingham Forest.
Seu pioneirismo, tanto por ser
abertamente gay quanto por ser um negro de sucesso, trouxe consequências terríveis
para sua vida. Durante décadas, ele sofreu vários tipos de abuso em um ambiente
preconceituoso como o futebol. E recebeu pouquíssimo apoio em uma época em que
homossexualidade no esporte era um tabu ainda maior do que é hoje.
Filho de nigerianos, Justin
Fashanu e seu irmão John foram abandonados ainda bebês pelos pais biológicos e
viveram em orfanatos até serem adotados por uma família branca. Seus amigos de
infância dizem que ele tinha dificuldade de se aceitar negro e desejava
desesperadamente ter nascido branco. Aos 14 anos, começou nas categorias de
base do Norwich City e rapidamente se destacaria como um talentoso
centroavante.
Em suas primeiras temporadas como
profissional, conseguiu a boa marca de 35 gols em 90 jogos, mas foi depois de
um deles que Fashanu foi catapultado ao estrelato do futebol inglês aos 18
anos.
Contra o Liverpool, o então
campeão europeu de clubes, o atacante acertou um impressionante voleio, de fora
da área, de esquerda, sem chance para o goleiro rival, um lance que foi eleito
o gol do ano e retransmitido à exaustão por todos os canais esportivos do país.
Naquela altura, o começo dos anos 80, atletas negros não eram incomuns no país,
mas Fashanu foi o primeiro ser perseguido pelos grandes clubes.
Não demorou muito para que o
Nottingham Forest, que àquela altura estava em um grande momento, o contratasse
por 1 milhão de libras – nunca um time inglês havia pagado tanto por um jogador
negro.
Bananas
Desde seus primeiros anos da
carreira até os últimos, Fashanu sempre foi alvo de ofensas racistas vindas das
arquibancadas. Torcedores imitavam macacos quando ele pegava na bola e atiravam
bananas sobre seus pés. Um dia, num gesto de desprezo que seria imitado duas
décadas depois, ele recolheu uma das bananas do gramado e a comeu para
ridicularizar seu ofensor.
Mas foi no Nottingham Forest que
ele começou a sofrer as maiores pressões contra a sua sexualidade. Aos 20 anos,
ele tinha acabado de se descobrir gay, conforme contou a seu amigo e confessor
Peter Tachell, um famoso militante pelos direitos civis homossexuais. O técnico
do Nottingham era Brian Clough, um homem famoso por dirigir seus times com mão
de ferro e não admitir fraqueza de seus comandados – obrigava os atletas, por
exemplo, a caminhar sobre urtigas só para testar sua obediência.
"Uma bichinha." Foi
assim que o técnico descreveu Fashanu logo que o atacante chegou ao clube.
Naquela época, ele ainda não havia saído do armário, mas já corriam rumores
sobre sua sexualidade porque muitos torcedores o avistavam entrando e saindo de
boates gays na cidade.
Sabendo disso, o treinador foi
ter uma conversa com Fashanu exigindo que ele deixasse de frequentar boates
gays. Ele não obedeceu. A relação entre os dois, que já começara turbulenta,
nunca melhoraria. Em um treino, querendo mostrar serviço e agradar o técnico,
Fashanu foi cobrar um escanteio e Clough berrou: "Eu não paguei 1 milhão
para você bater escanteio. Vá para área agora!"
Outro dia, antes de um jogo, o
atacante disse que não se sentia bem para jogar e recebeu do treinador um tapa
na cabeça. "Sempre que eu falava com ele, ele começava a chorar",
lembrou Clough em sua autobiografia. "O que eu podia fazer? Eu era um
técnico, não um psicólogo."
Confiando que a causa do desprezo
de Cough eram os boatos sobre sua sexualidade, Fashanu inventou um romance com
uma mulher e convidou o técnico para conhecê-la. O treinador descobriu a farsa
logo no começo do encontro e teve certeza sobre a orientação do jogador.
Nesse ambiente hostil, não
surpreende que Fashanu não tenha conseguido repetir em campo seu bom desempenho
no ano anterior. Seu nome passou a ser muito questionado no clube.
Ao mesmo tempo, ele tinha
dificuldade de aceitar sua própria sexualidade e procurou ajuda no
Cristianismo, que considerava seus hábitos pecaminosos. Cansado de viver uma
vida dupla, cheia de mentiras, ele cogitou pela primeira vez sair do armário,
mas temeu as consequências esportivas da revelação.
Uma séria lesão no joelho dificultou
ainda mais seu desempenho em campo, e ele foi vendido pelo Nottingham por
apenas uma fração do que o clube havia pagado por seu passe. "Foi o pior
dinheiro que nós já investimos em um jogador", diria o treinador Brian
Clough.
Saindo do armário
Em 1990, entre mesas de cirurgia
e atuações erráticas por clubes menores, Fashanu negociou uma entrevista
exclusiva com um tabloide na qual revelava ao mundo que era gay. "Eu
queria fazer algum coisa boa, então decidi dar o exemplo e sair do armário",
disse ele. A revelação foi recebida de maneira raivosa pelas pessoas de quem
ele esperava ter apoio.
Seu irmão John, que crescera com
ele e também era jogador, disse que as palavras de Justin envergonhavam a
família. O colunista de um jornal voltado à comunidade negra acusou Fashanu de
manchar a imagem dos negros na Inglaterra.
As torcidas adversárias acirraram
as provocações homofóbicas toda vez que ele tocava na bola. Se por um lado
Fashanu tentava tirar sarro das provocações ao respondê-las mandando beijinhos
e balançando o bumbum para as arquibancadas, por outro elas o machucavam por
dentro, de acordo com seus amigos próximos.
Gente do futebol dizia que não
haveria espaço no esporte para efeminados, enquanto gente de fora do futebol
dizia que as alegações de Fashanu eram só um jeito de ganhar atenção da mídia e
fazer dinheiro.
Em algumas ocasiões, eram mesmo.
Fashanu caiu em descrédito público ao vender entrevistas aos tabloides alegando
ter tido relações sexuais com políticos e outros famosos. As alegações foram
consideradas falsas depois.
O melancólico final de sua
carreira foi marcado mais por sua presença nos tabloides do que por suas
atuações em campo, embora ele tenha continuado a fazer gols até os últimos
anos.
Nos Estados Unidos, tentando recomeçar
como técnico de futebol, ele foi acusado de ter estuprado um adolescente de 17
anos. Em Maryland, o Estado onde ele vivia, a idade mínima de sexo legal entre
um adulto e um adolescente era 16 anos. Mas, na época, sexo homossexual era
proibido.
Em seu bilhete de suicídio,
Fashanu se dizia inocente da acusação de estupro e afirmava que o adolescente
havia consentido a relação sexual e tentara lhe extorquir dinheiro no dia
seguinte. O ex-jogador acreditava que a Justiça não o julgaria de maneira justa
porque ele já havia sido previamente condenado, e por isso, tirava sua vida.
"Para não trazer mais sofrimento para a minha família", dizia o
bilhete.
Compaixão e sensibilidade
Fashanu era sem dúvida uma pessoa
mal resolvida com seus próprios problemas, e o fato de não ter sido aceito pelo
ambiente e pela própria família só agravou sua inadequação. Na segunda edição
de sua autobiografia, lançada após o suicídio, o técnico Brian Clough afirma
que ele deveria ter prestado mais atenção no jogador.
"Quando você descobre um
cara tirando a própria vida, um cara que trabalhava com você e por quem você
era responsável, você tem que olhar para trás e perguntar o que poderia ter
feito melhor e não fez", reflete ele. "Hoje eu sei que deveria ter
lidado com Fashanu de um jeito diferente, talvez com mais compaixão e
sensibilidade."
Seu irmão John, que hoje tem
negócios na Nigéria, um país onde a homossexualidade é um crime, chegou a dizer
que Fashanu na verdade não era gay e só saiu do armário porque queria atenção.
Mas sua filha Amal, sobrinha de Fashanu, fez um documentário em 2012 no qual
discute a homofobia do futebol.
Ela se diz muito orgulhosa de ser
sobrinha do ex-atacante do Norwich. Hoje, existe uma campanha em seu nome para
combater a homofobia nos gramados e incentivar jogadores a revelarem a
sexualidade. Nenhum outro jogador homossexual na Inglaterra se assumiu após
Fashanu fazê-lo.
Fonte UOL Esporte.
domingo, setembro 28, 2014
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