domingo, janeiro 08, 2017

Copa São Paulo de Juniores: ABC e Alecrim já estão voltando...

Imagem: Rio Preto/Arte: Fernando Amaral


Acabou a Copa São Paulo de Juniores para ABC e Alecrim...

No Grupo 3 o Alecrim terminou na última posição – dos 9 pontos possíveis, os verdes somaram a penas um.

No Grupo 12 o ABC foi o penúltimo...

Somou 2 pontos.

Bom, devo confessar que o Alecrim me iludiu...

Depois de ver a partida contra o Botafogo imaginei que os alecrinenses haviam passado pelo teste mais complicado e que poderiam chegar à segunda fase.

Que nada...

Nem mesmo um empate diante do Rio Preto foi possível.

A esperança de uma vitória contra o Sergipe ficou mesmo na esperança...

Apesar de sair na frente, o Alecrim acabou permitindo a virada dos sergipanos – 2 a 1.

Em relação ao ABC não nutri nenhuma ilusão...

Vitória e Atlético Goianiense no mesmo grupo foi o motivo do meu desânimo.

No final deu o que era esperado...

Vitória e Atlético avançaram.

Resta agora encerrar a postagem com um velho e surrado...

Fica para a próxima.

A fã do Oakland Raiders...

Imagem: Imago

A Copa e os Jogos Olímpicos se transformaram em um imenso estorvo para o Rio de Janeiro...

Imagem: Renato Sette Câmara


Nenhum dos grandes eventos deixou legado no Rio de Janeiro...

Só conversa fiada, dívidas e caos.

Nem a Copa e nem tão pouco os Jogos Olímpicos deixaram o que comemorar...

O Maracanã e o Maracanãzinho estão largados, ninguém os quer.

Símbolo maior do nosso futebol, o antes, “maior do mundo”, hoje, “sem dono”, sofre com o abandono...

As Arenas modernas do Parque Olímpico, na Barra, estão ociosos.

As equipes de vôlei e basquete do Rio de Janeiro preferem mandar seus jogos em locais menores e de custo modesto, como as quadras de suas sedes sociais ou de clubes como Hebraica e Tijuca...

A distância e o alto custo das arenas inviabilizam as partidas de basquete e vôlei.

Os outros esportes...

Ninguém sabe e ninguém tem o menor interesse.

Ainda sobre o Maracanã...

"A Friends Arena, em Estocolmo, inaugurada em 2012, custou R$ 1,1 bilhão, mas vejam só, é referência em modernidade por sua cobertura retrátil, que abre e fecha. Os suecos conseguiram construir um estádio novinho, com teto retrátil, com o mesmo dinheiro que nós reformamos um que já existia, que nada tem de moderno, onde volta e meia os banheiros inundam e ficam sem luz."

Mariliz Pereira Jorge - Colunistas - Folha de São Paulo

sábado, janeiro 07, 2017

Vamos que ainda dá tempo...

Imagem: Lee Smith/Reuters: Arte/Fernando Amaral

Botafogo investe em seguidores de países sul-americanos...

Imagem: Autor Desconhecido


A volta à Libertadores da América e a constatação que o clube possui 70 mil seguidores no Facebook, Twitter e Instagram que residem em países sul-americanos fez o marketing do Botafogo se mexer...

O clube está lançando o “Botafogo por la America”, um boletim diário em espanhol, que será veiculado através das mídias oficiais do clube.

A ideia é expandir a marca do time carioca aproveitando o retorno à competição continental...

O crescimento do número de acessos de visitantes do continente desde que houve confirmação do confronto contra o Colo Colo pela Pré-Libertadores é uma ótima possibilidade de expansão da marca do clube, segundo afirmou Marcio Padilha, vice-presidente de marketing do Botafogo.

Ombro a ombro...

Imagem: Kenzo Tribouillard/AFP

O homem voa, mas morre...

Imagem: Autor Desconhecido


O homem voa, mas morre

Em 2016 morreram 36 saltadores usando ‘wingsuit’, um recorde que obriga a repensar os fundamentos de um esporte tão emocionante quanto perigoso

Òscar Gorgoza para o El País

Finalmente, o desejo de voar estava por uma roupa de nylon com asas.

O homem aprendeu a ser pássaro, os braços como asas e as pernas imitando a cauda, um todo enfiado numa roupa forrada de painéis, bolsos que incham para permitir o milagre da sustentação.

É uma revolução contagiosa, um marco de pureza simples que começa a azedar, prejudicado pelo o preço a pagar: 36 mortos em 2016.

O salto BASE com wingsuit, e sua variante mais ousada, o proximity, assinalam com crueza os limites de uma paixão que a sociedade rejeita.

Um esporte no qual morre tanta gente não pode ser considerado um esporte, proclamam as novas leis sociais, que abraçaram a superproteção.

Os próprios atores dessa atividade sabem que há algo errado e estão conscientes da imagem muito deteriorada mostrada por sua paixão por voar: morrem não só atrevidos com formação ou experiência escassa, como também verdadeiros especialistas.

O salto BASE (do acrônimo formado pelos termos em inglês Building, Antenna, Span e Earth) foi assim batizado por Carl Boenisch no fim dos anos 70 do século passado e é um salto de paraquedas, mas a partir de um ponto fixo, como um edifício, uma antena ou torre elétrica, uma ponte ou uma parede, ou penhasco.

Hoje em dia, o salto base (também conhecido no Brasil como base jump), saltar e abrir o paraquedas, pode ser considerado um esporte seguro.

Sua evolução foi rápida e impressionante, tanto que já quase não se fala em saltar, mas em voar.

A estrela é o wingsuit, uma roupa que permite não apenas saltar, mas se descolar da parede para planar durante quilômetros antes de abrir o paraquedas.

No entanto, a última tendência vai um passo além para abraçar o proximity: já não se trata apenas de voar, mas de fazer um percurso que aproxime o saltador dos caprichos orográficos da paisagem.

Trata-se de ser um pássaro, um que não ganha altitude, mas que ao menos pode mudar de direção para roçar as árvores, atravessar um arco de pedra natural, percorrer um canal ou apontar e passar quase por onde deseje.

É um invento tão simples quanto genial: funciona por meio da pressurização do ar que enche os bolsos que configuram a roupa.

Uma vez cheios, o saltador fica preso, rígido dentro da roupa, com braços e pernas esticados até que uma mão libera o paraquedas.

Falta aterrissar sem eles, mas isso ainda está distante... ou não: Gary Connery aterrissou em 2012 numa pista de 300 metros de comprimento e 10 de altura confeccionada com caixas de papelão empilhadas.

E Rafael Dumont o fez um ano depois nas águas do Lago de Garda, também sem um arranhão.

William Harmon foi o primeiro morto oficial na história do base jump, e assim figura na BASE Fatality List, uma relação dos mortos que começou com Harmon em 1981 e já atingiu 312 acidentes fatais.

As últimas 36 entradas na lista foram geradas no ano passado.

Um recorde.


Imagem: Adventure Sports Journal

Mais de 80% dos integrantes da lista usava um wingsuit e isso que essa roupa começou a ser relativamente comum somente a partir do ano 2000.

Desde 2010 se acumulam praticamente 60% do número total de mortos.

“É evidente que algo está errado”, reconhece Armando Del Rey (46 anos), um dos saltadores espanhóis mais experientes, num país onde há apenas cerca de trinta praticantes assíduos.

Armando costumava saltar com cinco amigos, mas três deles (Manuel Chana, Alvaro Bultó e Darío Barrio) morreram saltando.

Depois de perder Barrio, Del Rey decidiu ficar um ano sem voos, um ano de reflexão, introspecção, do qual tirou uma conclusão: queria permanecer fiel à sua paixão, mas afastando-se para sempre do proximity.

Steph Davis, brilhante escaladora norte-americana famosa por suas escaladas sem cordas, casou-se com Mario Richard no alto de uma parede e quando o padre terminou a cerimônia, ambos se viraram e saltaram.

Durante anos, Davis foi companheira de Dean Potter, um dos escaladores e saltadores mais brilhantes da história.

Na última vez que Davis e o marido saltaram juntos, em 2013, ele não chegou a abrir seu paraquedas: voava atrás dela e morreu sem que ninguém tenha podido explicar a causa do acidente.

Dois anos mais tarde, Potter morreu em seu querido Yosemite.

Voando.

Tanto ele como Richard estavam no topo da pequena lista de ícones do proximity.

O wingsuit foi inventado em 1994 pelo paraquedista francês Patrick de Gayardon, que em 1998 já fazia percursos de grande extensão, voando num ângulo de 45º a 180 km/h.

Mas naquele mesmo ano perdeu a vida depois de cometer um erro com a dobra do seu paraquedas: sua genial invenção já estava lançada.

Hoje se atingem velocidades de 250 km/h e voos de três minutos.

“Você precisa de dois ou três segundos de queda, ou seja, de cerca de 70 ou 80 metros, antes de a roupa começar a funcionar por pressurização. Depois, voando a pleno rendimento, as curvas são instintivas, pressionando levemente um braço e virando a cabeça para o mesmo lado você toma a direção desejada: é o sonho do homem”, explica Armando Del Rey.

Muitos alpinistas se juntaram ao pelotão de viciados em wingsuit.

Primeiro viam os saltadores como intrusos que usavam as paredes como simples trampolins, mas vistos de perto, os saltos e os voos são simplesmente milagrosos e, para alguns, inspiradores.

Rémi é um guia de alta montanha francês que percorreu sem pressa todos os passos da formação recomendada para a prática de wingsuit: um curso de paraquedismo, outro de salto de avião com wingsuit, outro de base jump... até somar centenas de saltos e os 10.000 euros (R$ 33.000) que custa uma formação consistente.

Também comprou um wingsuit no qual pagou entre 1.000 e 2.000 euros, e o paraquedas, a 3.000 euros.

Mas Rémi está travado.

Não se anima a saltar de uma parede.

Está convencido de que vai querer tentar o proximity, “porque é o natural, desejável, algo semelhante ao que experimentei com o alpinismo” e sabe que nesse momento sua vida estará por um fio.

“Um salto pede outro e depois outro e outro. É viciante, e aí reside o perigo. Antes, saltava a 80% das minhas possibilidades. Agora faço a 40%. Antes não conseguia evitar a excitação e tive sorte de manter ativa minha margem de segurança, mas é preciso ser muito frio para não exagerar. É um esporte que não perdoa um erro”, observa Del Rey, satisfeito por ter alcançado o sempre tão complicado equilíbrio entre sua paixão por voar e a busca de sensações no limite da catástrofe.

Imagem: Pinterest

Os acidentes, erros humanos

Ivo Ninov, alpinista e saltador, morou com Dean Potter no vale de Yosemite por cinco anos e também dividiu a casa nos últimos cinco anos com Alexander Polli, o saltador mais reconhecido até que morreu em agosto passado.

Não é difícil para ele explicar por que mais pessoas morrem tentando imitar Ícaro, “Dean acreditava firmemente que o melhor treinamento poderia fazer com que qualquer atividade fosse segura. Alexander só pensava em como saltar de forma mais arriscada. Os dois estão mortos. Para aprender esqui ou surf, uma pessoa precisa de dois anos antes de se sentir relativamente confortável. E se isso falhar, não acontece nada. Para saltar com um wingsuit, tudo vai muito mais rápido: logo você está saltando sozinho com um paraquedas de um avião e, embora normalmente seja aconselhável realizar 200 saltos de um avião com wingsuit antes de saltar de uma parede, muitos fazem quando apenas saltaram 12 vezes. Por isso temos, de um lado, as estatísticas dizendo que 80% dos falecidos eram inexperientes e os 20% restantes eram saltadores de elite. O que acontece é que para ter acesso à elite do surf você precisa de anos e anos, para saltar como os melhores só precisa querer: é muito mais fácil, é um esporte fácil. Pessoas inexperientes, iniciantes, fazem as mesmas coisas que os fenômenos que estão saltando há 20 anos. Acontece que as pessoas não entendem que se falhar e não tiver um pouco de sorte, você vai morrer. O Youtube fez muito mal: em 2005 não havia mais do que 500 saltadores ativos no mundo enquanto que hoje chegam aos 2500 e muitos ainda não entendem como o chão é duro”.

Isso não explica o que acontece com a porcentagem de mortes entre a elite.

Ocorre como nos anos de iniciação do alpinismo e as primeiras décadas de seu desenvolvimento: muitos morreram para que essa atividade seja hoje em dia relativamente segura graças aos avanços dos materiais e, sobretudo, ao conhecimento do meio.

“É verdade que algo nos escapa”, diz Armando Del Rey, “mas está claro que na origem desses acidentes há erros humanos, erros de cálculo ou estratégia que acabam inclusive com os melhores. Está claro que precisamos de um tipo de regulação ou de formação, que obrigue qualquer aspirante a saltador a passar por um processo de aprendizagem sério e profundo. Gostaria de pedir às pessoas que aprendessem sem pressa, que se formem, que frequentem uma escola e não comecem a casa pelo telhado”.

Chamonix, a capital europeia do alpinismo, também é um dos epicentros do wingsuit.

O guarda do refúgio de Plan, a meio caminho entre a cidade de Chamonix e sua famosa Aiguille de Midi, situada a 2.800 metros mais acima, se acostumou a olhar pela janela antes de sair para o terraço para servir com sua bandeja:

“Há um ano, um cara passou voando tão perto que o vento me fez cambalear e derramar a cerveja. Agora gostam de passar o mais perto possível da bandeira que você está vendo aí e no canto do nosso telhado”.

Ou seja, é como conseguir passar por um corredor de 10 metros de largura.

Em 5 de outubro, o prefeito de Chamonix, Eric Fournier, proibiu Base Jumping wingsuit enquanto a prática não for regulada.

Naquele verão do hemisfério norte, tinham morrido cinco saltadores; um deles contra o telhado de uma casa em construção.

A Prefeitura considera “a necessidade de redefinir as condições de desenvolvimento desta prática, especialmente a informação dos praticantes; a gestão e planejamento dos lugares de decolagem; a identificação dos locais de aterrissagem, das linhas de voo e das normas de segurança durante o voo”.

Armando del Rey não se sente vazio agora que decidiu acalmar sua paixão, mas reconhece que precisa ter um hobby porque sem ele está “morto”.

“O risco com o proximity é tão alto que me faz pensar e apreciar o que tenho”, diz.

Armando descreve os momentos antes do salto, na companhia de seus amigos, como um momento de recolhimento quase litúrgico, um momento em que não há brincadeiras e o silêncio concentrado preside a necessária revisão de um material que não pode falhar.

Nenhum esporte é mais perigoso, e o perfil de cada saltador o torna ainda mais arriscado.

“Depois – explica – você salta e sente que realmente está voando, é indescritível, maravilhoso e o desejo é mais forte do que o medo. E quando você vê um amigo de cada lado, voando como você, sente-se um super-herói”.

Um para lá, outro para cá...

Imagem: Oli Scarff/AFP

Vasco da Gama assina convênio convênio no valor de R$ 2.587.304,16... os recursos serão destinados aos esportes olímpicos e paraolímpicos.

Imagem: Coleção do Fernando Amaral FC


O Vasco da Gama e a CBC (Confederação Brasileira de Clubes) assinaram convênio no valor de R$ 2.587.304,16...

O convênio terá a duração de quatro anos e os recursos serão utilizados para o financiamento de esportes olímpicos e paraolímpicos do clube.

O repasse anual será no valor de 646.826,04...

Pelo contrato, o valor poderá ser destinado ao pagamento de treinadores, preparadores físicos e fisioterapeutas que atuem no remo, basquete de base, atletismo e natação paraolímpica.

É vedado o uso dos recursos do convênio no futebol...

No convênio anterior assinado pelo Vasco com a CBC, o time de São Januário recebeu quase R$ 2,9 milhões para a compra de equipamentos.

O clube destinou esses valores à importação da Alemanha de uma flotilha de 11 barcos, aquisição de equipamentos de fisioterapia e a instalação de novos sistemas de filtragem e aquecimento de sua piscina olímpica...

Para ter direito aos recursos, o clube tem que apresentar todas as certidões que comprove estar em dia com os impostos.

sexta-feira, janeiro 06, 2017

Queda com movimento sincronizado...

Imagem: Alan Crowhurst/Getty Images 

Copa São Paulo de Futebol Junior... Alecrim e ABC ainda podem se classificar para a segunda fase da competição.

Imagem: Autor Desconhecido/Arte: Fernando Amaral


Apesar da derrota e do empate as equipes norte-rio-grandenses que estão disputando a Copa São Paulo de Juniores ainda continuam com chances de classificação para a segunda fase da competição.

Alecrim

O Alecrim perdeu para o Rio Preto por 3 a 2, já o Botafogo venceu o Sergipe por 4 a 1.

Com esses resultados a classificação do grupo é a seguinte:

O Botafogo é primeiro com 4 pontos, seguido por Rio Preto e Sergipe, ambos com 3 pontos...

O Alecrim ficou na última posição com 1 ponto.

Na última rodada o Botafogo enfrenta o Rio Preto e o Alecrim o Sergipe...

Se vencer, os verdes torcem pela vitória do Botafogo ou pelo empate.

ABC

O ABC voltou a empatar...

Desta vez com o Vitória pelo mesmo placar da partida anterior, 1 a 1.

Para chegar à segunda fase o alvinegro tem que vencer o Atlético Goianiense, segundo colocado no grupo...

Nenhum outro resultado interessa.

Segundos antes de cair derrubado pela exaustão...

Imagem: Nigel Roddis/Getty Images 

Agência governamental chinesa crítica "despesas irracionais" dos clubes de futebol do país...

Imagem: AFP


Segundo a Agência de Notícias, EFE, a Administração Geral do Esporte da China, órgão do governo do país que regulamenta os esportes, criticou duramente nesta quinta-feira os altos gastos dos clubes de futebol para contratar jogadores estrangeiros e ameaçou impor limites...

No site da entidade as contratações são chamadas de “despesas irracionais”, e é apontada a necessidade do estabelecimento de um teto, tanto nas transferências, como nos salários pagos a astros internacionais.

A Administração Geral do Esporte da China sugeriu ainda que as equipes passem a investir valores maiores no desenvolvimento de jovens atletas...

A crítica é que o dinheiro empenhado está sendo utilizado para atrair estrelas internacionais e não formar jogadores no país.

quinta-feira, janeiro 05, 2017

Tira tudo... camisa, calção, tudo.

Imagem: Attila Kisbenedek/AFP

Robert Marchand: ciclista e recordista aos 105 anos...

Imagem: CapoVelo.com


Aos 105 anos, Robert Marchand percorreu 22 quilômetros em uma hora...

O ciclista bateu o recorde, mas infelizmente não tinha rivais para disputar o título na categoria.

O recorde de maior distância percorrida por um ciclista na categoria para pessoas acima de 105 anos – categoria especialmente para ele – foi quebrado no velódromo de Saint-Quentin-en-Yvelines, nesta quarta-feira...

Foram 92 voltas.

Em 2012, o esportista já havia sido homenageado com sua própria categoria de competição no ciclismo de pista, ao fazer 25,7 quilômetros em uma hora...

Na ocasião, Marchand se tornou o primeiro recordista acima dos 100 anos.

“Eu não vi a placa avisando que faltavam 10 minutos para o fim. Do contrário, teria ido mais rápido e feito um tempo melhor”, justificou o senhor ao jornal The Guardian...

“Agora estou esperando por um rival”.

Nascido em 26 de novembro de 1911, Marchand tentou praticar ciclismo na adolescência, mas foi rejeitado por técnicos por não ter o físico adequado...

Como na vida adulta, não tinha tempo para conciliar seu trabalho como bombeiro e a prática de esportes... aos 68 anos, resolveu retomar o sonho da infância e voltou a correr de bicicleta.

Estava fazendo um pouco de frio...

Imagem: Matthias Hangst/Bongarts/Getty Images

Zinedine Zidane... 12 meses, três títulos, 53 vitórias e 2 derrotas...

Imagem: Sky Sports


Zidane não tinha experiência...

Nunca havia sentado num banco de um clube de primeira divisão.

E daí?

Zidane tinha paixão.

Ontem, contra o Sevilha pela Copa do Rei, completou um ano à frente do Real Madrid...

Foram 53 vitórias, duas derrotas e três títulos.

Primeiro foi a Champions League, vencida pela décima-primeira vez...

Três meses depois, ganhou a Supercopa da Europa e, no mês passado, um terceiro título, o do Mundial de Clubes.

Perdeu alguma coisa, Pogba?

Imagem: Jean-Philippe Ksiazek/AFP

Tiroteio na apresentação do novo treinador do CA Alvarado de Mar del Plata, na Argentina...

Imagem: Coleção do Fernando Amaral FC


Gustavo Noto, novo técnico do Club Atlético Alvarado, da cidade de Mar Del Plata que disputa a Terceira Divisão do Campeonato Argentino, estava sendo apresentado à imprensa e aos torcedores, quando um homem armado tentou invadir a sala para protestar...

O fato aconteceu na última terça-feira, na sede do clube, durante a entrevista coletiva do novo treinador, que era comandada pelo vice-presidente Facundo Moyano, que também é deputado.

Logo que começou a entrevista, o homem identificado como César Córdoba, de 39 anos, membro de uma torcida organizada, invadiu o local com uma arma e ameaçou os presentes...   
  
Durante a confusão uma pessoa ainda não identificada pela polícia local, sacou uma pistola e disparou contra Córdoba, que foi atingido e teve que ser hospitalizado.

Uma outra pessoa também acabou ferida...

Porém, não se tem notícia sobre seu estado de saúde.

O mais curioso é que o Alvarado terminou em primeiro lugar no Grupo 2 do “Torneo Federal A”, que é a Terceira Divisão da Argentina e avançou para a segunda fase, que começa em janeiro...

Duas equipes conseguem acesso para a Segunda Divisão.

quarta-feira, janeiro 04, 2017

Sydney Hobart Yacht Race...

Imagem: Rick Rycroft/AP

O cansaço impediu a vitória do Alecrim na Copa São Paulo de Juniores...

Imagem: Twitter Alecrim FC


Enfim a bola voltou a rolar envolvendo equipes do Rio Grande do Norte...

ABC e Alecrim estrearam na Copa São Paulo de Juniores.

O ABC empatou com o Atibaia em 0 a 0 e o Alecrim com o Botafogo do Rio de Janeiro em 1 a 1...

Não vi o ABC, vi o Alecrim.

Porém, mesmo sem ver uma das partidas, creio ser possível um breve comentário sobre as estreias...

Levando-se em consideração a diferença de tratamento dado a cada uma das equipes no deslocamento para a sede do torneio, creio que o Alecrim, que enfrentou uma longa e torturante aventura rodoviária, fez mais bonito.

Sobre o jogo

Tecnicamente foi fraco...

Perdão, na verdade, o Botafogo é que não jogou nada.

Já o Alecrim, não fossem os quilômetros de estrada e a chegada em cima da hora, pelo que vi, poderia ter vencido...

Apesar de optarem por um jogo retrancado, os meninos do Alecrim não foram covardes.

Nem a camisa do Botafogo assustou, nem o cansaço os fez esmorecer...

Há tempos não via uma equipe tão determinada.

No entanto, Botafogo, dono da bola na maior parte do tempo, decepcionou...

Não criou nada, não soube sair da marcação e muito pouco incomodou o goleiro alecrinense.

Enfim, não foi o Botafogo que empatou com o Alecrim...

Foram as câimbras provocadas pelo esgotamento físico é que permitiram aos cariocas saírem do estádio Anizio Hadad, na cidade de São José do Rio Preto, com um ponto.

Sobre os gols

Se por centímetros, milímetros ou um beiço de uma pulga, não importa - Jomário estava sim impedido...

O que me deixou me dúvida é se o assistente marcaria caso Jomário estivesse com a camisa do Botafogo, do Flamengo, do Palmeiras ou do Cruzeiro.

Em relação ao gol do Botafogo, estou tentado até agora encontrar a irregularidade que dizem por aqui, aconteceu...

Não vi nenhuma.

terça-feira, janeiro 03, 2017

O que você está fazendo caído aí grama?

Imagem: Alan Crowhurst

Michael Jordan: Ninguém no esporte faturou mais que ele...

Imagem: Autor Desconhecido


Michael Jordan é o atleta que mais faturou na história...

Segundo levantamento da revista Forbes, o ex-jogador do Chicago Bulls recebeu, entre salários e verba de patrocinadores, um total de US$ 1,7 bilhão.

O maior jogador da história da NBA ganhou US$ 93 milhões em salários durante as 15 temporadas em que jogou...

Atualmente, ganha mais US$ 100 milhões por ano só com sua marca de vestuário, que gerou, no último ano fiscal, US$ 2,8 bilhões para a Nike.

O segundo colocado é Tiger Woods...

Ganho total na carreira: US$ 1,65 bilhão.

Woods retomou à sua carreira como golfista após 15 meses afastado, por conta de uma cirurgia...

Seus ganhos anuais são 50% menores do que no auge de sua carreira, mas, ainda assim, faturou US$ 45 milhões só neste ano.

O golfe domina a lista entre os top 10...

Arnold Palmer, precursor do marketing esportivo, que morreu neste ano, é terceiro...

Ganho total na carreira: US$ 1,35 bilhão.

Aposentado desde os anos 1970, o golfista morreu em setembro deste ano devido a problemas cardíacos...

Palmer faturava US$ 40 milhões anualmente com a marca esportiva que leva o seu nome.

Jack Nicklaus é o quarto colocado...

Faturou em sua carreira US$ 1,15 bilhão.

O outro golfista é Phil Mickelson...

Phil ocupa a oitava colocação e faturou US$ 760 milhões.

O norte-americano foi o segundo atleta mais bem pago no golfe na década passada...

Sua fortuna vem das parcerias com grandes marcas, como Barclay’s e Rolex.

Apenas dois esportistas que não nasceram nos Estados Unidos: o piloto alemão Michael Schumacher, quinto colocado e o ex-jogador David Beckham, que ocupa a nona posição e é o único jogador de futebol da lista dos top 10...

O basquete conta com mais dois representantes, além de Jordan: Kobe Bryant, que se aposentou na última temporada da NBA, sexto colocado e Shaquille O’Neal, décimo.

Ambos aturam juntos no Los Angeles Lakers entre 1996 e 2004...

Fique tranquilo, vai dar tudo certo...

Imagem: AFP/Getty Images/Oli Scarff - Arte: Fernando Amaral

Como resposta os torcedores do Celtic colocaram velas perfumadas no banheiros do Ibrox Stadium...

Imagem: Autor Desconhecido


A torcida do Celtic de Glasgow deu uma enorme guinda na forma como costumava se comportar diante das provocações da torcida do Rangers...

Desta vez, nada de violência.

A resposta dos torcedores do Celtic ao vandalismo provocado por torcedores do arquirrival em seu estádio, em setembro do ano passado, quando luminárias do banheiro do Celtic Park foram arrancadas do teto e destruídas, portas foram arrombadas, pias foram desmanteladas e parte do estádio foi devastada pelos azuis, não poderia ser mais surpreendente e civilizada...

No último dia 31, menos de três meses depois do incidente, o Rangers recebeu o Celtic no Ibrox e, ao invés de retribuir com mais violência, os torcedores do Celtic espalharam velas perfumadas, nas cores verde e branco, pela pia do banheiro da casa rival.

segunda-feira, janeiro 02, 2017

Nunca confie no tenista...

Imagem: Tony O'Brien/Reuters

Voilà monsieur Olivier Giroud...

Plastificada?

Imagem: All Belo/AFP

O gandula "estragou" a comemoração de Tim Cahill...



Tim Cahill atacante do Melbourne Victory e da seleção da Austrália, com passagem pelo Everton da Inglaterra, costuma comemorar seus gols golpeando a bandeirinha do corner como se fosse um boxer... 

No empate em 2 a 2 com o Central Coast Mariners, a comemoração falhou. 

Tim Cahill marcou e como sempre correu em direção a bandeirinha... 

Entretanto, o gandula foi mais rápido que Cahill. 

Ao ver o atacante se aproximar o garoto retirou a bandeirinha e deixou Cahill golpear o ar... 

O rosto sério do menino só torna a cena ainda mais engraçada.

Mesmo na lama as ferraduras reluzem...

Imagem: Alan Crowhurst/Getty Images

E o legado olímpico?

Imagem: Autor Desconhecido


Rio-2016: tudo que é legado esportivo se desmancha no ar

Por Rodrigo Mattos

Quando o Brasil se tornou sede da Olimpíada, em 2009, a promessa de organizadores era de que haveria um legado esportivo para o país.

Isso se traduziria em uma infraestrutura renovada, e uma formação de uma cultura e de um corpo de atletas que que fortaleceriam o esporte olímpico do país.

Uma sucessão de notícias deixa essa promessa cada vez mais longínqua.

Para chegar à Rio-2016, e tentar um inédito décimo lugar no quadro de medalhas, o Brasil teve um investimento total de R$ 3,2 bilhões em salários, serviços e infraestrutura para atletas.

A esse valor inédito, acrescente-se os gastos com a estrutura para os Jogos:

Parque Olímpicos, Deodoro, Parque Radical.

No quadro de medalhas, foram apenas duas medalhas a mais, sem alcançar a meta.

Poderia se argumentar que isso pode gerar frutos futuros.

Mas não é o que indica o quadro atual.

Quatro meses após a Olimpíada, a administração do Parque Olímpico foi transferida ao Ministério do Esporte depois de fracassar a tentativa de privatiza-la.

O governo federal topou, apesar de não saber quanto vai gastar.

A promessa de um sólido plano de legado ficou nisso, em promessa.

O Ministério do Esporte que terá de bancar essa estrutura é o mesmo que há seis meses cancelou um edital para dinheiro de confederações olímpicas no valor de R$ 150 milhões.

Uma parte desse dinheiro deve acabar na conta ainda incerta do Parque, não se sabe quanto sobrará para essas entidades.

O corte não está apenas aí: o dinheiro de estatais, antes portentoso, míngua.

Quem mantiver o contrato, deve se dar por satisfeito com reduções.

Haverá quem perca toda a receita de patrocínio e sem lá muita perspectiva de recurso privado forte.

O dinheiro da loteria da Lei Piva, em um país em crise, também caiu de volume, embora pelo menos seja garantido.

E nem dá para dizer que as confederações são injustiçadas.

Surfando na tsunami de dinheiro públicas, a maioria dos cartolas de entidades esportivas se meteu em confusões e acusações de mal administração de verba.

Isso quando não são apontados desvios claros como a investigação da Polícia Federal sobre a Confederação Brasileira de Taekwondo.

Em meio a isso, como ficam os atletas?

Suas bolsa-pódios, aquele benefício que apoiava os melhores, acabaram no meio do segundo semestre de 2016, logo após os Jogos.

O Ministério do Esporte lançou novo edital agora no final de dezembro e vai publicar nomes em março.

Na melhor das hipóteses, os atletas ficam seis meses sem receber, mas garantem apoio até 2020.

Mas não se sabe o volume de recursos.

O investimento é de ''acordo com a disponibilidade orçamentária e financeira do ME''.

Analisado o quadro geral, de positivo, a formação de uma nova geração de atletas (em número bem inferior ao esperado, diga-se).

Agora o cenário indica que o tratamento que receberão, assim como seus sucessores, vai retroagir bastante em relação ao último ciclo olímpico.

O projeto de esporte olímpico, que antes diziam ser sólido, cada vez mais se desmancha no ar.

sábado, dezembro 31, 2016

Feliz 2017... Mais humor e menos amargor.

Arte: Fernando Amaral

Nordestinos que moram em São Paulo fazem dos bares lugares para matar a saudade da terra e de seus times distantes...

Fora de casa

As histórias de torcedores nordestinos que fazem dos bares paulistanos ponto de encontro para matar a saudade da terra e acompanhar seus times do coração

Por Gil Luis Mendes e Maurício Targino para o Puntero Izquierdo

“Saudade é um parafuso
Que na rosca quando cai,
Só entra se for torcendo,
Porque batendo num vai
E enferrujando dentro
Nem distorcendo num sai”
(Antônio Pereira, poeta e cantador de Itapetim-PE)

As histórias a seguir falam sobre uma saudade que é levada no peito, exatamente abaixo do escudo do clube, de pessoas que deixaram o Nordeste para morar em São Paulo.

Hoje os motivos das mudanças são bem diferentes de tempos passados, quando homens e mulheres corriam da seca em busca de uma vida melhor na parte mais pra baixo do mapa.

O que liga essas gerações é o pertencimento a um lugar, sentimento que permanece inquieto ao passar do tempo. Saudade boa é saudade matada, reza um dito daquelas bandas.

O futebol e o encontro entre semelhantes fazem com que a terra natal fique mais perto.

Noventa minutos e alguns amigos diminuem distâncias e ausências.


A distância é uma ilusão criada por cartógrafos


Saindo do número 489 da Rua Wizard, dobra à direita, atravessa para o outro lado da Rua Fradique Coutinho até chegar ao estabelecimento de número 1100.

O percurso de mais ou menos 250 metros não dura três minutos: é a distância que separa Pernambuco da Bahia no centro do boêmio bairro da Vila Madalena, na Zona Oeste da capital paulista.

Nesse perímetro, ao menos uma vez por semana, o Nordeste fica mais perto.

Até o clima frio e seco parece receber toda a umidade das brisas que sopram litoral abaixo.

Os sotaques e as cores ficam mais familiares.

Lá e em alguns outros pontos de São Paulo, o individual da cidade, que para muitos é cinza, abre espaço para o coletivo mais colorido.

Vermelho e branco; vermelho e preto; preto e branco; vermelho, preto e branco; vermelho, branco e azul.

O primeiro endereço é um recinto pernambucano, tem nome de iguaria sul-americana e, dependendo do dia da semana, é ocupado por uma torcida diferente.

Terças e sextas, é pintado de vermelho e branco, nas quartas e domingos, recebe as duas cores mais o preto.

Em alguns sábados, dependendo da tabela das séries A e B do Campeonato Brasileiro, é necessário dividir o salão para receber as torcidas de Santa Cruz e Náutico.

O segundo logradouro é barulhento e festivo na mesma proporção em que é organizado e planejado.

É lá que os soteropolitanos que escolheram três cores para torcer se reúnem para matar as saudades de Salvador.

Sim, o Esporte Clube Bahia é o maior motivo para esses encontros, mas também relembrar músicas de antigos carnavais faz parecer que a capital baiana não está tão longe.

Há quem por um motivo ou outro prefira um lugar só seu.

Com identidade própria.

Além de compartilharem das mesmas cores e dos mesmos mascotes, torcedores de Sport e Vitória não dividem o mesmo bairro dos seus rivais na capital paulista.

Os baianos escolheram o bairro de Pinheiros, próximo ao Largo da Batata, tradicional reduto nordestino na Zona Oeste paulistana.

Os rubro-negros pernambucanos fincaram bandeira na Bela Vista, região central.

No bar, na estrada, no estádio



São pouco mais de sete da noite de sexta-feira em São Paulo, e com o horário de verão o sol ainda brilhava instantes atrás.

Enquanto muitos seguem presos no escritório à espera do final de semana, dezenas de nativos da Boa Terra lotam o bar da esquina entre as ruas Aspicuelta e Fradique Coutinho.

Seria apenas mais um encontro entre os membros da Embaixada do Bahia na capital paulista, mas este é especial.

Além da rara ocasião de encontro fora de dia de jogo — que aconteceria na tarde seguinte, em Barueri (SP), contra o Oeste, pela Série B — é também a primeira confraternização realizada com o apoio do clube no lugar escolhido pelos torcedores.

“Não somos uma torcida organizada e fazemos questão de deixar isso claro”, conta o publicitário Paulo Adriano Moreira, o P.A., morador de São Paulo há sete anos e atual presidente da Embaixada do Bahia.

Minutos antes, um outro sujeito contara a história de dois integrantes que foram confundidos com membros de uma organizada do Bahia aliada à do Palmeiras e, por pouco, não levaram uma surra de corintianos no metrô da Estação da Luz.

“A única coisa que fazemos aqui é ‘comer água’ [gíria para se embriagar], matar saudades e torcer para o Bahia”, diz o também publicitário Lucas Ferraz, que desembarcou na capital paulista seis anos antes.

A conversa toda acontece na calçada. Dentro do bar, só se ouve clássicos da axé music e cantos da torcida do Bahia, executados por uma banda cujos integrantes se revezam ao microfone e nos instrumentos.

Um deles é Rubens Moura, cujo filho Gabriel mudou-se de Salvador para São Paulo há três meses.

“Meu pai tá lá dentro tocando e cantando. Ele diz que veio me visitar, mas acho que foi só desculpa pra vir ao jogo”, conta Gabriel em meio a risadas.

“Moro sozinho e esse bar meio que virou minha casa, e essa galera, minha família.”

No dia seguinte, muitos dos que foram ao bar não sabem dizer a que horas a festa terminou.

“É capaz de ter gente lá até agora”, diz um deles.

É meio-dia, e uma equipe de TV faz entrevistas e imagens do grupo, que aumenta na mesma proporção em que latas e garrafas de cerveja são esvaziadas.

Dois ônibus — chamados de 59 e 88, em alusão aos dois títulos nacionais do Bahia — estão estacionados próximos ao Museu de Arte de São Paulo à espera dos torcedores que irão a Barueri.

Um sujeito bigodudo e barulhento chega e é abordado por vários torcedores.

É o segurança Alberto Gomes, o Beto.

“Vim a São Paulo passear e fui ficando. Já são 12 anos aqui”.

Figura folclórica entre os tricolores baianos exilados na capital paulista, ele se desculpa por não ter ido à confraternização, pois havia marcado para ir ao pagode com a esposa.

“Comi tanta água quanto vocês, então tá tudo certo”, diz ele enquanto abre uma cerveja.

Enquanto os batuques soam alto na parte traseira do ônibus 59, P.A. e outros integrantes debatem a possibilidade de passar no hotel onde o time está hospedado.

A intenção é surpreender os jogadores com um corredor humano até o ônibus que levará o time ao estádio.

O barulho quebra o fator surpresa.

Os jogadores — e os hóspedes — escutam tudo de dentro do hotel.

Alguns deles se mostram realmente tocados com a demonstração de apoio, outros parecem não se importar tanto.

A Arena Barueri está a menos de dez quilômetros.

O taxista Deusdete não quis revelar seu sobrenome.

Lá se vão mais de três décadas desde que deixou a pequena Santaluz, aos 18 anos, rumo a São Paulo.

Lembra com exatidão o dia em que chegou: 15 de fevereiro de 1985, véspera de sábado de Carnaval.

Duas semanas depois, viu seu primeiro jogo do Bahia na capital paulista: derrota por 2 x 0 para o Corinthians no Pacaembu.

“Desde então vou pra tudo que é jogo do Bahêa em São Paulo. Pacaembu, Morumbi, Canindé… só não fui a Santos”.

Pai de uma filha são-paulina e um filho palmeirense, não se incomoda com as escolhas da prole.

“Sou um desportista. Respeitaria até se eles fossem Vitória”, sorri.

A fila para comprar ingresso toma uns 15 minutos de espera, seguidos de outros 25 para entrar.

O conferente Júnior Braga acompanhou de perto a construção do estádio, inaugurado em 2007: desde 1994 ele mora a alguns metros dali.

A bola já está rolando e ele vocifera contra o 3G, que não atualiza a transmissão em tempo real pelo celular.

“Se sair gol a gente vai saber”, diz o pedreiro Ailton Soares, que veio de Diadema (SP), onde mora desde 1998.

“É melhor entrar com o placar em 0 x 0”, diz seu colega de profissão Enildo Rodrigues, que mora em Cotia (SP) há 14 anos.

“Vai que o Bahia faz 1 x 0 agora e toma o empate na hora que a gente entrar”, pondera.

O vizinho da Arena Barueri não conhecia os outros dois.

O recém-formado trio mostra entrosamento ao lembrar do time bicampeão baiano em 1993–94.

“Com Marcelo, Raudinei e Naldinho não tinha para ninguém”, diz Júnior, antes de atravessar a catraca e correr rumo às arquibancadas.

O primeiro tempo já está quase na metade e os minutos não vistos parecem não fazer falta.

Nada de interessante acontece em campo, ao contrário do setor de visitantes, lotado por quase três mil tricolores.

A cantoria e a batucada são constantes.

O apoio, incondicional.

Mas o time do Bahia não ajuda e o placar imaculado faz justiça ao futebol visto.

Sentado no primeiro degrau da arquibancada, o vidraceiro André Magalhães é outro a sentir falta do time de 1994.

“Se tivéssemos um Paulo Emílio na armação, um Naldinho, um Marcelo Ramos no ataque, já estaríamos ganhando o jogo”.

Para André, foi o maior Bahia que ele viu jogar.

Nascido no bairro da Ribeira, foi frequentador assíduo da Fonte Nova até 1999, quando se mudou para São Paulo.

Mesmo indo à terra natal pelo menos a cada dois anos, não foi ao estádio que agora é arena.

“A última vez que pisei na Fonte Nova foi em 96 ou 97, contra a Portuguesa (N.A. foi em 1996, Bahia 1 x 3 Portuguesa). Engraçado que o primeiro jogo que vi em São Paulo também foi contra a Portuguesa”, relembra.

“Tinha o Daniel Alves, teve gol daquele atacante que depois jogou no Ceará… Sérgio Alves”
(N.A. O jogo terminou em 2 x 2).

A despeito de todo o apoio efusivo da esmagadora maioria do público, foi o Oeste que saiu na frente.

Sem esfriar o ânimo, a torcida empurrou o time rumo ao empate e seguiu fazendo barulho até o apito final.

A euforia das últimas horas deu lugar a uma indisfarçável frustração.

“Está vendo esse estádio? Guarde bem cada detalhe. Ano que vem estaremos aqui novamente”, diz alguém na arquibancada, sugerindo que o time continuará na segunda divisão por mais uma temporada.

No bar ao lado do estádio, torcedores do tricolor baiano jogam dominó enquanto a jukebox toca o hino oficial do Bahia repetidas vezes.

Ao lado do ônibus, um dos torcedores mostra algumas manchas na pele do atabaque.

“Sabe o que são? Sangue. Sangue que demos pelo time, sangue que esses caras não deram hoje.
Nem cumprimentar a torcida depois do jogo eles vieram”, lamenta um torcedor.

“Quer moleza, vai torcer pro Barcelona. Bora, Bahêa, minha porra”, grita outro.

A toca do Leão



Walfrido Freire Neto está com virose.

É início de tarde de domingo, e logo mais o Sport terá uma partida dura contra o líder do Brasileiro, o Palmeiras.

Ele gostaria que o motivo da falta de apetite — praticamente não se alimentou nas últimas 24 horas — fosse o nervosismo pré-jogo.

Quando o assunto é Sport Club do Recife, não é de fraquejar.

Mas este jogo, disputado a poucos metros do apartamento onde mora e cujo estádio pode ser visto da janela, parece exigir mais do que o da semana anterior, contra o Vitória.

Walfrido fez uma viagem-relâmpago ao Recife apenas para assistir à partida, na qual puxou o grito de guerra do time no meio das arquibancadas.

“Mesmo morando há mais de dez anos em São Paulo, Recife sempre parece estar mais perto do que a esquina de minha rua”, diz ele.

A torcida que fundou seis anos antes — e que se tornou o primeiro consulado oficial do clube — ajuda a matar a saudade da capital pernambucana.

De tanto se encontrarem no setor de visitantes dos estádios paulistanos quando o Sport jogava na cidade, Walfrido e outros torcedores perceberam que seria interessante se reunir para ver também partidas transmitidas pela TV.

Assim, a vitória magra por 1 x 0 sobre o América-MG, pela Série B, na noite de 31 de agosto de 2010, marcou a fundação da Leões de Sampa.

A aproximação entre torcedores, que em sua maioria não se conheciam no Recife, facilitou a organização de viagens para jogos do Sport em cidades próximas — ou nem tanto — da capital paulista.

“Fui de ônibus daqui até o Paraguai por causa desse time”, conta Gilmar Cândido, apelidado de Nego Doce, que mora em São Paulo desde 2003.

“Assim que o time se classificou para enfrentar o Libertad na Copa Sul-Americana (de 2013) fui logo pedindo folga no trabalho”, diz.

“Não quis nem saber se algum conhecido iria junto.”

Algumas das histórias de Nego Doce se tornaram folclóricas na Leões de Sampa.

Certa vez foi de São Paulo a Curitiba sem checar a previsão do tempo para a capital paranaense.

“Como eu ia só assistir ao jogo e voltar logo depois, fui só com a roupa do corpo e a carteira”, conta.

Por roupa do corpo entenda-se uma camisa regata no mínimo inadequada para encarar a temperatura abaixo de dez graus naquela tarde.

No bar que atualmente serve de sede para a Leões de Sampa, no bairro da Bela Vista, é fácil perceber que o jogo do Sport está para começar.

Não apenas pelas camisas rubro-negras que começam a chegar por volta de uma ou duas horas antes do apito inicial.

Há todo um ritual de preparação do ambiente.

Bandeiras, faixas e toalhas de mesa nas cores vermelha e preta deixam o lugar com cara de Ilha do Retiro.

O cardápio de pratos nordestinos, a cerveja gelada e os instrumentos musicais completam a atmosfera, que volta e meia causa um certo espanto aos frequentadores “comuns”.

O jogo da noite é contra o Vitória, adversário direto na luta contra o rebaixamento.

A tensão que parecia ter se dissipado com o gol de Diego Souza aos cinco minutos de jogo retorna com toda a intensidade em dois pênaltis contra o Sport marcados em um curto intervalo de tempo.

Ambos desperdiçados pela equipe baiana.

Ao contrário do que se poderia sugerir, o nervosismo não dá trégua.

Alguns lidam com isso esvaziando garrafas de cerveja em ritmo acelerado.

Outros se arriscam a puxar algumas canções de incentivo ao time — algumas compostas pelos próprios integrantes da Leões de Sampa — acompanhados pelos instrumentos que se revezam entre aqueles com algum talento musical e outros nem tanto.

Há quem prefira rezar para encarar o tempo que parece não passar.

Mas passa.

O juiz apita o fim do jogo.

O Sport segue fora da zona de rebaixamento.

Uma semana depois, o exorbitante preço do ingresso no Allianz Arena atrai menos torcedores do Sport do que o esperado.

O espectro da violência entre torcidas também parece afugentar os visitantes.

Isso é percebido logo na entrada, quando um oficial da Polícia Militar pede para que todos entrem logo, pois “se eles (a torcida do Palmeiras) resolverem vir para cima de vocês a gente (a PM) não pode fazer milagre”.

Dentro do estádio, a empolgação vista no bar é quase inexistente.

Cadeiras estreitas, fiscais que pedem para que os torcedores assistam sentados e toda a sorte de restrições tiram a magia outrora proporcionada por um estádio de futebol.

Ao final, o placar desfavorável de 2 x 1 é menos incômodo do que as falhas de arbitragem, cruciais para o resultado.

Mas a maior derrota parece mesmo ser a impossibilidade de fazer no estádio uma festa semelhante à que o bar na Bela Vista recebe toda vez que o Sport joga.

Itinerantes de vermelho e branco



Muitos do que vestem vermelho e branco no bar na Vila Madalena no início da noite de sábado ainda não moravam em São Paulo quando um grupo de torcedores do Clube Náutico Capibaribe decidiu formar a Confraria Timbus da Garoa, após um empate sem gols contra o Santo André em novembro de 2011.

O resultado garantiu matematicamente o acesso da equipe à Série A no ano seguinte.

O economista Saulo Moraes havia chegado a São Paulo pouco tempo antes e estava no jogo que marcou o começo da confraria.

“No início, assistíamos aos jogos em um bar lá no Itaim, mas ele não abria aos domingos, o que era um problema nos jogos do Pernambucano e da Série A”, conta.

“Passamos então a assistir na casa de Bruno [Fernandes, empresário e uma espécie de “presidente” da Confraria] ou no bar dele em Higienópolis”.

“Conta logo que você faz campanha contra esse bar”, interrompe em meio a risos a administradora Marina Correia, moradora de São Paulo há dois anos e meio.

Saulo explica, também rindo.

“Não é campanha contra, é porque o outro bar ficava na esquina da rua que eu moro. Pra vir aqui é quase como ir à Arena Pernambuco”, emenda.

A saída do estádio que recebeu quatro partidas da Copa do Mundo de 2014 e o retorno aos Aflitos é uma unanimidade entre os cerca de 25 torcedores distribuídos pelas mesas.

Faz pouco mais de seis meses que eles decidiram se reunir no Empanadas Bar, mesmo local em que os torcedores do rival Santa Cruz já veem as partidas do clube há mais tempo.

“Não tivemos choque de horários este ano, nem teremos no ano que vem, já que vamos subir para a A e eles vão cair para a B”, ironiza o administrador Rafael Romanguera, que se mudou do Recife para a capital paulista em 2014 e tornou-se uma espécie de “primeiro-ministro” da Confraria Timbus da Garoa.

“E se levarem a Coisa [apelido do Sport entre os rivais pernambucanos] junto vai ser melhor ainda”.

Mas para seguir pensando na volta à Série A como querem todos e no troféu da Série B como profetiza Romanguera, o Náutico precisa vencer o alvinegro cearense.

A retranca e a catimba do Vozão, no entanto, são adversários duros.

Em um primeiro tempo de poucas chances, o zero não sai do placar.

O panorama pouco muda na etapa final, apesar de o time pernambucano criar mais chances.

Em um curto espaço de tempo, dois gritos de gol são frustrados pela marcação de impedimento.

“E a regra que diz que não pode marcar dois impedimentos em menos de cinco minutos? Juiz ladrão!”, grita Marina com um misto de humor e nervosismo.

“Toda vez que Marina vem o Náutico não ganha”, afirma outro na mesa.

O Ceará se fecha no campo de defesa, e o relógio já marca os acréscimos de jogo.

Ninguém se atreve a sair do bar ou a mover um músculo.

Uma falta no lado direito do ataque transforma o nervosismo em um último fio de esperança.
A bola é alçada na área, e o zagueiro Igor Rabello desvia para as redes.

O grito de gol toma conta do bar e dos arredores.

Sem que ninguém tenha pedido, cinco cervejas são servidas de uma só vez à mesa.

Ninguém entende direito de onde vieram até que descobrem ser um presente de Wolfgang Haag, diretor-presidente da divisão brasileira de um laboratório de veterinária.

Haag passava pela frente do bar com a esposa no exato instante em que saiu o gol.

Apaixonado por futebol, o alemão que se mudou para o Brasil em 2015 chegou a jogar nas divisões de base do Colônia.

“Vi essa festa e tive que parar e aproveitar um pouco dela”, diz ele em português.

“Agora você tem um time para torcer no Brasil”, dizem os eufóricos alvirrubros enquanto entregam a bandeira do Náutico para o mais novo membro da torcida.

Ainda estamos juntos



Raul Holanda é a única pessoa no Empanadas Bar com uma camisa do Santa Cruz.

Senta, pede uma cerveja e conta os minutos esperando a chegada de algum outro tricolor.

O segundo torcedor a chegar no recinto não usa o uniforme coral, mas sua camiseta tem as três cores do clube pernambucano.

O terceiro e último componente do grupo a chegar naquela noite de quarta-feira é Fábio Trummer.

Ele está vestido todo de branco.

Marquinhos, garçom e conterrâneo do trio, não estranha o baixo quorum.

Já fazia tempo que, pouco a pouco, os torcedores do Santinha estavam diminuindo gradativamente a frequência no bar.

Puxou pela memória e lembrou-se que há menos de um ano, no final de uma noite de sábado, um ônibus parava em frente ao estabelecimento e cerca de 30 ensandecidos tricolores invadiam o local enrolados em bandeiras comemorando o retorno à Série A do Campeonato Brasileiro, voltando da cidade de Itu (SP), onde o time havia vencido o Mogi Mirim por 3 a 0, encerrando um ciclo que durou dez anos e teve duras passagens por todas as divisões do futebol nacional.

Encostado no balcão e olhando para mesa com apenas três copos, o garçom, que também torce para o Santa Cruz, mas veste a camisa do Náutico nos dias de jogos do alvirrubro no mesmo local, teve outras recordações.

No começo do ano, era complicado arrumar o salão para receber mais de uma dezena de torcedores e, ao passar das semanas, aquele número só aumentava.

Por muitas vezes, torcedores de clubes paulistas se uniam aos santacruzenses por empatia pelo time e pela torcida. Em dois domingos consecutivos do mês de maio, dois títulos.

Os gritos, a confiança, a alegria e as bandeiras foram sumindo no segundo semestre.

“Eu vim porque estava com saudades de vocês, não pela porcaria desse time”, disse um dos presentes na mesa com quatro cadeiras e um lugar vazio.

“Eu não abandonei o time na Série D, vou abandonar agora que está na A”, retrucou Raul.

Ao saber que o encontro resultaria nesse texto, Fábio foi enfático:

“Pode colocar aí, a gente vem ver jogo no bar, vai para estádio, como visitante, levar chuva na arquibancada, pega um monte de vírus no computador com os links piratas, quando o jogo não passa na TV, mas ver o time jogar que é bom, até agora nada”.

Durante a partida contra o Botafogo, que deu a lanterna da competição para o time pernambucano, foram raras as jogadas que prenderam a atenção do grupo ali reunido.

Enquanto Keno tentava pela quarta vez puxar um contra-ataque pelo lado esquerdo do ataque tricolor, o assunto era erro de estratégia e de planejamento da diretoria.

Quando Uillian Correia perdia mais uma bola na intermediária, a ruindade de Doriva era amaldiçoada pelos três.

Com o meio campo insistindo em modorrentas trocas de passes, era mais vantagem planejar como fariam para assistir ao show da Banda Eddie, grupo liderado por Trummer.

Na falta do Arruda, segundo maior orgulho dos corais perdendo apenas para a própria torcida, a parte radicada em São Paulo tenta matar a saudade do concreto das arquibancadas em cadeiras de madeira.

Há um ano eles se reúnem semanalmente no Empanadas: não dão nome ao grupo, não têm embaixada, mas podem se considerar uma torcida organizada, no sentido mais romântico do termo.

Talvez nem seja a intenção ser algo tão bem estruturado como é feito por torcidas rivais ou ter algum apoio da diretoria do clube.

Se planejar para ir ao estádio juntos quando o clube vai à cidade, tomar cerveja e voltar a ter alguns hábitos comuns de sua terra já deixam o grupo pra lá de satisfeito.

Existe um ar de desconfiança entre os garçons do Empanadas, todos eles nordestinos.

Não falam abertamente, mas se entreolham e ressaltam o semblante de dúvida.

Olham para as três cadeiras ocupadas, que um dia foram trinta, e ficam a se perguntar por quanto tempo os torcedores do Santa Cruz vão permanecer frequentando o bar que tem nome de iguaria sul-americana e nenhum sotaque portenho.

Talvez eles não saibam que teimosia e perseverança são qualidades que se misturam e viram uma característica própria da torcida do Santa Cruz.

Eles já fizeram de tudo para acompanhar o time, como garimpar rádios pela internet para conseguir ouvir uma partida da Série C no Acre.

Salvador é quase no Largo da Batata



Em 1983, Raimundo Rodrigues e Marcos Gabiza estavam no mesmo barco.

Um remava e outro dava a direção para qual caminho a embarcação deveria seguir.

Juntos levantaram a taça de campeão baiano de remo defendendo as cores do clube que amam.

Trinta e três anos depois, não mais dentro da água, mas no Bar Castelo de Viana, em São Paulo, eles voltam a estar juntos graças ao Esporte Clube Vitória.

Acompanhados por mais de 20 pessoas trajadas de vermelho e preto, eles riem, se abraçam, bebem e aguardam pelo início de mais uma partida do rubro-negro no Campeonato Brasileiro.

Naquele domingo, a esquina da Rua dos Pinheiros com a Bianchi Bertoldi lembrava Salvador.

O frio, que por cinco meses era constante nos dias paulistanos, foi embora dando lugar a uma temperatura semelhante à que faz na maior parte do ano na cidade do Barradão.

Em frente à TV mal dá para ouvir o que narrador e comentarista dizem.

Pouco importa o que eles falam; todos ali presentes sabem que a situação do time na competição não é das melhores.

A luta para ficar longe da zona de rebaixamento e permanecer na Série A faz parte da rotina há algum tempo.

Eram comuns, nas conversas, as lembranças dos dois pênaltis consecutivos perdidos por dois jogadores diferentes na partida anterior contra o Sport.

Estava difícil, mas o retrospecto negativo da equipe não alterou a rotina da Vitória Sampa em dias de jogos.

O grupo foi criado em 2015 com a intenção de organizar os torcedores do rubro-negro baiano na capital paulista.

Boa parte dos integrantes se encontrava apenas nos dias em que o time atuava em São Paulo.

Conversavam algo sobre a partida em questão e não passavam disso.

Até o dia em que Raimundo, chamado por todos de Rai, teve a inciativa de distribuir nas arquibancadas um convite para quem quisesse entrar em um grupo do WhatsApp.

Hoje, mais de 200 pessoas fazem parte desse grupo e metade pertence à Vitória Sampa.

A reunião, além de deixar mais próxima uma saudosa Bahia, serve também para outras finalidades.

“Nosso grupo não se reúne apenas para torcer. Fazemos ações sociais, por exemplo, visitando recentemente uma creche, onde distribuímos mantimentos. Quem colaborou na campanha hoje vai participar de um sorteio para ganhar uma camisa do time”, explica Rai.

Há 26 anos, Ademilton Ramos deixou sua terra natal para morar no Sudeste.

Se hoje grande parte dos torcedores que não podem acompanhar seus times de perto por morarem em outros locais não encontram tanta dificuldade para ter notícias do seu time graças à internet e à TV a cabo, o mesmo não ocorria no início da década de 1990.

“Quando queria saber como andava o Vitória tinha que ligar para casa, e os parentes me contavam as novidades. Depois passei a assinar a Placar que mensalmente soltava umas trinta palavras para falar sobre o Vitória”, lembra Ademilton largando o copo no balcão e com os olhos fixos na tela.

Era o final de primeiro tempo, e o Cruzeiro vencia os donos da casa por 1 a 0.

Para cortar o clima de tensão e silêncio do bar, Marcos Gabiza gritava o seu bordão já conhecido pelos outros torcedores.

“Me apoie!”

Depois do berro, repetido por alguns, eram entoadas as mesmas músicas que também reverberavam no Barradão.

O estádio localizado no bairro de Canabrava ganhava uma extensão em plena Zona Oeste de São Paulo.

Os cânticos faziam Carlos Eduardo Batista, em sua cadeira de rodas, lembrar dos tempos que frequentava as arquibancadas em Salvador.

“O Barradão faz muita falta. A gente se junta para ver o jogo aqui, mas é claro que não é a mesma coisa.”

No intervalo do jogo, o clima era de revolta.

Se a diretoria do clube, que não oferece nenhum tipo de apoio ao grupo de torcedores que se reúne em São Paulo, atravessasse as portas do ambiente naquele momento, seria execrada.

Boa parte do time também não foi poupado.

Para aliviar a raiva trazida nos primeiros 45 minutos de partida, só com um gole de cerveja gelada.

E foram muitos.

Os piores impropérios contra os jogadores e os que administram o clube estavam guardados para o final do jogo.

Grande parte da ira rubro-negra foi causada, além da derrota, por uma única jogada.

Pênalti para o Vitória. Cárdenas põe a bola em cima da marca e toma distância.

Em São Paulo, com os olhos cerrados por trás dos óculos de grau, Davi Conceição põe as mãos na cabeça.

Kieza se posiciona ao lado da grande área e fica de joelhos.

Ademilton repete o gesto do camisa 9 e se posta no chão.

Pela terceira vez, com três jogadores diferentes, a mesma cena.

Fim de jogo.

Algumas cabeças baixas, outros conformados que, até o final do campeonato, toda partida terá o mesmo sofrimento e a certeza de que a Vitória Sampa estará junta e que o Castelo de Viana será um pedaço de Salvador todas as vezes que o rubro-negro jogar.

Melhor sozinho em um estádio do que acompanhado na frente da TV



Nem em seus piores sonhos Paulo Barbosa poderia prever que testemunharia seu amado time sofrer uma goleada vexatória.

Os 4 a 0 do primeiro jogo da semifinal da Série C contra o Guarani era mais uma das tantas alegrias que o ABC lhe proporcionou em 2016.

Campeão potiguar, acesso garantido para a segunda divisão no próximo ano e rebaixamento do rival para a Série D.

A iminente classificação para a final do campeonato não permitia o sorriso sair do rosto.

Faltavam poucos minutos para que domingo se tornasse segunda-feira, e Paulo, incrédulo, via o placar registrar que seu time, do Rio Grande do Norte, fora eliminado da competição após perder por 6 a 0.

Se fosse no Nordeste e o jogo em questão fosse uma partida de dominó, o resultado seria chamado de “buchuda”.

No setor de visitantes do Brinco de Ouro da Princesa, ele pôde compartilhar toda a sua perplexidade com os poucos abecedistas que dividiam com ele a arquibancada.

Paulo é um torcedor solitário que, por vezes, é obrigado a fazer sua peregrinação ao templo sagrado do Frasqueirão, em Natal.

Os quase três mil quilômetros de distância que separam São Paulo de Natal são recompensados por poder estar ao lado dos seus.

Na capital paulista, isso não é possível.

Sem haver uma organização entre os alvinegros natalenses, o jeito é se virar sozinho para acompanhar a saga do ABC.

Por conhecer seu enérgico temperamento e as reações mais primitivas que o futebol provoca nas pessoas, Paulo confessa que, se não for em estádio, prefere estar sozinho em frente a um aparelho de televisão.

“Eu particularmente não gosto de assistir jogo em casa ou em bares com outras pessoas porque eu fico nervoso e não gosto de me distrair com outras coisas que não seja a partida”.

Segundo Paulo, já houve tentativas de reunir os torcedores abecedistas em São Paulo após alguns contatos feitos através de grupos do Facebook, mas o evento não se repetiu muitas vezes durante os três anos e meio que o estudante reside na capital paulista.

O surgimento do canal Esporte Interativo e as transmissões feitas pela TV Brasil facilitaram a vida dos torcedores das últimas divisões do Campeonato Brasileiro e também daqueles que não têm o estadual mostrado em TV aberta.

Quando nenhum dos jogos é transmitido pela televisão, o jeito é apelar para links das rádios potiguares.

Para uma pessoa que é viciada em concreto de arquibancada, a palidez e frieza de uma transmissão pela TV é um martírio, por isso Paulo não mede esforços para ver o ABC de corpo presente.

Belo Horizonte, Ribeirão Preto, Campinas, Salvador; o potiguar marcou presença em todos esses lugares correndo atrás do seu time.

Junto com o time ele sabe que nunca estará sozinho.