Imagem: Autor Desconhecido
Rio-2016: tudo que é legado
esportivo se desmancha no ar
Por Rodrigo Mattos
Quando o Brasil se tornou sede da
Olimpíada, em 2009, a promessa de organizadores era de que haveria um legado
esportivo para o país.
Isso se traduziria em uma
infraestrutura renovada, e uma formação de uma cultura e de um corpo de atletas
que que fortaleceriam o esporte olímpico do país.
Uma sucessão de notícias deixa
essa promessa cada vez mais longínqua.
Para chegar à Rio-2016, e tentar
um inédito décimo lugar no quadro de medalhas, o Brasil teve um investimento total
de R$ 3,2 bilhões em salários, serviços e infraestrutura para atletas.
A esse valor inédito,
acrescente-se os gastos com a estrutura para os Jogos:
Parque Olímpicos, Deodoro, Parque
Radical.
No quadro de medalhas, foram
apenas duas medalhas a mais, sem alcançar a meta.
Poderia se argumentar que isso
pode gerar frutos futuros.
Mas não é o que indica o quadro
atual.
Quatro meses após a Olimpíada, a
administração do Parque Olímpico foi transferida ao Ministério do Esporte
depois de fracassar a tentativa de privatiza-la.
O governo federal topou, apesar
de não saber quanto vai gastar.
A promessa de um sólido plano de
legado ficou nisso, em promessa.
O Ministério do Esporte que terá
de bancar essa estrutura é o mesmo que há seis meses cancelou um edital para
dinheiro de confederações olímpicas no valor de R$ 150 milhões.
Uma parte desse dinheiro deve
acabar na conta ainda incerta do Parque, não se sabe quanto sobrará para essas
entidades.
O corte não está apenas aí: o
dinheiro de estatais, antes portentoso, míngua.
Quem mantiver o contrato, deve se
dar por satisfeito com reduções.
Haverá quem perca toda a receita
de patrocínio e sem lá muita perspectiva de recurso privado forte.
O dinheiro da loteria da Lei
Piva, em um país em crise, também caiu de volume, embora pelo menos seja
garantido.
E nem dá para dizer que as
confederações são injustiçadas.
Surfando na tsunami de dinheiro
públicas, a maioria dos cartolas de entidades esportivas se meteu em confusões
e acusações de mal administração de verba.
Isso quando não são apontados
desvios claros como a investigação da Polícia Federal sobre a Confederação
Brasileira de Taekwondo.
Em meio a isso, como ficam os
atletas?
Suas bolsa-pódios, aquele
benefício que apoiava os melhores, acabaram no meio do segundo semestre de
2016, logo após os Jogos.
O Ministério do Esporte lançou
novo edital agora no final de dezembro e vai publicar nomes em março.
Na melhor das hipóteses, os
atletas ficam seis meses sem receber, mas garantem apoio até 2020.
Mas não se sabe o volume de
recursos.
O investimento é de ''acordo com
a disponibilidade orçamentária e financeira do ME''.
Analisado o quadro geral, de
positivo, a formação de uma nova geração de atletas (em número bem inferior ao
esperado, diga-se).
Agora o cenário indica que o
tratamento que receberão, assim como seus sucessores, vai retroagir bastante em
relação ao último ciclo olímpico.
O projeto de esporte olímpico,
que antes diziam ser sólido, cada vez mais se desmancha no ar.
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