Imagem: Globoesporte.com
Dando continuidade as cartas
escritas para o jornal Marca de Espanha, pelas esposas dos jogadores da Chapecoense
falecidos na Colômbia, no acidente aéreo ocorrido em novembro do ano passado...
“Se foi uma etapa de felicidade
para todos”
Por Letícia Padilha, esposa do
goleiro Danilo.
Meu nome é Letícia Padilha, sou
esposa de Danilo, falecido no acidente na Colômbia e lhes contarei como é minha
vida depois do dia 28 de novembro.
Não consigo esquecer Danilo nem
um segundo desde que nos enterramos da tragédia.
Tudo isso é completamente injusto
e duro.
Ninguém está preparado para
suportar tanta dor, mas menos ainda na situação em que perdemos Danilo.
Aconteceu num momento muito feliz
para todos nós.
Para ele, para meu filho, para a
Chapecoense.
Nunca antes a equipe havia estado
em uma situação similar e vejam como tudo terminou.
Por Deus, que dor imensa e
intensa sofremos em momentos assim.
Vivo porque respiro, mas essa
sensação de estar viva não diminuiu a dor que minha alma tem impregnada pela
falta desse ser maravilhoso que foi Danilo.
Um filho espetacular, um marido
único e pai maravilhoso.
Não entendo porque não está nesse
momento ao nosso lado...
Este pedido de vocês deveria ter
sido para ele.
Para que contasse suas façanhas
no gol da Chapecoense.
Para que ele pudesse dizer como
conseguiu conquistar o coração da torcida e da cidade de Chapecó.
Danilo foi grande.
Um campeão.
Depois do enterro de Danilo
voltei a viver na casa de meus pais em Arapongas (no estado do Paraná).
Dessa maneira tento enganar a
dor.
A companhia de meus pais é
necessária, especialmente para Lorenzo que, com seus 2 anos, ainda não sabe nem
entende a tragédia que se abateu sobre sua família.
A dor que sentimos e muito
grande.
Todos os dias espero a volta de
Danilo.
Ainda me custa crer que passei
por tal desgraça.
Porém, a dor mais cruel e escutar
Lorenzo falar sobre seu pai...
“Mãe, pega a roupa do papai. ”
“Mãe, esse é o carro do papai? ”
É assim sempre...
Quando vê uma partida de futebol
chora pensando no pai.
Há uns dias estava chovendo e
Lorenzo me disse: “mamãe, papai está no céu. ”
Me esforcei o máximo que pude
para não chorar diante dele...
Tudo é muito triste.
Por mais que tente me concentrar
em outras coisas meus pensamentos sempre estão com Danilo.
Não passa um segundo em minha
vida sem estar centrada nele.
Danilo sempre trazia alegria, não
só para nossa família, mas também para todos aqueles que estavam próximos a
ele...
Seu sorriso era contagiante.
Não está sendo fácil agora.
É muito doloroso tudo isso que
estamos vivendo.
Bem, posso resumir todo esse
sofrimento com uma pequena reflexão de Lorenzo, que com seus 2 anos, me pede
uma explicação e uma resposta para sua dúvida:
“Mamãe, porque é que papai sempre
joga fora? ”
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