Imagem: Colorsport/REX/Shutterstock/Mapa: Atlas/Montagem: Fernando Amaral
Como um teto salarial para o futebol protegeria os clubes europeus da
China e dos EUA
Chegou à Fifa a proposta de impor um "salary cap" para
limitar os salários descomunais, segundo o advogado André Sica...
A medida, na prática, blindaria o futebol europeu.
Por Rodrigo Capelo para a revista Época
Em meio à repercussão pela
implementação de um novo formato para a Copa do Mundo, passou despercebida
outra discussão levantada na Fifa em reunião feita no início deste mês de
janeiro: a criação de um teto salarial para o futebol.
André Sica, advogado desportivo
do escritório CSMV, afirma que ainda não há valores ou certezas a respeito, mas
que a proposta, a qual ele vê com ressalvas, foi colocada em pauta.
O motivo?
Proteger os clubes europeus de
mercados emergentes e endinheirados como o chinês e o americano.
O teto salarial é uma prática
comum nas ligas esportivas dos Estados Unidos, mas não no futebol.
Não por acaso a única liga a
utilizá-lo é a Major League Soccer (MLS), americana, na qual os clubes têm
limites salariais coletivos e individuais, com direito a contratar uma exceção
por equipe.
O intuito dessa medida é manter a
competitividade entre os times de um campeonato, coisa que Barcelona e Real
Madrid, na Espanha, estão longe de pôr em prática.
Só que, na prática, a medida
acaba por funcionar como uma proteção ao mercado europeu.
Considere o seguinte cenário: tal
jogador de alto nível recebe uma proposta para ganhar € 50 milhões por ano na
China e € 25 milhões anuais na Europa.
Ele sabe que vai se
"esconder" da seleção nacional, que vai encarar adversários de menor
qualidade, mas balança e, pela grana, topa fazer as malas e ir para a Ásia.
Se houver um limite de € 25
milhões, num lugar ou noutro, o dilema muda de figura.
"O teto beneficia o europeu porque há naturalmente preferência
pelo futebol de lá. Ninguém em sã consciência vai para a China por pouco
dinheiro", afirma Sica.
O fluxo de jogadores da Europa
para a Ásia e a América do Norte aumentou nos últimos anos. Em 2014, segundo um
relatório do TMS, órgão ligado à Fifa que monitora as transferências no mundo,
os asiáticos "importaram" 23% mais atletas da Europa, e a América do
Norte 28,5% a mais.
Os mercados sul-americano e
africano contrataram menos jogadores que estavam em clubes europeus naquela
temporada, por outro lado.
As contratações aumentaram não só
em números, mas em qualidade.
Em 2016, o inglês Chelsea perdeu
os brasileiros Oscar e Ramires, ambos com passagens recentes pela Seleção
Brasileira, para times chineses.
Há motivos reais, portanto, para
que os europeus se mexam nos bastidores.
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