Charge: Mário Alberto
Este espaço não propõe defesa nem ataque a nenhum clube ou pessoa. Este espaço se destina à postagem de observações, idéias, fatos históricos, estatísticas e pesquisas sobre o mundo do futebol. As opiniões aqui postadas não têm o intuito de estabelecer verdades absolutas e devem ser vistas apenas como uma posição pessoal sujeita a revisão. Pois reconsiderar uma opinião não é sinal de fraqueza, mas sim da necessidade constante de acompanhar o dinamismo e mutabilidade da vida e das coisas.
domingo, maio 21, 2017
Série B... ABC arranca empate em Porto Alegre e frusta a torcida do Internacional.
Imagem: Globoesporte.com
Está claro que a visita do ABC a
Porto Alegre causou profundo mal-estar em parte significativa da população da
cidade...
Que torcedor do Internacional imaginaria
que a sua noite de sábado sofreria tamanho abalo?
Afinal, uma rádio local,
transmitiu em alto e bom som, um conhecido comentarista, dizer que o Inter
enfrentaria apenas um nada, e, nada mais...
Portanto, colorados de todas
idades, raça, credo e gênero, com razão, esperavam uma sapecada sem dó ou
piedade.
Tanto é assim que 27.605
porto-alegrenses e possivelmente alguns interioranos correram para o Beira-Rio
para ver o nada apanhar durante 90 minutos...
Não foi bem assim.
Imagem: Globoesporte.com
Os colorados começaram rugindo,
acuando, atacando e tentando assustar aqueles ilustres desconhecidos, comandados
pelo único conhecido do famoso comentarista local...
Geninho.
Durante 25 minutos, martelaram as
paredes, chutaram a porta, sem nada conseguir...
Passados esses longos minutos, a
rapaziada do Geninho começou a entender como a coisa funcionava e equilibrou a
partida.
Quando estava para terminar a
primeira parte do jogo, com o placar em branco, o goleiro alvinegro, falhou...
Deixou a bola passar a sua frente
dentro da pequena área e aí, pagou o preço, tomou o gol.
William Pottker, abriu o
marcador...
Logo depois o primeiro tempo
acabou.
Imagino que os gaúchos devem ter
pensado ao iniciar o intervalo...
Agora vai, abriu a porteira.
Imagem: Globoesporte.com
Assim que o segundo tempo começou,
tudo se repetiu...
Pressão, pressão e pressão.
Porém, nada de gol...
Nada de goleada.
Edson, o goleiro alvinegro, lá
atrás, falhou no gol que tomou, mas acabou se tornando o herói da partida ao
evitar outros...
Fez pelo menos umas cinco grandes
defesas.
Geninho, então, tirou Zotti e
colocou Adriano Pardal...
Logo depois, mandou Erivelton se
banhar e solicitou que Dalberto botasse a bola para correr.
Não deu outra:
Dalberto, num dia para lá de
especial, deu uma arrancada pela ponta direita, deixou dois rapazes do
Internacional sem saber o que tinha passado por eles e tocou para o meio da
área...
A bola roçou Nando, evitou um
zagueiro, que ficou estatelado no chão, e chegou limpa para Adriano Pardal
tocar para o fundo das redes.
Depois do silêncio, as vaias e,
depois das vaias, os xingamentos e os protestos...
Como que esses nadas foram
capazes de frustrar nossa noite?
Se perguntavam atônitos os
gaúchos em todos os lugares da cidade.
Pois é...
No returno, quando vierem a Natal
com certeza já saberão que o nome do time que arruinou os planos de conquistar
na segunda rodada, seis pontos fácil, fácil, é ABC.
O futebol brasileiro vai tremer... tem delação a caminho.
Imagem: Harold Cunningham/Getty Images
Atenção, atenção...
Segundo a coluna Radar, da
revista Veja, vai rolar mais uma delação.
Quem é o delator?
O ex-presidente da CBF, Ricardo
Teixeira, está negociando acordo de delação premiada com o Departamento de
Justiça americano.
Como a delação funciona nos
Estados Unidos?
No Brasil, assim como lá, a
delação proíbe mentir, mas não pune omissão...
Nos EUA o acordo só vale se as
checagens mostrarem que nada está sendo escondido e que todas as cartas estão
sobre a mesa.
Se a informação da revista se
confirmar, muita gente terá sérios problemas para se arriscar além fronteira...
Além disso, com a base
parlamentar que sustenta a CBF, envolvida no esgoto de corrupção, é bem possível
que a pressão vinda da Justiça dos Estados Unidos acabe arrombando de vez a
tampa do bueiro.
América FC estreia na Série D contra o Murici de Alagoas...
Imagem: Autor Desconhecido
Logo mais o América começa sua saga na
Série D enfrentando o Murici no estádio Arena das Dunas...
Mesmo no fundo do poço o América
pode se gabar de jogar no melhor e mais bonito estádio da competição.
Antes que alguém diga que estádio
não vence jogos, aviso: qual o problema de tentar dar uma elevada na autoestima
dos rubros?
Afinal, neste momento, horas
antes da partida começar, o que os americanos têm são muitos e muitos pontos de
interrogação a espocar em suas cabeças...
Só daqui a algumas horas saberemos
se Leandro Campos (foto) e sua trupe começaram bem.
A coisa está tão difícil de
prever que só arrisco afirmar que o América é favorito em virtude de jogar em
casa...
Seja lá como for, agora, é pé na
bola, fé, suor e muita dedicação.
Ele é cego, já visitou 1.640 estádios na Inglaterra e escreve sobre as partidas que vai...
Imagem: Autor Desconhecido
Este é John Stancombe, o cego que visitou 1.640 estádios das divisões
inferiores da Inglaterra
Por: Bruno Bonsanti para o site Trivela
John Stancombe, filho de casal de
deficientes visuais, sempre teve problemas para enxergar, mas foi apenas dez
anos atrás que perdeu totalmente sua visão.
Não escuta muito bem também, nem
tem um bom olfato.
Àquela altura, aos 36 anos, já
havia desenvolvido o seu principal hobby: visitar estádios non-league, abaixo
da quarta divisão do futebol inglês, e fazer relatos das partidas para um livro
que lança anualmente.
Está prestes a completar sua 30ª
edição e, duas semanas atrás, visitou seu 1.640º estádio, em jogo do Sandbach
United, da décima divisão.
Stancombe aparece nos estádios
algumas horas antes do pontapé inicial e é acompanhado por um voluntário que
lhe descreve tudo detalhadamente.
Tudo não é maneira de dizer:
número de refletores, tamanho da grama e das construções, como está o céu, a
cor e a quantidade de arquibancadas.
Seu relato também contém o
público do jogo, o preço do programa – aquele livrinho que os clubes ingleses
entregam com informações antes das partidas -, quantas páginas de propaganda
tem neste programa, se as instalações contam com bares e televisores, se há
banheiros ou vestiários.
Quando começa o jogo, um
comentarista senta ao seu lado para lhe contar sobre a partida.
De vez em quando, até mesmo um
jornalista ou um locutor de rádio que esteja disposto.
“Mas coloca pressão sobre eles, se não estiverem acostumados a fazer
isso”, afirmou, em entrevista ao Guardian, que nos trouxe esta bela
história.
O 29º livro da sua coleção
refere-se à temporada 2015/16, com as partidas de 1.575 a 1.614.
A atenção aos detalhes vem da
paixão pelo futebol, que começou com o seu pai e torcendo pelo Wimbledon.
“Meus pais são registrados com deficiência visual: meu pai tem visão
parcial e minha mãe é totalmente cega. Vivemos em Balham, no sul de Londres, e
foi mais ou menos na época do hooliganismo, então era difícil para o meu pai
levar seu filho com deficiência visual para os jogos de futebol”, disse. “Eu
comecei a relatar as partidas depois de conhecer dois torcedores do Wimbledon
que faziam o mesmo. No entanto, como o jogo é recitado para mim por outra
pessoa, meus textos passam pela percepção de outros”.
Stancombe conta que um dia, em um
jogo contra o Derby, fora de casa, ele e seu pai foram detidos pela polícia por
uma hora, após a partida, e escoltados para a estação de trem por 50 oficiais,
embora fossem apenas 30 torcedores.
“Foi uma intimidação. Chegou a um ponto em que eu não me divertia mais.
Por isso, eu passei para o non-league. Eu prefiro a camaradagem da non-league,
a amizade e a paixão pelo jogo”, afirmou.
“Você é neutro, não importa quem vence. Se o clube me trata bem,
comentou bem, eu espero que o time deles vença. Mas, à medida em que você sobe
os degraus (das divisões), os clubes o tratam cada vez mais como apenas mais uma
pessoa, um número entre o público”.
O bravo trovador de jogos de
futebol da Inglaterra tenta ir a mais de um jogo por dia, quando eles são
próximos, mas tem dificuldade para se locomover.
Precisa decorar os horários e as
linhas de trem para ir de uma cidade para a outra, o que nem sempre é possível.
Mas ele tenta o máximo que pode
desbravar o maravilhoso mundo do futebol non-league, a melhor maneira que
encontrou para lidar com a casca de banana que a vida lhe jogou.
“Esta é minha 10ª temporada de futebol totalmente cego. Eu não consigo
enxergar desde 2006. Quando isso aconteceu, eu sentei em casa por um ano e não
fiz quase nada. Eu não conseguia mais ir para lugar nenhum e dependia dos
outros. Eu fiquei um pouco deprimido ou triste, independente da palavra. Eu não
conseguia mais ver para escrever meus relatos. Não consigo mais fazer isso,
então eu gravo. Você perde um pouco de confiança na vida sendo cego. Eu faço
isso porque senão eu apenas ficaria sentado no bar perto da minha casa o tempo
inteiro. Quando você fica em casa sozinho, sendo cego, você dorme e acorda, o
tempo inteiro. Chega a um ponto que é apenas para sair de casa. Eu venho
fazendo isso há 30 anos. Só porque fiquei cego agora eu deveria parar? Tenho
vários problemas de saúde, mas, enquanto houver clubes dispostos a me ajudar,
eu continuarei visitando estádios”, encerrou.
sábado, maio 20, 2017
A CBF foi embora... as meninas voltaram para o campo de treinamento do ABC.
Imagem: Autor Desconhecido
Triste são a vãs promessas...
A FNF e suas assessorias,
encheram e-mails de notas, notinhas e textões, afirmando orgulhosamente que o
Campeonato Estadual Feminino, da Milla, da Carla e da Bia, seria jogado no
estádio Maria Lamas Farache.
Todos acreditamos...
Eu, como sempre, mesmo tendo anos
e anos de milhas caminhadas ainda costumo crer, que por vezes, raras vezes, os
homens repensam, desfazem o malfeito e fazem o melhor.
Mais uma vez, como é de praxe,
decepção...
Era tudo “MARQUETINQUE” de
ocasião.
Depois que o povo da CBF que
comanda a seleção feminina de futebol pegou o avião e se mandou para o Rio de
Janeiro, acabou...
A tinta das notas, notinhas e
textões sumiu e, com elas, cada palavra escrita e todas as promessas nas
palavras contidas.
Resumindo...
O Campeonato Feminino volta para
o Campo de Treinamento do ABC...
O motivo?
Esfarrapado como sempre.
A direção do ABC pediu para
cancelar os jogos no gramado para não atrapalhar a manutenção do gramado...
Tá bom!
Sou legal, acredito.
Bibiana Steinhaus... a primeira mulher a apitar na Bundesliga 1
Imagem: Autor Desconhecido
Policial alemã será a primeira árbitra da história da Bundesliga
Bibiana Steinhaus, de 38 anos, derruba um tabu e é a primeira mulher a
compor o quadro de árbitros do Campeonato Alemão
Enrique Müller de Berlim para o El País
A Federação de Futebol da
Alemanha (DFB) escreveu nesta sexta-feira um inédito capítulo na história do
futebol profissional do país, ao nomear Bibiana Steinhaus, uma policial de 38
anos de Hannover como a primeira mulher a apitar partidas da Bundesliga, a
Primeira Divisão alemã, a partir da próxima temporada.
Bibiana Steinhaus não é uma
desconhecida para o público alemão, porque já escrevia outro capítulo na
história esportiva da Alemanha quando se converteu, em 2007, na primeira mulher
a apitar jogos da Segunda divisão.
“As profissões de policiais e árbitra se entrelaçam muito bem e em
ambas o empregado exerce uma função executiva”, disse Bibiana, ao confessar
que um policial e um árbitro têm uma só missão na vida: impor ordem.
“Sempre foi meu sonho. Evidentemente estou muito contente porque é um
sonho que cumpro. É um reconhecimento ao duro trabalho que me levou até aqui e
uma grande motivação para continuar este trabalho”, disse ela em uma entrevista
publicada nesta sexta-feira no site da DFB.
A primeira mulher a apitar jogos
da Bundesliga herdou a paixão pelo futebol de seu pai, um entusiasta da
arbitragem.
Sua carreira como árbitra se
iniciou quando descobriu que não tinha futuro como jogadora.
Quando tinha 16 anos, em 1995,
apitou seu primeiro jogo e obteve sua licença para a função.
Quatro anos depois, estreou na
Bundesliga de futebol feminino.
A nível internacional, Bibiana
Steinhaus apitou as finais da Copa do Mundo de futebol feminino, em 2011, e, na
mesma modalidade, a decisão dos Jogos Olímpicos de Londres 2012.
Recentemente, foi selecionada
para apitar a final da Liga dos Campeões Feminina, que terá o encontro entre os
clubes franceses Olympique de Lyon e Paris Saint-Germain, na quinta-feira, 1º
de junho, no Cardiff City Stadium, na capital do País de Gales.
Quando Bibiana Steinbach se
converteu na primeira mulher árbitra da segunda divisão alemã, há 10 anos,
confessou que sua meta era chegar à Bundesliga e que, para conseguir o feito,
deveria treinar um pouco mais que seus colegas.
Conseguiu.
Não tem mais ingresso para a Final da Copa do Nordeste...
Imagem: Autor Desconhecido
Copa do Nordeste...
Não tem mais ingressos para Bahia
e Sport, na Arena Salvador.
Os Campeonatos Estaduais... Para que servem?
Imagem: Autor Desconhecido
Os campeonatos estaduais são difíceis
de explicar sua existência...
O acriano, por exemplo:
Mesmo com uma média de 379
pagantes, comemorou...
Motivo?
É a melhor marca desde 2014...
Que maravilha, não?
O Campeonato do Acre de 2017 foi
disputado em apenas dois estádios, ambos na capital, Rio Branco...
O Arena da Floresta e o Florestão
– para que não se cometa nenhuma injustiça, ambos os estádios são muito bons.
Na tentativa de atrair público
houve rodada dupla em todos os jogos...
Na reta final, tentaram até
rodada tripla.
Como era de se esperar, os
maiores públicos aconteceram nas duas partidas finais...
Ambas com público acima de 100
pessoas.
Na primeira partida pagaram
ingresso 1.416 espectadores...
Na segunda, 1.500.
Porém, três partidas ficaram
abaixo dos 100 pagantes...
O menor público foi de 33
pagantes na partida entre o Galvez e o Vasco.
Durante todo o estadual a FFAC –
Federação de Futebol do Acre – arrecadou R$ 4.015,00 reais...
O valor só não supera a
arrecadação do Atlético (R$ 5.140,50).
Mas pasmem...
O Atlético Acriano foi obrigado a
“doar” R$ 1.828,25 reais à federação.
O estadual acriano é disputado
por 8 clubes...
Seis terminaram a competição no
vermelho.
Décimo aniversário do milésimo gol de Romário...
Arte: Vasco da Gama
Hoje está completando o
aniversário de 10 anos do milésimo gol de Romário...
O feito aconteceu no dia 20 de
maio de 2007 no jogo contra o Sport Recife, pelo Campeonato Brasileiro.
O gol aconteceu num pênalti,
convertido na vitória por 3 a 1 sobre o time pernambucano.
Mesmo que a contagem seja
oficializada pela Fifa, o Vasco resolveu comemorar e lançou a camisa
comemorativa...
A camisa tem cor branca e uma
ilustração personalizada do atacante, que marcou 324 gols pelo Vasco.
As camisas começaram a ser
vendidas ontem...
Parte da venda da camisa será
revertida a uma instituição de caridade escolhida por Romário.
Jovem indígena vence maratona calçando sandálias da pneu...
Imagem: Autor Desconhecido
Ultramaratona
Jovem indígena ganha ultramaratona no México calçando apenas sandálias
de pneu
María Lorena Ramírez correu mais de sete horas sem treino formal e sem
equipamentos de corrida
Eugênia Copel para o El País
María Lorena Ramírez tem 22 anos
e é uma das melhores corredoras de longa distância na comunidade indígena
rarámuri (ou tarahumara), do México.
Em 29 de abril, ficou em primeiro
lugar na corrida UltraTrail Cerro Rojo, realizada em Puebla, com a participação
de 500 atletas de 12 países.
A imagem da mulher tarahumara no
pódio junto à segunda e terceira colocadas foi compartilhada mais de 50.000
vezes no Facebook desde 13 de maio.
A postagem foi feita pela página
Que Todo Tehuacán Se Entere, dedicada a divulgar fatos que sejam do interesse
desse município do Estado de Puebla.
A notícia destaca que Ramírez
obteve a vitória "sem colete de
hidratação, sem tênis, sem lycras e mangas de compressão... Sem todos esses gadgets do corredor de hoje
em dia. Sem ficar publicando seus quilômetros”.
A ganhadora aparece com semblante
sério, segurando um papel no qual consta ter recebido 6.000 pesos (cerca de
1.000 reais).
Não usa nem roupa nem calçados
esportivos, e sim uma saia e um par de huaraches (sandálias com sola de pneu),
com os quais correu durante sete horas e três minutos.
Esse traje é comum entre os
corredores tarahumaras, acostumados a trotar sem nenhum acessório entre as
encostas da serra de Chihuahua.
No ano passado, Ramírez ficou em
segundo lugar na Ultramaratona Caballo Blanco 2016, no Estado de Chihuahua, na
categoria dos 100 quilômetros.
“Ela não usava nenhum acessório especial”, conta ao EL PAÍS Orlando
Jiménez, organizador da corrida pelo segundo ano consecutivo.
“Não usava nenhum gel, nem doces para a energia, nem bastão, nem
óculos, nem esses tênis tão caros que todos nós usamos para correr na montanha.
Só uma garrafinha de água, seu boné e um paliacate (lenço) no pescoço.”
Correr longas distâncias é algo
habitual na família de Lorena Ramírez.
Ela foi à prova de Puebla com seu
irmão mais velho, Mario, que ficou em décimo lugar na categoria dos 30
quilômetros.
A ultramaratona de Chihuahua ela
correu com três dos sete irmãos e com seu pai, Santiago.
Ele contou ao jornal El Universal
que corre desde criança, assim como faziam seu pai e seu avô, com a motivação
de “ganhar”, “de não perder” e “de não passar fome”.
Lorena e seu irmão chegaram a
Tlatlauquitepec graças ao apoio dos organizadores da competição.
Fizeram mais de dois dias de
viagem por terra desde sua comunidade, na Ciénega de Norogachi (município de
Guachochi), até o Estado do México.
Lá foram apanhados pelo corredor
Leonel Aparicio e nesse mesmo dia percorreram outras cinco horas de carro até o
local da corrida.
No dia seguinte, Lorena correu 50
quilômetros e ganhou.
O EL PAÍS tentou fazer contato
com a corredora no celular do irmão dela, mas o sinal não é muito bom na serra
de Chihuahua.
Seu anfitrião em Puebla e no
Estado do México conviveu com os irmãos durante uma semana, e nesse tempo lhe
contaram que não têm um treino formal.
“Lorena se dedica a cuidar do seu gado: tem vacas e cabras, então
caminha entre 10 e 15 quilômetros por dia com os animais”, conta Aparicio.
Para se manterem hidratados, os
corredores tarahumara consomem pinole, um pó de milho com água que além disso é
parte da sua dieta básica.
A maioria dos índios rarámuri
vive na Serra Tarahumara (Chihuahua).
“São por natureza os melhores corredores do México”, afirma o
organizador da corrida de Puebla.
Sua resistência física está
gravada em seu nome.
Rarámuri vem das palavras rara,
que significa pé, e muri, que significa correr.
É o povo dos “pés ligeiros” ou os “corredores
a pé”.
O livro Nascido para Correr, de
Christopher McDougall, popularizou sua história (e sua técnica).
quinta-feira, maio 18, 2017
Copa do Nordeste... Spor 1 x1 Bahia.
Vou me valer do Blog do jornalista Juca Kfouri para mostrar o que representa um Sport e Bahia numa final de Copa do Nordeste...
1. São os dois clubes do Nordeste que extrapolam a região e tem representatividade nacional.
Os dois, aliás, neste ano, são os representantes do Nordeste na Série A do Campeonato Brasileiro (ao lado do Vitória) ...
2. São as duas maiores torcidas, com vantagem para o Bahia:
Bahia – 4.121.628
Sport – 2.679.058
3. Em número geral de títulos, vantagem pro Bahia também:
Bahia – 54 títulos
Sport – 47 títulos
Títulos Estaduais:
Bahia – 46 títulos baianos
Sport – 40 títulos pernambucanos
Títulos Regionais
Bahia – 6
Sport – 4
Títulos Nacionais
Sport – 2 (Copa do Brasil, Brasileiro Série B)
Bahia – 2 (Taça Brasil e Campeonato Brasileiro)
4. Média de público na Série A
Bahia – 22.407 (quarta melhor média da história, atrás de Flamengo, Corinthians e Atlético-MG)
Sport – 16.537 (é o 12º, mas Bahia e Sport são os dois times nordestinos melhores no ranking)
5. Participações na Série A
Bahia – 45
Sport – 36
6. Confronto direto
Foram 84 jogos entre Bahia x Sport
35 vitórias para o Bahia
20 vitórias para o Sport
29 empates
7. Jogadores convocados para Seleção
Sport – 13
Bahia – 9
Libertadores da América... San Lorenzo vira o jogo e elimina o Flamengo.
Imagem: Autor Desconhecido
O Flamengo recuou, se “acovardou”
e deu ao San Lorenzo campo para jogar...
Santa ingenuidade.
Em Buenos Aires, não se faz o que
o Flamengo fez...
E pedir para perder.
Acabou conseguindo...
Tomou a virada e deixa a
competição ainda na fase de grupos.
quarta-feira, maio 17, 2017
Nada é mais divertido que torcer ao lado de meu pai...
Meu pai, o torcedor...
Por Ícaro Carvalho - repórter do "Universidade do Esporte" da 88,9 - FM Universitária
Quando o adversário abriu o
placar aos três minutos de jogo, em Currais Novos minha cidade, meu pai, um
homem com pouco mais de 40 anos sentiu um calafrio na espinha.
Mas, meu pai é meu pai e, logo
arrumou culpados pelo tento do rival:
“Goleiro fraco”;
“O treinador escalou errado”;
“Negócio que dá ódio é torcer pra
esse time”.
Porém, o mais interessante no
torcedor habita em meu pai, e que em nada difere dos outros tantos milhões de
torcedores de futebol, é todos indistintamente trucidam sem piedade a
coerência...
Antes eram os elogios à equipe:
“Estamos numa boa fase”;
“Tem que ganhar hoje”;
“Só sossego com a vitória”.
Incoerência e idas e vindas fazem
qualquer partida ao lado de meu pai ser algo inesquecível.
Os muxoxos e as reclamações em
alto e bom som, convivem, sabe-se lá como, com piques de alta confiança.
“A gente vai ser campeão, não
tenho dúvidas. Mas pô, levar um gol com três minutos, esses caras querem acabar
comigo”.
Vem o segundo tempo e meu pai
permanece o mesmo.
O rival continua dando as cartas
e ele ansioso espera que seu escrete comece a lutar pelo empate que lhe dará o
título.
Com o passar do tempo, o
torcedor, dá lugar ao “treinador que desde sempre deteve o certificado emitido
pela FIFA...
Meu pai já não reclama, aponta os
erros:
“Estamos sem meio campo”;
“O 9 não tá com nada hoje”.
De repente, o time melhora.
Arrisca alguns chutes, cria
chances, ganha volume de jogo.
Meu pai exultante abraça minha
irmãzinha, que na esperança de vê-lo feliz, retribuiu o abraço ainda mais
forte.
Desesperado, faz promessas,
enquanto a abraça...
“Se a gente for campeão, dou um
celular novinho a você”.
Do nada, minha irmã, que sempre
foi alheia aos embates futebolísticos vira a mais apaixonada torcedora.
Vem o gol de empate e logo depois
o gol do título...
Meu pai vibra, mas por um
momento, para, pensa e solta essa pérola: “o troféu veio, mas me lasquei, o
prejuízo vai ser grande”.
Dali para frente, ele se junta as
comemorações efusivas que tomaram conta da cidade.
Meu pai já não era o torcedor ou
o “treinador”, era um “menino” no meio dos carros...
Descalço, com toalha do time nas
costas, cerveja na mão, “canta” aos berros o hino do clube do coração.
Compra mais cerveja, tira foto
com desconhecidos e feliz da vida acaba na casa da minha avó que tem mais de 80
anos e a carrega nos braços, enquanto com passos desajeitados dança a dança da
felicidade...
Nem liga quando alguém o
alerta...
“Cuidado, ela não pode ter essas
agitações!”
Meu pai não está nem aí…
Seu clube é campeão mais uma vez…
No fim dos festejos meu pai volta
para casa e vai dormir abraçado com a alegria.
Dormirá, não um sono qualquer,
mas sim, o sono de um campeão.
Eu, o observo e penso...
Não há nada como assistir a uma
partida do Flamengo ao lado de meu pai - ele se transforma, se transtorna,
sofre, ri, reclama, grita, xinga e ama...
Ama e me faz amá-lo ainda mais.
O lado mais feio do futebol...
Imagem: El País
O martírio dos jogadores abandonados com problemas de saúde
Atletas com doenças crônicas, lesões graves e acidentes de trabalho
cobram clubes na Justiça
Por Breiller Pires de São Paulo para o El País
Kauê Siqueira dirigia no caminho
que liga São Paulo a Penápolis quando perdeu o controle da direção e capotou o
carro no canteiro central da estrada.
Ele foi levado para um hospital
público de Bauru, onde entrou em coma por causa de um trauma na cabeça.
O acidente ocorreu em 10 de junho
de 2013, duas semanas depois de o meia, então com 21 anos, firmar contrato com
o Penapolense para a disputa da quarta divisão do Campeonato Brasileiro.
Durante a recuperação de uma
neurocirurgia, que paralisou todo o lado esquerdo de seu corpo, o jogador foi
deixado de lado pelo clube.
“Me desrespeitaram como ser humano”, diz Kauê, que passou a
engrossar a lista de atletas desamparados no futebol, um panorama que mistura
contratos questionados, regras pouco claras e times insolventes.
Visto como um talento potencial,
ele foi revelado pelo Santo André e, em 2011, teve 50% de seus direitos
econômicos adquiridos pelo grupo DIS, em transação semelhante à de Neymar – que
resultou em um imbróglio jurídico devido à suspeita de evasão de valores na
transferência do atacante para o Barcelona.
Com passagens por Corinthians e
Internacional, o meia chegaria ao Penapolense dois anos depois, parte de um
acordo do DIS para fornecer atletas ao clube.
Após o acidente, tanto o time de
Penápolis quanto o DIS se recusaram a pagar o tratamento do jogador, que ficou
26 dias internado pelo SUS.
Assim que recebeu alta, ele
voltou para São Paulo, onde vivia com a família, e iniciou uma série de exames
na Santa Casa.
Foram detectadas sequelas que
impossibilitavam seu retorno ao futebol.
Contudo, o Penapolense reintegrou
o jogador quando ele deixou de receber o auxílio-doença do INSS e o deixou
treinando sozinho, separado do elenco principal e sem receber salário.
Por causa das limitações físicas,
mal conseguia chutar uma bola.
Nesse período, o meia recorreu à
ajuda de parentes e ao que restava de suas economias para custear o tratamento
particular de fisioterapia e o sustento da filha de 4 anos.
Sem condições físicas para voltar
a jogar, Kauê decidiu abreviar a carreira aos 22 anos e entrou na Justiça
contra o clube cobrando indenização por acidente de trabalho – ele se dirigia
ao centro de treinamentos ao capotar o carro –, ressarcimento das despesas médicas
e o pagamento de férias e 13º salário.
“Se o clube tivesse prestado assistência desde o início, eu poderia
estar jogando novamente”, afirma o meia, que hoje tem 25 anos e ainda sonha
com a reabilitação para retomar o ofício nos gramados.
A Justiça lhe deu ganho de causa
em primeira instância.
Sua defesa tenta incluir o DIS
como corresponsável pela dívida.
O grupo bancava a maior parte do
salário do atleta e havia estipulado uma multa de 1 milhão de reais caso ele
rescindisse o contrato com a empresa.
Enquanto aguarda julgamento de
seu recurso, o Penapolense, que nega ter cometido qualquer irregularidade com o
jogador, enfrenta outros dois processos parecidos.
Os zagueiros William e Daniel
Miller também acusam o clube de abandono e descumprimento de direitos
trabalhistas.
O primeiro sofreu uma pancada na
cabeça durante um amistoso contra o Londrina, no Paraná, e ficou internado no
hospital municipal da cidade sem nenhum auxílio da delegação, que voltou para
Penápolis após o jogo.
Já Miller foi dispensado depois
de sete cirurgias no joelho, que o obrigaram a encerrar a carreira aos 24 anos.
De acordo com André Garcia,
gerente de futebol do Penapolense, o clube cumpriu as obrigações com os
atletas, mas pretende respeitar a decisão judicial em todos os casos.
O grupo DIS, que também detinha
parte dos direitos econômicos de William, afirma que atuava apenas como
investidor dos atletas e que, portanto, não se responsabiliza por custos
empregatícios.
Profissão de risco
Os irmãos Filipe e Thiago Rino se
especializaram em causas trabalhistas no direito esportivo.
A cada mês, o escritório dos
advogados protocola cerca de 100 processos em nome de jogadores na Justiça.
A maior parte deles coincide com
o fim dos campeonatos estaduais, em que clubes pequenos, com baixo orçamento,
muitas vezes não conseguem honrar seus compromissos e dão calote em milhares de
atletas pelo país.
Em São Paulo, de acordo com o
Sindicato dos Atletas, foram quase 500 processos trabalhistas nos últimos dois
anos.
Aproximadamente 40% das ações se
referem à saúde dos trabalhadores da bola que acabam negligenciados pelos
clubes.
“Abandonar jogadores lesionados e doentes à própria sorte virou uma
praxe dos dirigentes. A maioria dos clubes se preocupa apenas com o resultado,
e não com o lado humano de seus empregados”, afirma Thiago Rino, que
representa Kauê, William e Daniel nas ações contra o Penapolense.
Em casos de enfermidade ou lesão,
os departamentos jurídicos dos clubes costumam dizer que o jogador já
apresentava uma condição preexistente para justificar o rompimento do vínculo.
Entretanto, para Filipe Rino,
essa argumentação não se sustenta nos tribunais.
“Todo contrato entre clube e atleta tem a assinatura de um médico, que
é o responsável por liberá-lo para a prática esportiva. A partir do momento em
que o compromisso é firmado, não há como atribuir eventuais problemas de saúde
ou lesões a um período anterior ao registro do contrato”, explica o
advogado.
Henrique Choco descobriu uma
arritmia cardíaca durante o exame admissional no CSA, de Alagoas.
Ainda assim, o clube decidiu
contratar o volante.
Ele afirma ter passado por
procedimentos de cardioversão, que consiste em choques elétricos no coração,
antes de algumas partidas.
Uma das sessões teria acontecido
na véspera da final do Campeonato Alagoano, contra o CRB.
Todavia continuava sentindo falta
de ar e tontura em campo.
Ao fim do torneio, Choco fez uma
cirurgia cardiovascular, mas o clube o dispensou um mês depois da operação.
O antigo capitão do time conta
que havia assinado um novo contrato com o CSA até novembro de 2016, que só não
foi registrado por conta de seu estado de saúde.
“O presidente [Rafael Tenório], que me chamava de ‘filho’, comparou
minha situação à do Serginho [zagueiro que morreu após uma parada cardíaca
durante o confronto entre São Caetano e São Paulo, em 2004]. Ele disse que
seria arriscado me manter no clube e falou para eu procurar outra coisa pra
fazer”, diz o volante de 27 anos, que desde então não jogou mais futebol.
Rafael Tenório, mandatário do
CSA, que se defende de uma ação trabalhista, nega ter submetido o jogador a
choques elétricos e argumenta que o contrato dele havia terminado.
“Agimos de forma correta com o Choco. Vamos provar que essa reclamação
não tem fundamento.”
Condições precárias de trabalho
também colocam jogadores em risco.
Somente este ano, sindicatos de
atletas e Ministério Público do Trabalho já registraram mais de 50 queixas por
maus tratos em clubes de futebol.
Em março, o elenco do União
Barbarense foi obrigado a percorrer 240 quilômetros de ônibus no mesmo dia da
partida contra o Batatais pela segunda divisão paulista.
Jogadores viajaram deitados no
assoalho do ônibus na tentativa de poupar as pernas para o jogo.
O clube terminou o campeonato na
última colocação e com pelo menos sete processos por atrasos de salário,
incluindo o técnico Edson Leivinha, que comandou a equipe em três partidas.
No início do ano, a Justiça do
Trabalho de Santa Bárbara d’Oeste determinou a penhora do estádio do União por
dívidas superiores a 8 milhões de reais com atletas que defenderam o clube nos
últimos cinco anos.
Um deles é o ex-zagueiro Marcos
Aurélio. Em 2014, ele foi dispensado do União após sofrer uma lesão no nervo
fibular da perna direita, que comprometeu 75% dos movimentos do pé.
Depois de ganhar a ação na
Justiça, ele se tornou, aos 36 anos, o primeiro jogador do Brasil a ter direito
a uma pensão vitalícia por invalidez.
Na decisão judicial, o clube foi
obrigado a pagar um montante superior a 1 milhão de reais de uma só vez ao
atleta.
Porém, mesmo quando favorecidos
por sentenças trabalhistas, jogadores são reféns da penúria financeira dos
clubes que sequer conseguem arcar com as despesas do dia a dia.
Em abril, o zagueiro Sanny, do
Central de Caruaru, afirmou que os atletas haviam ficado mais de seis horas sem
alimentação antes de entrar em campo contra o Náutico, pelo Campeonato
Pernambucano.
O time, que perdeu por 5 x 0,
afastou o defensor após a denúncia.
Na última semana foi a vez do
técnico Álvaro Gaia reclamar da estrutura do clube por alojar jogadores que
dormiam no chão.
Em 2013, um atacante do América,
de Sergipe, desmaiou de fome diante do Confiança.
O clube não tinha dinheiro para
pagar o jantar do elenco.
Descaso como regra
Silas Brindeiro fez fama como
goleador no interior de São Paulo.
Depois de defender Mogi Mirim e
Guarani, ele sagrou-se artilheiro do Capivariano na campanha do título da
segunda divisão paulista, em 2014.
No entanto, quando se preparava
para disputar a Série A1 no ano seguinte, o centroavante foi diagnosticado com
leucemia e teve de interromper o auge nos gramados para tratar do câncer.
Apesar de enfrentar três
quimioterapias em dois anos, a doença não regrediu.
O contrato com o Capivariano
venceu em abril de 2016. Os custos do tratamento saem de seu bolso.
Aos 29 anos, Silas passou o
último 1º de maio internado no CTI de um hospital em Brasília.
Antes de voltar para o leito, com
seu estado agravado por uma pneumonia, o ex-goleador lamentava a falta de
suporte do time onde virou ídolo.
“Quando eu mais precisei, o clube me deixou na mão”, afirmou.
Ele processou o Capivariano por
falta de pagamentos durante o período em que esteve afastado pelo INSS.
Um problema é comum à maioria dos
28.000 jogadores profissionais registrados na Confederação Brasileira de
Futebol (CBF).
De um lado, 80% deles ganham até
1.000 reais por mês, boa parte sem carteira assinada, o que dificulta o acesso
a benefícios como seguro-desemprego e fundo de garantia.
Do outro, a minoria que recebe
mais de 1.000 reais, valores que, em muitos casos, são diluídos em direitos de
imagem – um truque dos clubes para reduzir encargos trabalhistas.
A artimanha é sentida pelos
jogadores no momento em que precisam recorrer ao INSS, que leva em conta as
contribuições previdenciárias com base no salário em carteira e estabelece um
teto de 5.531 reais para o pagamento de benefícios como o auxílio-doença.
Raramente os clubes arcam com a
diferença entre o salário integral, incluindo direitos de imagem, e o benefício
da Previdência ao longo do afastamento de um atleta.
Kauê Siqueira, o atleta que
sofreu um acidente de carro, por exemplo, recebia 1.500 reais em carteira do
Penapolense e 3.500 reais por fora, pagos pelo grupo DIS.
Já Silas Brindeiro viu sua
remuneração mensal despencar de 10.000 para 4.000 reais com o auxílio-saúde,
pois boa parte dos rendimentos no Capivariano estava atrelada aos direitos de
imagem.
Por não se tratar de acidente de
trabalho, a doença do atacante não lhe garantiu o direito à estabilidade
provisória de 12 meses no emprego, como a legislação determina para evitar que
o trabalhador seja demitido após retornar do período de licença médica.
O projeto de lei 166/2016 que
tramita no Senado quer estender o benefício a todos os portadores de câncer no
país, mas ainda aguarda para ser votado em plenário.
Mesmo em casos de acidente de
trabalho, há clubes que ignoram o direito à estabilidade.
Em 2015, o Tupi, de Juiz de Fora,
foi condenado a pagar indenização ao meia Hugo Imbelloni, dispensado depois de
uma cirurgia no joelho esquerdo.
Como o clube não emitiu o CAT
(Comunicação de Acidente de Trabalho), algo corriqueiro em equipes que não
assinam a carteira de trabalho de seus atletas, o jogador sequer conseguiu
usufruir do auxílio-doença.
Pelo mesmo motivo, o lateral
Formiga também processou o Tupi no fim do ano passado.
Ele ainda reivindica indenização
pelo fato de o clube não ter contratado o seguro obrigatório de acidentes
pessoais, previsto no artigo 45 da Lei Pelé.
“Poucos clubes, mesmo entre os de primeira divisão, se previnem com o
seguro para os atletas”, afirma o advogado Thiago Rino.
Reconhecendo isso, a CBF fechou
acordo com uma seguradora para garantir o benefício equivalente a 13 salários a
todos os atletas com contratos ativos no sistema de registro.
Porém, a apólice oferece
cobertura apenas por morte ou invalidez e só entrou em vigor em março de 2016.
Desassistidos, jogadores que
amargam lesões e sequelas de trabalho têm de recorrer à Justiça e podem levar
mais de uma década para receber dos clubes.
Exceções confirmam a regra. Um
erro médico na correção de uma fratura na perna direita forçou Lucas Patrick a
abortar a carreira com apenas 20 anos.
O Grêmio Osasco não oferecia o
seguro, mas, após uma ação judicial, o clube rapidamente chegou a um acordo
para indenizar o jogador.
Na maioria dos casos, entretanto,
incapacitados para a atividade futebolística como Kauê, Choco e Silas precisam
se desdobrar entre a batalha nos tribunais pela indenização do seguro e os
custos elevados do tratamento médico.
Silas Brindeiro, que brilhou pelo
Capivariano, que só se pronuncia sobre o tema na Justiça, ainda busca um doador
compatível de medula óssea.
Parado há dois anos, o atacante
já gastou mais de 15.000 reais em exames não cobertos pelo plano de saúde.
Neste momento, ele alimenta a
esperança de um dia voltar a jogar lutando por seus direitos e, acima de tudo,
pela vida.
JOGADORES DE CLUBES TRADICIONAIS TAMBÉM SOFREM
Habitual em equipes menores, a
indiferença com atletas que peregrinam no estaleiro também atinge o alto
escalão da bola.
O caso mais emblemático é o de
Everton Costa, que parou de jogar em 2014 depois de passar mal em uma partida
pelo Vasco.
Com uma anomalia cardíaca, ele
anunciou a aposentadoria aos 29 anos e precisou cobrar direitos trabalhistas
tanto da equipe vascaína quanto de seus ex-clubes, Coritiba e Santos – de quem
ganhou uma indenização de 350.000 reais.
Seu empresário ainda acusou o
time santista de negligência.
Médicos do Peixe teriam deixado
de informar o jogador sobre alterações detectadas no exame admissional.
O clube alegou que os resultados
não impediam o atleta de seguir praticando futebol.
Em situação semelhante, o
Cruzeiro foi condenado a desembolsar 1,3 milhão de reais ao volante Diogo
Mucuri por não ter garantido o seguro ao atleta, que encerrou a carreira em
2006 por causa de um infarto.
Em 2014, a Justiça do Trabalho
condenou o Ceará a pagar indenização ao zagueiro Thiago Geraldo, demitido após
uma lesão no joelho.
Já este ano, o volante Sandro
Silva, com passagens por Vasco e Palmeiras, disputou apenas sete jogos pela
Portuguesa até romper os ligamentos do tornozelo.
Ele foi dispensado sem tratamento
adequado e exige do clube ao menos o pagamento da cirurgia, avaliada em 45.000
reais.
O QUE DIZ A LEI PELÉ
Art. 45. As entidades de prática desportiva são obrigadas a contratar
seguro de vida e de acidentes pessoais, vinculado à atividade desportiva, para
os atletas profissionais, com o objetivo de cobrir os riscos a que eles estão
sujeitos.
§ 1º A importância segurada deve garantir ao atleta profissional, ou ao
beneficiário por ele indicado no contrato de seguro, o direito a indenização mínima
correspondente ao valor anual da remuneração pactuada.
§ 2º A entidade de prática desportiva é responsável pelas despesas
médico-hospitalares e de medicamentos necessários ao restabelecimento do atleta
enquanto a seguradora não fizer o pagamento da indenização a que se refere o §
1o deste artigo.
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