sábado, maio 23, 2020

O que amor de um pai é capaz... o jovem torcedor curtiu "confortavelmente" o treino do Liverpool sentado na cabeça de seu pai.

Imagem: Peter Powell/EPA 

O CSKA Sófia e suas muitas facetas...


Não conheço, mas já vi! #12

As várias facetas do CSKA Sófia.

Dyego Lima/Universidade do Esporte

“When I first saw you, with your smile so tender, my heart was captured, my soul surrendered”.

O pequeno trecho acima pertence à música “It’s Now or Never”, da lenda Elvis Presley.

A canção é entoada pela torcida do CSKA Sófia enquanto seus jogadores entram em campo.

Mais do que por motivação, ela ilustra bem qual o sentimento dos aficionados pelo clube.

Fundado em 05 de maio de 1948, a equipe carrega o nome de Sófia, capital da Bulgária.

Tal como os outros CSKA’s, é um clube ligado ao Exército.

Originalmente, a sigla significa Centralen Sporten Klub na Armiyata.

Em português, Clube de Esportes Central do Exército.

Com 31 títulos nacionais, além de 20 Copas, é o maior time do país.

Desde 1967, o Bulgarian Army Stadium é lar do CSKA, construído no local de seu antecessor, o Athletic Park.

Sua capacidade é para cerca de 23 mil torcedores.

É lá que a equipe sedia o The Eternal Derby of Bulgaria, clássico contra o seu arquirrival Levski Sófia.

As várias fusões

Em outubro de 1923, Athletic e Slava Sófia se uniram, formando o Athletic Slava 1923, conhecido como AS-23, que tinha como patrono o Ministério da Guerra Búlgaro.

Apenas em 1931 o novo clube venceu o seu primeiro campeonato nacional.

Além dele, a Tsar’s Cup, antecessora da atual Copa da Bulgária, que seria ganha novamente em 1941.

No dia 09 de novembro de 1944, mais uniões.

Com o apoio de Mihail Mihaylov, contador do Ministério da Guerra, foi assinado um contrato de unificação, que juntaria Shipka Sófia, Athletic Slava e Spartak Poduene, para formar o Chavdar Sófia.

O general Vladimir Stoychev, do antigo AS-23, que na época estava lutando na Segunda Guerra Mundial, foi nomeado, por telegrama, presidente da nova instituição.

O advogado Ivan Bashev, futuro ministro das Relações Exteriores da Bulgária, foi apontado como dirigente de futebol.

Em fevereiro de 1948, novamente com a ajuda de Mihaylov, o Chavdar Sófia tornou-se um clube departamental, ligado à Casa Central das Tropas, e assumiu o nome de CDV (Centralnia Dom na Voiskata).
Para impedir que a equipe tivesse de iniciar nas divisões inferiores, os administradores buscaram algum time para nova fusão.

Em maio, um acordo foi firmado com o Septemvri Sófia, e eles passaram a jogar sob o nome de Septemvri pri CDV.

O contrato foi assinado no dia 5, que é considerada oficialmente a data de fundação do atual CSKA.

A nova equipe jogou sua primeira partida oficial em 19 de maio.

Empate por 1 a 1 contra o Slavia Sófia.

E, de forma surpreendente, acabaria alcançando a final do Campeonato Búlgaro em sua primeira temporada, uma vez que o Septemvri Sófia, antes da fusão, já havia garantido vaga nos play-offs. A decisão foi contra o arquirrival Levski.

Após derrota por 2 a 1 na primeira partida, a inédita conquista do Septemvri pri CDV foi garantida com um 3 a 1, fora de casa, no dia 9 de setembro, graças a um gol de Nako Chakmakov no fim do jogo.

A primeira escalação campeã consistia em: Stefan Gerenski; Borislav Futekov, Manol Manolov, Dimitar Cvetkov e Nikola Aleksiev; Nako Chakmakov, Dimitar Milanov, Stoyne Minev e Stefan Bozhkov; Nikola Bozhilov e Kiril Bogdanov.

A era de brilhantismo

Em 1950, a palavra Narodna (“povos”, em português) foi adicionada ao nome do clube, alterando a sigla para CDNV.

Além da dobradinha Liga-Copa já em 51, a equipe venceria o nacional novamente no ano seguinte. Em 53, o time foi renomeado pelas autoridades mais uma vez.

Agora, para Otbor na Sofiyskiya Garnizon. Traduzindo, “Equipe da Guarnição de Sófia”.

Por conta de transferências ilegais, o clube acabou perdendo o título búlgaro daquele ano.

Na temporada seguinte, adivinhe?

Novo nome.

Desta vez, CDNA, que significa “Casa Central do Exército Popular”.

E a nova nomenclatura não poderia ter dado mais sorte.

O período entre 1954 e 1962 ficou marcado como o mais bem-sucedido da história dos Reds.

Foram nove campeonatos nacionais consecutivos, um deles de maneira invicta.

Uma sequência sem precedentes no futebol búlgaro.

O período “gangorra”

Após o último dos nove troféus, o CDNA uniu-se ao DSO Cherveno Zname, formando o CSKA Cherveno Zname.

A Casa Central das Tropas Populares encerrou seu vínculo com o clube, que foi assumido pelo Ministério da Defesa do Povo.

Depois de um terceiro lugar na temporada 1962–63, a seguinte marcou o pior desempenho do clube até aquele momento: 11° colocação, só três pontos acima da zona de rebaixamento.

Como resultado, o lendário técnico Krum Milev foi demitido após 16 anos no cargo.

O CSKA não conquistaria nada até 1965, quando venceria a Copa nacional.

Na temporada seguinte, a equipe registraria seu melhor desempenho em uma competição continental.

O time eliminou Sliema Wanderers, de Malta, Olympiakos, Górnik Zabrze, da Polônia, e Linfield, da Irlanda do Norte, para chegar às semifinais da Copa dos Campeões, onde a Internazionale a esperava.

Após dois empates por 1 a 1, os italianos venceram o terceiro jogo por 1 a 0 e avançaram.

A Liga nacional seria conquistada com um ponto de vantagem para o rival Levski.

Em 1969, após nova fusão no ano anterior, o Campeonato Búlgaro foi vencido novamente.

Contratado naquela temporada, Petar Zhekov anotou impressionantes 36 gols e garantiu a artilharia pelo terceiro ano seguido.

Com 253 tentos, ele é, até hoje, o máximo goleador da história do campeonato nacional.

Um time incansável

Na década de 70, as conquistas não cessaram.

Na Liga, seis títulos, com direito a novo tricampeonato consecutivo nas primeiras três temporadas.

Na Copa, mais quatro troféus, sendo três em sequência entre 72 e 74.

Além disso, os resultados a nível continental voltaram a chamar atenção.

Na Copa dos Campeões de 1973–74, o clube eliminou ninguém menos que o Ajax, atual tricampeão do torneio.

Acabaria sendo desclassificado nas quartas pelo Bayern de Munique, que venceria a competição.

Já em 1980–81, novos resultados memoráveis para o CSKA.

Além de novo título da Liga, que seria mantido até 83–84, mais surpresas na Copa dos Campeões.

O clube eliminou o atual campeão Nottingham Forest na primeira fase.

Seria parado nas quartas pelo Liverpool, futuro vencedor.

Na temporada seguinte, os Reds chegaram à sua segunda semifinal do torneio europeu.

Real Sociedad, atual campeão espanhol, Glentoran, da Irlanda do Norte, e o Liverpool ficaram pelo caminho.

No último passo antes da grande decisão, novo encontro com o Bayern de Munique.

O CSKA venceu a ida por 4 a 3, mas na volta, com dois de Breitner e dois de Rummenigge, os alemães fizeram 4 a 0 e avançaram.

Em 18 de junho de 1985, um episódio marcante aconteceu.

Durante a final da Copa da Bulgária, CSKA e Levski Sófia travaram uma verdadeira batalha em campo, com direito a ataque a um dos árbitros.

Os Reds acabaram conquistando a taça após um 2 a 1, mas o pior ainda estava por vir.

Após decreto do Comitê Central do Partido Comunista Búlgaro, ambas as equipes foram dissolvidas e refundadas sob nova direção.

O CSKA passou a se chamar Sredets, enquanto o Levski recebeu o nome de Vitosha.

Além disso, alguns jogadores foram proibidos de participar de duelos oficiais por períodos variados, incluindo Hristo Stoichkov e Kostadin Yanchev.

A decisão foi revertida um ano depois.
Novas direções

Em 1987, o clube foi renomeado para CFKA Sredets (Clube Central de Futebol do Exército).

Os três anos seguintes foram de esplendor, mesmo com o Septemvri Sófia encerrando a parceria e tornando-se uma equipe independente novamente.

Sob o comando de Dimitar Penev, o campeonato nacional daquela temporada foi conquistado.

Os Reds também chegaram à semifinal da Cup Winner’s Cup de 1989.

Depois de eliminar Internacional Bratislava, da República Tcheca, Panathinaikos, e Roda JC, da Holanda, acabaram encontrando o Barcelona.

Os comandados de Johan Cruyff venceram os dois jogos e avançaram.

Foram nesses confrontos que o gênio holandês notou o talento de Stoichkov e decidiu levá-lo ao clube catalão.

No início da década de 90, com a queda do comunismo, o futebol búlgaro passou por algumas mudanças.

O clube conseguiu voltar com o nome de CSKA e conquistou o título da Liga em 1989/90 e 91/92.

O ex-jogador Valentin Mihov se tornou presidente da instituição e trouxe alguns dos principais nomes do país para a equipe, tais como Yordan Letchkov, Ivaylo Andanov e Stoycho Stoilov.

Pouco tempo depois, Mihov saiu para assumir a presidência da União Búlgara de Futebol.

Petar Kalpakchiev substituiu-o no comando do clube.

O CSKA teve uma temporada complicada em 1994–95, com várias trocas de treinadores.

Isvetan Yonchev chegou a ficar apenas um dia na equipe.

Tudo isso resultou em um quinto lugar na Liga, 33 pontos atrás do rival e campeão Levski Sófia.

Ao fim da temporada, Plamen Markov foi escolhido para treinar o time e remontar o elenco.

Vários jogadores da Seleção Juvenil do país chegaram.

No entanto, após uma primeira metade de campeonato decepcionante, Markov foi substituído por Georgi Vasilev.

O novo comandante lideraria o time à dobradinha Liga-Copa em 1996/97.

No verão de 1998, Dimitar Penev retornou para sua segunda passagem como técnico dos Reds.

Ele conquistou a Copa da Bulgária, mas decepcionou na Liga, ficando apenas em quinto, 23 pontos atrás do campeão Litex.

Nessa temporada, os jovens Martin Petrov, Stilian Petrov, Dimitar Berbatov e Vladimir Manchev começaram a desempenhar papel importante na equipe titular.

A história recente

Depois de alguns anos em baixa, no verão de 2002, o CSKA anunciou o ex-jogador Stoycho Mladenov como novo treinador.

Com ele, a equipe estabeleceu um recorde de 13 vitórias consecutivas na Liga, sendo campeão nacional pela primeira vez desde 1997.

Na temporada seguinte, Mladenov seria demitido após ser eliminado da Champions League pelo Galatasaray, e da Copa Uefa pelo Torpedo Moscou.

Após mais um período sem tanta empolgação, para 2007/08 o clube foi às compras.

Porém, elas não surtiram efeito imediato. O CSKA foi eliminado na primeira rodada da Copa Uefa pelo Toulouse graças a um gol de Gignac aos 96 minutos da partida de volta.

Na Copa da Bulgária, queda nas oitavas diante do Lokomotiv Plovdiv.

E essa partida teve polêmica.

Stoyko Sakaliev, Aleksandar Branerov e Ivan Ivanov estavam emprestados pelo CSKA ao adversário.

Por cláusula contratual, não poderiam ter entrado em campo, mas jogaram mesmo assim.

O Lokomotiv não foi punido.

No entanto, ao final da temporada, os Reds conquistaram o título da Liga de forma invicta, com 24 vitórias e seis empates.

Em junho de 2008, nova polêmica.

Dias após a conquista do 31° título nacional, a Uefa notificou a União Búlgara de Futebol de que o CSKA não receberia licença para participar da próxima Champions League por dívidas não pagas.

A vaga na competição europeia caiu no colo do Levski Sófia.

Os Reds viram como real a chance de ter de se tornar um clube amador.

A culpa foi toda para cima de Aleksandar Tomov, que renunciou à presidência do clube pouco depois e acabou preso, acusado de desviar impostos do CSKA e da Kremikovtzi AD, uma empresa metalúrgica do país.

Os problemas extracampo e a crise financeira levaram o clube ao caos, com muitos dos principais jogadores indo embora.

Dimitar Penov retornou com a missão de salvar o clube.

Após cumprir todos os licenciamentos, o clube foi liberado pela União Búlgara de Futebol para participar das competições.

O elenco foi formado com vários atletas das categorias de base.

Para surpresa geral, o CSKA conquistou a Supercopa da Bulgária, batendo o Litex por 1 a 0.

Pouco a pouco, o clube ia respirando.

Se dentro de campo os resultados ainda não eram os melhores, fora dele, a equipe ia ajustando suas finanças.

Em 2011, novas alegrias. Milen Radukanov chegou para treinar o time.

Sob seu comando, dois títulos.

Primeiro, a Copa da Bulgária, batendo o Slavia Sófia por 1 a 0 na final.

Em seguida, a Supercopa, vencendo o Litex por 3 a 1.

Em 2013, por novas complicações financeiras, vários jogadores foram embora.

Na mídia, circulava especulações de falência do CSKA.

A equipe foi retirada da Europa League, provocando protestos da torcida.

O clube foi posto à venda, sendo comprado em 10 de julho pelo Red Champions Group, uma união de empresários e lendas do clube.

O líder do grupo era Aleksandar Tomov, amplamente responsabilizado pela crise em 2008.

Stoycho Mladenov retornou ao cargo de técnico.

Em 21 de março de 2014, como parte do plano de reduzir dívidas e tornar as finanças mais transparentes, o CSKA se tornou o primeiro clube da Europa Oriental a tornar pública as suas negociações, listando-se na Bolsa de Valores da Bulgária.

Em 02 de abril de 2015, Tomov transferiu o controle do clube para Milko Georgiev e Borislav Lazarov.

A ideia era encontrar um novo proprietário, alguém que pudesse pagar as numerosas dívidas da instituição.

Em 24 de abril, foi definido que a corporação Finance Marketing Company Ltda. seria a nova dona do time.

O CSKA terminou a Liga em 5°, mas por conta dos valores não financiados, a União Búlgara de Futebol acabou rebaixando o time para a terceira divisão.

Em 24 de junho, o empresário Grisha Ganchev tornou-se proprietário da equipe.

Plamen Markov, lenda do clube, e Hristo Yanev foram apontados como diretor de futebol e técnico, respectivamente.

Em 25 de maio de 2016, como clube amador, o CSKA Sófia bateu o Montana por 1 a 0 e conquistou a sua 20° Copa da Bulgária.

Tornou-se o primeiro time da terceira divisão a vencer a competição.

Na última temporada, o saldo da equipe foi positivo.

Já de volta à elite búlgara, o CSKA foi vice da Liga, cinco pontos atrás do Ludogorets.

Na Copa, eliminação para o Botev Plovdiv na semifinal.

O Bayern de Munique não vai exercer o direito de compra e Coutinho deve retornar ao Barcelona...

Imagem: Autor Desconhecido

Karl Heinz Rummenigge confirmou nesta sexta-feira em entrevista ao "Der Spiegel" o que todo mundo já sabia: o clube alemão não ficará com Coutinho, ou pelo menos não no momento...

"A opção já expirou e não a exercemos, agora teremos que concluir o planejamento da equipe para a próxima temporada e veremos se o jogador ainda pode ter um papel a desempenhar conosco ou não".

O jogador brasileiro emprestado pelo Barcelona ao Bayern de Munique, não teve atuações convincentes...

Coutinho, que agora está lesionado, disputou 32 jogos na Alemanha nesta temporada, marcando 9 gols e contribuído com 8 assistências.

Haaland: o goleador que veio do norte...

Imagem: AP

A Liga Italiana e o governo vão começar a negociar a volta do futebol...


A Liga Italiana e o governo vão se reunir no próximo dia 28 de maio para discutir de que forma poderão ser retomados os jogos da Serie A...

O documento de 36 páginas será o ponto de partida para a conversa entre os responsáveis pelo futebol e autoridades governamentais.

Entretanto, um ponto tem chamado a atenção...

O que diz respeito à interação entre jogadores e árbitros durante os jogos: "Os jogadores estão proibidos de protestar com os árbitros ou delegados ao jogo e têm de manter sempre, em qualquer circunstância, uma distância de pelo menos um metro e meio".

Outra proposta é a permissão de no máximo 300 pessoas nos estádios onde os jogos serão realizados...

Os atletas das equipes que jogarem "em casa" devem se dirigir ao estádio em seu próprio veículo.

Os ônibus que transportarem as equipes visitantes deverão ser desinfetados antes das viagens de ida e volta...

Também foi sugerido no documento a proibição de uso de gelo para jogadores que se lesionem durante um encontro e da contratação de empresas externas para o fornecimento de comida pelos clubes.

A liga quer ainda proibir a presença de mascotes nos estádios, assim como, das crianças que entram com os jogadores em campo...

A proposta prevê ainda a abolição da habitual fotografia de grupo antes do início da partida.

Por fim, todas as pessoas serão obrigadas a preencher um questionário ao entrar nos estádios sobre possíveis sintomas de covid-19 que sintam ou tenham sentido nos dias ou semanas anteriores.

sexta-feira, maio 22, 2020

O Dr. Roberto Vital, médico do ABC FC é o mais novo membro da Academia Brasileira de Medicina de Reabilitação...

Imagem: Bruno Póvoa 

O Dr. Roberto Vital, médico do ABC FC é o mais novo membro da Academia Brasileira de Medicina de Reabilitação...

O médico recebeu nesta quarta-feira (20) o comunicado de sua eleição para ocupar a cadeira 52, que tem como patrono o Dr. Henrique Dodsworth, médico, advogado e político (1895/1975).

A Academia Brasileira de Medicina de Reabilitação, fundada em 26 de janeiro de 1972, na sede do Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro, em sessão presidida pelo Dr. Renato C. Bonfim, é constituída por 70 cadeiras, assim compostas...

Medicina: 40 cadeiras; Cirurgia: 20 cadeiras e Ciências aplicadas à Medicina: 10 cadeiras.

Postulado da Academia

A prática da reabilitação baseia-se na crença filosófica de que a responsabilidade do médico ou de qualquer especialista não termina quando a doença é vencida ou completada a fase cirúrgica; só termina quando o indivíduo volta a viver e a trabalhar com o que lhe restou de suas capacidades (Howard Rusk).

O dia em que Bryan Robson destroçou o Barcelona de Maradona - Old Trafford 1984 - Manchester United 3x0 Barcelona...

Imagem: Getty Images 

O engajamento político e social do Rayo Vallecano...



Não conheço, mas já vi! #11

O engajamento político e social do Rayo Vallecano.

Por Dyego Lima/Universidade do Esporte

Área economicamente modesta do sudeste de Madrid, Vallecas é repleta de conjuntos habitacionais, sendo ponto de chegada de imigrantes humildes.

Isso o torna o distrito com maior índice de desemprego da cidade.

Fundado em 29 de maio de 1924, o Rayo Vallecano não nega suas origens, muito pelo contrário.

Trata-a com orgulho e, se não, por meio de títulos, através de ações, tenta dar voz e ajudar seu povo.

Poucos clubes no mundo são tão ativos política e socialmente quanto o Rayo.

Coincidência ou não, foi exatamente em Vallecas que surgiram os primeiros movimentos sindicais e sociais na capital espanhola, inclusive com torcedores do time estando entre os líderes da greve geral no país em 2012.

O clube trata-se como uma equipe de bairro, de torcida limitada e com viés esquerdista.

Isso fez com que a instituição desenvolvesse uma amizade com os alemães do St. Pauli.

Além de um time de futebol, o Vallecano também é uma fundação social, que apoia iniciativas relacionadas ao esporte como meio de educação física e moral.

Imagem que costuma ser atrelada ao Atlético, os rayistas consideram-se o verdadeiro clube operário de Madrid.

Lemas como "Ame o Rayo, odeie o racismo", e "Pequeno no esporte, grande nos valores", são marcas da equipe.

Dentre atitudes de cunho social, um episódio em novembro de 2014 foi o mais marcante.

Carmen Martínez Ayudo, de 85 anos, acabou despejada da casa em que viveu durante meio século, em Vallecas, por dívidas não pagas por seu filho.

Tomando conhecimento da situação, a diretoria do Rayo comprometeu-se a pagar o aluguel de um apartamento para a senhora pelo resto de sua vida.

A torcida do clube também se movimentou e conseguiu arrecadar algum dinheiro para ela.

Apenas dois meses depois, Carmen acabou retribuindo da forma que pôde.

Wilfred Agbonavbare, ex-goleiro do Rayo, que defendeu a equipe por seis temporadas na década de 90, descobriu um câncer em janeiro de 2015.

A senhora decidiu doar ao ex-jogador parte do dinheiro que havia recebido do clube pouco tempo antes.

Além deste caso, em 2017, a torcida rayista, por meio de enérgicos protestos, fez a diretoria do clube cancelar a transferência do ucraniano Roman Zozulya, que possuía vínculo ativo com grupos neonazistas em seu país.

O Rayo também já utilizou seu uniforme como uma forma de "levantar bandeiras" para causas nobres.

A sua característica faixa transversal vermelha já foi substituída por uma rosa, em alusão à conscientização ao câncer de mama.

Em 2015, uma camisa com um arco-íris foi lançada, em prol da luta contra a homofobia.

Segundo comunicado oficial da equipe, cada cor também simbolizava uma luta: AIDS (vermelho), depressão (amarelo), abuso infantil (azul), violência doméstica (roxo), apoio a deficientes físicos (laranja) e meio ambiente (verde).

O clube doou parte da verba arrecadada com as vendas dela para instituições de caridade ligadas às causas.

Desde 1976, sua casa é o Estadio de Vallecas, com capacidade para cerca de 15 mil torcedores.

Em 2004, o palco chegou a receber o nome de Teresa Rivero.

Em 1994, ele se tornou a primeira mulher a presidir um clube da Primeira Divisão da Espanha.

Os primeiros passos

O clube nasceu com o nome de Agrupación Deportiva El Rayo.

De 1931 até 36, a equipe participou do campeonato da Federação Trabalhadora de Futebol, filiando-se à Federação Castellana ao fim da Guerra Civil em 1939, algo que já era planejado antes do conflito estourar.

Mais tarde neste mesmo ano, Miguel Rodríguez Alzola assume como presidente da instituição.

Foi sob sua tutela, em 13 de novembro de 1947, que o time foi renomeado para Agrupación Deportiva Rayo Vallecano.

Na temporada 1948–49, o clube consegue o acesso à Terceira Divisão.

Na época seguinte, um caso curioso.

A equipe firmou um "acordo de ajuda mútua" com o Atlético de Madrid.

Em troca de ceder alguns jogadores, o Atleti pediu para que o Rayo deixasse de jogar inteiramente de branco, tal qual o Real Madrid, e incluísse algo vermelho em seu uniforme, além de adicionar a faixa transversal.

Imaginou-se que, com o acordo, o Vallecano se tornasse uma espécie de "filial" do Atlético, mas ele durou apenas um ano.

No entanto, as mudanças nas camisas permaneceram.

Até por conta disso, o Rayo desenvolveu uma amizade com o River Plate, que havia se tornado sua nova inspiração.

A equipe argentina, de passagem pela Espanha para jogar um amistoso contra o Real no Santiago Bernabéu, deu dois uniformes completos para os rayistas.

O Vallecano utilizou-os em dois jogos oficiais, e depois passou-os às categorias de base.

E, apesar das camisas, o futebol do clube ficou longe de se assemelhar ao do River.

Anos de luta

Só em 1956, o Rayo conseguiu o seu primeiro acesso à Segunda Divisão.

Uma vitória por 5 a 3 contra o Gimnàstic de Tarragona garantiu a vaga.

Manolo Peñalva, histórico jogador do clube, anotou três gols na partida.

Depois de alguns anos no 2° nível, a equipe é rebaixada na temporada 1960/61.

Um novo acesso só seria conquistado em 1964/65.

No dia 06 de maio de 1976, a atual casa do time, o então Nuevo Estadio de Vallecas, foi inaugurado. Em duelo contra o Valladolid, os rayiados foram derrotados por 1 a 0.

Além de novo palco, a equipe encerraria a temporada sendo treinada pela lenda Alfredo Di Stéfano.

E a chegada do novo lar iluminou os passos do Rayo.

Na época 1976–77, depois de conseguir, na última rodada diante do Getafe, o ponto que necessitava, os rayiados conseguiram sua primeira ida à elite da Espanha.

E sem perder nenhum jogo como mandante.

Aventuras entre os poderosos

A estreia na Primeira Divisão foi considerada magnífica, com um 10° lugar dentre 18 clubes.

Com Héctor Núñez como técnico, o Rayo foi apelidado pela imprensa de Matagigantes.

Isso porque o time foi capaz de, em Vallecas, vencer os grandes da Liga: Real, Barcelona, Bilbao, Valencia, Atlético e Sevilla.

A única derrota foi para o Elche.

O clube ficou três temporadas na elite, até cair em 1979/80.

Alguns jogadores passaram e tornaram-se lendas: Alejandro Alcázar, Miguel Uceda, Manolo Clares e Fernando Morena.

O último acabou se tornando importante no extracampo também.

Foi graças à sua contratação que a equipe atingiu a histórica marca de 10 mil sócios.

Na temporada 1981–82, com Manuel Peñalva como técnico, o Rayo conseguiu seu melhor resultado na Copa do Rei.

Após eliminar A.D. Parla, Cacereño, Real Oviedo, Atlético Madrileño, além de um Real Zaragoza que não só era dirigido por Leo Beenhakker, mas também contava com um ataque formado por Pichi Alonso, Amarilla e Jorge Valdano, a equipe alcançou as semi-finais do torneio.

Acabaria sucumbindo perante o Sporting de Gijón. Ico Aguilar, Mora, Elías Benito e Álvarez foram os principais nomes daquela histórica campanha.

O clube só retornaria à Primeira Divisão em 1988/89. Félix "Felines" Sierra comandou um elenco que contava com Jesús Diego Cota, Ángel Férez, José Zapatera e Hugo Maradona, irmão mais novo de Diego.

No entanto, acabaria sendo rebaixado já na temporada seguinte.

Vida nova, mas nem tanto

Em 1991, o clube transformou-se em uma Sociedade Anônima Deportiva.

O empresário José María Ruiz-Matos comprou a maior parte das ações e tornou-se, em tempos de crise econômica, presidente da instituição.

O Rayo conseguiu o acesso à Primeira Divisão, mas, em 1993, mesmo com a chegada do lendário atacante mexicano Hugo Sánchez, acabou sendo rebaixado novamente.

Em 1994/95, outra boa campanha na Copa do Rei.

Depois de eliminar Numancia, Andorra CF, Racing de Santander e Palamós, o Vallecano chegou às quartas de final. Outra vez o Sporting de Gijón acabaria com o sonho da equipe.

Na Liga, segunda colocação e novo acesso à elite.

Na temporada 1999/00, o Rayo liderou a Primeira Divisão durante quatro rodadas.

O técnico Juande Ramos contava com nomes como Míchel, Julen Lopetegui e Luis Cembranos.

Os rayiados, apesar de finalizarem o campeonato na 9° colocação, acabaram recebendo um convite para disputar a Copa Uefa seguinte devido ao seu fair play.

Foi um dos clubes com menos advertências em todo o continente.

O ano de 2000 também marcou a fundação da ala feminina de futebol do Vallecano, que se tornaria uma das principais da Espanha.

As meninas conquistariam três Ligas e uma Copa do Rei.

Na época seguinte, o debute em competições europeias.

E já seria uma grata surpresa.

O clube eliminou Constelació Esportiva, de Andorra, com direito a um 10 a 0, maior goleada daquela edição do torneio, Molde, da Noruega, Viborg, da Dinamarca, Lokomotiv Moscou e Bordeaux, alcançando as quartas de final.

Cairia perante o compatriota Alavés, futuro vice-campeão.

O sucesso no torneio continental resultou em um 14° lugar na Liga Espanhola.

Nova desordem

Nas temporadas seguintes, o Rayo se desestabiliza.

Em 2004, inicia o primeiro dos quatro anos na Terceira Divisão.

Nesse período, Álvaro Negredo, cria das canteras, chega aos profissionais.

O retorno ao segundo nível espanhol só aconteceria em 2007/08, com o título da terceirona.

Em 2009/10, mais uma boa participação na Copa. Passando por Real Sociedad, Córdoba e Bilbao, a equipe chega às oitavas.

O Mallorca, "bicho-papão" dos rayiados em play-offs de acesso em temporadas passadas, apareceu para eliminar o time madrilenho.

Durante a época 2010/11, alguns acontecimentos chegaram para "agitar" a instituição.

A crise financeira atinge o conglomerado de empresas da família Ruiz-Matos, inclusive o clube.

A falência foi vista de perto.

Devido às complicações, é criada a Fila 0, uma ação para receber donativos, além da venda de camisetas com a estampa: "Equipe e torcida, unidos por um sentimento".

A verba serviria para pagar os trabalhadores, jogadores e canteranos.

A torcida protestou.

Exemplo é a partida contra o Granada, quando fizeram uma corrente humana ao redor do estádio.

Uma placa com os dizeres "87 anos de história merecem mais respeito" era levada aos jogos.

Apesar dos problemas e dos salários atrasados, o Rayo nunca deixou de ser um dos dois melhores da Segunda Divisão naquela temporada, conseguindo o acesso à elite com o vice-campeonato.

História recente

Em 05 de maio de 2011, o empresário Raúl Martín Presa comprou 98,6% das ações do Rayo, tornando-se presidente e assumindo as dívidas.

Com a equipe vivendo a pior crise de sua história, ele se comprometeu a pagar os salários atrasados.

No dia 22 daquele mês, o acesso à Primeira Divisão após oito anos foi matematicamente confirmado depois de uma vitória por 3 a 0 contra o Xerez CD.

Para a temporada seguinte, Dani Pacheco, Michu, Trashorras, Diego Costa e Armenteros chegaram.

Apesar disso, a vida rayista na elite não foi nada fácil.

O clube acabou se livrando do rebaixamento na última rodada, contra o Granada, graças a um gol de Raúl Tamudo nos acréscimos, que garantiu a vitória pelo placar mínimo.

Após o susto, a época seguinte foi completamente oposta.

Ela marcou o início do "sucesso" recente do Vallecano.

José Ramón Sandoval não teve seu contrato renovado. Paco Jémez, ex-jogador rayista, e vindo de boa passagem pelo Córdoba C.F, chegou para comandar o time.

Na Liga, foram 53 pontos e um oitavo lugar.

Foi a melhor temporada da equipe na Primeira Divisão, tanto em pontos como em classificação, em sua história.

O Rayo chamou atenção pelo seu vistoso jogo ofensivo.

Após o destaque, para 2013/14, o clube sofreu um desmanche.

Piti, que estava desde a Terceira Divisão e havia sido artilheiro do time na temporada passada com 15 gols; Javi Fuego, um dos melhores "ladrões de bola" da Liga; Léo Baptistão, que concorreu à revelação do campeonato, todos saíram.

Além deles, durante as competições, Rubén Rochina e Iago Falque voltaram às suas respectivas equipes depois de um período de empréstimo.

Apesar das dificuldades, o Rayo conseguiu permanecer na elite.

Depois de uma temporada no meio da tabela, o Vallecano foi condenado ao descenso em 2015/16.

Na Segunda Divisão, após um início ruim, Míchel chegou para treinar o time.

Ele conseguiu um ótimo fim de campeonato, deixando a equipe no 12° lugar, cinco pontos à frente da zona de rebaixamento.

Finalmente, em 2017/18, o título mais importante da história do clube.

A conquista da Segunda Divisão foi sofrida, vindo apenas na última rodada.

E com traços dramáticos. Tendo perdido para o Gimnàstic, o troféu só veio porque o Huesca foi derrotado pelo Real Oviedo.

O Rayo foi a terceira equipe de Madrid a conquistar o torneio, após o Real Castilla e o Atlético.

O acesso fez com que, pela primeira vez, em 2018/19, a Primeira Divisão contasse com cinco equipes madrilenhas: Real, Atletico, Rayo, Leganés e Getafe.

Os rayistas seriam rebaixados à Segunda Divisão no último lugar, com apenas 32 pontos em 38 jogos.