sexta-feira, janeiro 17, 2014

O desabafo de um jornalista que "largou o futebol"...



Futebol de toqueiros e do "dono do mundo"

Por Gabriel Negreiros

Há mais de um ano não acompanho nada do futebol potiguar. Resolvi largar tudo que tinha referência ao futebol simplesmente por não conseguir ver seriedade no processo.

Tinha perdido a paciência de aguentar torcedor mala. De aguentar falácias de dirigentes. Do discurso repetido dos jogadores e, principalmente, da herança maldita deixada por uma parte (parte pequena) dos comunicadores (não vou chamar de jornalistas) acostumados a passar o pires e serem bancados por dirigentes para viverem de massagem de ego.

Depois de todo esse período que larguei o futebol hoje foi o único dia em que acordei e tive vontade novamente de estar ligado ao esporte. Como eu queria estar presente ontem no jogo em que a imprensa foi impedida pelo “dono” do Alecrim de ter acesso ao local de trabalho. O inglês, Anthony Armstrong, queria “conversar pessoalmente” com cada equipe. Ele se chateou com as críticas recebidas.

Anthony, acostumado a andar cercado de seguranças, queria o que? Coagir os críticos? Intimidar a imprensa com sua “equipe”? Eu ainda era apresentador do Jogo Aberto RN, na Band, quando esperávamos o presidente do Alecrim. De repente, surge no estúdio a “equipe” de Armstrong. Me senti naquele filme - MIB, Homens de Preto - Os seguranças entraram primeiro para verificar a segurança. Com comunicadores presos nas orelhas, paletós e, possivelmente, armados. No estúdio entraram dois e outros ficaram do lado de fora. Naquele momento a minha vontade era de simplesmente nem receber mais o cartola.

Hoje o Sindicato dos Jornalistas e a Associação dos Cronistas Esportivos devem emitir uma nota de repúdio. O que não vai resolver nada. A Federação Norte-Riograndense de Futebol possivelmente também irá se manifestar. Mas o grande problema é que poucos jornalistas levarão o caso a frente. Alguns podem até citar o acontecido, mas já vi que muitos se calaram. É a força do patrocínio!

Infelizmente a herança maldita dos toqueiros do passado reflete na nova geração, que tem uma série de profissionais competentes. Os dirigentes, desacostumados com a falta de bajulação, em uma série de oportunidades já entraram em choque com alguns profissionais atuais. Eles esquecem que nem tudo é possível comprar.

Eu espero que o caso de ontem não fique apenas em algumas linhas no Facebook e a revolta nos grupos de Whatsapp. Infelizmente vivemos em uma categoria desmobilizada, sem força e que não entende o seu poder de repercussão. Vivemos em uma cadeia de individualismo.

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