Dois
lados da moeda
Por
Diego Breno
Não sei qual será o assunto mais discutido dentro do futebol até o final
do ano.
No entanto, um dos pontos que certamente será abordado é essa história
de torcida única.
Tudo começou após uma briga envolvendo “torcedores” de Corinthians e
Palmeiras no dia 03 de abril.
Tentando dar uma resposta imediata em bisca de uma solução, a Secretária
de Segurança Pública do Estado de São Paulo determinou que, em dias de
clássico, a presença de torcida única será obrigatória até o dia 31 de dezembro
deste ano.
São Paulo e Palmeiras (no último domingo) e Corinthians e Santos (ontem)
já tiveram que adotar essa medida.
Agora as perguntas que vêm à mente são: deu certo?
Realmente essa medida é eficaz?
Houve aumento no público?
Antes de responder estas indagações, é valido mostrar como foi à
experiência em outros lugares.
Em 2013 na Argentina (durou apenas dois anos), a AFA (Asociación del
Fútbol Argentino), em parceria com a Justiça Local, determinou que todos os
jogos dos clubes que disputariam a Primeira Divisão teriam apenas torcedores
dos times mandantes.
Já aqui no Brasil, em 2014 nas Minas Gerais, os clássicos que envolviam Cruzeiro
e Atlético Mineiro adotaram a ideia de torcida única.
Por ter sido a primeira vez na capital paulista, a medida foi
considerada de sucesso, pois segundo alguns periódicos, a paz reinou.
Agora respondendo as perguntas do nosso texto.
De fato, o público se fez mais presente.
Tomando como base da partida do último domingo, mais de 20 mil pessoas
estiveram presente (número bem maior do que o registrado no jogo das duas
equipes no Pacaembu).
No entanto, a certeza que a medida garante certa eficácia se mostra
relativa.
Isso porque os resultados foram distintos.
Na Argentina, por exemplo, mais de 30 mortes foram registradas devido ao
confronto entre torcidas.
Por outro lado, cenas como a presença da família, a grande quantidade de
pessoas que usavam camisas sem medo, o policiamento apenas dando um suporte de
prevenção, foram consideradas primordiais para que a determinação tivesse êxito
no “Choque-Rei”.
É cedo para dizer, mas optar por torcida única não é garantia de ser o
melhor caminho para resolver problemas de violência e ter um número maior de
público nos estádios.
Pode até ter um resultado positivo no começo (como aconteceu no último
domingo), mas o trabalho de ser bem mais aprofundado – entende-se social.
Segundo Maurício Murad (sociólogo e autor do livro “Para entender: A
Violência no Futebol”), além de mostrar a falência das autoridades públicas,
vai de encontro ao descumprimento da lei:
“Porque a lei, a constituição,
garante que o esporte e o lazer são direitos do cidadão e a segurança é um
dever do estado.”
Determinar torcida única mostra apenas que ninguém está a fim de
solucionar o caso.
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