terça-feira, junho 14, 2016

Qatar: uma absurda escolha da FIFA...

País que vai sediar a Copa do Mundo de 2022 age desumanamente com mulheres que foram estupradas

Por: Nathalia Perez

Foi um erro incomensurável a Fifa ter cedido ao Catar o direito de sediar a Copa do Mundo de 2022.

E o pior de tudo: foi um erro em que os envolvidos tinham consciência do que estavam fazendo.

Do que estava por trás dessa escolha e do quanto ela foi injusta.

Não só pelo fato dela ter sido realizada de forma irregular e antidemocrática, como bem sabemos.

Mas também pelas inúmeras denúncias que as autoridades catarianas recebem há muito tempo por violarem direitos humanos.

Principalmente no que diz respeito a trabalhadores migrantes instalados no país e turistas, dentre os quais as mulheres são as principais afetadas.

A última vítima dessa realidade cruel foi Laura, uma holandesa de 22 anos que passava suas férias em Doha, capital do Catar.

Tem três meses que a turista está atrás das grades, e agora pode ser acusada judicialmente de adultério.

Sabe qual a ilegalidade que ela cometeu?

Foi estuprada.

Sim, você não leu errado.

Laura estava no bar de um hotel com uma amiga quando colocaram um tipo de substância, sem seu consentimento, em sua bebida, a qual a deixou se sentindo muito mal.

Depois de ter ficado desacordada por um tempo, a holandesa acordou em um lugar desconhecido e se deu conta que havia sido estuprada.

Para sua surpresa, ao relatar a perversidade que havia sofrido à polícia local, as autoridades a condenaram à prisão.

Casos bárbaros como esse acontecem com uma frequência assustadora em muitos lugares do Oriente Médio.

Isso porque o “adultério”, ou o “ato sexual fora do casamento”, é crime nos países muçulmanos conservadores, independentemente do estado civil das pessoas envolvidas nele.

Está previsto no Código Penal do Catar que qualquer pessoa que copular com uma mulher de mais de dezesseis anos, sem que sejam um casal perante a lei, será condenada a não mais do que sete anos de prisão, e a mesma punição também incide sobre a moça.

Tudo bem que é bem complicado que nós ocidentais julguemos culturas totalmente distintas das nossas e usemos nossos costumes e sanções sociais como parâmetro e exemplo.

Mas se em um ato sexual não houver consentimento de todas as partes envoltas, se trata de um caso de estupro.

E a tolerância com esse tipo de acontecimento, desconsiderando cultura, raça, etnia, religião e classe social, deve ser zero.

Não importa em qual canto do mundo.

Mais absurdo do que condenar uma mulher que teve seu corpo violado e foi submetida a tamanho constrangimento é a Fifa compactuar com esse tipo de coisa.

É ser conivente.

Porque, sim, eles sabem muito bem o que acontece no Catar, mas preferem fechar os olhos diante disso.

Afinal, para a entidade, também pouco importa se o país que vai sediar um dos maiores eventos esportivos do planeta sujeita seus civis e imigrantes a condições de trabalho que se assemelham à escravidão (inclusive, em obras relacionadas à própria Copa).

O que está em jogo no extracampo é o que interessa, e não o péssimo histórico do país com direitos fundamentais de toda e qualquer pessoa.

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