País que vai sediar a Copa do
Mundo de 2022 age desumanamente com mulheres que foram estupradas
Por: Nathalia Perez
Foi um erro incomensurável a Fifa
ter cedido ao Catar o direito de sediar a Copa do Mundo de 2022.
E o pior de tudo: foi um erro em
que os envolvidos tinham consciência do que estavam fazendo.
Do que estava por trás dessa
escolha e do quanto ela foi injusta.
Não só pelo fato dela ter sido
realizada de forma irregular e antidemocrática, como bem sabemos.
Mas também pelas inúmeras
denúncias que as autoridades catarianas recebem há muito tempo por violarem
direitos humanos.
Principalmente no que diz
respeito a trabalhadores migrantes instalados no país e turistas, dentre os
quais as mulheres são as principais afetadas.
A última vítima dessa realidade
cruel foi Laura, uma holandesa de 22 anos que passava suas férias em Doha,
capital do Catar.
Tem três meses que a turista está
atrás das grades, e agora pode ser acusada judicialmente de adultério.
Sabe qual a ilegalidade que ela
cometeu?
Foi estuprada.
Sim, você não leu errado.
Laura estava no bar de um hotel
com uma amiga quando colocaram um tipo de substância, sem seu consentimento, em
sua bebida, a qual a deixou se sentindo muito mal.
Depois de ter ficado desacordada
por um tempo, a holandesa acordou em um lugar desconhecido e se deu conta que
havia sido estuprada.
Para sua surpresa, ao relatar a
perversidade que havia sofrido à polícia local, as autoridades a condenaram à
prisão.
Casos bárbaros como esse
acontecem com uma frequência assustadora em muitos lugares do Oriente Médio.
Isso porque o “adultério”, ou o
“ato sexual fora do casamento”, é crime nos países muçulmanos conservadores,
independentemente do estado civil das pessoas envolvidas nele.
Está previsto no Código Penal do
Catar que qualquer pessoa que copular com uma mulher de mais de dezesseis anos,
sem que sejam um casal perante a lei, será condenada a não mais do que sete
anos de prisão, e a mesma punição também incide sobre a moça.
Tudo bem que é bem complicado que
nós ocidentais julguemos culturas totalmente distintas das nossas e usemos
nossos costumes e sanções sociais como parâmetro e exemplo.
Mas se em um ato sexual não houver
consentimento de todas as partes envoltas, se trata de um caso de estupro.
E a tolerância com esse tipo de
acontecimento, desconsiderando cultura, raça, etnia, religião e classe social,
deve ser zero.
Não importa em qual canto do
mundo.
Mais absurdo do que condenar uma
mulher que teve seu corpo violado e foi submetida a tamanho constrangimento é a
Fifa compactuar com esse tipo de coisa.
É ser conivente.
Porque, sim, eles sabem muito bem
o que acontece no Catar, mas preferem fechar os olhos diante disso.
Afinal, para a entidade, também
pouco importa se o país que vai sediar um dos maiores eventos esportivos do
planeta sujeita seus civis e imigrantes a condições de trabalho que se
assemelham à escravidão (inclusive, em obras relacionadas à própria Copa).
O que está em jogo no extracampo
é o que interessa, e não o péssimo histórico do país com direitos fundamentais
de toda e qualquer pessoa.
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