Imagem: Autor Desconhecido
Clubes não enfrentaram a CBF e agora são feitos de ‘otários’
Por Rodrigo Mattos
Na quinta-feira, a CBF passou um
pacote de mudança de estatuto tirando peso dos votos dos clubes na sua eleição
e dando poder às federações.
Na sexta-feira, o técnico do
Atlético-PR, Paulo Autuori, um dos poucos a ter coragem de tratar do assunto,
resumiu seu sentimento em relação à medida da CBF e seu discurso posterior:
''Eles pensam que nós somos otários.''
Foi uma análise precisa.
A atitude da CBF é uma
demonstração de que pouco se importa com o que pensam seus times filiados.
Aprovou as medidas sem ouvi-los e
fez um discurso de que era para democratizar a entidade.
Tratou os clubes como bobos a
ponto de os integrar a um comitê de reformas que não teve peso no novo estatuto
da confederação.
A posição da confederação de
ignorar as agremiações tem relação com seu fortalecimento recente.
Com a investigação sobre ele
travada, o presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, se sente cada vez menos
ameaçado.
Se afasta cada vez mais o momento
em que havia uma tormenta sobre seu cargo.
A nau da confederação passou a
viver maus bocados em maio de 2015 com a prisão do então vice-presidente da
CBF, José Maria Marin, por corrupção em contratos da entidade.
Del Nero saiu correndo da Suíça e
passou a ser suspeito no caso.
Seis meses depois, ele ficaria
ainda mais fragilizado ao ser exposto como um dos indiciados pela polícia
norte-americana.
Os clubes formaram uma liga e
ameaçavam tomar da CBF o Brasileiro.
Na parede, Del Nero acenava com
promessas de que a confederação pertencia às agremiações e que eles sempre
seriam ouvidos.
Levou os todos para a sede da
entidade para mostrar que tinha apoio nos setores do futebol brasileiro.
E os clubes brasileiros
acreditaram. Compraram o discurso de que Del Nero era apenas um suspeito,
compraram a ideia de que a CBF ia lhes dar espaços aos poucos, confiaram de que
podiam fazer mudanças dentro do sistema.
Houve ainda clubes, como os
paulistas, que não exigiam alterações profundas na estrutura do futebol
brasileiro.
A CBF ainda construiu um projeto
para teoricamente modernizá-la que incluiria a reforma de estatuto, código de
ética, licenciamento de clubes, tudo com os clubes participando das discussões
de ideias.
E, durante o ano de 2016, não
foram poucos os dirigentes de clubes que me fizeram avaliações de que a
confederação estava evoluindo, avançando.
Aos poucos, a liga montada pelos
clubes foi se enfraquecendo pela sua própria desunião, e também pela mão
silenciosa da CBF.
Sem avisar ninguém, a
confederação se encarregou de dar a pá de cal no movimento de fortalecimento
dos clubes com sua mudança de estatuto.
Houve críticas pontuais de
dirigentes de times, mas nenhum até agora ameaçou se insurgir contra a medida.
Fica a posição de Autuori que
aqui vai na íntegra reproduzida do Globo.com:
''Estou muito mais preocupado com o Del Nero (presidente da CBF) e a
possibilidade de ficar até 2027. Certamente vocês sabiam que eu não ia perder a
oportunidade de falar disso, né? É acintosa a maneira como a CBF faz as coisas.
E, uma vez mais, vamos separar o brilhante trabalho que o Tite e sua equipe têm
feito com o futebol brasileiro. Fez as coisas no dia do jogo. A vulgarização do
futebol está nisso. No dia do jogo da Seleção brasileira, tivemos jogos do
Campeonato Paulista, Fluminense e Botafogo, ou seja, com públicos pequenos. Não
avisou a imprensa que teria a situação na CBF, deu mais poder às federações do
que já tinham e vêm falar em democracia? Pô, eles pensam que nós somos
otários''
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