Imagem: Autor Desconhecido
Surge a
compaixão em meio ao caos
Clubes
brasileiros iniciaram um movimento de cessão de suas instalações, como estádios
e centros de treinamento, para que o Governo as use no combate à pandemia de
coronavírus
Pedro
Henrique Brandão Lopes/Universidade do Esporte
Tempos
difíceis costumam produzir grandes ações.
A Segunda
Guerra Mundial, por exemplo, levou algumas pessoas a terem gestos humanitários
para combater o horror do Holocausto.
A pandemia de
coronavírus, que tem levado a morte milhares de pessoas que desenvolvem a
COVID-19, apesar de assombrar o planeta e deixar a economia mundial à beira da
maior recessão da história da humanidade, também tem suscitado bonitos gestos.
Na Itália e
na Espanha, as pessoas têm ido às suas varandas para cantar e para aplaudir os
operadores da saúde que travam uma verdadeira guerra contra o desleal inimigo
invisível.
Outras ações
estão em curso nos países mais afetados e agora chegou a nossa vez.
Com números
galopantes, o Brasil se prepara para semanas e meses de escuridão e sofrimento.
Serão, sem dúvidas, tempos difíceis.
A comoção
parece ter pressionado os mandatários do futebol brasileiro.
Depois que os
casos confirmados passaram a casa dos 600, clubes passaram a oferecer suas
dependências para que sejam instaladas estruturas que poderão ajudar no
acolhimento e tratamento dos infectados que deverão passar as dezenas de milhares
nos próximos dias, segundo previsões do Ministério da Saúde.
Sem atividade
no futebol nacional desde o último final de semana, estádios e centros de
treinamento estão às moscas e, com as características de amplitude de suas
áreas, são espaços ideais para a instalação de hospitais de campanha.
Mesmo que não
sejam usados como hospitais, podem servir para abrigar em isolamento casos
leves para que não disseminem o vírus.
A lista de
clubes que se prontificaram a abrir as portas de suas casas para ajudar no
combate à pandemia de coronavírus, já conta, até o momento, com 9 times.
São eles: Athletico-PR:
ofereceu às autoridades paranaenses, tanto a Arena da Baixada, localizada em
região privilegiada de Curitiba, como o CAT Alfredo Gottardi, para que sejam
promovidas no local ações como vacinação ou tratamento dos doentes; Bahia:
disponibilizou ao governo baiano, o CT Fazendão.
A Secretaria
de Saúde do estado inspecionou o local e aprovou para o uso se for preciso.
De acordo com
a assessoria do clube, o CT foi casa do Bahia até janeiro, e tem 125.000 M2, 3
pavilhões com salas e 28 quartos; Botafogo: cedeu ao governo estadual a
infraestrutura do estádio Nilton Santos, o Engenhão, para ajudar no que for
necessário no período da pandemia COVID-19; Corinthians: colocou à disposição
das autoridades, a sede social do Parque São Jorge, o CT Joaquim Grava, além da
Arena Corinthians, que atenderia de maneira extremamente funcional a Zona Leste
da capital paulista; Cruzeiro: ofereceu aos órgãos competentes, a Sede
Campestre, os dois clubes sociais e o parque esportivo do Barro Preto; Juventude:
disponibilizou seu ginásio para que as autoridades locais usem da forma que
julgarem mais conveniente; Náutico: deixou à disposição do governo
pernambucano, seu CT com estrutura de leitos, restaurantes e sala de médicos; Santos:
ofereceu todas as suas dependências para a Secretaria de Saúde santista, São
Paulo: disponibilizou o Morumbi e toda sua estrutura como os CT’s da Barra
Funda e de Cotia.
Com o passar
dos dias, outras boas ações surgirão vindas de outros clubes.
O Palmeiras
ofereceu o Allianz Parque para a vacinação contra a gripe, além de proporcionar
flexibilidade no pagamento de seu clube social e dos planos de sócio torcedor.
Quando
Ronaldo, então um dos gestores do comitê organizador da Copa do Mundo do
Brasil, proferiu a infame frase: “não se faz Copa com hospitais e sim com
estádios”.
Provavelmente
o ex-jogador não imaginasse o caos que viria nessa crise mundial e que seria
potencializado pelos desarrazoados gastos daquela época.
Chegamos ao
precipício do apocalipse sem hospitais ou respiradores suficientes, com
estádios de sobra, além do bom e velho espírito de compaixão para dar o
jeitinho brasileiro.
Nos palcos do
espetáculo da bola, nos próximos dias e meses, teremos batalhas pela vida e a
nossa torcida é para que a gente ganhe de goleada.
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