domingo, fevereiro 25, 2024

Bill Russel o maior campeão da NBA

Imagem: Autor Desconhecido

O brilhantismo de Bill Russell dentro e fora das quadras

Por Tiago Lima do Universidade do Esporte

Pioneiro na luta contra o racismo, o maior campeão da NBA mudou o esporte e marcou o combate em prol dos direitos civis

Bill Russell está, sem dúvida alguma, entre os maiores da história do basquete.

Detentor de incríveis onze títulos, ele é o principal responsável pela dinastia do Boston Celtics que perdurou de 1959 até 1966, com oito anéis conquistados.

Mas sua trajetória começa muito antes de sua entrada na NBA.

Crescimento e chegada na faculdade

Bill nasceu em 1934, na zona rural de Louisiana.

O sul estadunidense da época era fortemente marcado pelo racismo, fazendo com que sua mãe o avisasse, desde cedo, que iriam recriminá-lo somente por sua cor de pele, ensinando-o que precisaria enfrentar pessoas do tipo para que pudesse viver dignamente.

Em busca de uma vida melhor, seus pais se mudaram para Oakland, California, sendo esse o local em que Bill viria a conhecer o basquete.

Surpreendentemente, não se destacava: “Eu não entendia como eu tinha nove anos e as crianças de seis jogavam melhor”, declarou ele.

Quando tinha 12 anos, sua mãe faleceu.

As lições maternas, contudo, não passaram despercebidas.

O posicionamento categórico e incisivo perante as questões sociais e raciais o acompanharam durante toda sua trajetória, seja em âmbito profissional ou pessoal.

 

Na McClymonds High School, apesar de, novamente, não ter se sobressaído, conseguiu uma bolsa para a Universidade de San Francisco.

Mas o Bill que se apresentava durante os jogos universitários estava longe do adolescente comum do ensino médio.

O domínio foi tão esmagador que a NCAA (National Collegiate Athletic Association) alterou até mesmo as regras, estendendo mais a linha do lance livre.

Em seu ano de calouro, ganhou 28 de 29 jogos, com média de 20 pontos e 20 rebotes por partida. No ano seguinte (1956), não foi derrotado, vencendo 55 jogos.

Ainda que tenha feito história no basquete universitário, os anos não foram fáceis.

Os debates sobre as questões raciais pareciam não atingir efetivamente a realidade.

Russell mencionou que acreditava ter cerca de nove estudantes negros no campus, durante todo o período que passou por lá.

Além disso, relatou receber várias mensagens de ódio toda semana, especialmente quando seu time vencia.

Durante o draft, foi escolhido pelo St. Louis Hawks, sendo posteriormente trocado para o Boston Celtics.

Tempo como jogador do Boston Celtics

A chegada de Russell teve impacto imediato.

O time de Boston alcançava, pela primeira vez em sua história, as finais da NBA.

O adversário?

St. Louis Hawks.

Das arquibancadas rivais, insultos racistas eram proferidos para a nova estrela do time celta.

Após seis partidas, a série estava empatada.

No sétimo jogo, quando tudo apontava para o título de St. Louis, Russell fez um bloqueio milagroso que contribuiu diretamente para a vitória no segundo tempo da prorrogação.

Além do troféu inédito, Bill Russell mudou completamente a dinâmica do Boston Celtics: executava bloqueios devastadores, pegava rebotes e direcionava passes decisivos, proporcionando recursos para uma melhor transição de jogo.

Dessa maneira, a jovem estrela era vital tanto para o motor ofensivo quanto defensivo do time.

As finais de 1598 foram perdidas para o mesmo St. Louis Hawks, quando Russell estava machucado.

Em 1959, o triunfo sobre o Minneapolis Lakers sinalizou não só o retorno ao topo, como também o início de um feito até hoje inigualado por qualquer time da liga: a conquista de oito campeonatos consecutivos.

De 1959 até 1966, o Celtics manteve o título em Boston.

O principal responsável pelo feito?

Bill Russell.

O jogador revolucionou a posição de pivô, alterando o panorama do jogo defensivo e trazendo consistência para a equipe.

O esplendor de seu êxito, contudo, não o colocava em boas graças com outras pessoas.

Sua personalidade e posicionamentos o faziam ser confundido com alguém arrogante e mal-humorado, quando, na realidade, era algo muito diferente.

Bill era inteligente, calmo e comedido, porém sabia o que queria e agia de acordo com tal.

Em uma cidade que permanecia, em grande medida, segregada, os anos 60 trouxeram para Boston o fervor do combate em defesa dos direitos civis.

Nesse contexto, a ideia de um homem negro ser peça importante de uma grande franquia de basquete e uma personalidade relevante socialmente ainda não parecia apetecer diversas pessoas, inclusive as da torcida do próprio time que Bill somente beneficiava.  racismo continuava e ele permanecia sofrendo.

Em certa ocasião, quando Russell comprou uma casa em Redding, indivíduos invadiram sua casa, quebrando seus troféus e defecando em sua cama.

Em outra demonstração explícita de racismo, quando o time de Boston estava em um restaurante em Lexington, o gerente avisou que eles não iriam servir comida para pessoas negras. Russell disse que não haveria razão para jogar em um local que não poderiam sequer comer em um restaurante.

Final de carreira

Após os oito títulos entre 59/66, Bill viria a conquistar outros dois em 1968 e 1969, sendo este último no ano de sua aposentadoria.

Não encerrou em bons termos com a torcida.

Em artigo escrito para a Slam Magazine, ele contou que sofria, também, ofensas racistas da própria torcida. “Eu não jogava pela cidade ou pelos fãs”, relatou.

Bill foi o primeiro a repetir consecutivamente como MVP, nas temporadas de 1960/61 e 1961/62.

Conquistou onze títulos em treze temporadas, sendo dois como treinador e jogador, o único que conseguiu a façanha.

Foi, também, o primeiro treinador negro da NBA e o único a ser introduzido ao hall da fama do basquete como jogador e treinador.

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