Pena a 95FM ter ficado fora do ar por problemas técnicos, Clóvis Emídio, vice-presidente do América teria sido uma entrevista imperdível...
Entretanto, a conversa no estúdio pode ser repassada ao leitor.
Antes, porém, preciso agradecer a gentileza de Clóvis: chegou na hora marcada, sentou-se conosco e educadamente esperou...
Clóvis não demonstrou impaciência, não olhou para o relógio, não perguntou se iria demorar e sem afetação, aproveitou para resolver alguns problemas ligados à distribuição às emissoras de ingressos a serem sorteados entre os ouvintes.
Ao encerrar os telefonemas, pediu desculpas, contou que haviam roubado seu celular em Fortaleza, lamentou a perda da agenda e rindo disse: “deixei o celular no balcão, me virei para pegar alguma coisa e quando me voltei, não vi mais o celular”...
Depois de algumas amenidades, a veia jornalística se sobrepôs e a conversa descambou para uma “entrevista” informal, mas bastante proveitosa.
Vou procurar ser sucinto, isto é, descrever o papo por assunto, sem transcrever as perguntas e as respostas no seu todo.
Sobre ser dirigente...
“Estou no futebol por paixão, o América faz parte da minha história... tudo começou na infância, se solidificou na juventude e hoje, sinto um enorme prazer de poder me dedicar ao meu clube, mesmo que vez por outra, sofra com as incompreensões e com as criticas maldosas”.
Sobre as criticas vindas da imprensa...
“Não sou daqueles que me aborreço facilmente... claro que me sinto triste ao ler e ouvir palavras duras, mas faz parte do jogo e, se perceber qualquer maldade ou injustiça por trás de uma nota ou comentário, rebato com a veemência necessária”.
Sobre a politica interna no América...
“O América, como qualquer instituição ou grupo, tem correntes que hora divergem e hora convergem... isso é comum e saudável, mesmo que cause aqui ou ali, rusgas e ressentimentos”.
“Mas, prego e luto pela união, não faço jogo duplo e o que tenho para dizer, digo na cara, sem nenhum receio”.
Sobre as criticas a administração do presidente José Maria Figueiredo e os grupos que pedem sua renuncia...
“Não sou contra quem critica abertamente, sou contra quem o faz pelos cantos... Zé é um sujeito do bem, mas tem um temperamento explosivo, difícil e é preciso estar muito próximo para entender suas reações”.
“Mas, Zé, é um homem honesto, sofre como todos nós diante da situação que enfrentamos e, tem buscado soluções”.
“José Maria não é homem de renunciar, é homem de lutar”!
Sobre Alex Padang...
“Sinto falta do espirito de Alex”...
“Alex por seus muitos afazeres, não participava continuamente das nossas reuniões, mas diuturnamente, mantinha-se ligado conosco”...
“Sempre cheio de ideias e sempre procurando levantar o astral de todos”...
Sobre as divergências entre Zé Maria e Alex Padang...
“Esse é um assunto interno do clube, prefiro não comentar”.
Sobre dirigentes que se aproveitam dos clubes para beneficio próprio...
“Respondo por mim... o dia em que precisar de mil reais do América vou embora”...
“Não estou no América em busca de dinheiro ou projeção pessoal: como disse antes, estou no América por paixão, por amor... pode parecer antiquado, mas é por isso que estou lá”.
Sobre os custos com jogadores e comissão técnica...
“A folha do América hoje, gira em torno de uns 340 a 350 mil reais ao mês... o mais caro é a comissão técnica, cujo valor está em torno de 50 mil o pacote (treinador e seus auxiliares diretos)”.
“Enxugamos bastante a folha, Asprilla custava 23 mil reais, Rony e Magrão, 17 cada um... convenhamos que não era possível arcar com esses custos e em troca, ter uma produção tão baixa”.
Sobre as recentes contratações...
“Tem um jogador que está me impressionando muito bem... é o Juca”!
“Ele será uma grata surpresa para todos”.
Sobre a entrevista concedida por Severinho (treinador do sub-20 americano) a Rádio Globo no último fim de semana...
“Severinho deu sua opinião, o América respeita isso... e depois, ele foi respeitoso para com a direção e não disse nada demais”.
Sobre os interessados em assumir as categorias de base do clube...
“Quem demonstra interesse, é o Gilberto de Nadai e o Souza, mas vejam bem: eu não sou contra empresário, aliás, quero muitos próximos do América... a única exigência que faço é que tudo seja transparente, limpo e claro”...
“O América não perde um centavo em qualquer negócio”...
“Antes que eu esqueça... a direção do América não aceita mais, nenhum jogador das bases com compromisso com agente ou procurador: por que vamos ficar alimentando os negócios alheios”?
Sobre a alienação da sede da Avenida Rodrigues Alves...
“Não sei de onde surgiu essa conversa sobre valores... não existe nada disso”!
“O que existe, são projetos e inúmeras opções que estão sendo criteriosamente estudadas pela direção”...
“A direção do América não vai embarcar numa aventura... só faremos negócio se o resultado for muito bom para o clube”...
Sobre a construção de um estádio...
“Como pensar em construir um estádio se nem sabemos ainda que projeto será aceito”?
“Mas posso lhe garantir que essa administração não pensa em estádio... o América precisa gerar recursos e não, arrumar mais um buraco para torrar dinheiro”...
“Existe sim, uma possibilidade junto a um grupo estrangeiro, mas esse é um assunto para ser discutido no futuro, pois envolve a modernização do Centro de Treinamento e aí sim, a construção de um estádio para cerca de 15 ou 20 mil pessoas”...
“No momento, a direção está focada em sanar definitivamente a falta de recursos”.
Sobre seu futuro...
“Não penso em ser presidente do América, mas não rechaço a ideia... não acho que presidir meu clube seja nenhum sacrifício, mas hoje, penso em entregar o América a uma futura gestão, sem nenhum problema administrativo, com ótimos projetos em andamento e no mínimo, na Série B”...
Foi isso...
Mas, antes de sair, fiz uma última pergunta: “Clóvis, o que nessa conversa é off e o que pode ser publicado”?
Resposta: “Tudo pode ser publicado, não pedi reservas e não disse nada que quem não me conheça, já não saiba”...
Cumprimentamo-nos e Clóvis Emídio foi cuidar de sua vida.
Estavam presentes ao bate papo, Fernando Amaral, Ítalo Anderson, Sérgio Bessa e Carlão, locutor do horário e o cara que tem paciência com a gente toda segunda feira.