Quando bato na tecla que o mundo
do futebol é uma selva, algumas pessoas torcem o nariz...
Talvez, a melhor definição seja
mesmo a de meu filho:
“Pai, o futebol é uma
penitenciária a céu aberto”.
Alexandre sabe do que fala, viveu
por mais de 16 anos nas entranhas do futebol.
Viveu na parte baixa, longe do
glamour, mas conheceu quem esteve no olimpo e de todos, ouviu sempre a mesma
coisa:
“Não se iluda, aqui embaixo o
jogo é feio porque o verniz educacional é baixo, mas lá em cima o dinheiro a
rodo, os ternos caros e as poses de bem nascidos, só servem de escudo para
ocultar as cafajestadas”, lhe disseram inúmeros ex-companheiros em final de
carreira que ainda corriam atrás da bola, seja por mera diversão, seja por não
conseguir entender que o tempo havia passado.
Nenhum deles mentiu.
Nem mesmo na “civilizada” Europa,
as coisas são muito diferentes...
José Mourinho, treinador português,
considerado por muitos como um dos tops de linha da profissão, protagonizou há
poucos dias uma cafajestada digna da ralé.
Inconformado com as constantes
rebeldias de Iker Casillas, goleiro titular do Real Madrid e da seleção da
Espanha em relação as suas tentativas de tornar o clássico com o Barcelona numa
guerra, Mourinho encontrou uma maneira de se vingar e humilhar Casillas.
Alegando motivos técnicos,
colocou o melhor goleiro do mundo no banco de reservas na partida contra o
Málaga.
Profissional, correto e
disciplinado, Casillas aceitou, mas não deixou barato, mostrou toda a sua
insatisfação diante das câmeras que nele se concentraram.
O tiro de Mourinho saiu pela
culatra...
O Real perdeu por 3 a 2, a
torcida perdeu a paciência e o presidente Florentino Perez foi flagrado num
vídeo da tevê espanhola, absolutamente surpreso e indignado pela decisão do
treinador.
A “guerra” entre Mourinho e
Casillas começou quando o treinador decidiu acirrar os ânimos entre os
jogadores do Real contra os do Barcelona.
Mourinho nunca perdeu uma
oportunidade de “bater” no adversário...
Fazia piadas fora de contexto,
levantava acusações levianas, proferia palavras de menosprezo e até mesmo,
incentivou à violência...
Se encontrou aliados, como o brasileiro,
naturalizado português, Pepe, encontrou também quem não aprovasse sua
posição...
Casillas e Xavi Alonso nunca
compactuaram com Mourinho...
Xavi Alonso, mais discreto,
evitava comentar as declarações do técnico e quando enfrentava o Barcelona,
fazia questão de abraçar e cumprimentar os adversários, sempre demonstrando
alegria pelo reencontro.
Casillas bateu de frente...
Contestou algumas declarações
mais fortes de Mourinho e chegou a telefonar para Xavi, Iniesta e Messi, antes
e depois das partidas para primeiro pedir que não engolissem a corda e depois,
para agradecer o comportamento exemplar da equipe catalã nos clássicos.
Ídolo da torcida, capitão do time
do Real, titular absoluto da seleção espanhola e considerado o primeiro do
mundo, Casillas enfrentou Mourinho de peito aberto e sem temer consequências...
No verão passado, na Europa,
Mourinho chegou a pedir a contratação de um goleiro para fazer “sombra” a Casillas,
mas a direção do Real considerou que Adan, o reserva imediato estava pronto
para jogar, caso fosse preciso.
Porém, a gota d’água aconteceu
durante uma entrevista em que Casillas foi perguntado sobre em quem votaria
como melhor treinador: Mourinho ou Vicente Del Bosque.
Casillas desconversou, mas com um
sorriso maroto nos lábios, deixou nas entrelinhas que seu voto seria para Del
Boque.
A prima dona, Mourinho, não
gostou e na primeira oportunidade sacou Casillas e o fez sentar no banco de
reservas, depois de dez anos (a ironia é que quem o colocou no banco na
temporada 2001/2002, foi Vicente Del Bosque).
Um jornalista espanhol disse que
além da briga particular, Mourinho está forçando sua demissão...
A campanha pífia do Real, o
péssimo relacionamento com a torcida e com os jornalistas e a queda de braço
com dirigentes que querem reduzir seu poder, além das propostas do Chelsea,
Paris Saint Germain e outros, tem motivado Mourinho a esticar a corda no
máximo.