Imagem: Autor Desconhecido
Contar histórias ligadas ao
futebol é sempre muito legal...
Histórias que desconhecemos ou
que nos passam despercebidas em função de não estarem ligadas aos grandes clubes
e aos grandes centros...
Mas que quando as descobrimos, nos
encantamos ainda mais que esse esporte e seus protagonistas...
Estejam longe ou perto.
Essa encontrei por acaso,
navegando sem pressa e lendo notícias antigas.
Matthew Green, uma aventura nas
Ilhas Turks e Caicos
Fonte BBC.
Despertar cada manhã em uma ilha
com lagos de água cristalina, rodeado por um mar turquesa e com temperaturas
tropicais.
Mas em vez de relaxar em uma rede
o dia todo nas Ilhas Turks e Caicos - território britânico no Caribe -, o
inglês Matthew Green, 41, está ocupado tentando livrar o país do indesejado
título de "a pior seleção de futebol do mundo".
É uma "honraria" que a
ilha divide com o Butão e San Marino - todos empatados na última (207ª) posição
no ranking da Fifa.
Essa tarefa não é fácil, já que a
seleção comandada por Green venceu pela última vez em 2008, contra Santa Lúcia
(pequeno país no Caribe), e não joga há dois anos por falta de atletas.
Em 2011, o time perdeu a chance
de disputar uma vaga para a Copa do Mundo de 2014 ao perder duas partidas
pré-qualificatórias, contra as Bahamas, por 4 a 0 e 6 a 0.
A seleção é formada por
profissionais como policiais, advogados, professores e trabalhadores da
construção civil.
Para piorar a situação, a única
experiência prévia do treinador foi comandando uma equipe de futebol que
pertencia a um bar na cidade inglesa de Hull.
Orgulho
"Todo mundo pensa que você
fica sentado na praia tomando piña colada. Eu gostaria que fosse assim, mas
tenho muita coisa para fazer", diz Green.
"Toda vez que eu volto para
Hull, meu irmão e meus amigos fazem troça do fato de que somos tão mal
colocados no ranking. Eu sei que são só piadas, mas também tenho orgulho. Você
quer ver seu país subindo no ranking. Nós certamente conseguiremos fazer isso,
se tivermos mais recursos".
As Ilhas Turks e Caicos são um
território de 40 ilhas caribenhas - apenas oito delas habitadas - com área de 430 quilômetros quadrados.
A população total é de 30 mil
pessoas, um terço delas com menos de 15 anos.
Como diretor técnico da
associação de futebol, Green é responsável por todos os aspectos do
desenvolvimento do esporte, das seleções de homens e mulheres às divisões de base,
passando por arbitragem e administração de outros técnicos.
O campeonato nacional tem seis
times amadores.
Mas muitos dos jogadores são
estrangeiros, o que significa que Green é obrigado a convocar a seleção a
partir de um grupo de pouco menos de 25 jogadores nacionais.
Alguns até são talentosos, mas
esses acabam recebendo bolsas para ir para os Estados Unidos e Grã-Bretanha,
inviabilizando sua participação na seleção por problemas logísticos.
Um dos poucos profissionais
disponíveis é Gavin Glinton, 34, que joga na equipe Mikado Nam Dinhis, da
segunda divisão do Vietnã.
Ele é o maior artilheiro da
história da seleção, com quatro gols em oito partidas.
"Os jogadores são ótimos no
convívio diário", diz Green, que é um dos apenas três funcionários
da associação.
A entidade foi criada em 1996 e
dois anos depois se filiou à Fifa.
Naquela época, não havia campos e
campeonatos.
A primeira vitória da seleção
aconteceu apenas em 2006, contra as Ilhas Cayman.
Green tentou ser jogador de
futebol, mas foi dispensado aos 15 anos do time Hull City por ser considerado
muito franzino.
Ele acabou virando professor, e
se mudou para as Bahamas em 1998, em busca de emprego.
Ele acabou trabalhando em uma
escola que tinha um bom time de futebol feminino - que acabou comandando como
treinador.
Além de vencer todos os
campeonatos escolares entre 2001 e 2007, ele também atuou como jogador no time
local Grasshoppers, onde foi artilheiro nas temporadas de 2000 e 2001.
Paraíso
Em 2007, ele viu um anúncio para
a vaga de técnico das Ilhas Turks e Caicos, e resolveu se candidatar.
Ele conseguiu o emprego e
descobriu uma ilha com lindas praias e temperatura média de 29 graus no verão,
que atraíram pessoas famosas como o ator Bruce Willis e o jogador de futebol
Rio Ferdinand, donos de mansões luxuosas no país.
Green mora em uma casa própria de
dois quartos, com uma bela vista para lagos e montanhas.
Ele está se esforçando para
marcar alguns amistosos nos próximos meses, em preparação para a campanha nas
eliminatórias para a Copa de 2018. Green diz ter motivos para estar otimista.
"Em poucos anos, nós
conseguimos formar um forte programa de jovens atletas", diz.
"Agora temos 20 campeonatos
em diversas idades para homens e mulheres. Há poucos anos, tínhamos apenas
três".
"Um novo estádio foi construído
no ano passado, e agora temos 500 jovens registrados no nosso programa,
comparado com apenas cem quando começamos".
Ele acredita estar no caminho
certo, não para conquistar grandes títulos ou mesmo uma vaga para a Copa de
2020, mas para cumprir um grande objetivo: o de avançar para pelo menos
penúltimo no ranking da Fifa.
Imagem: Autor Desconhecido