Imagem: Autor Desconhecido
DE ‘’BARCELUSA’’ AO MARTÍRIO: O TRISTE RETRATO DA
ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE DESPORTOS.
Texto: Dyego Lima para a Página no Facebook do
Universidade do Esporte
Onde você estava no ano de 2011?
Você sente saudade dele, dessa época da sua vida?
Afinal, apesar de sete anos parecerem pouco tempo, é
o suficiente para uma mudança de vida. Tanto para o bem quanto para o mal.
A Portuguesa deve estar implorando pelo retorno do
ano em questão.
Pois esse curto espaço de tempo foi o suficiente para
virar a vida da Lusa de ponta-cabeça.
De um dos grandes times que o torcedor lusitano já
pode presenciar ao caos completo em que a equipe se encontra atualmente.
A linha do tempo:
Em 2011, a equipe estava na Série B do Campeonato
Brasileiro.
Tão dominante que era a campanha, recebeu o apelido
de Barcelusa (uma referência ao Barcelona de Pep Guardiola, que, à época,
dominava o futebol mundial).
Com um futebol vistoso, de troca de passes e bastante
ofensivo, conseguiu uma sequência invicta de 21 jogos.
Ao final, somou 23 vitórias, 13 empates e apenas três
derrotas.
É a segunda melhor campanha da história da Série B do
Campeonato Brasileiro.
Além disso, os 83 gols marcados deram à Lusa o melhor
ataque da história da competição.
Como não podia ser diferente, conquistou o acesso à
Série A e o título com sete e três rodadas de antecedência, respectivamente.
Em 2012, já na primeira divisão do futebol nacional,
o time buscou uma contratação que pudesse impactar o mercado da bola e trazer
para si um pouco de atenção.
E ela veio com Dida, goleiro campeão do mundo com o
Brasil em 2002, e que fez história na equipe do Milan, da Itália.
Mas a Portuguesa não encantou.
Um 16° lugar foi o suficiente para evitar o
rebaixamento e garantir mais um ano na elite do futebol brasileiro.
No entanto, 2013 marcaria o início do filme de terror
no qual a Lusa vive até hoje.
Depois de um campeonato apenas regular, a equipe foi
para a última rodada somente para cumprir tabela.
Um 0x0 contra o Grêmio lhe deu o 12° lugar na
classificação final, dois pontos acima da zona de rebaixamento.
Mas eis que surge o famoso “caso Héverton”.
O Fluminense, que havia sido rebaixado, entrou na
justiça contra a Portuguesa alegando a escalação irregular do meia Héverton.
O jogador estava suspenso e não poderia atuar contra
o Grêmio na última rodada, mas acabou sendo colocado em campo aos 32 minutos do
segundo tempo.
O tribunal de justiça deu razão ao clube das Laranjeiras
e puniu a Lusa com a perda de quatro pontos (um pelo empate contra o tricolor
gaúcho, além de outros três pela escalação irregular). A classificação havia
mudado.
O Fluminense estava livre do rebaixamento.
A Portuguesa, que não corria riscos, foi condenada ao
descenso e deixava a Série A para não mais voltar.
Depois disso, tudo só piorou.
Em 2014, após uma campanha muito ruim, a equipe foi
rebaixada para a Série C em último lugar, com apenas quatro vitórias em 38
jogos.
Em 2015, uma chama de esperança até se acendeu.
A Lusa chegou ao mata-mata da competição, na luta por
um retorno à segunda divisão.
Bastava uma classificação contra o Vila Nova nas
quartas de final.
Nem mesmo a derrota por 1x0 em Goiânia no primeiro
jogo foi o suficiente para tirar a confiança do torcedor lusitano, que lotou o
estádio Canindé na segunda partida esperando a classificação...
Mas ela nunca veio.
A derrota por 2x1 condenou a Portuguesa a mais um ano
na Série C do Campeonato Brasileiro.
Em 2016, o fundo do poço se aproximou.
Em meio à crise financeira e política, a equipe ficou
na 9° colocação entre os 10 clubes do grupo B, com 14 pontos em 18 jogos, e foi
rebaixada para a Série D.
No ano seguinte, algo surpreendente aconteceria:
desde o estabelecimento do Campeonato Brasileiro moderno em 1971, pela primeira
vez em sua história a Portuguesa ficaria sem divisão no futebol nacional em
2018.
Depois de eliminação precoce na Série D de 2017,
caindo ainda na primeira fase, a única maneira de a equipe participar da
competição em 2018 seria conseguindo o título da Copa Paulista.
No entanto, acabou eliminada pela Ferroviária na
semifinal, ficando com o 4° lugar.
Atualmente, além de estar sem divisão no futebol
nacional, a Lusa se encontra na Série A2 do Campeonato Paulista (segunda divisão
do estadual).
Mergulhada em todo tipo de crise, com seis
presidentes nos últimos cinco anos e uma dívida de mais de 350 milhões de
reais, o clube também não é proprietário de metade do seu terreno: uma parte
pertence à Prefeitura.
A outra, a atual Diretoria pôs em leilão, mas não
houve interessados.
Atualmente, como uma maneira de tentar aliviar as
contas, serve como local de trabalho para camelôs.
Caso consiga escapar de uma possível falência, a
grande dúvida é se algum dia a Portuguesa poderá voltar a figurar no mais alto
escalão do futebol nacional.