Não conheço,
mas já vi! #4
O sucesso
contemporâneo do CFR Cluj.
Dyego Lima/Universidade
do Esporte
Vindo de um
lugar costumeiramente retratado nas telas de cinema como o lar de seres
assustadores, vide o Conde Drácula, o CFR Cluj tem se tornado, desde o início
dos anos 2000, um verdadeiro terror na vida de seus adversários no campeonato
nacional.
Fundado em
1907, é um clube da cidade de Cluj-Napoca, na Transilvânia, centro-oeste da
Romênia.
A sigla “CRF”
é uma abreviação de Caile Ferate Române, uma transportadora ferroviária estatal
do país.
Sua grande
rivalidade é com o outro clube da cidade, o Universitatea Cluj.
Eles fazem o
chamado Derbiul Clujului.
Sua casa é o
Stadionul Dr. Constantin Radulescu, em homenagem ao antigo jogador e técnico do
clube.
Construído em
1973, comportava apenas 3 mil pessoas.
Quando a
equipe se classificou para Champions League de 2008, o estádio foi reformado e
ampliado para adequar-se às normas da Uefa.
A obra foi
concluída em 2008, possibilitando-o comportar 25 mil torcedores.
Em 2009, um
quarto estande foi construído, deixando-o com a capacidade atual de 30 mil.
A equipe foi
fundada com o nome de Kolozsvári Vasutas Sport Club.
A cidade de
Cluj-Napoca, antes chamada de Kolozsvár, ainda era parte do antigo Império
Austro-Húngaro.
Até 1910, o
time jogava um campeonato municipal, mas sem conquistar resultados
satisfatórios.
Em 1911,
acabou vencedor do Campeonato da Transilvânia, além dos vice-campeonatos nos
anos subsequentes até 1914, quando o torneio teve de ser interrompido em
decorrência da Primeira Guerra Mundial.
Após os
conflitos, em 1920, a Transilvânia passou a fazer parte da Romênia e o clube
decidiu adotar o nome de CFR Cluj.
Foram mais
alguns anos de luta e nenhuma conquista.
Após a
Segunda Guerra, a equipe jogou uma temporada na Divizia C e conseguiu o acesso
para a segunda divisão do país.
Antes do
início da temporada 1947–48, o clube se uniu a outro time local, o Ferar Cluj,
e jogou a Divizia A pela primeira vez na história.
No entanto,
apenas dois anos depois, acabou rebaixado, ficando fora da elite da Romênia por
20 anos.
Em 1960,
outra junção.
Dessa vez,
com o Rapid Cluj, que resultou no surgimento do CSM Cluj.
Porém, em
1967, a equipe voltou com o seu nome original.
Os altos e
baixos
Sob o comando
de Constantin Radulescu, em 1969, o Cluj foi campeão da Divizia B com 40
pontos, cinco à frente da Politehnica Timisoara.
Depois de
duas temporadas consecutivas escapando do rebaixamento na última rodada, a
diretoria resolveu agir para a época 1972–73: Mihai Adam, duas vezes artilheiro
do campeonato e considerado um dos melhores romenos de sua geração, foi
contratado do rival Universitatea Cluj.
O resultado
foi a melhor colocação do clube em sua história: 5° lugar, seis pontos atrás do
campeão Dínamo de Bucareste.
Na temporada
1973–74, mesmo com Mihai Adam sendo mais uma vez artilheiro com 23 gols, o Cluj
escapou do rebaixamento por pouco.
Já na época
seguinte, com muitos jogadores acima dos 30 anos, o clube foi condenado ao
descenso, marcando sua última participação na elite no século XX.
Depois de
vários anos alternando entre a segunda e a terceira divisão, além de quase
declarar falência na década de 90, uma nova esperança chegou à equipe.
Em janeiro de
2002, Árpád Pászkány, chefe da S.C. ECOMAX M.G., firmou uma parceria com o
Cluj, que logo conquistou o acesso para a Divizia B.
A campanha na
segunda divisão foi intensa. Logo no início da temporada, Pászkány foi
envolvido em um escândalo de compra de arbitragem.
Isso afetou o
desempenho da equipe, que perdeu partidas em sequência.
O técnico
Cioceri foi demitido, mas recontratado pouco tempo depois. Após sua volta, o
Cluj foi uma fênix: ganhou catorze e empatou uma partida nos últimos 15 jogos
do campeonato, alcançando a liderança da Divizia B pela primeira vez em 28
anos, e sendo campeão com um ponto de vantagem para o vice Jiul Petrosani.
O retorno à
primeira divisão em 2004 foi de altos e baixos. Depois de encerrar o primeiro
turno em sexto, na segunda metade do campeonato a equipe degringolou: somou
apenas doze pontos em 15 jogos.
Encerrou a
temporada na 11° colocação, conseguindo evitar o rebaixamento.
No ano
seguinte, o Cluj participou de sua primeira competição europeia: a Copa
Intertoto, que era formada pelos clubes que não alcançavam as principais
competições da Uefa, e que até aquele ano, era vencida por três clubes.
Depois de
eliminar FK Vetra, da Lituânia, Athletic Bilbao, Saint-Étienne, e FK Zalgiris
Vilnius, também da Lituânia, o Cluj fez uma das finais contra o RC Lens, da
França.
Derrota por 4
a 2 no placar agregado de dois jogos e vice-campeonato.
O período de
ouro
A temporada
de 2007–08, com o clube vivendo o seu centenário, foi perfeita.
Sob o comando
de Ioan Andone, o Cluj iniciou bem o campeonato, liderando a Liga com oito
pontos de vantagem ao fim do 1° turno, e ainda invicto.
Porém, o
desempenho caiu na segunda metade e o time foi ultrapassado pelo Steaua
Bucareste faltando apenas duas rodadas.
Nelas, a
equipe somou seis pontos, e o Steaua, só três.
O Cluj se
tornou a primeira equipe de fora da capital romena a conquistar o campeonato
nacional em 17 anos, além de conseguir uma vaga na fase de grupos da Champions
League.
Três dias
depois da Liga ser vencida, o clube bateu o Unirea Urziceni por 2 a 1 e foi campeão
da Copa da Romênia.
É importante
ressaltar que há apenas seis temporadas, o Cluj estava na terceira divisão do
país.
Na Champions
League de 2008–09, o Cluj ficou no grupo A, ao lado de Roma, Chelsea e
Bordeaux, da França.
Apesar de ter
encerrado em último lugar, os quatro pontos conquistados foram significativos:
empate em 0 a 0 na Romênia contra o Chelsea, e vitória por 2 a 1 contra a Roma,
em pleno Estádio Olímpico.
Juan Emmanuel
Culio, autor dos dois gols, foi o herói do triunfo.
O Cluj
voltaria a ser campeão romeno nas temporadas de 2009–10 e 2011–12, justificando
os altos investimentos em infraestrutura, gerência e transferências de
jogadores.
Na temporada
2014–15, as dificuldades financeiras prejudicaram o desempenho em campo.
Por dívidas,
a Federação Romena de Futebol decidiu tirar 24 pontos do clube, que acabou
caindo para a última colocação da Liga.
Em maio de
2015, porém, após novo julgamento, a Corte decidiu retroceder e devolveu os
pontos retirados.
No entanto, a
Uefa puniu o clube, proibindo-o de participar de suas competições durante
alguns anos. O Cluj acabou a Liga na 3ª colocação.
Já em 2016,
depois de derrotarem o Dínamo Bucareste nos pênaltis, venceram novamente a Copa
da Romênia, sendo a sua primeira conquista desde 2012.
No ano
seguinte, o empresário Marian Bagacean comprou 62% das ações do clube,
ajudando-o financeiramente ao tornar-se o sócio-majoritário.
Após o fim do
período de punição imposto pela Uefa, o Cluj pôde voltar a participar das
competições europeias, inclusive estando presente nas últimas duas edições de
Champions League.
Com a ajuda
do renomado técnico Dan Petrescu, o time é o atual bicampeão nacional, feito
inédito em sua história.
Alguns
jogadores conhecidos, como o lateral uruguaio Álvaro Pereira, passaram pelo
Cluj.
O brasileiro
mais renomado foi o meia Júlio Baptista.
No entanto, o
seu período no clube rendeu uma situação curiosa: ele atuou por apenas 43
minutos e anotou um gol.
Ele assinou
contrato em agosto de 2018 e rescindiu em março de 2019, recebendo um salário
de cerca de 52 mil euros por mês.