domingo, maio 24, 2020

Eduardo Galeano: O homem da bola impressa...

Ilustração: Fabrizio Birimbelli

O homem da bola impressa

Por Lúcia Oliveira do Universidade do Esporte


Quando acompanhadas de uma bola, as crianças reúnem-se e vão ao encontro de algum lugar que as permitam colocar em prática o verbo preferido delas: brincar.

Nessas idas e vindas, acompanhadas de dribles, gols e até machucados, há quem nutra o sonho de ser um jogador de futebol.

Com Eduardo Galeano não foi diferente, mas ele, por se declarar um ótimo perna de pau com a pelota nos pés, jogou no mundo da bola de outra maneira, fez das palavras suas chuteiras e lançou-se nas canchas da literatura.

Autor de mais de 40 livros, jornalista e escritor, Eduardo Hughes Galeano nasceu em 3 de setembro de 1940, em Montevidéu, Uruguai.

Desde pequeno, sonhava em seguir carreira como jogador, porém a habilidade com os pés nunca foi seu forte e ele era um craque, daqueles que fazia a torcida cantar seu nome, apenas enquanto dormia, pois tudo não passava de sonhos.

Mesmo assim, o destino tratou de manter Galeano, de alguma maneira, ligado ao futebol.

Ainda na adolescência, aventurou-se como caixa de banco, pintor, mensageiro e datilógrafo.

Aos 14 anos, seu talento artístico falou mais alto e Eduardo vendeu sua primeira charge política chamada “Gius”, uma onomatopeia – irônica – de seu sobrenome de origem inglesa.

Seu primeiro livro foi publicado em 1963, quando já havia iniciado sua carreira jornalística como editor do jornal Marcha, veículo uruguaio bastante reconhecido em todo o território latino-americano.

A política também foi um campo em que Galeano atuou.

Em 1971, publicou uma das obras mais marcantes de sua vida: As veias abertas da América Latina.

No livro, analisou a história dessa localidade desde o período colonial até o contexto atual da época de publicação e retratou também a influência da exploração política e econômica dos Estados Unidos e da Europa.

Apesar de considerar a crítica social essencial no conteúdo de suas publicações, o futebol ainda estava ali, junto à caneta de Galeano.

Tanto que, em 1995, lançou O futebol ao Sol e à sombra.

Na obra, ele declara:

“Como todos os meninos uruguaios, eu também quis ser jogador de futebol. […] Os anos se passaram, e com o tempo acabei assumindo minha identidade: não passo de um mendigo do bom futebol. Ando pelo mundo de chapéu na mão, e nos estádios suplico:

— Uma linda jogada, pelo amor de Deus!”

O autor, além de torcedor do Nacional do Uruguai, era defensor do bom futebol, das belas jogadas, dos gols, e, por isso, para ele, a rivalidade entre clubes podia ser deixada de lado, afinal, o que importava de verdade era que, em campo, a partida lhe enchesse os olhos, mesmo que fosse um jogador de seu time do coração a sofrer um lençol do adversário.

“[…] E quando acontece o bom futebol, agradeço o milagre – sem me importar com o clube ou o país que o oferece.”

No mundo, há quem diga que algumas pessoas correndo atrás de uma bola é uma ação ilógica.

Segundo Galeano, isso só não faz sentido quando há um interesse rentável e essa era, dentro do meio esportivo, sua maior crítica.

Em uma entrevista exclusiva ao jornal Estado de S. Paulo, quando veio ao Brasil para participar da 2ª Bienal do Livro e da Leitura de 2014, em Brasília, disparou:

“Os dirigentes vivem como em um castelo muito bem guardado. E os protagonistas do futebol, os jogadores, trabalham como macacos de circo, ou seja, não são os receptores dos benefícios dos espetáculos que nos brindam – acredito que sejam fortunas, pois as contas são secretas. E os atletas atuam pelo prazer de jogar, o que é importante. Eu rogo a Deus para que os jogadores não percam esse prazer, pois, nos últimos anos, eles vêm sendo condicionados a apenas ganhar, o que resulta em mais dinheiro. Não aprovo essa identificação da bola como fonte de lucro. Nos últimos anos, o futebol tem perdido aquele brilho de encantamento que deveria marcar cada partida.”

Apesar das críticas e de o futebol ser, como ele mesmo definiu, “uma triste viagem do prazer ao dever”, o mundo da bola sempre foi uma de suas maiores paixões. Em tempos de Copa do Mundo, Galeano pendurava um cartaz na porta de sua casa com que dizia: “Fechado por motivo de futebol”.

Como se estivesse num verdadeiro teatro, ele, vestido de torcedor e representando a plateia, assistia ávido à apresentação, que contava com vários personagens.

Incerto sobre como seria o fim do espetáculo, esperando que a bola pudesse sinalizar “o orgasmo do futebol”, ou seja, o gol, Eduardo sofria com “o ídolo” caído no meio do gramado, com o goleiro – que mais era conhecido por “desmancha prazeres” – e, por fim, com o árbitro, aquele que “levanta as cores da condenação”.

Por último, mas não menos importante, há o palco em que acontece o espetáculo.

O estádio é a casa da torcida, é lugar de festa, bem como pode ser cenário de peças dramáticas e tristes.

Tudo é sentido intensamente na arquibancada, da vibração do cimento duro que flexiona nos pulos da massa até à tensão contagiosa na hora de um pênalti, mas depois do êxtase vem o sepulcral silêncio que deixa o ar palpável de tão pesado e é sinal de que o futebol deixou o gramado e sem a torcida perde-se a razão primeira de ser do estádio, fica o vazio.

“Você já entrou, alguma vez, num estádio vazio? Experimente. […] Não há nada menos vazio que um estádio vazio. Não há nada menos mudo que as arquibancadas sem ninguém.”

Todos esses sujeitos acima foram caracterizados um a um em O futebol ao Sol e à sombra, livro que Galeano finalizou dizendo:

“Escrevendo ia fazer com as mãos o que nunca ia ser capaz de fazer com os pés, eu não tinha outro remédio além de pedir para as palavras o que a bola, tão desejada, me tinha negado. Desse desafio, e dessa necessidade de expiação, nasceu este livro. […] Não sei se é o que quis ser, mas chegou a sua última página. E eu fico com essa melancolia irremediável que todos sentimos depois do amor e no fim da partida”.

Quem toma conhecimento do grande legado que Galeano deixou não imagina que sua educação formal não passou do primeiro ano do ensino secundário, fato que não o impediu de aprender, muito bem, a arte de narrar.

Talvez, justamente a ausência de uma formação acadêmica tenha lhe dado a oportunidade de olhar os gramados com a sensibilidade necessária para enxergar, no futebol, uma metáfora da vida.

Enquanto viveu, colecionou amigos, livros, felicidades, inimizades, histórias, doutorados Honoris Causa, tristezas e, sobretudo, palavras.

Em 2015, aos 74 anos, o avanço da idade já era significativo, mas não impedia que o uruguaio escrevesse.

Por outro lado, sua saúde foi driblada por um adversário que, em muitos casos, não é detido.

O câncer tomou conta do pulmão do famoso autor e em 13 de abril daquele ano, Galeano faleceu.

De acordo com ele, “a morte, muitas vezes, mente quando se imagina que uma pessoa morreu, ela continua viva na memória, nas conversas, nas decisões” e é exatamente assim que sua figura está até hoje. 

A literatura, universo em que marcou inúmeros gols – muitos deles de placa –, acolheu Galeano do mesmo jeito que a bandeira do time abraça o torcedor quando este vai ao estádio e deu ao uruguaio a chance de mostrar seu imenso talento em um gramado diferente, os livros.

França 1998...

Imagem: Michel Lipchitz/AP

A despedida do Parque Antártica...

Imagem: SE Palmeiras

A despedida do Parque Antártica

Há 10 anos, o Palmeiras goleou o Grêmio na despedida do estádio em que jogou por mais de 90 anos, deixou o Palestra Itália para dar lugar a reforma que ergueu o novíssimo Allianz Parque e catapultou o clube ao novo século

Pedro Henrique Brandão/Universidade do Esporte

Com o início dos anos 2010, uma boa nova chegou ao palmeirense: o estádio Palestra Itália seria reformado e se transformaria numa das arenas mais modernas do mundo.

Para isso, porém, o velho Parque Antártica de tantas alegrias teria de ir ao chão num ambicioso projeto arquitetônico que usaria o mesmo espaço do antigo estádio, reaproveitaria a arquibancada existente atrás do gol e faria surgir uma imponente arena para 40 mil torcedores.

Mesmo que a promessa fosse de um passaporte para o futuro, 11 entre 10 desconfiados palestrinos estavam com o porco atrás da orelha.

Como assim, demolir nossa casa?

Colocar abaixo o lugar onde conquistamos a América?

Onde vamos jogar?

É bom lembrar que há pouco tempo, o Palmeiras havia retomado o hábito de mandar seus jogos em casa e vivera a breve felicidade de sua história recente, por lá.

O Paulistão de 2008 havia sido conquistado no Jardim Suspenso, com direito a gás de pimenta, cala boca aos tricolores e goleada na Ponte Preta.

A identificação era evidente, era como se o Palmeiras nunca tivesse saído do Parque Antártica.

O investimento feito nos idos anos 1920 havia valido a pena.

O Palestra mandava seus jogos por ali desde 1917 e até 2010 conquistou um histórico invejável:

1569 jogos
1063 vitórias
318 empates
188 derrotas
3698 gols-pró

Foi no Parque Antártica, inclusive, que foi disputado o primeiro dérbi da história quando o Palestra venceu o Corinthians por 3 a 0 no campo que virou casa própria três anos depois.

Adquirir o Parque Antártica, antigo clube da cervejaria, foi rotulado como uma loucura para a época, mas foi sobretudo fruto de um grande desejo palmeirense como disse ao jornal Fanfulla, Menotti Falchi, presidente alviverde em fevereiro de 1920:

“Clubes menores possuem um campo. Temos de achar uma casa. Não é qualquer terreno que nos agrada, pois a grandeza da comunidade italiana e de nossos torcedores não concordaria. Um estádio moderno é o desejo de todo palestrino”

Por isso, naquele 22 de maio de 2010, um sábado, o palmeirense rumou a caminho da rua Turiassu.

O jogo contra o Grêmio estava marcado para as 18h30min, porém, a venda de ingressos pela internet ainda não era tão comum e chegar cedo em ocasiões como aquela poderia fazer a diferença entre conseguir ou não um ingresso.

Exatos 18.365 torcedores conseguiram comprar seus ingressos para assistir à última vez em que a bola rolou oficialmente no Parque e lotaram a casa.

Antes de a bola rolar, porém, a torcida protestou muito contra a diretoria pelo momento conturbado nos bastidores, afinal, ainda era maio e o Palmeiras já havia demitido dois treinadores e os prometidos reforços não chegavam ou quando vinham não eram nem de longe o que o torcedor esperava.

Quem entrou viu um Palmeiras com ânimo para driblar o momento ruim que o time vivia depois da ressaca do triste 2009.

Mesmo em crise e com um treinador interino no comando, o Palmeiras arrancou um placar animador contra o Grêmio: 4 a 2.

O Tricolor Gaúcho também não estava bem das pernas.

Aquela era a terceira rodada do Brasileirão 2010 e ao fim da partida, o Grêmio somava apenas um ponto.

Dirigido por Jorge Parraga, interino que era auxiliar de Antônio Carlos Zago, que por sua vez assumira o comando alviverde após a demissão de Muricy Ramalho, esse caótico Palmeiras entrou para sua última partida oficial no Parque Antártica com Marcos; Vitor, Léo, Danilo e Pablo Armero; Edinho, Márcio Araújo, Marcos Assunção e Cleiton Xavier; Ewerthon e Vinicius. Entraram no decorrer da partida Paulo Henrique, Maurício Ramos e Souza.

Àquela altura, o palmeirense reclamava dos nomes duvidosos que surgiam aos montes depois da implosão do projeto Luiz Gonzaga Beluzzo, mas nem imaginava o calvário que ainda enfrentaria nos anos seguintes.

Os elencos do título da Copa do Brasil 2012 e do quase rebaixamento em 2014 provam que o fundo do poço sempre poderia ser revogado.

Contrariando tudo que a imprensa poderia prever sobre aquele confronto, o primeiro tempo foi animado e logo aos 16 minutos o Palmeiras tirou o zero do placar com Ewerton.

Mais 15 minutos e Marcos Assunção começava a provar a importância que teria para o elenco em sua passagem pelo Alviverde, o volante lançou na área e Vinícius anotou o segundo tento palestrino.

No último minuto do primeiro tempo, Jonas descontou para o Grêmio.

A primeira etapa poderia acabar assim, mas Douglas e Marcos Assunção trocaram gentilezas nos acréscimos e expulsos foram curtir mais cedo a noite do sábadão paulistano.

Com menos homens em campo, o ritmo poderia cair na etapa final, mas os times repetiram exatamente o mesmo desempenho do primeiro tempo.

Porém, dessa vez, o Grêmio foi quem tomou a frente e empatou o jogo logo aos 3 minutos com Hugo.

Pressionado e motivado pelo Parque Antártica, o Palmeiras foi o time da virada pela última vez no Jardim Suspenso.

Aos 16 minutos, Mauricio Ramos subiu mais que a zaga gremista e colocou o Verdão na frente.

Empurrado pela voz do velho Palestra Itália, o Palmeiras se manteve no ataque e fechou a fatura com Cleiton Xavier.

Ao apito final, muitos torcedores ficaram um pouco mais dentro do estádio numa despedida comovente.

Outros foram se dispersando assim que o jogo acabou e proporcionaram pela última vez a bonita cena do fosso do Jardim Suspenso cheio de gente como se fosse a torcida que segurasse o time nos ombros.

Outro jogo de despedida foi marcado para o dia 9 de julho, mas o adversário — o Boca maldita — venceu e estragou o que era para ser festa.

Portanto, para qualquer bom palestrino que se preze, o que valeu foi a goleada no Grêmio naquele 22 de maio de 2010.

Os portões do número 1840 da rua Turiassu ficaram fechados por longos 4 anos e 5 meses até a inauguração do novíssimo Allianz Parque no dia 19 de novembro de 2014 e como na compra do Parque Antártica, a construção do moderno estádio foi taxada de loucura, mas isso é história para daqui a cem anos.

Nada é mais sem sentido que um estádio vazio...

Imagem: AP

O prejuízo causado pela pandemia ao Manchester United no primeiro trimestre de 2020...


35 milhões de dólares foi o prejuízo acumulado pelo Manchester United no primeiro trimestre de 2020, já com o efeito da pandemia nas finanças...

Fonte: Máquina do Esporte

sábado, maio 23, 2020

O que amor de um pai é capaz... o jovem torcedor curtiu "confortavelmente" o treino do Liverpool sentado na cabeça de seu pai.

Imagem: Peter Powell/EPA 

O CSKA Sófia e suas muitas facetas...


Não conheço, mas já vi! #12

As várias facetas do CSKA Sófia.

Dyego Lima/Universidade do Esporte

“When I first saw you, with your smile so tender, my heart was captured, my soul surrendered”.

O pequeno trecho acima pertence à música “It’s Now or Never”, da lenda Elvis Presley.

A canção é entoada pela torcida do CSKA Sófia enquanto seus jogadores entram em campo.

Mais do que por motivação, ela ilustra bem qual o sentimento dos aficionados pelo clube.

Fundado em 05 de maio de 1948, a equipe carrega o nome de Sófia, capital da Bulgária.

Tal como os outros CSKA’s, é um clube ligado ao Exército.

Originalmente, a sigla significa Centralen Sporten Klub na Armiyata.

Em português, Clube de Esportes Central do Exército.

Com 31 títulos nacionais, além de 20 Copas, é o maior time do país.

Desde 1967, o Bulgarian Army Stadium é lar do CSKA, construído no local de seu antecessor, o Athletic Park.

Sua capacidade é para cerca de 23 mil torcedores.

É lá que a equipe sedia o The Eternal Derby of Bulgaria, clássico contra o seu arquirrival Levski Sófia.

As várias fusões

Em outubro de 1923, Athletic e Slava Sófia se uniram, formando o Athletic Slava 1923, conhecido como AS-23, que tinha como patrono o Ministério da Guerra Búlgaro.

Apenas em 1931 o novo clube venceu o seu primeiro campeonato nacional.

Além dele, a Tsar’s Cup, antecessora da atual Copa da Bulgária, que seria ganha novamente em 1941.

No dia 09 de novembro de 1944, mais uniões.

Com o apoio de Mihail Mihaylov, contador do Ministério da Guerra, foi assinado um contrato de unificação, que juntaria Shipka Sófia, Athletic Slava e Spartak Poduene, para formar o Chavdar Sófia.

O general Vladimir Stoychev, do antigo AS-23, que na época estava lutando na Segunda Guerra Mundial, foi nomeado, por telegrama, presidente da nova instituição.

O advogado Ivan Bashev, futuro ministro das Relações Exteriores da Bulgária, foi apontado como dirigente de futebol.

Em fevereiro de 1948, novamente com a ajuda de Mihaylov, o Chavdar Sófia tornou-se um clube departamental, ligado à Casa Central das Tropas, e assumiu o nome de CDV (Centralnia Dom na Voiskata).
Para impedir que a equipe tivesse de iniciar nas divisões inferiores, os administradores buscaram algum time para nova fusão.

Em maio, um acordo foi firmado com o Septemvri Sófia, e eles passaram a jogar sob o nome de Septemvri pri CDV.

O contrato foi assinado no dia 5, que é considerada oficialmente a data de fundação do atual CSKA.

A nova equipe jogou sua primeira partida oficial em 19 de maio.

Empate por 1 a 1 contra o Slavia Sófia.

E, de forma surpreendente, acabaria alcançando a final do Campeonato Búlgaro em sua primeira temporada, uma vez que o Septemvri Sófia, antes da fusão, já havia garantido vaga nos play-offs. A decisão foi contra o arquirrival Levski.

Após derrota por 2 a 1 na primeira partida, a inédita conquista do Septemvri pri CDV foi garantida com um 3 a 1, fora de casa, no dia 9 de setembro, graças a um gol de Nako Chakmakov no fim do jogo.

A primeira escalação campeã consistia em: Stefan Gerenski; Borislav Futekov, Manol Manolov, Dimitar Cvetkov e Nikola Aleksiev; Nako Chakmakov, Dimitar Milanov, Stoyne Minev e Stefan Bozhkov; Nikola Bozhilov e Kiril Bogdanov.

A era de brilhantismo

Em 1950, a palavra Narodna (“povos”, em português) foi adicionada ao nome do clube, alterando a sigla para CDNV.

Além da dobradinha Liga-Copa já em 51, a equipe venceria o nacional novamente no ano seguinte. Em 53, o time foi renomeado pelas autoridades mais uma vez.

Agora, para Otbor na Sofiyskiya Garnizon. Traduzindo, “Equipe da Guarnição de Sófia”.

Por conta de transferências ilegais, o clube acabou perdendo o título búlgaro daquele ano.

Na temporada seguinte, adivinhe?

Novo nome.

Desta vez, CDNA, que significa “Casa Central do Exército Popular”.

E a nova nomenclatura não poderia ter dado mais sorte.

O período entre 1954 e 1962 ficou marcado como o mais bem-sucedido da história dos Reds.

Foram nove campeonatos nacionais consecutivos, um deles de maneira invicta.

Uma sequência sem precedentes no futebol búlgaro.

O período “gangorra”

Após o último dos nove troféus, o CDNA uniu-se ao DSO Cherveno Zname, formando o CSKA Cherveno Zname.

A Casa Central das Tropas Populares encerrou seu vínculo com o clube, que foi assumido pelo Ministério da Defesa do Povo.

Depois de um terceiro lugar na temporada 1962–63, a seguinte marcou o pior desempenho do clube até aquele momento: 11° colocação, só três pontos acima da zona de rebaixamento.

Como resultado, o lendário técnico Krum Milev foi demitido após 16 anos no cargo.

O CSKA não conquistaria nada até 1965, quando venceria a Copa nacional.

Na temporada seguinte, a equipe registraria seu melhor desempenho em uma competição continental.

O time eliminou Sliema Wanderers, de Malta, Olympiakos, Górnik Zabrze, da Polônia, e Linfield, da Irlanda do Norte, para chegar às semifinais da Copa dos Campeões, onde a Internazionale a esperava.

Após dois empates por 1 a 1, os italianos venceram o terceiro jogo por 1 a 0 e avançaram.

A Liga nacional seria conquistada com um ponto de vantagem para o rival Levski.

Em 1969, após nova fusão no ano anterior, o Campeonato Búlgaro foi vencido novamente.

Contratado naquela temporada, Petar Zhekov anotou impressionantes 36 gols e garantiu a artilharia pelo terceiro ano seguido.

Com 253 tentos, ele é, até hoje, o máximo goleador da história do campeonato nacional.

Um time incansável

Na década de 70, as conquistas não cessaram.

Na Liga, seis títulos, com direito a novo tricampeonato consecutivo nas primeiras três temporadas.

Na Copa, mais quatro troféus, sendo três em sequência entre 72 e 74.

Além disso, os resultados a nível continental voltaram a chamar atenção.

Na Copa dos Campeões de 1973–74, o clube eliminou ninguém menos que o Ajax, atual tricampeão do torneio.

Acabaria sendo desclassificado nas quartas pelo Bayern de Munique, que venceria a competição.

Já em 1980–81, novos resultados memoráveis para o CSKA.

Além de novo título da Liga, que seria mantido até 83–84, mais surpresas na Copa dos Campeões.

O clube eliminou o atual campeão Nottingham Forest na primeira fase.

Seria parado nas quartas pelo Liverpool, futuro vencedor.

Na temporada seguinte, os Reds chegaram à sua segunda semifinal do torneio europeu.

Real Sociedad, atual campeão espanhol, Glentoran, da Irlanda do Norte, e o Liverpool ficaram pelo caminho.

No último passo antes da grande decisão, novo encontro com o Bayern de Munique.

O CSKA venceu a ida por 4 a 3, mas na volta, com dois de Breitner e dois de Rummenigge, os alemães fizeram 4 a 0 e avançaram.

Em 18 de junho de 1985, um episódio marcante aconteceu.

Durante a final da Copa da Bulgária, CSKA e Levski Sófia travaram uma verdadeira batalha em campo, com direito a ataque a um dos árbitros.

Os Reds acabaram conquistando a taça após um 2 a 1, mas o pior ainda estava por vir.

Após decreto do Comitê Central do Partido Comunista Búlgaro, ambas as equipes foram dissolvidas e refundadas sob nova direção.

O CSKA passou a se chamar Sredets, enquanto o Levski recebeu o nome de Vitosha.

Além disso, alguns jogadores foram proibidos de participar de duelos oficiais por períodos variados, incluindo Hristo Stoichkov e Kostadin Yanchev.

A decisão foi revertida um ano depois.
Novas direções

Em 1987, o clube foi renomeado para CFKA Sredets (Clube Central de Futebol do Exército).

Os três anos seguintes foram de esplendor, mesmo com o Septemvri Sófia encerrando a parceria e tornando-se uma equipe independente novamente.

Sob o comando de Dimitar Penev, o campeonato nacional daquela temporada foi conquistado.

Os Reds também chegaram à semifinal da Cup Winner’s Cup de 1989.

Depois de eliminar Internacional Bratislava, da República Tcheca, Panathinaikos, e Roda JC, da Holanda, acabaram encontrando o Barcelona.

Os comandados de Johan Cruyff venceram os dois jogos e avançaram.

Foram nesses confrontos que o gênio holandês notou o talento de Stoichkov e decidiu levá-lo ao clube catalão.

No início da década de 90, com a queda do comunismo, o futebol búlgaro passou por algumas mudanças.

O clube conseguiu voltar com o nome de CSKA e conquistou o título da Liga em 1989/90 e 91/92.

O ex-jogador Valentin Mihov se tornou presidente da instituição e trouxe alguns dos principais nomes do país para a equipe, tais como Yordan Letchkov, Ivaylo Andanov e Stoycho Stoilov.

Pouco tempo depois, Mihov saiu para assumir a presidência da União Búlgara de Futebol.

Petar Kalpakchiev substituiu-o no comando do clube.

O CSKA teve uma temporada complicada em 1994–95, com várias trocas de treinadores.

Isvetan Yonchev chegou a ficar apenas um dia na equipe.

Tudo isso resultou em um quinto lugar na Liga, 33 pontos atrás do rival e campeão Levski Sófia.

Ao fim da temporada, Plamen Markov foi escolhido para treinar o time e remontar o elenco.

Vários jogadores da Seleção Juvenil do país chegaram.

No entanto, após uma primeira metade de campeonato decepcionante, Markov foi substituído por Georgi Vasilev.

O novo comandante lideraria o time à dobradinha Liga-Copa em 1996/97.

No verão de 1998, Dimitar Penev retornou para sua segunda passagem como técnico dos Reds.

Ele conquistou a Copa da Bulgária, mas decepcionou na Liga, ficando apenas em quinto, 23 pontos atrás do campeão Litex.

Nessa temporada, os jovens Martin Petrov, Stilian Petrov, Dimitar Berbatov e Vladimir Manchev começaram a desempenhar papel importante na equipe titular.

A história recente

Depois de alguns anos em baixa, no verão de 2002, o CSKA anunciou o ex-jogador Stoycho Mladenov como novo treinador.

Com ele, a equipe estabeleceu um recorde de 13 vitórias consecutivas na Liga, sendo campeão nacional pela primeira vez desde 1997.

Na temporada seguinte, Mladenov seria demitido após ser eliminado da Champions League pelo Galatasaray, e da Copa Uefa pelo Torpedo Moscou.

Após mais um período sem tanta empolgação, para 2007/08 o clube foi às compras.

Porém, elas não surtiram efeito imediato. O CSKA foi eliminado na primeira rodada da Copa Uefa pelo Toulouse graças a um gol de Gignac aos 96 minutos da partida de volta.

Na Copa da Bulgária, queda nas oitavas diante do Lokomotiv Plovdiv.

E essa partida teve polêmica.

Stoyko Sakaliev, Aleksandar Branerov e Ivan Ivanov estavam emprestados pelo CSKA ao adversário.

Por cláusula contratual, não poderiam ter entrado em campo, mas jogaram mesmo assim.

O Lokomotiv não foi punido.

No entanto, ao final da temporada, os Reds conquistaram o título da Liga de forma invicta, com 24 vitórias e seis empates.

Em junho de 2008, nova polêmica.

Dias após a conquista do 31° título nacional, a Uefa notificou a União Búlgara de Futebol de que o CSKA não receberia licença para participar da próxima Champions League por dívidas não pagas.

A vaga na competição europeia caiu no colo do Levski Sófia.

Os Reds viram como real a chance de ter de se tornar um clube amador.

A culpa foi toda para cima de Aleksandar Tomov, que renunciou à presidência do clube pouco depois e acabou preso, acusado de desviar impostos do CSKA e da Kremikovtzi AD, uma empresa metalúrgica do país.

Os problemas extracampo e a crise financeira levaram o clube ao caos, com muitos dos principais jogadores indo embora.

Dimitar Penov retornou com a missão de salvar o clube.

Após cumprir todos os licenciamentos, o clube foi liberado pela União Búlgara de Futebol para participar das competições.

O elenco foi formado com vários atletas das categorias de base.

Para surpresa geral, o CSKA conquistou a Supercopa da Bulgária, batendo o Litex por 1 a 0.

Pouco a pouco, o clube ia respirando.

Se dentro de campo os resultados ainda não eram os melhores, fora dele, a equipe ia ajustando suas finanças.

Em 2011, novas alegrias. Milen Radukanov chegou para treinar o time.

Sob seu comando, dois títulos.

Primeiro, a Copa da Bulgária, batendo o Slavia Sófia por 1 a 0 na final.

Em seguida, a Supercopa, vencendo o Litex por 3 a 1.

Em 2013, por novas complicações financeiras, vários jogadores foram embora.

Na mídia, circulava especulações de falência do CSKA.

A equipe foi retirada da Europa League, provocando protestos da torcida.

O clube foi posto à venda, sendo comprado em 10 de julho pelo Red Champions Group, uma união de empresários e lendas do clube.

O líder do grupo era Aleksandar Tomov, amplamente responsabilizado pela crise em 2008.

Stoycho Mladenov retornou ao cargo de técnico.

Em 21 de março de 2014, como parte do plano de reduzir dívidas e tornar as finanças mais transparentes, o CSKA se tornou o primeiro clube da Europa Oriental a tornar pública as suas negociações, listando-se na Bolsa de Valores da Bulgária.

Em 02 de abril de 2015, Tomov transferiu o controle do clube para Milko Georgiev e Borislav Lazarov.

A ideia era encontrar um novo proprietário, alguém que pudesse pagar as numerosas dívidas da instituição.

Em 24 de abril, foi definido que a corporação Finance Marketing Company Ltda. seria a nova dona do time.

O CSKA terminou a Liga em 5°, mas por conta dos valores não financiados, a União Búlgara de Futebol acabou rebaixando o time para a terceira divisão.

Em 24 de junho, o empresário Grisha Ganchev tornou-se proprietário da equipe.

Plamen Markov, lenda do clube, e Hristo Yanev foram apontados como diretor de futebol e técnico, respectivamente.

Em 25 de maio de 2016, como clube amador, o CSKA Sófia bateu o Montana por 1 a 0 e conquistou a sua 20° Copa da Bulgária.

Tornou-se o primeiro time da terceira divisão a vencer a competição.

Na última temporada, o saldo da equipe foi positivo.

Já de volta à elite búlgara, o CSKA foi vice da Liga, cinco pontos atrás do Ludogorets.

Na Copa, eliminação para o Botev Plovdiv na semifinal.

O Bayern de Munique não vai exercer o direito de compra e Coutinho deve retornar ao Barcelona...

Imagem: Autor Desconhecido

Karl Heinz Rummenigge confirmou nesta sexta-feira em entrevista ao "Der Spiegel" o que todo mundo já sabia: o clube alemão não ficará com Coutinho, ou pelo menos não no momento...

"A opção já expirou e não a exercemos, agora teremos que concluir o planejamento da equipe para a próxima temporada e veremos se o jogador ainda pode ter um papel a desempenhar conosco ou não".

O jogador brasileiro emprestado pelo Barcelona ao Bayern de Munique, não teve atuações convincentes...

Coutinho, que agora está lesionado, disputou 32 jogos na Alemanha nesta temporada, marcando 9 gols e contribuído com 8 assistências.

Haaland: o goleador que veio do norte...

Imagem: AP

A Liga Italiana e o governo vão começar a negociar a volta do futebol...


A Liga Italiana e o governo vão se reunir no próximo dia 28 de maio para discutir de que forma poderão ser retomados os jogos da Serie A...

O documento de 36 páginas será o ponto de partida para a conversa entre os responsáveis pelo futebol e autoridades governamentais.

Entretanto, um ponto tem chamado a atenção...

O que diz respeito à interação entre jogadores e árbitros durante os jogos: "Os jogadores estão proibidos de protestar com os árbitros ou delegados ao jogo e têm de manter sempre, em qualquer circunstância, uma distância de pelo menos um metro e meio".

Outra proposta é a permissão de no máximo 300 pessoas nos estádios onde os jogos serão realizados...

Os atletas das equipes que jogarem "em casa" devem se dirigir ao estádio em seu próprio veículo.

Os ônibus que transportarem as equipes visitantes deverão ser desinfetados antes das viagens de ida e volta...

Também foi sugerido no documento a proibição de uso de gelo para jogadores que se lesionem durante um encontro e da contratação de empresas externas para o fornecimento de comida pelos clubes.

A liga quer ainda proibir a presença de mascotes nos estádios, assim como, das crianças que entram com os jogadores em campo...

A proposta prevê ainda a abolição da habitual fotografia de grupo antes do início da partida.

Por fim, todas as pessoas serão obrigadas a preencher um questionário ao entrar nos estádios sobre possíveis sintomas de covid-19 que sintam ou tenham sentido nos dias ou semanas anteriores.

sexta-feira, maio 22, 2020

O Dr. Roberto Vital, médico do ABC FC é o mais novo membro da Academia Brasileira de Medicina de Reabilitação...

Imagem: Bruno Póvoa 

O Dr. Roberto Vital, médico do ABC FC é o mais novo membro da Academia Brasileira de Medicina de Reabilitação...

O médico recebeu nesta quarta-feira (20) o comunicado de sua eleição para ocupar a cadeira 52, que tem como patrono o Dr. Henrique Dodsworth, médico, advogado e político (1895/1975).

A Academia Brasileira de Medicina de Reabilitação, fundada em 26 de janeiro de 1972, na sede do Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro, em sessão presidida pelo Dr. Renato C. Bonfim, é constituída por 70 cadeiras, assim compostas...

Medicina: 40 cadeiras; Cirurgia: 20 cadeiras e Ciências aplicadas à Medicina: 10 cadeiras.

Postulado da Academia

A prática da reabilitação baseia-se na crença filosófica de que a responsabilidade do médico ou de qualquer especialista não termina quando a doença é vencida ou completada a fase cirúrgica; só termina quando o indivíduo volta a viver e a trabalhar com o que lhe restou de suas capacidades (Howard Rusk).

O dia em que Bryan Robson destroçou o Barcelona de Maradona - Old Trafford 1984 - Manchester United 3x0 Barcelona...

Imagem: Getty Images