quarta-feira, janeiro 15, 2020

URSS: Um craque contra os burocratas...

Imagem: Autor Desconhecido

Um craque contra os burocratas

Roberto Jardim/Ludopédio

A luta pela liberdade nem sempre empunha bandeiras.

E na maioria das vezes ganha pouca repercussão quando é individual.

Foi assim com esse soviético chamado de Pelé Russo devido ao talento apresentado com a bola no pé.

Além do apelido que remete ao Rei, ele também pode ser comparado a outros dois grandes nomes do futebol mundial: Afonsinho e George Best.

Aos 16 anos já era apontado como futuro astro da seleção da então União Soviética.

Aos 19, porém, bateu de frente com os burocratas soviéticos e acabou exilado dentro da URSS às vésperas da Copa do Mundo da Suécia, em 1958, justamente aquela na qual o Rei do Futebol debutou.

Quase como antecessor de Afonsinho, segundo Pelé o primeiro homem livre do futebol, seu crime foi defender o direito de jogar bola onde queria: o time que o revelou ao futebol.

Além disso, como o irlandês Best, teve uma vida boêmia, o que também não agradava os poderosos do Kremlin naqueles anos pós-stalinismo.

Assim como Edson Arantes do Nascimento, no Brasil, Eduard Anatolyevich Streltsov, já mostrava antes dos 16 anos todo seu talento com a bola no pé nos campos de Moscou, capital da então União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.

A partir dessa idade, assim como Pelé encantou os estádios brasileiros, o moscovita ganhou os gramados soviéticos, levando torcedores a se amontoarem nas arquibancadas para vê-lo jogar pelo Torpedo.

Titular dos Automobilistas, como é conhecido o alvinegro moscovita, desde 1953, Eduard era o xodó da torcida e do técnico Nikolai Morozov.

Naquele mesmo ano, debutava com a camisa vermelha com a característica sigla CCCP (o equivalente a URSS, no alfabeto cirílico), confirmando o que se esperava dele: marcou três gols nos primeiros 45 minutos.

O jogo contra a Suécia terminaria 6 a 0, com show de Eduard.

Ali ele deslanchou.

Era tido como figurinha certa no álbum da seleção soviética para o Mundial de 1958.

Enquanto o eterno camisa 10 do Santos, já famoso como Pelé, brilhava, estreando justamente contra a URSS — o craque de 17 anos deu passe para um dos dois gols de Vavá marcou naquela partida –, Eduard, porém, sequer embarcou para aquele Mundial.

Garoto ainda, amargava os primeiros dias dos 12 anos de prisão em um gulag na Sibéria.

O crime alegado foi um estupro denunciado por uma jovem, em maio daquele ano.

O abuso jamais foi oficialmente comprovado.

Meses antes de a alegação de agressão vir à tona, Eduard, então com 19 anos, havia se recusado duas vezes a deixar o seu Torpedo, além de ter negado um pedido de casamento de uma adolescente filha de um alto nome do Politburo – o centro nervoso da burocracia soviética.

A URSS pós-Stalin

Antes de seguirmos com a história de Eduard, vale lembrar como era a União Soviética daqueles anos.

Depois de revolução de 1917, a URSS viveu momentos de luta interna pelo poder, estabilizando-se quando Joseph Stalin assumiu o poder a partir de 1920, com a morte de Vladimir Ilyich Ulianov Lenin.

Com mão de ferro, eliminando oposicionistas e incentivando a industrialização do País, Stalin fechou a URSS ao restante do mundo.

Depois de ajudarem na vitória sobre a Alemanha na Segunda Guerra (1939–1945), os soviéticos “ganharam” uma série de países-satélite – Iugoslávia, Polônia, Tchecoslováquia, Bulgária, Hungria, além da Alemanha Oriental, entre outros –, formando um bloco chamado de Cortina de Ferro, apelido que reforçava o tom de isolamento.

Nesse mesmo período iniciava-se a Guerra Fria – disputa da hegemonia mundial entre o capitalismo, liderado pelos EUA, e o comunismo, pela URSS.

Foi na época de Stalin que surgiram o gulag e o significado tenebroso que Sibéria passou a ter para os soviéticos.

O primeiro termo é a sigla em russo para o sistema de campos de trabalhos forçados para criminosos, presos políticos e qualquer cidadão em geral que se opusesse ao regime.

As prisões que levaram esse nome surgiram em 1930.

Antes, na época dos czares, chamavam-se Katorga, e tinham a mesma finalidade.

Já a Sibéria é uma das regiões mais inóspitas do mundo.

Localizada entre os montes Urais e o Oceano Pacífico e entre o Norte do Cazaquistão e o Oceano Ártico, a vasta planície era praticamente isolada do restante da URSS.

Por isso, o envio para lá, fosse a trabalho pelas forças comunistas, fosse para o cumprimento de uma pena, era considerado praticamente a morte perante o restante da sociedade.

Depois de 33 anos exercendo o poder com base no terror contra adversários e aliados, com a execução de milhões de pessoas, Stalin morreu em 5 de março de 1953, em meio a preparativos de nova onda de perseguições e campanhas repressivas.

O motivo de sua morte jamais foi explicado.

Seu substituto imediato foi Gueorgui Malenkov, que morreu dois anos depois, deixando o cargo para Nikita Khrushchev.

Apesar de criar o Pacto de Varsóvia, em resposta à Organização do Tratado do Atlântico Norte, a OTAN, fundada pelos EUA e pelos países da Europa Ocidental, o novo comandante soviético foi o principal mentor da coexistência pacífica entre as duas potências.

A doutrina defendia o fim das agressões entre as nações e foi um dos responsáveis pela resolução da Crise dos Mísseis, em outubro de 1962.

Foi nesse ambiente que Eduard bateu de frente com os representantes do poder.

Vale lembrar, ainda, que criado com histórica fábrica de automóveis ZIL – daí o apelido Automobilistas –, o alvinegro moscovita era próximo do sindicato dos trabalhadores na indústria automotiva.

O Spartak sempre foi o time do povo, o Lokomotiv representava os ferroviários, e os dois maiores, CSKA e Dynamo, eram ligados, respectivamente, ao Exército Vermelho e à KGB (sigla de Comitê de Segurança do Estado, em russo, temido serviço secreto da URSS).

Todas as cinco equipes são de Moscou.

Assim, os jogos dos três times menores contra CSKA e Dynamo eram dos poucos momentos de protestos contra o regime, o que era impossível acontecer nas ruas.

Nos clássicos da capital, as torcidas de Torpedo, Spartak e Lokomotiv aproveitavam para se manifestar: “bei militsia!” (“peguem os policiais” ou “peguem os soldados”).

Descoberto no chão de fábrica

Voltando à história de Eduard, o craque nasceu na localidade de Perovo, nos arredores de Moscou, em 21 de julho de 1937.

Desde cedo foi ligado ao futebol.

Era torcedor do time do povo, como é conhecido o Spartak.

Seu talento precoce, todavia, surgiu próximo ao Torpedo, quando foi descoberto no pátio da ZIL, aos 13 anos.

Por volta de 1950, enquanto jogava contra um time das categorias de base do Torpedo, chamou a atenção dos responsáveis pela equipe e acabou recrutado.

Três anos depois, estreava pelo grupo principal do Alvinegro.

Já na primeira partida, um amistoso, mostrou todo seu talento, marcando quatro gols.

Em 1954, aos 17 anos, seria o mais jovem jogador a marcar um gol na primeira divisão soviética.

Com craque em campo, o Torpedo, hoje na terceira divisão russa, fez um dos seus melhores campeonatos, em 1955, com Eduard sagrando-se artilheiro, com 15 bolas na rede.

Em 1956, o craque ajudou o time soviético na conquista da medalha de ouro na Olimpíada de Melbourne.

Na final, contra a poderosa Iugoslávia, vitória por 1 a 0, nosso personagem não esteve em campo.

O motivo: uma ordem vinda de Moscou mandava o técnico Gavril Dmitriyevich Kachalin escalar apenas jogadores do CSKA e do Dynamo.

Eduard não se importou, mas decidiu fazer de 1957 seu ano.

De 21 de julho até 26 de outubro, ele marcou 22 gols pelo Alvinegro, levando a equipe ao vice-campeonato.

Ao mesmo tempo, nas eliminatórias para a Copa do ano seguinte, entre junho e novembro daquele ano, foi a estrela dos Cientistas da Bola, como era conhecida a seleção soviética.

Seus fãs intitularam o período como “os 100 Dias de Streltsov”.

Tudo levava a crer que ele brilharia nos gramados suecos em 1958.

A expectativa, porém, jamais foi confirmada.

Como em qualquer lugar do mundo, o talento nos gramados leva à fama e ao assédio dos fãs e de outros clubes.

Os tempos eram outros, claro, principalmente em um país extremamente fechado, como a URSS.

Mesmo assim, o craque desfrutava de benesses como convites para festas — e a partir daí, acesso a bebidas e a mulheres como quase nenhum outro soviético.

Além disso, aproveitava-se do sucesso para, como os boleiros de hoje em dia, viver como bem entendia, encarnando, dessa forma, a rebeldia juvenil contra a tirania do regime totalitário de então.

Dessa forma, acabou chamando a atenção dos poderosos, mas da pior maneira.

Afinal, sua vida boêmia e sua visibilidade incomodavam o Kremlin.

Os burocratas achavam Eduard incontrolável — lembram que o comparamos ao irlandês George Best? –, com seus cortes de cabelo nada convencionais e sua presença constante em bares e festas.

Tinham medo do que poderia representar para os jovens a sua vida de excessos.

Afinal, era um cidadão da Cortina de Ferro vivendo como se estivesse em um país capitalista do Ocidente.

Das canchas ao gulag

Assim, o regime tentou levá-lo para um dos clubes mais próximos, ou o do Exército Vermelho (CSKA) e ou o da KGB (Dynamo).

O objetivo era controlá-lo de perto.

As duas propostas foram recusadas pelo craque.

Eduard não pretendia trocar seu Torpedo por qualquer outro time da União Soviética — principalmente os dois mais militarizados.

Quase ao mesmo tempo, envolvia-se em uma confusão romântica.

Ao iniciar namorico com Svetlana, filha da primeira deputada na História do Politburo, acabou desagradando mais ainda os poderosos comunistas.

A primogênita de Ekaterina Furtseva, então ministra da Cultura e mulher mais influente no Comitê Central do PC, era apenas uma das inúmeras conquistas amorosas do craque.

A jovem de 16 anos havia pedido Eduard em casamento, o que o craque menosprezou, referindo-se à garota em termos pouco lisonjeiros.

Logo em seguida, em meio aos treinamentos da seleção soviética para o Mundial, saiu com dois colegas a uma festa organizada por um militar.

Seria a interrupção precoce da sua carreira.

No dia seguinte, era acusado de abusar de uma garota de 20 anos.

As provas, porém, não eram conclusivas e os testemunhos eram conflitantes — os dois jogadores que farrearam com ele não confirmaram o crime.

Ameaçado pela polícia e ludibriado a confessar para poder jogar o Mundial da Suécia, acabou condenado a 12 anos de prisão, pena que seria cumprida no gulag de Vyatlag.

Suspeitas são levantadas até hoje sobre o resultado do julgamento.

Segundo seus defensores, a ordem para a condenação partiu de cima, do secretário-geral do PC e presidente da URSS, Nikita Khrushchev.

O motivo, o dirigente político era amigo íntimo de Ekaterina.

O sonho de disputar a Copa do Mundo morria naquele maio.

Além de preso, Eduard também foi praticamente expurgado, esquecido até pelas revistas e jornais esportivos.

Pouco se sabe dos seus dias na prisão.

Conta-se que os primeiros meses foram os mais difíceis, inclusive com Eduard tendo sido vítima de agressões que o deixaram hospitalizado por quatro meses.

Enquanto a seleção da CCCP era eliminada nas quartas-de-final nos Mundiais da Suécia, em 1958, e do Chile, em 1962, e o Torpedo erguia pela primeira vez a taça do Soviético, em 1960, ele vivia as agruras dos trabalhos forçados.

Seus dias na prisão só não foram piores por conta de um dos diretores do gulag.

Torcedor fanático dos Automobilistas e fã incondicional de Eduard, o chefe da carceragem deu um jeito de ajudar o craque, mantendo-o boa parte do tempo no hospital da prisão, onde tinha alimentação melhor.

Assim, em 1963, acabou libertado sete anos antes do final da pena por boa conduta.

Mesmo com os rins comprometidos pelas condições a que foi submetido na prisão, o craque voltou a jogar.

Não como queria, porém.

Sem autorização para atuar profissionalmente, batia bola no pátio da ZIL, onde passou a trabalhar após sua libertação, como quando tinha 13 anos.

Seus pedidos para voltar a jogar pelo Torpedo só foram aceitos quando o poder mudou novamente de mãos, em outubro de 1964.

Naquele mês, enquanto desfrutava de férias, Khrushchev foi chamado ao Kremlin.

Ali, o então primeiro secretário do Comitê Central do PC, Leonid Brezhnev, anunciou sua aposentadoria.

Escolhido novo secretário-geral e, depois, presidente do PC e da União Soviética, Brezhnev assumiu com todo o poder de seus antecessores.

Fã de futebol e torcedor do Spartak, o novo líder soviético acabaria revogando as condenações de Eduard.

Teria dito:

– Um encanador pode voltar a trabalhar como encanador depois de cumprir sua pena. Por que um jogador de futebol não pode voltar a jogar?

Apesar dos problemas de saúde, o Pelé Russo provou que ainda era craque.

No seu retorno, levou os Automobilistas ao segundo e ao terceiro títulos nacionais, em 1965 e 1968, respectivamente.

Voltando em grande estilo, foi pretendido pelo Dynamo.

O assédio veio com a proposta de que, se trocasse de clube, disputaria a Copa de 1966, na Inglaterra.

Rebelde e decidido como era, a resposta não poderia ter sido outra: “não”.

– Eu sou Torpedo e só jogarei pelo Torpedo. Se antes errei me prejudicando, agora sei que é a coisa certa porque nada mais tenho a perder. Já perdi tudo — teria dito aos cartolas.

Como vinha jogando bem, os burocratas se apressaram a lançar uma desculpa para a sua ausência na seleção vermelha.

Segundo o Pravda, órgão oficial do PC e jornal de maior tiragem no mundo à época, como ex-prisioneiro, Eduard não tinha o direito de defender a camisa com a sigla CCCP no peito.

Sua resposta voltou a ser dada no campo.

Por suas atuações nas canchas, foi eleito jogador do ano em 1967 e 1968.

Após o Mundial de 1966, foi novamente chamado pela seleção, para um amistoso contra a então campeã do mundo, Inglaterra, em Londres.

A partida terminou empatada em 2 a 2, e Eduard foi escolhido o melhor da partida.

Pendurou as chuteiras em 1970.

Apesar dos anos de prisão, teve uma carreira brilhante.

Em 237 jogos pelo Alvinegro, marcou 105 gols e levantou duas taças nacionais.

Pela seleção, os números surpreendem ainda mais, 25 gols em 38 jogos.

Assim que se aposentou, passou a atuar como treinador das divisões de base do Torpedo.

O clube era sua vida.

Ali passava seu dia a dia, até morrer de câncer de garganta — uma das sequelas dos anos de prisão e excessos com álcool e fumo –, em julho de 1990, um dia depois de completar 53 anos.

Seis anos depois, o estádio dos Automobilistas passou a se chamar Eduard Streltsov, com direito a estátua em sua homenagem.

Uma reportagem publicada num jornal russo em 1997 revelou que a suposta vítima de estupro em 1958 foi vista colocando flores no túmulo do craque no dia seguinte ao aniversário de sua morte naquele ano.

Imagem: Autor Desconhecido

terça-feira, janeiro 14, 2020

O dia em que meu pai me levou pela primeira vez ao futebol... (até aqui a foto mais bonita do Campeonato Potiguar de 2020)

Imagem: Marcos Arboés/Universidade do Esporte

O gol do Notts County, marcado por Michael Doyle, na vitória sobre o Dagenham & Redbridge, por 2 a 1, em partida válida pela National Conference (Quinta Divisão da Inglaterra)...

Para o Rangers não existe prazer maior que vencer o Celtic, no Celtic Park...

Imagem: Stuart Wallace/BPI/Rex/Shutterstock

América e ABC vão reinar no estadual... os outros, que outros?

Imagem: Marcos Arboés/Universidade do Esporte

Este ano ao que parece todas as “emoções” ficarão por conta de América e ABC...

Diante do que mostraram até aqui, Santa Cruz, Potiguar, Globo, ASSU, Palmeira e Força e Luz, não farão outra coisa a não ser brigar contra o rebaixamento.

Goleiro num canto, bola no outro...

Imagem: Michael Zemanek/BPI/Rex/Shutterstock 

Kimia Alizadeh, medalha de bronze no taekwondo, nos Jogos Olímpicos do Rio 2016, deixou o Irã e está em Eindhoven, nos Países Baixos...

Imagem: Autor Desconhecido

A iraniana Kimia Alizadeh, medalha de bronze no taekwondo, nos Jogos Olímpicos do Rio 2016, deixou o Irã e está em Eindhoven, nos Países Baixos, há quase um mês...

"Estava de férias na Europa, mas decidiu com o seu companheiro não regressar ao Irão, e ela é bem-vinda aqui. Conhecemos as suas qualidades e é uma vantagem para o taekwondo dos Países Baixos", afirmou o treinador Mimoun El Boujjoufi a emissora de TV pública holandesa NOS.

A atleta participou no último fim de semana de uma vigília que aconteceu no aeroporto de Eindhoven em homenagem das 176 vítimas do avião da Ukranian International Airlines abatido por um míssil iraniano...

A lutadora, cuja fuga para os Países Baixos tinha sido noticiada recentemente pela agência semiestatal Isna, disse que é "uma entre os milhões de mulheres oprimidas no Irão, com as quais as autoridades lidaram sempre como quiseram. Levaram-me sempre para onde queriam, vesti-me sempre como eles quiseram e repeti as frases que me ordenaram, manipularam as minhas medalhas".

segunda-feira, janeiro 13, 2020

E, o gato gritou: passa que eu vou entrar livre...

Imagem: Jeff Swinger/USA Today Sports/Reuters 

América... 7 a 0: um massacre em vermelho e branco.

Imagem: Marcos Arboés/Universidade do Esporte

7 a 0: um massacre em vermelho e branco

Por Pedro Henrique Lopes Brandão/Universidade do Esporte

Tudo deu certo para o América, na tarde deste domingo, na Arena das Dunas.

Pior para o ASSU, que sofreu uma sonora goleada por 7 a 0 e não demonstrou nenhum poder de reação

Logo aos 2 minutos de jogo, o América perdeu uma bola no ataque e Walber, lateral-direito do ASSU, escapou com a bola dominada contra a desarrumada defesa alvirrubra.

O lateral avançou até dentro da área americana e decidiu chutar forte e alto no canto de Everton. O goleiro do América conseguiu espalmar e evitou um gol quase certo dos visitantes.

Daí em diante, o Camaleão do Oeste se juntou aos mais de 4.400 torcedores americanos na Arena das Dunas e foi um mero espectador do espetáculo proporcionado pelo América.

O bom público presente ao estádio assistiu à melhor exibição de um clube potiguar em 2020.

De longe, o melhor jogo do campeonato que chegou a terceira rodada com o América liderando pelo saldo de gols, e de que maneira soberana o clube da Rodrigues Alves constituiu seu farto saldo na competição.

É bem verdade que Everton ainda fez uma defesa no chute de longe de Álvaro, mas a verdade é que o ASSU não incomodou o roupeiro responsável por lavar o uniforme do goleiro americano.

No lance seguinte a empolgante arrancada de Walber, um pênalti assinalado e convertido por Romarinho, inaugurou o marcador e mudou o rumo da partida.

O time do interior, treinado por Joacir Bento, evitou os chutões e saiu jogando com a bola no chão.

A primeira impressão era de coragem e treinamento, mas os lances seguintes provaram que era apenas inconsequência.

Numa dessas saídas do ASSU, Thiago Orobó roubou a bola e bateu no ângulo do goleiro Agenor, que nada pôde fazer.

Um golaço!

Minutos depois Wallace Pernambucano fez com excelência seu trabalho de pivô e deixou Orobó na cara do goleiro para ampliar o placar.

Thiago Orobó foi o nome do jogo, mas podia ter sido expulso antes dos gols, depois de cometer falta dura e com um cartão por toque de mão ainda nos primeiros minutos.

O placar final do primeiro tempo deu a dica do famoso "3 vira e 6 acaba", mas também deu a sensação que se o América tivesse apertado teríamos mais gols.

Foi justamente apertando o ASSU por todos os lados, que o América encontrou com Adriano Alves, o quarto gol depois de um escanteio.

E daí em diante, em ritmo de treino de luxo, o América fez do Camaleão do Oeste um passageiro do desespero na tarde farta da Arena das Dunas.

Se fosse boxe, Joacir Bento teria jogado a toalha do ASSU antes dos 30 minutos da segunda etapa, quando o gol de Wallace Pernambucano completou o 7 a 0 no placar.

Com o ASSU atordoado nas cordas, Felipe Pará e Diego Costa completaram o massacre.

O sexto gol foi uma pintura com direito a passe de calcanhar, troca de posições e chagada para a finalização à la Alemanha no 7 a 1.

A calmaria pelos lados do América foi aproveitada por Waguinho Dias para dar rodagem ao elenco e as entradas de Adílio, Felipe Pará e Leandro Melo, além de renovar o fôlego alvirrubro, deram mais minutos em campo aos reservas e ajudam na preparação para a temporada em que o América terá duros desafios em que precisará contar com todo seu elenco.

Por enquanto, o América só tem motivos para comemorar já que conta com uma campanha invicta para alcançar a liderança com três vitórias em 3 jogos, que tem ainda 14 gols marcados e apenas 2 sofridos.

Ao ASSU restou anotar a placa do caminhão alvirrubro que atropelou e massacrou o modesto Camaleão do Oeste.

Geoff Hurst, Bobby Moore e Martin Peters... West Ham FC, anos 60.

Imagem: Getty Images

ABC vence o Palmeira nos acréscimos por 1 a 0...

Imagem: Luciano Marcos/ABC FC

Neste domingo o ABC escapou por pouco...

Não fosse o gol marcado aos 50 minutos pelo lateral Cedric, dois pontos teriam ficado em Goianinha, diante do Palmeira, num 0 a 0 insosso.

Valderrama (foto) sofreu uma contusão no ombro...

O volante vai passar por cirurgia.

Vandalismo

O árbitro da partida, Leandro Sales Barchz, teve seu carro vandalizado...

Segundo o repórter Mallyk Nagib, Barchz registrou Boletim de Ocorrência.

Na conversa com Nagib, disse que a ação não foi coisa de torcedor...

Segundo o árbitro o carro estava na área destinada as comissões e a arbitragem.

Abaixo as imagens do veículo de Leandro Sales Barchz...

 Imagem: WhatsApp

Imagem: WhatsApp

A Capitã Lily Parr comanda o treino físico da equipe Dick, Kerr Ladies FC, a mais famosa equipe feminina inglesa dos anos 20... Lily Parr, marcou 900 gols em sua carreira.

Imagem: Hulton Archive/Getty Images 

Campeonato Potiguar... Em Mossoró o Potiguar derrota o Globo.


Em Mossoró, o Potiguar derrotou o Globo por 2 a 1...

O resultado deixa provisoriamente o Potiguar na terceira posição, distante cinco pontos de América e ABC, respectivamente.

Seleção da Inglaterra - Campeã do Mundo em 1966...

Imagem: Hulton Archive/Getty Images

Em pé:
Auxiliar Técnico Harold Shepherdson, Nobby Stiles, Roger Hunt, Gordon Banks, Jack Charlton, George Cohen, Ray Wilson e o Treinador Alf Ramsey.

Sentados:
Peters, Geoff Hurst, Bobby Moore, Alan Ball e Bobby Charlton.

Piloto português Paulo Gonçalves morre no Rally Dakar...

Imagem: Autor Desconhecido

Paulo Gonçalves morreu num acidente durante sua participação na 7.ª etapa do Rally Dakar neste domingo, aos 40 anos...

Gonçalves sofreu o acidente fatal no quilômetro 276 da prova que se realiza na Arábia Saudita.

De acordo com a informação da Amaury Sport Organization (ASO), o alerta foi dado às 10h08 horário local...

De imediato foi enviado um helicóptero que chegou ao local do acidente às 10h16 – oito minutos após o alerta.

Paulo Gonçalves foi encontrado inconsciente e com parada cardiorrespiratória.

Depois de várias tentativas de reanimação no local, o piloto foi transportado para o hospital de Layla, onde foi confirmada a morte...

O piloto português participava pela 13.ª vez da prova todo-o-terreno e ocupava o 46.º lugar geral depois de seis etapas.

Paulo Gonçalves estreou no Dakar em 2006, tendo terminado por quatro vezes no top 10...

Na edição de 2015 ficou em segundo lugar e, em 2013, conquistou o título mundial de motociclismo todo-o-terreno.

Virginia Wade, na final feminina de Wimbledon de 1977... ele foi a única mulher britânica na história a ter conquistado títulos em todos os quatro torneios de Grand Slam.

Imagem: Ken Saunders/The Guardian 

Copa São Paulo de Juniores... ABC perde para o Atlético Mineiro e está fora da copinha.


E tudo terminou em goleada...

Afinal, era possível esperar outra coisa?

Claro que não...

O ABC fez o que podia.

Os campeonatos das categorias de base no Rio Grande do Norte não competitivos, não são disputados por equipes fortes e, por isso, os riscos de vexame sempre rondam nossas participações em competições nacionais...

A goleada de 4 a 0 imposta pelo Atlético Mineiro aconteceu com naturalidade.

Mesmo beneficiados pela arbitragem, que não anulou o lance do segundo gol, marcado em flagrante impedimento, os atleticanos não suaram e não sofreram...

Venceram de forma incontestável.

domingo, janeiro 12, 2020

Chelsea e Arsenal... Stamford Bridge - 1937.

Imagem: A Hudson/Getty Images 

Morreu Valdir de Morais... Um grande goleiro que revolucionou o treinamento dos goleiros no Brasil.

Imagem: Acervo Gazeta/Reprodução

Valdir Joaquim de Morais, uma lenda das metas


Morreu, aos 88 anos, o lendário goleiro palmeirense Valdir Joaquim de Morais. Em campo, Valdir inovou na posição com movimentos acrobáticos para suprir sua baixa estatura. Depois de aposentado, Seu Valdir revolucionou a preparação de goleiros

Pedro Henrique Brandão Lopes/Universidade do Esporte

Ser goleiro não é para um ser humano normal.

É preciso muito preparo emocional para ser o responsável por frustrar um estádio lotado, sempre na corda bamba entre ser o anti-herói do espetáculo ou o frangueiro que entregou o jogo mais uma vez.

No esporte em que o objetivo máximo é o gol, o dever do goleiro é justamente evitar que os gols aconteçam.

Por isso, a escolha pelo gol, raramente acontece por livre espontânea vontade, mas sim, como certa vez disse o pentacampeão Marcos: “o goleiro começa lá na frente, aí não faz gol e recuam ele para o meio. Aí o cara não acerta o passe e colocam ele para jogar na zaga. Daí percebem que o cara é grande e não sabe jogar com os pés, aí o que sobra é o gol. Dali é para fora!”.

Então como explicar a carreira de Valdir de Morais?

Com apenas 1,72 de altura, mas que, inexplicavelmente, virava um gigante para defender o gol palmeirense.

Inovador nos movimentos acrobáticos para suprir sua baixa estatura, o goleiro jogou por 10 anos no Renner de Porto Alegre.

“Não adianta ser alto e não ser inteligente. Eu sempre soube fazer a leitura do jogo, antecipar a jogada”.

Em 1958, chegou ao Palmeiras e passou mais 10 anos no clube que o projetou no futebol nacional.

A estreia aconteceu em 28 de setembro de 1958, num Palmeiras 7 a 1 Ituano.

Foram 480 jogos pelo Palmeiras, com 291 vitórias 96 empates e apenas 93 derrotas.

Pelo time de Parque Antártica, Valdir de Morais venceu a Taça Brasil de 1960, quando era o primeiro nome a ser escalado no time que entrou para a história como a Academia de Futebol de Filpo Nuñes.

A galeria de troféus do Palmeiras teve muitas taças carregadas pelas mãos de Valdir Joaquim de Morais.

Como atleta, conquistou o Campeonato Paulista em 1959, 1963 e 1966;
Campeonato Brasileiro em 1960, 1967 (Torneio Roberto Gomes Pedrosa) e 1967 (Taça Brasil);
 Torneio Rio-São Paulo em 1965.

A última vez que entrou em campo para defender o Verdão, foi no dia 16 de maio de 1968, no estádio Centenário de Montevidéu, pela finalíssima da Libertadores daquele ano.

Depois de perder a primeira partida por 2 a 1, o Palmeiras venceu o segundo jogo por 3 a 1, mas como não havia saldo de gols, a decisão foi para o terceiro jogo em campo neutro e a derrota marcou a perda do título inédito e do goleiro que marcou uma era no clube.

Quando deixou o Palmeiras, o goleiro defendeu o Cruzeiro do Rio Grande do Sul por uma temporada e se aposentou definitivamente em 1970.

No estado em que nasceu, o goleiro com quase 40 anos poderia aproveitar sua aposentadoria.

Porém um chamado para ser auxiliar de Oswaldo Brandão, mudou os rumos da vida de Valdir e do futebol brasileiro.

Um convite de Oswaldo Brandão não se recusava e o ex-goleiro voltou a São Paulo para ser auxiliar do lendário treinador, mas decidiu fazer um pouco além do que lhe foi pedido.

Além de ajudar nos treinamentos do time, Valdir passou a fazer treinos específicos com os goleiros para aperfeiçoar os fundamentos e passar o conhecimento que adquiriu em mais de duas décadas nas metas.

Estava criada a função de preparador de goleiros.

“Eu não sei se fui que inventei a profissão, mas eu nunca tinha visto ninguém fazendo esse trabalho nos clubes do Brasil. Eu mesmo sempre treinei junto com os demais atletas”.

Os resultados começaram a acontecer ainda no Palmeiras, com Leão.

Depois de trabalhar com Telê Santana, acompanhou o técnico e no São Paulo, com Zetti e Rogério Ceni, repetiu os bons resultados.

No Corinthians trabalhou com Dida e Ronaldo, mas foi numa das voltas ao Palmeiras que conseguiu lapidar Veloso e revelou dois dos grandes nomes da famosa academia de goleiros do Palmeiras: Sérgio e Marcos.

Enquanto Sérgio garantiu paz na reserva do gol alviverde durante anos, Marcos virou Santo, ganhou a América com o Palmeiras, e o mundo com a Seleção Brasileira.

Entrou para a história como um dos maiores ídolos do Palmeiras e deve tudo o que sabe sobre defender a Valdir Joaquim de Morais, ou o Seu Valdir, o Mestre.

Com a saúde debilitada desde 2012, quando teve um AVC que deixou sequelas, um ano antes Valdir deixou o cargo de observador técnico do Palmeiras.

Desde então vivia em Porto Alegre, sua cidade natal, e mesmo com a idade avançada, acompanhava futebol até morrer, hoje, em decorrência de uma falência múltipla de órgãos, aos 88 anos.

Baixo na estatura, mas um gigante na profissão.

Conhecido no meio do futebol pela retidão de caráter, Valdir de Morais passou a vida defendendo com garra todos os clubes que o contrataram para a comissão técnica.

Mas sempre que lhe perguntavam o que significava o Palmeiras, Seu Valdir respondia:

“Uma vida!”

Há um dito popular no futebol sobre a vocação necessária para ser goleiro, diz que a “posição é tão ingrata que onde um goleiro pisa não nasce grama”.

Onde Seu Valdir pisou, semeou e fez nascer um dos maiores times da história do futebol, quando ele foi o camisa 1 da primeira Academia; além de brotar os grandes goleiros brasileiros dos últimos 30 anos, como Marcos, Veloso, Zetti, Dida e Rogério Ceni, todos pupilos do Seu Valdir.

Seu Valdir de Morais deixou um legado ímpar ao futebol brasileiro.

A idolatria talvez nunca tenha sido sua meta, mas poucos defenderam suas metas como ele.

Valdir Joaquim de Morais fez de sua vida um tributo ao futebol, como goleiro quase um sacerdócio, por isso, será lembrado todas as vezes que um goleiro brasileiro fechar o gol em algum lugar do mundo.

Vá em paz, Valdir Joaquim de Morais.

 Imagem: Fabio Braga/Folhapress