O diário “Lance” publicou recentemente, as médias de público dos campeonatos estaduais considerados os mais “atraentes”...
Vamos à lista:
Pernambuco: 6.934
Carioca: 6.131
Mineiro: 5.780
Paulista: 4.886
Baiano: 3.171
Gaúcho: 3.004
Paranaense: 2.341
Cearense: 2.039
Pernambuco é a exceção, mas há uma explicação – a média de público no campeonato pernambucano não é fruto do amor incondicional de seus torcedores por seus clubes e nem de preços mais acessíveis ou renda per capita superior da população pernambucana: a média superior aos demais Estados é conseguida através de um “truque”, ou melhor, de uma parceria entre a Federação Pernambucana de Futebol e o Governo do Estado, que permite que notas fiscais exigidas pelos torcedores em suas compras no comércio local, sejam trocadas por ingressos das partidas de futebol.
Não conheço os detalhes da parceria, porém, em tese, a idéia é: “educar o consumidor no sentido de exigir notas fiscais em suas compras, e com isso, evitar evasão fiscal e proporcionar ao Estado maior arrecadação e lucro para os clubes...
Mas, por melhor que seja a idéia e por melhor que sejam os resultados, não deixa de ser um “truque”, e como tal, mascara as verdadeiras razões do afastamento das pessoas dos estádios, na falta de ações pontuais como essa.
Nos demais Estados, a situação demonstra claramente o esvaziamento dos estaduais, os gaúchos, assim como os paulistas, chamam seus campeonatos pomposamente de “gauchão” e “paulistão”, mas a presença de torcedores indica que a coisa está mais para “gauchinho” e “paulistinha”...
O Rio de Janeiro talvez (eu disse talvez), por ter um confronto maior de equipes grandes, ainda consiga ficar na segunda posição (sem as notas fiscais de Pernambuco, provavelmente seria o primeiro), mas se for levado em conta a tão decantada força de seus clubes junto aos torcedores cariocas, veremos que a média de público, ainda assim, é pífia!
Os clubes reclamam do inchaço das competições, afirmam que a maioria dos jogos é contra adversários inexpressivos e que isso afasta o torcedor...
Mas esse argumento é capenga e sofista, pois se é verdade que em São Paulo, só mesmos uns poucos realmente fãs de Palmeiras, São Paulo, Corinthians e Portuguesa, deixam suas casas em dias de jogos contra Mogi Mirim, Sertãozinho, Guaratinguetá e outros, deveria ser verdade também, que os clubes paulistas ao se deslocarem para o interior, fossem atração e lotassem os estádios das cidades menores – esse argumento vale para qualquer Estado.
Mas isso não acontece...
Por quê?
Algum clube através de seu departamento de marketing ou de relações públicas, já tentou identificar tal fenômeno?
Certamente não!
Já os torcedores, reclamam dos jogos marcados para horários esdrúxulos com 21h50...
Reclamam do transporte, da falta de segurança, dos estádios desconfortáveis, dos preços exorbitantes dos ingressos e da má qualidade do que lhes é oferecido para consumo no interior dos estádios e, é claro, do valor que lhes é cobrado.
Pois bem, em São Paulo, os vereadores Antônio Goulart (PMDB) e Agnaldo Timóteo (PL), apresentaram um projeto que proíbe que qualquer evento esportivo, termine após 23h e 15 minutos, na cidade de São Paulo...
Segundo os vereadores, o projeto tem como objetivo, preservar o direito ao descanso do trabalhador paulistano, a preservação do patrimônio público e privado, a paz nas ruas, a segurança nas competições e fundamentalmente, favorecer ao torcedor de menor poder aquisitivo, o direito ao transporte de volta para casa, pois em São Paulo, a maioria das linhas de ônibus, para após a meia noite.
A Federação Paulista, pulou, esperneou e saiu em defesa do horário atual, mas não poderia ser diferente, pois a FPF, defende seus interesses econômicos, pois a grande margem de lucro da FPF vem dos contratos fechados com a Rede Globo...
O problema é que o projeto, ganhou a imediata aprovação da maioria dos paulistanos e a FPF, ficou numa posição bem antipática, já que entre os anseios da população e a imposição da rede Globo, ficou com a segunda opção.
Aqui no Rio Grande Norte, nosso campeonato também é pífio em matéria de presença de público, mesmo que a imprensa local tente dizer ao contrário e um grupo de torcedores fanáticos, digam que seus clubes atraem público...
Segundo o radialista Marcos Trindade, nosso melhor e mais competente especialista em coleta de dados (deveria se dedicar só a isso seria sem dúvida, um dos grandes do Brasil), em 44 jogos disputados até aqui pelo campeonato estadual, a média de público ficou na casa 1.358 pagantes por partida...
Ridículo!
O maior público registrado foi no clássico América e ABC: 11.805...
Para um clássico pomposamente chamado de “Clássico Rei”, e cujas torcidas bradam aos quatro ventos, serem as maiores e as mais apaixonadas, é muito pouco.
Enfim, os estaduais agonizam, enquanto boa parte da imprensa tenta “colocar a mão na frente da lente da câmera” para que ninguém veja o que está acontecendo.
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