Como ganhar dinheiro fácil e se tornar político sem muito esforço...
Por José Cruz
Entre abril de 2007 e maio de
2011, o mineiro Wadson Nathaniel Ribeiro faturou R$ 72.561,00 do Ministério do
Esporte, além do salário mensal.
Os valores, pagos em quatro
parcelas, são repasses legais, mas traduzem a esperteza dos burocratas que
ocupam cargos públicos para ganhos fáceis por conta do contribuinte.
Mais: mostra como a legislação
favorece o drible, a voltinha, a vantagem de poucos no uso do dinheiro público,
na busca de votos para um cargo eletivo, onde o principal prêmio é a “imunidade
parlamentar”.
Nesta jogada, Wadson se dá muito
bem, fazendo do Ministério um joguete de ocasião, um trampolim que a turma da
UNE, liderada por Orlando Silva, sabe muito bem explorar.
A novela
Quando em abril 2007 mudou-se de
Juiz de Fora (MG) para Brasília, nomeado para secretário Executivo do
Ministério do Esporte, Wadson Nathaniel Ribeiro recebeu R$ 8.080,00, como
“ajuda de custo”.
Dez dias depois, um segundo
depósito, também de R$ 8.080,00, foi realizado pelo Ministério do Esporte para
Nathaniel. Justificativa: “ressarcimento de ajuda de custo”.
Passou o tempo e Wadson, que era
o imediato do ministro Orlando Silva, saiu candidato a deputado federal pelo
PCdoB mineiro.
É um claro exemplo de uso do
cargo em benefício político, comum em outros ministérios.
Como candidato a deputado, Wadson
não poderia continuar vinculado ao Ministério do Esporte.
E foi “exonerado”
pelo amigo, ministro Orlando Silva. E recebeu mais R$ 22.863,76 em sua conta
corrente, a título de “Ajuda de custo por exoneração”.
Com a ajuda dos convênios que
assinou e dinheiro repassado, quando secretário do Ministério do Esporte,
Wadson fez 54 mil votos, mesmo assim insuficientes para se eleger.
Mais grana
Para não ficar na rua da
amargura, Wadson foi reempregado pelo caridoso ministro.
Ganhou o cargo de
Secretário Nacional de Esporte Educacional.
E como veio de Juiz de Fora (MG)
para Brasília, recebeu mais R$ 33.538,08 para “ajuda de custo”.
Quem é?
Wadson é um ex-aluno de Medicina,
curso que não concluiu, pois acabou presidente da União Nacional dos Estudantes
(UNE), quando descobriu as facilidades que teria na vida pública.
No Ministério, ele usa a pasta
para viajar por municípios mineiros, assinar convênios, encontrar-se com
prefeitos, fazer discursos e, assim, ir turbinando a próxima campanha.
E tudo isso está muito claro no
site do PCdoB, que já anuncia Wadson como candidato do partido a prefeito de
Juiz de Fora, na eleição de 2012.
Aí está um caso evidente de uso
de cargo público para promoção política, pois viaja às custas do Ministério do
Esporte, anuncia convênios e, na hora de ir embora, recebe “ajuda de custo”
para sair e outro tanto para voltar.
Ou seja, a matrícula no curso de
Medicina foi apenas um disfarce para chegar à UNE, onde fez trampolim para a
Esplanada dos Ministérios, que, indiretamente, banca sua campanha política.
Escrevi ao distinto senhor perguntando
se esta forma de ganhar dinheiro e o uso do cargo público para objetivos
próprios o deixam confortável diante do discurso da moralidade pública.
Sem resposta.
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