Imagem: Autor Desconhecido/Arte Digital/Fernando Amaral
Adriano não poderá no futuro mau
dizer sua sorte...
Pois se o lar onde viu a luz era
pouco, quase nada e se o lugar onde cresceu era estreito, desolado, sem amparo
e sem vintém...
Ainda assim, havia escolha...
Descer para o asfalto e lá
batalhar o pão de cada dia num bico aqui outro acolá, contar o mínimo salário
num subemprego qualquer ou se deixar seduzir pelas promessas da vida louca e
torta que todos os dias recrutava seus iguais, eram duas opções...
Havia uma terceira, mas esse era uma aposta...
A bola talvez fosse à saída...
Adriano, então menino, apostou.
Colocou todas as suas fichas na
roleta e rolando uma bola rompeu os muros do gueto, driblou o destino que já
parecia traçado e se fez alguém.
Ele e bola se tornaram amigos e
juntos criaram um mito...
Adriano e seus gols conquistaram
as arquibancadas, as tribunas perfumadas e as ruas...
Adriano fez fama, dinheiro e
seguidores...
Milhares de Adrianos em milhares
de guetos espalhados pelo Brasil viram nele um exemplo...
Se ele pode, nós também podemos!
O garoto pobre, nascido numa
comunidade esquecida, criou asas, atravessou o atlântico e na terra dos
imperadores e reis, foi coroado “César”.
Era o topo, o menino passou a
vida do alto do “Himalaia” que a bola o ajudou a escalar.
Parecia que era uma história com um final feliz.
Parecia...
Não foi.
Alguma coisa deu errada...
Adriano
olhou para trás e desistiu de avançar.
Lentamente começou a fazer o
caminho de volta...
Pelo visto, um caminho sem volta.
Agora, seduzido pelas promessas
de uma vida louca e torta, Adriano renega seu esforço, sua determinação e sua
garra...
Diz-se feliz...
Honestamente, acredito que
esteja...
Assim como acredito que
continuará feliz enquanto houver dinheiro para esbanjar...
Enquanto puder sustentar as sanguessugas
que o rodeiam sempre servis, solicitas e fáceis.
Tomara o que ganhou, dure o
bastante para que Adriano possa continuar feliz...
Caso contrário, tomara
não, tenhamos um dia que assistir comovidos o fim triste de um rapaz que retribuiu com
caretas, os sorrisos que a vida sempre lhe ofertou.
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