segunda-feira, novembro 05, 2012

Adriano: a ascenção e queda de um imperador.



 Imagem: Autor Desconhecido/Arte Digital/Fernando Amaral


Adriano não poderá no futuro mau dizer sua sorte...

Pois se o lar onde viu a luz era pouco, quase nada e se o lugar onde cresceu era estreito, desolado, sem amparo e sem vintém...

Ainda assim, havia escolha...

Descer para o asfalto e lá batalhar o pão de cada dia num bico aqui outro acolá, contar o mínimo salário num subemprego qualquer ou se deixar seduzir pelas promessas da vida louca e torta que todos os dias recrutava seus iguais, eram duas opções...

Havia uma terceira, mas esse era uma aposta...

A bola talvez fosse à saída...

Adriano, então menino, apostou.

Colocou todas as suas fichas na roleta e rolando uma bola rompeu os muros do gueto, driblou o destino que já parecia traçado e se fez alguém.

Ele e bola se tornaram amigos e juntos criaram um mito...

Adriano e seus gols conquistaram as arquibancadas, as tribunas perfumadas e as ruas...

Adriano fez fama, dinheiro e seguidores...

Milhares de Adrianos em milhares de guetos espalhados pelo Brasil viram nele um exemplo... 

Se ele pode, nós também podemos!

O garoto pobre, nascido numa comunidade esquecida, criou asas, atravessou o atlântico e na terra dos imperadores e reis, foi coroado “César”.

Era o topo, o menino passou a vida do alto do “Himalaia” que a bola o ajudou a escalar.

Parecia que era uma história com um final feliz.

Parecia...

Não foi.

Alguma coisa deu errada...

Adriano olhou para trás e desistiu de avançar.

Lentamente começou a fazer o caminho de volta...

Pelo visto, um caminho sem volta.

Agora, seduzido pelas promessas de uma vida louca e torta, Adriano renega seu esforço, sua determinação e sua garra...

Diz-se feliz...

Honestamente, acredito que esteja...

Assim como acredito que continuará feliz enquanto houver dinheiro para esbanjar...

Enquanto puder sustentar as sanguessugas que o rodeiam sempre servis, solicitas e fáceis.

Tomara o que ganhou, dure o bastante para que Adriano possa continuar feliz...

Caso contrário, tomara não, tenhamos um dia que assistir comovidos o fim triste de um rapaz que retribuiu com caretas, os sorrisos que a vida sempre lhe ofertou.



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