Aaron Schain,
publicou em seu perfil no Facebook a origem da palavra baderneiro...
Li, achei interessante e fui em busca
de mais informações.
Os dicionários nos mostram seu
significado: Que cria baderna, que gera desordem, que faz arruaça...
Ou então: Que é dado a farras, a
boemia; farrista; boêmio.
Mas sempre foi assim?
Onde tudo começou?
Começou com Marietta Maria Baderna,
como nos explica, William Pereira.
Nascida na Itália, em 1828, na
cidade de Piacenza, filha do médico e músico Antônio Baderna, Marietta foi
aluna do coreógrafo Carlo Blasis.
Estreou aos 12 anos em sua cidade
natal, e logo integrava a companhia de dança do teatro Scala de Milão. Nessa
época a Itália estava fervendo politicamente, buscando a unificação, e ocupada
pela Áustria. Marietta era militante, seguidora de Giuseppe Mazzini, e obedecia
a ordem da diretiva revolucionária de não participar da vida artística enquanto
os austríacos estivessem na Itália.
Por perseguição política,
exilou-se com o pai no Brasil, em 1849.
Se estabeleceram no Rio imperial,
e Marietta fez sucesso no palco, conquistando o público do Teatro São Pedro de
Alcântara.
Talentosa, de espírito rebelde e
contestador, arrebatava o coração dos jovens "badernistas", que era
um grupo criado por fãs em homenagem a ela.
Segundo biógrafos, no início os
cariocas usavam o termo baderna para indicar coisas muito belas.
Somente depois de a dança ser
considerada fator de corrupção da juventude, a palavra assume os significados
atuais.
Sempre à frente de seu tempo,
Baderna se interessou pelos ritmos afro-brasileiros e saiu às ruas para ver o
requebrar das mulatas.
Em pouco tempo foi considerada a
musa do lundum, da cachuca e da umbigada, danças com movimentos bastante ousados
para a época de Dom Pedro II.
Era uma estrela de grande porte,
rivalizando até com as divas do canto lírico.
Interessante que sempre que os
moralistas tentavam boicotá-la (diminuindo seu tempo no palco, ou a colocando
em segundo plano), os badernistas protestavam, batendo os pés no chão e
interrompendo o espetáculo.
Ao término da apresentação, saíam
do teatro batendo os pés e gritando o nome da musa: Baderna.
Havia quem dissesse que Marietta
bebia demais e era viciada em absinto, além de ser muito namoradeira.
Triste que seu estilo
transgressor e libertário tenha perdido para o conservadorismo.
Voltou com o pai para a Itália, e
sua carreira entrou em decadência.
Morreu em 1870.
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