Os atletas profissionais do Sport
Club Corinthians Paulista vem a público se manifestar a respeito dos fatos
lamentáveis ocorridos na manhã de sábado, 1 de fevereiro, no CT Joaquim Grava,
onde a equipe realiza seus treinamentos.
Estamos fartos com a irracionalidade
e com os atos de violência impunes que envolvem inúmeras situações ligadas ao
futebol.
As cenas grotescas vividas neste último sábado por nós jogadores e por
todos os funcionários do SCCP determinam que uma tragédia sem precedentes está
prestes a ocorrer no ambiente de trabalho de qualquer clube de futebol
profissional no país e nós não seremos coniventes com isso.
É preciso dar um
basta e unir uma força tarefa capaz de oferecer segurança aos profissionais e
aos torcedores de bem.
Sabemos que esta não é a primeira
e nem será a última vez que marginais ligados às torcidas organizadas invadem
propriedade privada, agridem jogadores e funcionários do clube e os ameaçam com
armas.
Sabemos também que estes mesmos marginais, infiltrados nas torcidas de todo
o país, provocaram mais de 90 % das brigas nos estádios nos últimos anos,
causaram mortes e afastaram o público e suas famílias dos campos de futebol.
Assim como há uma maioria de
jogadores dedicados e profissionais, há também, como em qualquer profissão,
jogadores menos responsáveis e menos comprometidos.
Nos momentos de derrota e
nas fases difíceis os torcedores revoltados se sentem no direito de tratar
todos os atletas da mesma forma.
Mas quando, em momentos de crise e de
violência, as torcidas organizadas, compostas por pessoas boas e pessoas ruins,
sofrem esse mesmo preconceito e são tratadas como um todo, se revoltam com a
injustiça.
Admitimos o nosso fracasso nos
últimos meses e admitimos um fracasso ainda maior por termos ido a campo no
último final de semana quando, na verdade, poderíamos ter dado um basta a essa
situação e chamado a atenção de todo o país, das autoridades, dos clubes e dos
organizadores dos campeonatos para uma tragédia que há de acontecer se nada for
feito para estancar a violência em todos os níveis do futebol.
Fracassamos por causa dos riscos
contratuais do clube com os patrocinadores, com a Federação Paulista de
Futebol, com a Rede Globo de Televisão e em respeito à verdadeira torcida corintiana.
Se isso não demonstrar o comprometimento deste grupo de atletas com o SCCP, não
há mais nada a dizer.
Queremos que fique claro que nós,
enquanto jogadores, não nos sentimos credores de coisa alguma.
Ao contrário,
nos sentimos honrados e extremamente felizes por termos conquistado tanto com a
gloriosa camisa corintiana e até nos sentimos em dívida com a Fiel, a de
verdade, pelo que não conseguimos fazer nos últimos meses.
Mas nós, jogadores do
Corinthians, reivindicamos que haja segurança para que possamos trabalhar em
paz em busca de novas vitórias.
Ninguém mais do que nós, sente o desgosto da
derrota.
E é por isso que exigimos que nos deem condições para a volta por cima
que buscamos.
Afirmamos que as vitórias do
futuro próximo só virão se todos jogarmos juntos, com a mesma receita das
vitórias do passado recente.
Finalmente, não admitiremos mais
nenhum desrespeito ao nosso compromisso de profissionais dedicados e honestos
com o clube e sua enorme massa torcedora.
A nossa vida e a nossa segurança
valem mais do que qualquer contrato ou interesse político/financeiro/particular
de terceiros e nós tornamos público o nosso apoio à iminente paralisação
prevista para o fim de semana visando melhorias nas condições de trabalho para
os empregados de todos os clubes de futebol do país.
Estamos à disposição das
autoridades e dos órgãos públicos para identificar e colaborar com a punição
dos responsáveis por essa barbárie e pela criação de medidas que evitem o risco
de novas ações violentas.
Atenciosamente,
Grupo de atletas profissionais do
SCCP.
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