quinta-feira, abril 23, 2015

Como o preconceito e a falta de interesse atrasam o futebol feminino no Brasil...

Para onde vai o futebol feminino?

Por José Cruz

A polêmica Medida Provisória 671, que trata da dívida fiscal dos clubes, tem um artigo criando uma tal de “APFUT”.  

Essa coisa esdrúxula, em nível de governo, é a “Autoridade Pública de Governança do Futebol” que terá, entre outras competências, “estabelecer padrões de investimento em formação de atletas e no futebol feminino, conforme porte e estrutura da entidade desportiva profissional”.

Atraso

Em recente entrevista à rádio CBN, o técnico da Seleção Brasileira de Futebol feminino, Oswaldo Alvarez, o Vadão, demonstrou como estamos muito atrás da realidade de outros países.

Na França, segundo Vadão, existem mil núcleos de futebol feminino, categorias sub 6 e sub 8 anos, cada um abrigando cem meninas. 

Daqui a 10 anos serão, em termos, 100 mil atletas profissionais em competições nacionais. 

Estados Unidos, Alemanha, Canadá, Japão, Suécia, enfim, seguem a receita da “massificação”.  

Os franceses estão oferecendo às garotas a oportunidade de praticarem a modalidade que gostam, sem a obrigatoriedade de formar atletas. 

Mas não há dúvidas de que num universo desse tamanho fica fácil identificar as talentosas para o futebol.

“Como vamos competir com essas escolas se aqui não temos o desenvolvimento”? Não temos nem campeonato Sub-20! Ficamos com foco na Seleção! E, quando vamos competir, levamos atletas sem experiência, porque começaram a jogar já na fase adulta”, justificou o técnico. 

E isso acontece mesmo tendo exemplo como Marta (foto), 30 anos, cinco vezes eleita pela Fifa a melhor jogadora do mundo …

A dificuldade

Por isso, a Seleção Brasileira vai para o Mundial de Futebol do Canadá, a partir de 5 de junho com muitas estreantes em eventos internacionais. 

E sabem como a CBF resolve o problema da falta de experiência das jogadoras? 

“Com psicologia”, segundo Formiga, 37 anos, que vai para o seu sexto Mundial.

“Sabemos que algumas atletas viajarão para o seu primeiro Mundial, mas a Seleção conta com um trabalho de psicologia desde o ano passado. Além disso, as jogadoras mais velhas ajudam com a experiência, para podermos controlar as mais jovens dentro de campo” – disse Formiga à reportagem do site Rio 2016, do Ministério do Esporte.

Sem incentivar campeonatos estaduais nem promover nacionais, que poderiam ter jogos preliminares do masculino, a CBF trava o futebol feminino. 

Trata essa modalidade olímpica como se a arte do jogo da bola fosse exclusiva dos homens, enquanto os cartolas negam às mulheres o direito de mostrarem com os pés o que já conquistaram com as mãos, no basquete, no vôlei, no handebol ...


Enfim, diante dessa falta de iniciativas para uma modalidade que já se mostrou atrativa, mundo afora, e a omissão do órgão oficial do futebol, o governo se aventura numa real intervenção no futebol feminino. 

Sinceramente, futebol é competência do Estado ou os políticos no Ministério do Esporte querem ocupar espaço para conquistar simpatizantes e eleitores?

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