O recorde da pior seleção da
história: a Micronésia perdeu de 38 a 0
Por Leandro Stein
Para o site Trivela
Se você resolver montar um time
de futebol da sua rua, provavelmente vai ganhar da seleção sub-23 da
Micronésia.
A equipe já tinha mostrado o quão
fraca é ao perder por 30 a 0 do Taiti, na abertura dos Jogos do Pacífico.
Pois, neste domingo, a equipe
conseguiu se superar, dando até dó.
Tomou vexatórios 38 a 0 de Fiji,
o que deve estabelecer um novo recorde: a maior goleada já estabelecida entre
seleções.
A marca permanece com o
inesquecível 31 a 0 da Austrália sobre Samoa Americana, nas Eliminatórias da
Copa de 2002.
A dúvida fica sobre a Fifa, se
irá considerar o duelo entre equipes sub-23.
Os Jogos do Pacífico servem como
classificatório para o futebol nas Olimpíadas de 2016 – onde a Micronésia
certamente não estará.
A seleção da Micronésia não faz
parte da Fifa ou da OFC (a confederação da Oceania), mas está nos Jogos do
Pacífico porque é filiada ao Comitê Olímpico Internacional.
E a falta de organização já cria
um abismo tremendo.
A equipe principal da Micronésia
disputou apenas sete partidas em sua história, a última delas em 2003, e só
possui uma vitória.
Já o time sub-23 foi
especialmente montado para esta ocasião, sendo que a maioria sequer sabia como
jogar futebol há um ano e meio.
Muitos vieram de pequenas
aldeias, selecionados em uma população que chega a pouco mais de 100 mil
habitantes.
Os 500 torcedores presentes no
estádio em Papua Nova-Guiné permaneceram fiéis à Micronésia.
Afinal, com cinco minutos de bola
rolando, Fiji havia balançado as redes cinco vezes.
Os micronésios mal conseguiram
invadir a área adversária, mas qualquer aproximação era acompanhada por gritos
de “pênalti” das arquibancadas.
Após 21 gols no primeiro tempo, a
Micronésia sofreu apenas 17 na etapa complementar.
O que acabou visto com otimismo
pelo técnico Stan Foster, em entrevista ao Guardian:
“Fizemos um bom segundo tempo. A marcação deu muitos espaços durante o
primeiro tempo, então eu disse para eles ficarem no homem a homem, então
trabalharam muito melhor”.
O herói no segundo tempo foi o
meio-campista Dominic Gadad.
Em uma decisão ousada do
treinador, ele calçou as luvas e substituiu o goleiro Walter Pengelbew.
Evitou que o placar fosse ainda
maior.
O aldeão de 20 anos aprendeu a
atuar como goleiro há apenas três semanas.
“Eles eram muito grandes”, queixou-se o jovem, que se incomodou mais
com a derrota para o Taiti. “Eles nos venceram e, depois, zombaram ao dançar o
haka dentro de campo. É difícil para nós. Só agora começamos a praticar
futebol”.
Do lado de Fiji, o técnico Juan
Carlos lamentou o tanto de chances desperdiçadas por sua equipe, mas também
sentiu compaixão pelos derrotados:
“Perdemos uma quantidade incrível de gols. Caso contrário, quem sabe
qual seria o placar? Nós nos sentimos muito mal em ter que fazer isso. Mas não
tivemos escolha, porque o Taiti fez 30 de saldo, e jogaremos contra eles a
nossa próxima partida”.
Cinco jogadores de Fiji anotaram
hat-tricks, com muitos gols nascendo a partir dos tiros de metas adversários.
E isso sem contar as seguidas
trapalhadas e gols contra.
“A maioria desses jogadores vem de pequenas vilas, onde eles não jogam
futebol. Eles já percorreram um longo caminho. Não estão acostumados a ter
torcida e enfrentar atletas de real qualidade, que treinam regularmente. A derrota
para o Taiti foi um choque, mas eles se recuperaram”, avalia Foster, um
australiano que assumiu o desafio com a Micronésia.
E seu objetivo para o próximo
jogo é ajustar detalhes – entre eles, “aprimorar o domínio” de seus garotos.
No fechamento da fase de grupos,
a equipe duela contra Vanuatu, que empatou com Fiji.
E a ideia, mais do que evitar os
100 gols sofridos, é marcar ao menos um.
Já seria uma glória sem tamanho
para garotos simples, que descobriram o futebol por acaso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário