A Federação de Futebol dos
Estados Unidos (USSF, na sigla em inglês) recomendou que as jogadas de cabeça
sejam proibidas para menores de 10 anos e limitadas aos treinos para os
jogadores de 11 a 13 anos.
A medida, anunciada nesta semana,
decorre de uma ação judicial movida no ano passado num tribunal estadual da
Califórnia.
O objetivo é prevenir contusões e
melhorar o atendimento médico de lesões na cabeça e de outros tipos que possam
acontecer em jogos de futebol – esporte cuja prática e popularidade crescem sem
parar nas categorias inferiores dos EUA.
Segundo um estudo da FIFA
realizado em 2007, os Estados Unidos são o país com o maior número de
estudantes que jogam futebol, 3,9 milhões.
Em seguida vêm a Alemanha, com
dois milhões de crianças e adolescentes, e o Brasil, com pouco menos de 1,5
milhão.
O número total de jogadores
registrados na USSF é de aproximadamente 24,5 milhões, só atrás Associação de
Futebol da China.
Em agosto de 2014, um grupo de
pais abriu um processo judicial na Califórnia acusando várias organizações,
incluindo a FIFA e a USSF, de negligência e descuido no tratamento de lesões
cerebrais ou contusões ocorridas por choques da bola com a cabeça ou entre as
cabeças dos jogadores na disputa de bolas aéreas.
Os autores da ação alegam que em
2010 quase 50.000 jogadores de futebol em categorias estudantis sofreram
contusões.
O número é superior ao de
jogadores lesionados de forma semelhante no basquete, no beisebol e na luta.
Os queixosos também solicitavam
uma mudança no regulamento desse esporte universal, cujas regras dependem da
FIFA. Essa é a parte da ação que eles não ganharam, mas conseguiram que a USSF
altere as regras correspondentes às categorias de menor faixa etária.
A proibição é obrigatória para as
categorias inferiores das equipes nacionais da federação norte-americana e para
suas academias, mas é apenas uma recomendação para o resto.
George Chiampas, médico-chefe da
USSF, disse ao jornal The New York Times que “o que estamos fazendo é criar
parâmetros e diretrizes com relação à exposição a possíveis contusões”.
Chiampas acrescentou que a
pesquisa científica sobre as lesões em jogadores mais jovens ainda está evoluindo,
e que as pautas da USSF se adaptariam às conclusões médicas.
O médico Robert Cantu, coautor do
livro Concussions and Our Kids (“contusões e nossos filhos”), explicou à
revista on-line Slate que as cabeças dos mais jovens são mais maleáveis e, por
não estarem completamente desenvolvidas, o risco de o cérebro ser agitado ao
cabecear a bola é maior.
Isso, segundo alguns cientistas, pode ter repercussões
negativas em longo prazo.
Além de restringir o jogo aéreo
para menores de 13 anos, a USSF também anunciou que melhorará e ampliará suas
oficinas para treinadores e jogadores sobre o tratamento das contusões e suas
consequências.
A organização estabelecerá um
plano de ação nacional sobre os protocolos a seguir para o tratamento desse
tipo de lesão e modificará o número de substituições que as equipes podem
fazer, a fim de que jogadores machucados possam deixar o campo sem que o seu
time seja prejudicado.
Nos Estados Unidos, o debate
sobre as pancadas na cabeça se centrou até agora no futebol americano (o da
bola oval).
Em abril, uma juíza de Nova York
aprovou um acordo pelo qual a Liga Nacional de Futebol (NFL) pagará até cinco
milhões de dólares (18,5 milhões de reais) em indenização a 5.000 jogadores que
acusaram a Liga de ocultar as sequelas dos golpes sofridos em campo.
Segundo dados da Federação
Nacional de Associações Estaduais de Colégios, o futebol americano – em que os
jogadores usam capacetes e proteções, e há contato físico constante – é o
esporte mais praticado por secundaristas.
O soccer – o futebol tal qual é
conhecido no Brasil – ocupa a quinta posição, atrás do atletismo, do basquete e
do beisebol.
Fonte: El Pais
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