Corinthians pagou pelo menos R$
400 mil a Luís Cláudio, filho de Lula, desde 2010
Andrés Sanchez, presidente
corintiano na época, diz que caçula do ex-presidente era olheiro, preparador
físico e responsável por parcerias com outros clubes, mas cargo oficial era
outro: auxiliar de escritório
Por Rodrigo Capelo
Luís Cláudio Lula da Silva, filho
caçula do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, recebeu pelo menos R$ 400
mil do Corinthians por serviços prestados em um período que começou na gestão
de Andrés Sanchez, hoje deputado federal pelo PT e superintendente de futebol
do time, quem bancou sua contratação e manutenção no clube, e terminou na de
Mário Gobbi, delegado que se afastou do futebol depois que deixou a presidência
no ano passado.
O que impressiona é a quantidade de funções desempenhadas por
ele: preparador físico, olheiro, profissional do marketing e... assistente de
escritório.
A história de Luís Cláudio no
Corinthians se divide em duas: uma com carteira assinada, como pessoa física, e
outra como prestador de serviço por meio de uma de suas empresas, como pessoa
jurídica.
Andrés Sanchez e Mário Gobbi,
respectivos presidente e diretor de futebol no período, anunciaram em 16 de
dezembro de 2009 o filho de Lula como preparador físico, função que
desempenhara antes nos rivais Palmeiras, São Paulo e Santos.
O cargo descrito
na carteira de trabalho dele, porém, era outro: auxiliar de escritório.
Por este período, cerca de seis
meses com carteira assinada pelo Corinthians em 2010, o caçula de Lula – à
época com 24 anos – recebeu aproximadamente R$ 120 mil.
O salário-base era de
cerca de R$ 15 mil mensais, mas o valor depositado foi maior em alguns meses –
e ainda entra na soma o valor da rescisão contratual.
Luís Cláudio pediu demissão em 5
de julho de 2010, conforme nota publicada no site do clube naquele dia, mas
continuou a receber do Corinthians por mais dois anos por meio de contratos de
prestação de serviços.
O valor de um desses contratos, conforme revelou ÉPOCA
com base no depoimento que o caçula de Lula prestou à Polícia Federal (PF), é
de R$ 300 mil.
A proposta, nesta fase, disse ele, era trabalhar no marketing
direcionado para o esporte amador.
Procurado por ÉPOCA, Sanchez
afirmou que o filho de Lula era responsável por três funções no clube: (1)
"levantar atletas", como um olheiro; (2) firmar parcerias com outros
clubes; e (3) atuar como preparador físico.
Questionado sobre resultados
entregues por Luís Cláudio durante todo o período, o ex-presidente corintiano
não quis entrar em detalhes.
"Aqui é uma empresa privada, contratamos
vários profissionais. Tudo aqui é aprovado pela diretoria e pelo Cori (Conselho
de Orientação)", disse o atual superintendente de futebol.
Advogados de Luís Cláudio, do
escritório Teixeira, Martins, não responderam nenhuma das perguntas feitas por
ÉPOCA e informaram que ele, "profissional da área privada, já prestou às
autoridades todos os esclarecimentos que lhe foram solicitados".
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