Imagem: Trivela
O meio-campista Flamini investiu
em pesquisa científica e promete revolucionar a indústria
Por Leandro Stein
Paro site Trivela
Mathieu Flamini não é do tipo de
jogador que se eternizará no futebol.
O meio-campista aplicado e de
muita vontade (às vezes, misturada com violência) viveu bons momentos no
Arsenal, mas nada de extraordinário.
No entanto, o francês de 31 anos,
que segue no elenco dos Gunners, promete marcar seu nome na história das
ciências.
Quando estava no Milan, em 2008,
o volante fundou com um amigo a GF Bioquímica, uma companhia voltada à pesquisa
de alternativas sustentáveis.
Por sete anos, o projeto
permaneceu oculto, até mesmo de seus pais e companheiros.
E agora, bem-sucedido na
empreitada, o veterano lança sua indústria, com sede na cidade de Caserta, na
Itália.
Flamini relatou sua epopeia em
entrevista ao caderno de esportes do jornal The Sun.
O francês explica que se debruçou
e investiu milhões sobre o ácido levulínico, uma substância vista como
potencial alternativa ao petróleo.
A molécula, produzida a partir de
biodegradação, pode ser usada na produção de farmacêuticos, cosméticos,
plásticos e outros produtos.
Neste momento, garantem à empresa
do meio-campista um mercado potencial estimado em € 25 bilhões.
“Por sete anos, não mencionei o investimento para ninguém. Quando eu me
transferi ao Milan, em 2008, eu conheci Pasquale Granata, que se tornou um
amigo e sempre tivemos em mente fazer algo, juntos. Eu sempre fui próximo da
natureza e preocupado com assuntos ambientais, mudanças climáticas e
aquecimento global. Ele, economista, tinha ideias parecidas. Estávamos buscando
como poderíamos contribuir no combate ao problema. Depois de um tempo, ficamos
sabendo sobre o ácido levulínico. É uma substância identificada pelo
Departamento de Energia dos Estados Unidos como uma das 12 moléculas com
potencial para substituir o petróleo em todas as suas formas”, contou
Flamini.
O projeto de Flamini começou
bancando uma pesquisa universitária, cujos resultados serão adaptados em sua
nova fábrica ao longo dos próximos anos: “Pesquisadores
nos disseram que o ácido levulínico é o futuro e, pesquisando neste campo,
poderíamos chegar a grandes descobertas e sucessos. Financiamos a pesquisa da
Escola Politécnica de Milão. Depois de muitos meses, chegamos à tecnologia de
produzir o ácido em escala industrial, mais barato e rentável. Patenteamos
isso. Uma vez que você tem o processo, muda do laboratório para a usina. Mas
você precisa adaptar a tecnologia e isso vem com trabalho duro. Não é algo
automático. Começamos os testes, analisamos os dados, vemos o que está
funcionando, adaptamos, melhoramos, mudamos. É uma evolução constante por anos”.
Além da usina na cidade de
Caserta, a companhia de Flamini conta com escritórios na Itália, na Holanda e
pretende abrir mais uma filial nos Estados Unidos: “Somos a primeira e única companhia no mundo a produzir ácido
levulínico em escala industrial. Fazemos a partir de restos de comida ou de
milho. Investimos muito dinheiro nisso, era um grande risco. Mas você tem que
correr riscos para ser bem-sucedido. É um desafio. Empregamos cerca de 80
pessoas na usina e damos trabalho a um total de 400 pessoas. Em tempos de crise
na Itália, isso me faz ainda mais orgulhoso. Contamos com pesquisadores, químicos
e outros cientistas de Itália, França, Rússia, Holanda, Alemanha e Egito.
Trabalhamos em conjunto com a famosa Universidade de Pisa, uma das melhores da
Itália”.
Segundo Flamini, o projeto o
ajudou a pensar além de sua realidade como jogador de futebol, se aplicando nos
estudos: “Somos pioneiros. Estamos
abrindo um novo mercado, com potencial para valer acima de € 25 bilhões. Muitas
pessoas tentaram e falharam na busca por uma forma de produzir o ácido. Para
mim, isso foi uma válvula de escape. A carreira de jogador é feita de altos e
baixos. Estava claro na minha mente e me ajudou a pensar sobre algo diferente.
E isso foi intelectualmente desafiante também. Eu li sobre química, mas não sou
químico. Comecei a faculdade de direito em Marselha, até ter que abandoná-la
por causa da carreira no futebol. Mas eu sei muito sobre o ácido e o processo
em curso”.
Mas, e como ele conseguiu guardar
segredo por tanto tempo?
“Eu não estava pensando em perder milhões. Quando comecei, sabia o que
poderia acontecer, mas é claro que há momentos em que você fica em dúvida. Nem
mesmo minha família sabia algo sobre isso. Meus pais não sabiam até um ano
atrás. Primeiro, eles ficaram preocupados, mas agora têm orgulho. Meus
companheiros do Milan provavelmente saberão no lançamento nesta semana e meus
companheiros do Arsenal descobrirão lendo o artigo. Eu não acho que Wenger
saiba, nunca comentei com ele. Eu queria que tudo estivesse no lugar e
funcionando até anunciar. Chegamos nisso, depois de sete anos de trabalho.
Alcançamos algo inédito. E é por isso que estou muito orgulhoso”.
Enquanto muitos craques preferem
investir em imóveis ou torram o seu dinheiro, Flamini preferiu não se
deslumbrar com uma carreira além do seu próprio potencial e foi ousado em suas
ideias.
Agora, colhe os frutos de maneira
surpreendente.
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