segunda-feira, novembro 16, 2015

Nem todo jogador de futebol é deslumbrado e alienado...

Imagem: Trivela

O meio-campista Flamini investiu em pesquisa científica e promete revolucionar a indústria

Por Leandro Stein

Paro site Trivela

Mathieu Flamini não é do tipo de jogador que se eternizará no futebol.

O meio-campista aplicado e de muita vontade (às vezes, misturada com violência) viveu bons momentos no Arsenal, mas nada de extraordinário.

No entanto, o francês de 31 anos, que segue no elenco dos Gunners, promete marcar seu nome na história das ciências.

Quando estava no Milan, em 2008, o volante fundou com um amigo a GF Bioquímica, uma companhia voltada à pesquisa de alternativas sustentáveis.

Por sete anos, o projeto permaneceu oculto, até mesmo de seus pais e companheiros.

E agora, bem-sucedido na empreitada, o veterano lança sua indústria, com sede na cidade de Caserta, na Itália.

Flamini relatou sua epopeia em entrevista ao caderno de esportes do jornal The Sun.

O francês explica que se debruçou e investiu milhões sobre o ácido levulínico, uma substância vista como potencial alternativa ao petróleo.

A molécula, produzida a partir de biodegradação, pode ser usada na produção de farmacêuticos, cosméticos, plásticos e outros produtos.

Neste momento, garantem à empresa do meio-campista um mercado potencial estimado em € 25 bilhões.

“Por sete anos, não mencionei o investimento para ninguém. Quando eu me transferi ao Milan, em 2008, eu conheci Pasquale Granata, que se tornou um amigo e sempre tivemos em mente fazer algo, juntos. Eu sempre fui próximo da natureza e preocupado com assuntos ambientais, mudanças climáticas e aquecimento global. Ele, economista, tinha ideias parecidas. Estávamos buscando como poderíamos contribuir no combate ao problema. Depois de um tempo, ficamos sabendo sobre o ácido levulínico. É uma substância identificada pelo Departamento de Energia dos Estados Unidos como uma das 12 moléculas com potencial para substituir o petróleo em todas as suas formas”, contou Flamini.

O projeto de Flamini começou bancando uma pesquisa universitária, cujos resultados serão adaptados em sua nova fábrica ao longo dos próximos anos: “Pesquisadores nos disseram que o ácido levulínico é o futuro e, pesquisando neste campo, poderíamos chegar a grandes descobertas e sucessos. Financiamos a pesquisa da Escola Politécnica de Milão. Depois de muitos meses, chegamos à tecnologia de produzir o ácido em escala industrial, mais barato e rentável. Patenteamos isso. Uma vez que você tem o processo, muda do laboratório para a usina. Mas você precisa adaptar a tecnologia e isso vem com trabalho duro. Não é algo automático. Começamos os testes, analisamos os dados, vemos o que está funcionando, adaptamos, melhoramos, mudamos. É uma evolução constante por anos”.

Além da usina na cidade de Caserta, a companhia de Flamini conta com escritórios na Itália, na Holanda e pretende abrir mais uma filial nos Estados Unidos: “Somos a primeira e única companhia no mundo a produzir ácido levulínico em escala industrial. Fazemos a partir de restos de comida ou de milho. Investimos muito dinheiro nisso, era um grande risco. Mas você tem que correr riscos para ser bem-sucedido. É um desafio. Empregamos cerca de 80 pessoas na usina e damos trabalho a um total de 400 pessoas. Em tempos de crise na Itália, isso me faz ainda mais orgulhoso. Contamos com pesquisadores, químicos e outros cientistas de Itália, França, Rússia, Holanda, Alemanha e Egito. Trabalhamos em conjunto com a famosa Universidade de Pisa, uma das melhores da Itália”.

Segundo Flamini, o projeto o ajudou a pensar além de sua realidade como jogador de futebol, se aplicando nos estudos: “Somos pioneiros. Estamos abrindo um novo mercado, com potencial para valer acima de € 25 bilhões. Muitas pessoas tentaram e falharam na busca por uma forma de produzir o ácido. Para mim, isso foi uma válvula de escape. A carreira de jogador é feita de altos e baixos. Estava claro na minha mente e me ajudou a pensar sobre algo diferente. E isso foi intelectualmente desafiante também. Eu li sobre química, mas não sou químico. Comecei a faculdade de direito em Marselha, até ter que abandoná-la por causa da carreira no futebol. Mas eu sei muito sobre o ácido e o processo em curso”.

Mas, e como ele conseguiu guardar segredo por tanto tempo?

“Eu não estava pensando em perder milhões. Quando comecei, sabia o que poderia acontecer, mas é claro que há momentos em que você fica em dúvida. Nem mesmo minha família sabia algo sobre isso. Meus pais não sabiam até um ano atrás. Primeiro, eles ficaram preocupados, mas agora têm orgulho. Meus companheiros do Milan provavelmente saberão no lançamento nesta semana e meus companheiros do Arsenal descobrirão lendo o artigo. Eu não acho que Wenger saiba, nunca comentei com ele. Eu queria que tudo estivesse no lugar e funcionando até anunciar. Chegamos nisso, depois de sete anos de trabalho. Alcançamos algo inédito. E é por isso que estou muito orgulhoso”.

Enquanto muitos craques preferem investir em imóveis ou torram o seu dinheiro, Flamini preferiu não se deslumbrar com uma carreira além do seu próprio potencial e foi ousado em suas ideias.

Agora, colhe os frutos de maneira surpreendente.

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