Imagem: Esmateria.com
A história do atleta que tomou
veneno para ser campeão olímpico. E foi!
Por Daniel Brito
Para o UOL Esporte
Thomas Hicks é o nome do
britânico-americano que protagonizou uma das histórias mais inacreditáveis de
todos os Jogos Olímpicos da história moderna.
E, como estamos em meio a uma
grande polêmica envolvendo doping, o capítulo da história dos Jogos dedicado a
Hicks tem uma pitada, podemos dizer, quase fatal de drogas para melhorar a
performance esportiva.
Seu ouro olímpico veio após
consumir duas doses de estricnina, comumente usado como veneno de rato, mas que
em algum momento foi usado como estimulante, por atuar no sistema nervoso
central.
Fazia calor, estava muito úmido,
o percurso contava com oito morros para serem vencidos pelos maratonistas, a
largada ocorreu às 15h. Dos 32 competidores, 18 desistiram no meio do caminho.
Um deles quase morreu com uma
hemorragia no esôfago provocada pela poeira levantada pelos carros que
acompanharam os atletas no trajeto até a linha de chegada.
A pista era de terra batida.
Só havia uma estação para
hidratação ao longo dos 42 quilômetros.
O quarto colocado foi um carteiro
cubano que simplesmente parou e tirou um rápido cochilo no meio da prova,
porque quilômetros antes ele comera algumas maçãs podres que colhera no
percurso.
O primeiro a completar a maratona
foi o nova-iorquino Fred Lorz, mas não levou o ouro para casa.
Descobriu-se, após a chegada de
Lorz, que ele pegara uma carona com seu treinador após o 14º quilômetro, sob a
alegação de estar exausto, e fizera boa parte da maratona de carro.
Assim, ele foi desqualificado.
Thomas Hicks, por sua vez,
cumpriu os últimos metros carregado pelos ombros pelo treinador.
Ele fez boa parte da prova
caminhando, e sabia que Lorz já havia cruzado a linha de chegada em primeiro
lugar.
Para não desistir, recebeu duas
doses estricnina que somadas, eram inferiores a 1g.
Para que o “doping'' descesse
melhor goela abaixo, ingeriu a estricnina com clara de ovos crus.
Ainda tomou umas doses de brandy
(uma forte bebida alcoólica) para recuperar o fôlego.
O historiador George R. Matthews
garante que uma terceira dose de estricnina, com clara de ovo, brandy ou
qualquer outra coisa, ocasionaria a morte de Hicks.
Apesar dos estimulantes, não foi
desclassificado, e com a exclusão de Lorz, que tomara uma carona no carro do
treinador, Thomas Hicks sagrou-se um inacreditável campeão olímpico com o tempo
de 3h28s53 – o pior tempo já registrado em todas as maratonas olímpicas.
Túnel do tempo
Importante lembrar que isso
ocorreu na maratona olímpica de Saint Louis, nos Estados Unidos, em 1904.
A prova mais surreal da história
dos Jogos Olímpicos.
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