Imagem: Gonza Rodrigues
Diogo Olivier: a força do futebol
trouxe os Rolling Stones até Porto Alegre
Por Diogo Oliver
Para o jornal Zero Hora
Ele mais parece uma criança que
ganhou a primeira bicicleta.
O gaúcho Marcelo Flores, 47 anos,
presidente da BRio, parceira do Inter responsável pelos novos produtos criados
a partir da reforma do Beira-Rio, acelera o ritmo de cada frase.
É como se quisesse correr e
alcançar logo a ideia seguinte.
Está eufórico.
Os Rolling Stones farão show no
Beira-Rio no dia 2 de março, uma quarta-feira desde já histórica.
Será a primeira vez de Mick
Jagger, Keith Richards, Charlie Watts e Ronnie Wood em Porto Alegre, numa turnê
pela América Latina que não acontecia há 10 anos.
Flores entende que os Stones
podem colocar a Província de São Pedro na rota dos megaeventos musicais.
As pedras vão rolar só em março,
mas a função já começou.
A coluna apurou que a Prefeitura,
acionada pelo vice de administração colorado, Alexandre Limeira, pretende
organizar um Caminho do Rock (tipo o Caminho do Gol, da Copa) na Avenida Borges
de Medeiros, com shows de bandas convidadas e mais o que pintar.
Nesta quarta-feira já tem Pearl
Jam na Arena do Grêmio.
É o futebol, que na capital
gaúcha ergueu dois estádios multiuso modernos, alterando o mapa do mercado da
música.
Será isso mesmo?
É o tema do meu papo com Marcelo
Flores.
Qual o significado de um show assim em um estádio de futebol pensado
para receber espetáculos?
Significa tudo. É maior banda do
mundo. Os caras são lendas ambulantes. Vieram lá de trás, rivalizando com os
Beatles. Atravessaram décadas cada vez mais relevantes e populares. É incrível.
Será um cartão de visitas.
Qual o ganho disso?
Financeiramente, para nós, da
BRio, pequeno. Até tentei, mas obviamente os produtores não quiseram dividir
(risos) o risco do lucro (mais risos) do show, tipo cobrarmos um percentual da
bilheteria em vez de valor fixo do aluguel do espaço. Eles disseram: não,
tranquilo: a gente assume tudo. Não tem como dar errado. É casa cheia certo.
Mas a exposição é absolutamente impossível de medir.
Tanto assim?
Já vi show dos Stones. Vem gente
do mundo inteiro. É uma banda com fãs malucos, que os acompanham. Os caras
visitam o local do espetáculo antes, como se fosse templo. Tiram fotos, fazem
selfie. Postam antes, durante e depois. Aqui, a mobilização será nacional e
continental. É um evento que transcende o Rio Grande do Sul. Será a imagem do
Beira-Rio circulando pelo mundo em todas as plataformas.
Quanto custou o aluguel do Beira-Rio para os Stones?
Por questão de sigilo de
contrato, não posso revelar. Mas posso te garantir que é muito menos do que as
pessoas imaginam. O ganho maior, como te disse, não é financeiro, apesar de a
gente projetar bom faturamento nas áreas que exploramos no Beira-Rio, como
alimentação, o sunset, o estacionamento, o shopping. Mas o lucro maior é que
vem depois, com a abertura de oportunidades. É como eu digo: o depois é o
grande xis da questão.
Você fala de outros shows?
Sim. Os Stones poderão usar
imagens do show em Porto Alegre como bem quiserem, por exemplo. É claro que nem
discutimos questões de direitos nesse aspecto. Não há dinheiro que pague algo
assim. O Beira-Rio passará a ter o carimbo de um estádio que abrigou um show de
uma das maiores bandas de rock de todos os tempos. Para o resto da vida, fica o
carimbo de tê-los recebido. É um chamariz. Estamos no começo da caminhada.
E para a cidade, qual a amplitude de um evento planetário musical?
Ocupação de hotéis, voos,
restaurantes, comércio. Turismo, enfim: as pessoas virão de vários pontos do
país e do mundo. Serão ao menos 72 horas fortes nesse sentido. Mas o grande
salto é que os Rolling Stones podem dar a Porto Alegre o selo de terceira força
do Brasil para megaespetáculos, atrás só de Rio e São Paulo, mas à frente de
BH. Nossa briga é com BH neste segmento.
Tipo U2, AC/DC, aqui os Stones tocaram, podem vir, é tiro certo?
Por que só Rio e São Paulo? Ou
Buenos Aires, como normalmente acontece? Dá uma chegadinha em Porto Alegre,
pegando o público do Cone Sul, onde os Stones tocaram. É a questão da terceira
força brasileira, à frente de BH.
Foi difícil trazer o show?
Muito. Porto Alegre tem outra
casa ótima de grandes shows, que é a Arena. Claro que vai muito da negociação,
da abordagem, mas acho que depende mesmo é da escolha dos produtores. Minha
relação com a T4F vem de longe, desde quando montei o HSBC Arena, no Rio. Quem
ganha com tudo isso? Porto Alegre. E os gaúchos.
Fonte: Zero Hora
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