segunda-feira, novembro 09, 2015

Rio Grande do Sul, onde os estádios multifuncionais, funcionam...


Imagem: Gonza Rodrigues


Diogo Olivier: a força do futebol trouxe os Rolling Stones até Porto Alegre

Por Diogo Oliver

Para o jornal Zero Hora

Ele mais parece uma criança que ganhou a primeira bicicleta.

O gaúcho Marcelo Flores, 47 anos, presidente da BRio, parceira do Inter responsável pelos novos produtos criados a partir da reforma do Beira-Rio, acelera o ritmo de cada frase.

É como se quisesse correr e alcançar logo a ideia seguinte.

Está eufórico.

Os Rolling Stones farão show no Beira-Rio no dia 2 de março, uma quarta-feira desde já histórica.

Será a primeira vez de Mick Jagger, Keith Richards, Charlie Watts e Ronnie Wood em Porto Alegre, numa turnê pela América Latina que não acontecia há 10 anos.

Flores entende que os Stones podem colocar a Província de São Pedro na rota dos megaeventos musicais.

As pedras vão rolar só em março, mas a função já começou.

A coluna apurou que a Prefeitura, acionada pelo vice de administração colorado, Alexandre Limeira, pretende organizar um Caminho do Rock (tipo o Caminho do Gol, da Copa) na Avenida Borges de Medeiros, com shows de bandas convidadas e mais o que pintar.

Nesta quarta-feira já tem Pearl Jam na Arena do Grêmio.

É o futebol, que na capital gaúcha ergueu dois estádios multiuso modernos, alterando o mapa do mercado da música.

Será isso mesmo?

É o tema do meu papo com Marcelo Flores.

Qual o significado de um show assim em um estádio de futebol pensado para receber espetáculos?

Significa tudo. É maior banda do mundo. Os caras são lendas ambulantes. Vieram lá de trás, rivalizando com os Beatles. Atravessaram décadas cada vez mais relevantes e populares. É incrível. Será um cartão de visitas.

Qual o ganho disso?

Financeiramente, para nós, da BRio, pequeno. Até tentei, mas obviamente os produtores não quiseram dividir (risos) o risco do lucro (mais risos) do show, tipo cobrarmos um percentual da bilheteria em vez de valor fixo do aluguel do espaço. Eles disseram: não, tranquilo: a gente assume tudo. Não tem como dar errado. É casa cheia certo. Mas a exposição é absolutamente impossível de medir.

Tanto assim?

Já vi show dos Stones. Vem gente do mundo inteiro. É uma banda com fãs malucos, que os acompanham. Os caras visitam o local do espetáculo antes, como se fosse templo. Tiram fotos, fazem selfie. Postam antes, durante e depois. Aqui, a mobilização será nacional e continental. É um evento que transcende o Rio Grande do Sul. Será a imagem do Beira-Rio circulando pelo mundo em todas as plataformas.

Quanto custou o aluguel do Beira-Rio para os Stones?

Por questão de sigilo de contrato, não posso revelar. Mas posso te garantir que é muito menos do que as pessoas imaginam. O ganho maior, como te disse, não é financeiro, apesar de a gente projetar bom faturamento nas áreas que exploramos no Beira-Rio, como alimentação, o sunset, o estacionamento, o shopping. Mas o lucro maior é que vem depois, com a abertura de oportunidades. É como eu digo: o depois é o grande xis da questão.

Você fala de outros shows?

Sim. Os Stones poderão usar imagens do show em Porto Alegre como bem quiserem, por exemplo. É claro que nem discutimos questões de direitos nesse aspecto. Não há dinheiro que pague algo assim. O Beira-Rio passará a ter o carimbo de um estádio que abrigou um show de uma das maiores bandas de rock de todos os tempos. Para o resto da vida, fica o carimbo de tê-los recebido. É um chamariz. Estamos no começo da caminhada.

E para a cidade, qual a amplitude de um evento planetário musical?

Ocupação de hotéis, voos, restaurantes, comércio. Turismo, enfim: as pessoas virão de vários pontos do país e do mundo. Serão ao menos 72 horas fortes nesse sentido. Mas o grande salto é que os Rolling Stones podem dar a Porto Alegre o selo de terceira força do Brasil para megaespetáculos, atrás só de Rio e São Paulo, mas à frente de BH. Nossa briga é com BH neste segmento.

Tipo U2, AC/DC, aqui os Stones tocaram, podem vir, é tiro certo?

Por que só Rio e São Paulo? Ou Buenos Aires, como normalmente acontece? Dá uma chegadinha em Porto Alegre, pegando o público do Cone Sul, onde os Stones tocaram. É a questão da terceira força brasileira, à frente de BH.

Foi difícil trazer o show?

Muito. Porto Alegre tem outra casa ótima de grandes shows, que é a Arena. Claro que vai muito da negociação, da abordagem, mas acho que depende mesmo é da escolha dos produtores. Minha relação com a T4F vem de longe, desde quando montei o HSBC Arena, no Rio. Quem ganha com tudo isso? Porto Alegre. E os gaúchos.

Fonte: Zero Hora

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