Com salários 10 vezes maiores que
no Brasil, mulheres seguem homens e descobrem ‘pote de ouro’ chinês
Bianca Daga para ESPNW
Não é somente o futebol masculino
da China que vem investindo em jogadores brasileiros e tirando os destaques do
país.
O feminino começou a seguir o
mesmo rumo.
Até 2015, nenhuma atleta tinha se
aventurado por lá.
No entanto, neste ano, nove se
transferiram, atraídas pelos altos salários.
Uma delas é Gabi Zanotti.
A meia de 31 anos jogava pelo
Santos, ficou na seleção brasileira permanente por um ano e foi para a China em
fevereiro para defender o Dalian Quanjian, clube da cidade de mesmo nome, que
fica a uma hora capital Pequim, de voo, ou a seis horas, de trem bala.
“Assim como tem acontecido no futebol masculino, a questão financeira
sem dúvida contou bastante para eu vir jogar aqui. Prefiro não dar detalhes
sobre os valores. Mas meu salário na seleção permanente era R$ 3 mil. Aqui,
recebo pelo menos dez vezes mais”, contou ao espnW.
Além de Gabi, jogam no futebol
chinês atualmente Fabiana Simões e Débora Oliveira – são do mesmo clube que a
meia e dividem apartamento com ela -; Darlene Reguera, Rafaela Leone, Rakel
Fernandes, Giovana Crivelari, Maglia e Carla.
As três últimas atuam na segunda
divisão.
No caso de Gabi, Fabiana e
Débora, o motorista do Dalian Quanjian vai buscá-las em casa para todas as
sessões de treinos.
Quando treinam em dois períodos,
elas ficam no clube e almoçam no restaurante com as outras jogadoras e, lá, têm
quartos à disposição para descansarem e se concentrarem nos dias de jogos.
Além da saudade da família, o que
mais pesa na rotina na China é a alimentação.
“Tento trazer algumas coisas do Brasil, encomendar quando sei que tem
alguém vindo para cá e, em último caso, tentar achar o que quero no mercado de
importados aqui. Quando vou a restaurantes, é sempre italiano, indiano,
americano…. menos chinês (risos).”
Outro problema que enfrentam é
para se comunicar, já que poucas pessoas falam inglês.
As brasileiras costumam apelar
para um tradutor e para aplicativos no celular, mas rotineiramente acabam
vivendo situações engraçadas.
“Na maioria das vezes, a gente tenta se comunicar por mímica. Uma vez
pedi coco, fiz o gesto para explicar que era coco ralado. O cara pediu para
esperar e voltou com sabão em pó. Tem muita coisa bizarra que acontece. A gente
chama de ‘coisas da China’. Já comprei croissant achando que tinha gotas de
chocolate e era de feijão, comprei linguiça e joguei tudo fora porque era
doce.”
Os altos salários pesam e as
dificuldades podem ser superadas.
Principalmente porque, ao
contrário do que já aconteceu com alguns jogadores no futebol masculino, elas
não perdem espaço na seleção por estarem no país asiático.
Das 18 atletas que defenderam o
Brasil nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, quatro defendem clubes na China.
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