Charge: Mário Alberto
Depois de
mais uma lambança da arbitragem, o Fluminense aproveitou a oportunidade para
anular a partida que perdeu por 2 a 1 para o Flamengo, alegando que a decisão
do árbitro Sandro Meira Ricci ao anular gol de empate do tricolor, sofreu
influência externa...
Pegando
carona na polêmica, a revista Veja publicou matéria relembrando outras
investidas de clubes brasileiros no “tapetão”.
Relembre os casos de ‘tapetão’ no futebol brasileiro
Mais uma vez, Fluminense recorre a seus advogados.
Outros grandes clubes do país também já alcançaram
vitórias históricas nos tribunais
Da redação de Veja
O Campeonato
Brasileiro de 2016 pode registrar mais uma decisão de “tapetão”, como é
popularmente conhecida a prática de alterar, via tribunal, um resultado
conquistado em campo.
Mais uma vez,
o Fluminense aparece como principal envolvido.
A equipe
tricolor alega que houve interferência externa, proibida pela Fifa, na derrota
para o Flamengo e solicitou a anulação do clássico junto ao Superior Tribunal
de Justiça Desportiva (STJD).
O Fluminense
já escapou de dois rebaixamentos e “pulou” uma divisão com a ajuda de seus
advogados.
Outras
grandes equipes do futebol nacional também já se envolveram em escândalos.
Relembre os
principais casos:
1996: o primeiro tapetão tricolor
O Fluminense
terminou o Brasileirão de 1996 na penúltima colocação e, portanto, deveria ser
rebaixado junto com o lanterna Bragantino.
No entanto,
uma acusação de esquema de suborno da arbitragem, conhecido como “caso Ives
Mendes”, fez com que a CBF suspendesse o rebaixamento naquele ano.
Até hoje o
escândalo não foi plenamente esclarecido.
A “virada de
mesa”, porém, apenas adiou em um ano o rebaixamento: em 1997, o Fluminense foi
antepenúltimo e caiu de vez para a Série B.
Copa João Havelange de 2000
O Fluminense
foi mais uma vez beneficiado em 2000.
O time, que
caiu para a Série C em 1998, e foi campeão em 1999, saltou diretamente da
terceira para a primeira divisão graças ao “caso Sandro Hiroshi”, que deu
origem à Copa João Havelange.
Em 1999, o
atacante de descendência japonesa atuou pelo São Paulo mesmo estando
“bloqueado” pela CBF por irregularidades nas negociações entre o clube que o
revelou (Tocantinópolis) e o que o vendeu ao São Paulo (Rio Branco).
Descobriu-se,
depois, que Hiroshi havia adulterado sua idade – é o caso mais célebre de
“gato” no futebol nacional.
O Botafogo,
que perdeu para o São Paulo de Hiroshi por 6 a 1, e o Inter, que empatou em 2 a
2, conseguiram ganhar os pontos das partidas nos tribunais.
O resultado
acabou livrando o Botafogo do rebaixamento e colocando em seu lugar o Gama.
A equipe de
Brasília, naturalmente, recorreu à Justiça comum contra a CBF, que foi punida.
Com isso, o
Brasileirão de 2000 foi organizado pelo Clube dos 13 e não pela entidade que
gere o futebol nacional.
Batizado de
João Havelange, o torneio teve quatro módulos (116 clubes de três divisões),
sem rebaixamento, e propiciou o retorno à elite de Fluminense e Bahia.
O drama da Lusa em 2013
Em 2013, mais
uma vez o torcedor tricolor chorou um rebaixamento, mas foi salvo nos
tribunais.
A Portuguesa,
que terminou na 16ª colocação, caiu uma posição por causa da escalação
irregular do meia Héverton.
Ele estava
suspenso por acúmulo de cartões amarelos, mas mesmo assim entrou em campo na
segunda etapa da partida diante do Grêmio, na última rodada.
Por isso, a
Portuguesa perdeu quatro pontos e terminou com dois a menos que o Fluminense,
que escapou da degola – e fez festa na porta no STJD.
De lá para
cá, a Portuguesa amargou mais dois rebaixamentos: em 2016, caiu para a Série D
do Brasileirão.
1997 – O efeito suspensivo de Edmundo
O atacante
Edmundo foi o craque do Brasileirão de 1997: campeão pelo Vasco e artilheiro do
torneio com incríveis 29 gols.
No entanto, o
“Animal” só conseguiu disputar o duelo final (0 a 0 contra o Palmeiras, no
Maracanã), graças a uma ajuda providencial de Eurico Miranda e do tapetão.
Edmundo levou
o terceiro cartão amarelo que o tiraria da final.
Propositalmente,
levou um vermelho – que, em condições normais, também o deixariam de fora da
decisão.
Porém, o
Vasco solicitou um julgamento pela expulsão e conseguiu um efeito suspensivo
que o liberou para a partida.
1992: o salto do Grêmio
Outro
tricolor, o gaúcho, também conseguiu uma mãozinha e tanto para retornar à
primeira divisão.
Rebaixado à
Série B em 1991, o Grêmio fez campanha pífia na segunda divisão do ano
seguinte.
No entanto,
uma mudança no regulamento no meio do campeonato fez com que o número de vagas
à Série A subisse de duas para 12 (!).
O Grêmio
terminou em novo e voltou à elite.
1986 e 1987: o caos no Brasileirão
Em 1986, a
CBF criou um novo formato para o Brasileirão.
Batizado de
Copa Brasil, o torneio juntaria as taças de Ouro, Prata e Bronze (séries A, B e
C) numa única competição com 80 clubes.
Estava
prevista a classificação de 28 clubes para a segunda fase, mas o Vasco,
eliminado, solicitou na Justiça a sua classificação na vaga do Joinville,
envolvido em caso de doping.
A equipe
catarinense também entrou na Justiça e retomou a vaga, desta vez deixando de
fora a Portuguesa.
Os clubes
paulistas, então, ameaçaram deixar o torneio em apoio à Lusa e a CBF não teve
outra escolha senão classificar 35 times em vez de 28.
Diante de
tanta confusão, foram criados, no ano seguinte, o Clube dos 13 e a Copa União,
a primeira tentativa de se fazer uma liga independente no país.
A mudança,
porém, gerou novo caos: o Flamengo foi o campeão da Copa União ao bater o
Internacional na final.
No entanto, a
CBF (que havia dado aval para criação da Copa União) criou um novo torneio que
envolveria os finalistas do Módulo Amarelo (uma espécie de Série B) e os
finalistas do Módulo Verde (como a CBF definia a Copa União).
Como Flamengo
e Inter se negaram a participar do torneio da CBF, Sport e Guarani (finalistas
do Módulo Amarelo) fizeram a decisão, vencida pela equipe pernambucana.
O Sport,
então, foi declarado campeão brasileiro de 1987 pela CBF, uma posição que até
hoje causa muita controvérsia entre rubro-negros do Rio e de Pernambuco.
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