Este espaço não propõe defesa nem ataque a nenhum clube ou pessoa. Este espaço se destina à postagem de observações, idéias, fatos históricos, estatísticas e pesquisas sobre o mundo do futebol. As opiniões aqui postadas não têm o intuito de estabelecer verdades absolutas e devem ser vistas apenas como uma posição pessoal sujeita a revisão. Pois reconsiderar uma opinião não é sinal de fraqueza, mas sim da necessidade constante de acompanhar o dinamismo e mutabilidade da vida e das coisas.
segunda-feira, dezembro 31, 2018
São Silvestre: a corrida dos desconhecidos... a história de Marcos Vale.
Imagem: Autor Desconhecido
Na correria: a Corrida de São
Silvestre dos desconhecidos
O lado B da prova de corrida de
rua mais tradicional do país contado a partir da história de Marcos Vale, um
entre os mais de 30 mil atletas amadores que disputarão a charmosa corrida do
último dia do ano.
Por Pedro Henrique Brandão, repórter e comentarista do Universidade do
Esporte
Acontece hoje, nas ruas do centro
de São Paulo, a 94° Corrida de São Silvestre.
Criada em 1924, pelo jornalista
Cásper Líbero, a corrida era disputada à noite e em um percurso menor que os
atuais 15 km, eram apenas 8,8 km em sua primeira edição que contou com apenas
60 inscritos, dos quais somente 37 completaram a prova.
O nome da prova é uma homenagem
ao Santo Silvestre que na época era papa e anos mais tarde foi canonizado.
Noventa e quatro anos depois, a
Corrida de São Silvestre cresceu e é a mais tradicional e charmosa corrida de
rua do país, conta com mais de 30 mil corredores e leva às ruas, além de
atletas profissionais, os atletas amadores no melhor sentido da palavra, pois
são aqueles que praticam o esporte por amor.
São as histórias desses milhares
de amadores que fazem a festa da corrida que encerra o ano, que merecem ser
contadas.
Marcos Vale é um desses atletas
que buscou na corrida uma prática esportiva para acompanhar a correria do
cotidiano e fazer o corpo entrar no ritmo acelerado da mente de quem vive e
trabalha na metrópole.
Trabalhando no escritório de uma
ONG em São Paulo, com as idas e vindas no trânsito caótico da região
metropolitana, praticamente não restava tempo para se exercitar.
Aos 35 anos de idade, Marcos se
viu acima do peso e percebeu a necessidade de praticar uma atividade física.
Como sempre gostou muito de
futebol decidiu voltar a praticar a paixão nacional, mas pela falta de tempo
acabou tendo problemas em conciliar seus horários profissionais com os dos
jogos.
“Decidi voltar a jogar futebol, mas acabei esbarrando na dificuldade de
encontrar pessoas que tivessem horários compatíveis com os meus. Fiquei uns
meses procurando o pessoal e acabei desistindo” conta Marcos.
O que poderia ser a frustração
responsável por manter Marcos no sedentarismo acabou sendo a motivação para buscar
uma atividade que pudesse ser praticada individualmente e no horário que
coubesse na agenda.
Foi então que a corrida entrou na
vida de Marcos Vale, no primeiro semestre de 2016.
“Eu precisava encontrar uma maneira de melhorar minha qualidade de
vida, com 35 anos me sentia muito mais velho, sem disposição para acompanhar o
pique do dia a dia” recorda.
A história de Marcos Vale corre
na esteira de uma tendência que cresce rapidamente no Brasil: a prática da
corrida amadora.
Em janeiro de 2014, a consultoria
espanhola Relevance divulgou uma pesquisa com mil entrevistados em que estima
que 5% da população brasileira acima de 16 anos, cerca de seis milhões de
pessoas, pratique algum tipo de corrida.
Apenas em 2013, a Federação
Paulista de Atletismo registrou 323 eventos sob sua supervisão contra 240 em
2009 - crescimento de 35%.
No mesmo período, as corridas
autorizadas pela CET (Companhia de Engenharia do Tráfego) em São Paulo foram de
81 para 131 - aumento de 62%.
Com tantos eventos de corrida de
rua, Marcos não demorou para participar de sua primeira corrida.
Apenas três meses depois de
iniciar os treinamentos, correu os 5 km da Global Energy 2016, disputada na
Cidade Universitária, na Zona Oeste da capital paulista.
“Fui pegando umas dicas com amigos que já tinham experiência na corrida
e li o livro ‘Correr: O exercício, a cidade e o desafio da maratona’ que o
Dráuzio Varela publicou naquele período. Cerca de três meses depois que comecei
treinar sozinho disputei minha primeira prova”.
Em quatro meses de corrida o
auxiliar administrativo já havia perdido 16 quilos e levava uma vida muito mais
saudável já que para manter o ritmo de treinamentos precisou fazer uma mudança
completa na alimentação, trocando o fast food com refrigerantes e frituras por
legumes, verduras e frutas.
“Enquanto as pernas permitirem”
O ano de 2016 foi de ambientação
na corrida.
Marcos tomou gosto pelos treinos
e decidiu dar um passo adiante: correria a São Silvestre em 2017.
A preparação para atletas
amadores costuma ser árdua já que não há tempo para dedicar somente aos
treinamentos.
Com a vida profissional tomando
boa parte do dia dos atletas cada um, procura espaço em sua agenda para
treinar.
“Faço de duas a três vezes por semana o trajeto entre minha casa e o
local onde trabalho. Aproximadamente 12 km considerando que a prova tem 15 km
acredito ser uma boa preparação”.
Explica Marcos que mora em Taboão
da Serra, cidade da Grande São Paulo, e trabalha em Santo Amaro, bairro na Zona
Sul da capital.
Durante os treinos sozinho encontrou
um grupo que estava se preparando para a prova, ganhou companhia nos
treinamentos e a motivação extra das amizades para a preparação.
Junto ao grupo fazia simulados no
trajeto oficial da São Silvestre.
Além dos treinamentos existe a
preocupação com a alimentação e o sono, na vida de um atleta profissional é
mais fácil cuidar de tudo isso, mas na vida de um ser humano comum que decide
correr uma São Silvestre é um desafio e tanto passar por esse processo.
“Nos simulados eu treinava o conhecimento do percurso, como superar os
aclives, onde dar um gás mais forte, como resistir à Brigadeiro que com certeza
é o ponto mais difícil do circuito”.
Foram doze meses de preparação
para executar uma prova no último dia do ano.
Até que em 31 de dezembro de
2017, Marcos Vale pisou na Avenida Paulista com o número de inscrição no peito,
tênis e disposição para completar o trajeto.
Conseguiu e foi pego pelo “barato” dos corredores que prende quem
disputa uma corrida. Sobre a emoção de disputar a quase centenária corrida,
Marcos exalta: “É um ano inteiro da sua
vida que você vai diluir nos 15 km. A São Silvestre é percurso extremamente
exigente e seletivo, mas que tem a questão de tudo que envolve a prova. As
superações, as amizades que fiz durante a preparação ou durante a prova. A
principal lição que a São Silvestre nos deixa é que todos podem correr, ali na
largada não tem classe social, gênero, raça. Nada nos distingue e somos pessoas
iguais que dependemos apenas de nossos esforços. Por isso quero continuar até
quando as pernas permitirem”.
A vida depois da corrida
A corrida muda a vida das pessoas
que a praticam.
É o que garante o corredor Garth
Battista, autor da coletânea de história de outros corredores, intitulada “Runner´s High”, uma expressão que em
português se refere ao “barato” que
os praticantes da corrida sentem.
"É um estado em que a corrida parece não exigir esforço, em que o
corpo e a mente se libertam de qualquer peso. É raro, mas todo corredor sente
isso de tempos em tempos" descreve Garth Battista.
Já Marcos Vale vai além ao falar
das mudanças que a corrida levou a sua vida.
“Primeiro mudou a minha qualidade de vida, hoje me sinto uma pessoa
muito mais preparada e disposta fisicamente. Mentalmente também estou mais
forte, mais focado para superar os desafios que a gente encontra no trabalho,
em casa e na vida como um todo. A corrida é um exercício que exige disciplina e
isso é bom para qualquer área da vida. Acredito que liberar endorfina é algo
que faz muito bem, que faz enxergar a vida com a perspectiva do ‘copo d’água
cheio’. Trouxe minha esposa para o universo da corrida e hoje treinamos junto,
o que nos aproximou ainda mais”.
Neste ano vai disputar sua
segunda São Silvestre, não se preparou tanto como no ano passado, mas foi por
um ótimo motivo: a chegada do pequeno Heitor, seu segundo filho, que fez as
noites ficarem mais curtas e agitadas, por isso o sono não tem sido o
necessário para descansar dos treinos e preparar para a prova.
Nada que o impeça de disputar
novamente a prova que tem tudo para virar tradição da família Vale já que Ana
Carolina, sua esposa, planeja debutar na edição 2019 da corrida.
Em meio a tanta mudança Marcos
não deixa de lado os planos.
Tem como meta para o próximo ano
disputar sua primeira meia maratona.
Mas isso é só para o ano que vem,
por enquanto vive os preparativos finais para enfrentar a subida da avenida
Brigadeiro Luís Antônio.
Floyd Mayweather, hoje, vai ganhar 142 mil euros por cada segundo em que estiver no ringue...
Imagem: Autor Desconhecido
Floyd Mayweather não se aposentou
como imaginávamos...
Não totalmente.
Dependendo da grana, enfrenta quem ousar desafiá-lo...
Hoje vai voltar aos ringues, para
um combate de exibição com o japonês Tenshin Nasukawa.
Será uma luta exibição que lhe
vai deixar a conta bancária (ainda) mais recheada...
O boxeador norte-americana vai faturar
perto de 77 milhões de euros.
O valor corresponde a cerca de
142 mil euros – serão 9 minutos divididos em três assaltos – por cada segundo
em que estiver em ação...
O combate não terá juízes, já que
só haverá vencedor caso ocorra um KO ou algum dos lutadores se retire.
Mayweather deverá realizar a luta
mais rápida e fácil de sua vitoriosa carreira...
Oficialmente, o lutador americano
soma 50 vitórias.
domingo, dezembro 30, 2018
Os cinco clubes brasileiros que mais faturaram com bilheteria em 2018...
Imagem: Globo Esporte
Os cinco clubes que mais
faturaram com bilheteria em 2018
1 – Palmeiras
R$ 79.550,151
Preço Médio do Ingresso: R$ 67,00
Média de Público: 32.006 por
partida
2 – Corinthians
R$ 59.304,872
Preço Médio do Ingresso: R$ 52,00
Média de Público: 31.552 por
partida
*O dinheiro arrecadado pelo
Corinthians em bilheteria é todo destinado ao pagamento do Estádio
3 – Flamengo
R$ 39.988,237
Preço Médio do Ingresso: R$ 33,00
Média de Público: 37.549 por
partida
4 – Grêmio
R$ 37.204,289
Preço Médio do Ingresso: R$ 43,00
Média de Público: 23.857 por
partida
5 – Cruzeiro
R$30.455,241
Preço Médio do Ingresso: R$ 35,00
Média de Público: 23.046 por
partida
Os jogadores que mais se valorizaram depois da Copa do Mundo...
Imagem: Matthew Impey/Rex/Shutterstock
Depois do Mundial da Rússia alguns
jogadores viram o seu valor de mercado crescer de forma impressionante...
Abaixo a lista dos mais
valorizados nos últimos meses segundo o Diário AS da Espanha – os dados foram
coletados no site ‘Tranfermarkt’, site especializado em assuntos econômicos.
Abdou Diallo (Borussia Dortmund)
Valorizou 21 milhões de euros...
O valor de mercado do central
atualmente é de 33 milhões de euros.
Nicolas Pépé (Lille)
Vale mais 24 milhões de euros...
O Lille espera vendê-lo em
janeiro por 40 milhões.
Lucas Torreira (Arsenal)
Valorizou 25 milhões...
O seu valor de marcado atualmente
ronda os 55 milhões de euros.
Luka Jovic (Eintracht Frankfurt)
Vale mais 28 milhões...
O do Benfica emprestado aos
alemães está agora avaliado em 40 milhões de euros.
Kai Havertz (Bayer Leverkusen)
Vale mais 30 milhões...
Com apenas 19 anos o seu valor de
marcado chegou aos 65 milhões de euros.
Eden Hazard (Chelsea) (foto)
Mais 30 milhões...
O atacante está avaliado em 150
milhões de euros.
Antoine Griezmann (Atlético
Madrid)
Mais 30 milhões...
É um dos jogadores mais valiosos
do mercado: 150 milhões de euros.
Frenkie de Jong (Ajax)
Mais 33 milhões...
Pretendido pelo Barcelona está
avaliado em 40 milhões.
Jadon Sancho (Borussia Dortmund)
Mais 50 milhões...
Outra grande promessa do futebol
mundial, está avaliado em 70 milhões.
Kylian Mbappé (PSG)
Mais 50 milhões...
Campeão do Mundo pela França, o
passe do jovem avançado vale agora 200 milhões.
Fórmula 1 cresce e fecha ano com média de público maior que Copa e NFL...
Imagem: Autor Desconhecido
F1 cresce e fecha ano com média
de público maior que Copa e NFL
Média ultrapassou 200 mil pessoas
em quase todos os finais de semana de corrida
Por Redação do Máquina do Esporte
A Liberty Media parece estar no
caminho certo, ao menos no que se refere a trazer o público de volta à Fórmula
1.
Os dados divulgados após o final
da temporada 2018 mostram que a audiência nos circuitos que compõem o circo da
F1 aumentou 7,8% em relação ao ano anterior, e a tendência é que seja ainda
maior em 2019.
De acordo com os números
fornecidos pelos organizadores de cada corrida, a categoria ultrapassou os 4
milhões de espectadores (4.093.305, mais exatamente) in loco nas 21 provas do
ano.
A participação média foi de mais
de 200 mil pessoas em praticamente todos os finais de semana de corrida.
Para se ter uma ideia, no domingo
da corrida, a média de público foi de pouco mais de 80 mil espectadores
(80.093, para ser mais exato).
O número é bem maior, por exemplo,
que a média vista na Copa do Mundo da Rússia, principal evento esportivo de
2018, que ficou em 47.371 pessoas.
A própria final entre França e
Croácia em Moscou chegou "apenas" a 78.011 espectadores.
A Fórmula 1 ainda bateu
campeonatos de futebol conhecidos pela presença maciça de público, como Liga
dos Campeões (46.630) e Bundesliga (44.657).
Em termos de média, a competição
que chegou mais perto da categoria mais importante do automobilismo mundial foi
a NFL, com 67.405 espectadores por jogo.
Vale destacar que, entre os
líderes de público na temporada, estiveram os finais de semana dos Grandes
Prêmios da Inglaterra (340 mil), México (335 mil), Austrália (295 mil), Estados
Unidos (263 mil), Cingapura (263 mil), Bélgica (250 mil) e Hungria (210 mil).
Se forem levados em consideração
apenas os domingos de corrida, a tentativa frustrada de Lewis Hamilton de
ganhar em casa, na Inglaterra, teve 140.500 espectadores (a vitória foi do
alemão Sebastian Vettel).
Em segundo lugar, ficou o GP do
México, com 135.407 pessoas comparecendo ao circuito para assistir à conquista
do pentacampeonato de Hamilton.
"Esses números grandes, comparados favoravelmente com outros
grandes eventos esportivos, confirmando uma tendência de crescimento. Estamos
particularmente satisfeitos com os resultados e as pesquisas realizadas durante
a temporada com relação aos níveis de satisfação dos espectadores, pois mostram
que nossos esforços para envolver os torcedores estão funcionando bem",
declarou Sean Bratches, diretor de operações comerciais da Fórmula 1.
Gerrard Piqué agora é dono de um time de futebol...
Imagem: Autor Desconhecido
Gerrard Piqué, zagueiro do
Barcelona é o novo dono do FC Andorra, clube do Principado de Andorra...
Piqué que teve sua proposta
aprovada por 99,9% dos sócios (300 votantes), pagou a divida do clube
que girava em torno de 200 mil euros.
sábado, dezembro 29, 2018
Kanela, um notável do esporte brasileiro... o treinador mais vencedor do basquete dirigindo a seleção do Brasil.
Imagem: Autor Desconhecido
Togo Renan Soares, o Kanela, foi o treinador mais vencedor do basquete
brasileiro dirigindo o Brasil nas conquistas dos Mundiais de 1959 e 1963.
Por Pedro Henrique Brandão Lopes
Há 55 anos a seleção brasileira
conquistava o bicampeonato mundial de basquete no Maracanãzinho, vencendo a
tradicional seleção dos Estados Unidos que mantem, há décadas, uma hegemonia no
esporte.
O homem à frente das conquistas
de 1959 e 1963 era Togo Renan Soares, mais conhecido como Kanela, um homem
explosivo e inovador que fez o basquete brasileiro figurar entre os
protagonistas do mundo durante uma década.
Nascido em maio de 1906, em João
Pessoa, logo na adolescência o jovem paraibano foi viver no Rio de Janeiro.
A árvore genealógica levava ao
parentesco com importantes figuras da política paraibana do início do século
XX, como o tio e ex-governador da Paraíba, Camilo de Holanda.
O apelido veio por conta de suas
canelas serem muito finas e brancas.
Kanela revolucionou o basquete,
mas é um notável do esporte.
Começou muito jovem nas
categorias de base do futebol do Botafogo.
Em 1929, com apenas 23 anos,
comandou o futebol profissional do Clube da Estrela Solitária, retornando ao
cargo em 1936.
Ainda no Botafogo, foi treinador
do polo aquático do clube sem nunca ter aprendido nadar, coisas de Kanela.
Antes de dirigir o Botafogo, em
1929, comandou o futebol do Bangu.
É apontado como o treinador que
descobriu Domingos da Guia nos treinamentos em Moça Bonita.
Domingos é considerado o mais
completo zagueiro de todos os tempos, com sua refinada técnica, jogava no meio
de campo, mas Kanela o convenceu a recuar para jogar na zaga.
Deu tão certo que os dribles e
domínios mais elaborados do zagueiro ficaram conhecidos como Domingadas e
causavam frisson nas arquibancadas cariocas nos anos 1930 e 1940.
A história com o basquete começou
no final da década de 1940.
Em 1948, foi para o Flamengo
comandar o basquete rubro-negro, mas sua fama de treinador de futebol ainda o
fez assumir o futebol do Clube da Gávea por duas oportunidades, em 1948 e 1949.
O sucesso viria mesmo no basquete
e no Flamengo foi campeão carioca dez vezes consecutivas, entre 1951 e 1960, ao
todo foram 14 títulos estaduais no basquete do Mengão.
Na Seleção Brasileira, Kanela
iniciou em 1951, a mais vencedora era do basquete brasileiro.
Em 1954, foi vice-campeão
mundial, feito inédito para os brasileiros.
Em 1959 e 1963 venceu o Mundial,
conquistando os dois mais importantes títulos do Brasil no esporte.
Nas Olimpíadas de 1960, a medalha
de bronze em Roma foi a coroação definitiva do homem que reinventou o basquete
brasileiro.
Foi Kanela que inventou o contra-ataque
no basquete e o arremesso da zona morta.
Com esse novo jeito de jogar,
Kanela venceu tudo que disputou no basquete.
Mesmo numa época em que a Seleção
Brasileira contava com craques como Wlamir Marques, Rosa Branca, Amaury Pasos,
entre outros, Kanela era um ídolo.
Era acima de tudo um
estrategista, mas também era conhecido pelo temperamento explosivo,
principalmente contra os árbitros.
Quem conta os causos de Kanela é
Jô Soares, o sobrinho famoso e testemunha de muitas histórias do tio que era
ídolo no Rio de Janeiro dos anos 1950 / 60.
Jô estava na arquibancada do
Maracanãzinho em 25 de maio de 1963, no jogo contra os Estados Unidos que
marcou o bicampeonato mundial e recorda com carinho a reação do público:
“Foi uma reação parecida com a do nosso primeiro campeonato mundial de
futebol, mas concentrada no Rio de Janeiro (sede da competição). A cidade ficou
alucinada. O Maracanãzinho explodindo de alegria com a vitória, como deveria
ter explodido o Maracanã na final da Copa do Mundo (de futebol) de 1950. Foi
uma coisa de calor, de público, porque é o volume da reação fica maior em um ginásio.
E os jogadores agarrando meu tio Kanela. Ele era muito respeitado, um gênio no
que ele fazia”.
Jô Soares tinha apenas 25 anos na
época e lembra de seu tio com carinho, mas alerta para um “Kanela colérico” que esbravejava a cada ataque americano que terminava
em ponto para o selecionado da Terra do Tio Sam.
Havia na imprensa brasileira um
certo pessimismo que apelava para o “Complexo de vira latas” ao dizer que o
Brasil só ganhara o Mundial de 1959 pela recusa da União Soviética em
participar da competição.
Aquilo mexeu com os brios da
Seleção em 1963 e Kanela isolou o grupo no Hotel Paineiras aos pés do Cristo
Redentor e onde nenhum familiar teve acesso aos jogadores durante o Mundial.
Nos treinamentos a palavra de
ordem era “repetição”, para o treinador
apenas a repetição dos movimentos a exaustão seria capaz de tornar um time
forte e preparado.
Kanela era um obcecado por tática
e disciplina, e comandava seus jogadores com mão de ferro.
Mesmo turrão e exigente era
adorado pelos atletas, pois protegia seus jogadores em qualquer situação.
No Mundial de 1963, entrou em
quadra para dar um tapa no rosto do árbitro uruguaio que marcou injustamente
(dizem) uma falta técnica de Amaury Passos contra a União Soviética.
O tapa foi imortalizado por
Nelson Rodrigues na crônica “O Tapa
Cívico”.
Sobre o temperamento do tio, Jô
diz:
“Ele era de um gênio horroroso, que acabava sendo uma qualidade. Era
ranzinza. Ele era o marginal da família pela atividade que exercia. Era todo
diferente. Só ele era dedicado ao esporte”.
Como bem diz Jô, o gênio
horroroso era uma qualidade, já que deu tão certo e com pavio curto e tudo
Kanela ganhou dois Mundiais (59 e 63), foi vice em outros dois (54 e 70), além
de conquistar um bronze no Mundial de 1967.
O bronze nas Olimpíadas de Roma,
em 1960, além do pentacampeonato sul-americano.
Kanela ganhou tudo que disputou e
colocou o basquete brasileiro em outro patamar mundial, quando não ficava em
primeiro lugar ao menos estava entre os três melhores da competição.
Kanela morreu no dia 12 de
dezembro de 1992, aos 86 anos, meses depois de lançar uma biografia e deixar
como legado essa que é a história de um vencedor, revolucionário do basquete, o
homem que mudou o status do basquete brasileiro e escreveu com muito trabalho e
dedicação seu nome na história do esporte.
O único técnico estrangeiro a ter
seu nome incluso no Naismith Memorial Basketball, além de figurar no Hall da
Fama da FIBA.
Kanela é um notável do esporte
brasileiro.
O Estádio Wanda Metropolitnao fez saltar o número de sócios do Atlético de Madrid...
A 125 mil sócios chegou o Atlético
de Madrid, recorde do clube...
O número de seguidores saltou
após inauguração da nova arena.
Fonte: Máquina do Esporte
sexta-feira, dezembro 28, 2018
Jornal "The Guardian" publica denúncias das jogadoras da seleção de futebol feminino do Afeganistão sobre abuso sexual...
Imagem: EPA
Keramuudin Karim, presidente da
Federação Afegã de Futebol, havia sido suspenso pelo Comité de Ética da FIFA,
por infração do código de ética, ficando impedido de exercer qualquer atividade
relacionada com o futebol, enquanto é investigado com base em denúncias de supostos
abusos sexuais à jogadoras da seleção feminina do Afeganistão.
Agora, declarações dessas mesmas
jogadoras são reveladas em matéria exclusiva do diário britânico
"The Guardian".
As atletas, que falaram anonimamente ao jornal por
temerem pela segurança das famílias, relatam desde agressões físicas a sexuais,
bem como assédio e ameaças (quer às próprias quer às suas famílias)...
Uma das vítimas afirma ter sido
esmurrada e sexualmente agredida (num quarto ao qual se tinha acesso através do
escritório do presidente) por Karim, que depois lhe colocou uma arma na cabeça
e ameaçou matar membros da sua família ela o denunciasse à imprensa.
"Eu pedi ajuda. Ele começou a tentar chegar mais perto de mim e
disse ‘Eu quero ficar mais próximo de ti, quero ver o teu corpo’. Tentei
ignorá-lo, fui muito correta com ele e disse-lhe ‘Ouça, eu preciso de dinheiro
para os transportes, não tenho dinheiro. Pode ajudar-me? Se não puder, deixe-me
ir’", afirmou...
O que ela conta a seguir é
enojante:
"Ele disse: ‘Não te preocupes. Vou dar-te o dinheiro’. Disse-me
para o seguir para o próximo quarto e fui com ele. Pensei que me fosse ajudar.
(...) Era como um quarto de hotel. (...) Ele fechou a porta e disse para me
sentar na cama. (...) Começou a empurrar-me. Levantei-me e tentei lutar, mas
deu-me um soco na cara. Caí, tentei fugir e abrir a porta, mas não dava. Recebi
outro murro na cara e na boca. Saía sangue pelo meu nariz e lábios. Começou a me
bater. Caí e tudo começou a ficar escuro. Quando acordei, havia sangue por todo
o lado, a cama estava coberta de sangue, saía sangue da minha boca, nariz e
vagina", contou a mulher.
Outra atleta diz que Karim
ameaçou, em frente às colegas de equipe durante um treino, cortar sua língua,
depois de ter fugido quando estava a ser sexualmente agredida, tendo tentado
ainda, noutra situação, desnudá-la...
Uma terceira jogadora alega que o
presidente a tentou beijar no pescoço e lábios, tendo conseguido escapar.
Esse comportamento levou ao seu
afastamento da seleção e posteriormente a um rumor de que era lésbica...
"O seu comportamento tornou-se aceitável entre a equipe de futebol
feminino. Ninguém pode se opor porque ele é tão poderoso...Hoje as moças não
podem erguer a voz, estão com medo. Podem ser mortas", afirmou uma das
vítimas.
O novo Estádio do Tottenham será o mais caro da Europa...
Imagem: Autor Desconhecido
O ‘Tottenham Hotspur Stadium’ (a direção
do clube descartou o uso do nome White Hart Lane na esperança de vender o
naming right do novo estádio em breve) será inaugurado em 2019 e terá
capacidade para 62.062 espectadores...
A construção que começou em 2007
e que está em fase acabamento, terá um custo final em torno de 830 milhões de
euros.
Mbappé ultrapassa Neymar e é o jogador mais caro do mundo...
Imagem: Goal.com
200 milhões de euros está
avaliado o francês Kylian Mbappé...
O jogador passou Neymar e se
tornou o mais valorizado do mundo.
Fonte: Máquina do Esporte
quinta-feira, dezembro 27, 2018
Mais um ato de racismo... desta vez a vítima foi Kalidou Kolibaly.
Imagem: Autor Desconhecido
Durante a partida entre o
Internazionale e o Napoli pelo campeonato italiano, no Estádio San Siro, de
Milão, aconteceram graves e inaceitáveis incidentes...
O jogado do Napoli Kalidou
Kolibaly foi vítima de insultos racistas por parte dos torcedores da
Internazionale.
Nervoso com as agressões, o zagueiro
acabou expulso por levar o segundo cartão amarelo (35’ e 26’ minutos) ...
Ao final da partida, Carlo
Ancelotti, técnico do Napoli, criticou os cânticos racistas vindos da
arquibancada:
“Por três vezes pedimos a suspensão do jogo. Koulibaly estava agitado e
nervoso por causa desses cânticos e isso foi péssimo para nós, e para o
futebol. Quero saber quando é que isso vai acabar. Um dia abandonaremos o
gramado. Que nos atribuam então a derrota.”
Mais tarde, o jogador lamentou
sua expulsão e registrou em sua conta no Twitter seus sentimentos em relação ao
ocorrido...
"Estou desiludido pela
derrota e ainda mais por ter deixado os meus irmãos. Mas orgulho-me da cor da
minha pele. Orgulho em ser francês, senegalês, napolitano: homem",
escreveu o jogador.
Estádio do Dragão... O mais bem-sucedido dos estádios portugueses em utilização e um dos mais florescentes do futebol europeu.
Imagem: Autor Desconhecido
Estádios não apenas construções...
São palcos de grandes dias, dias
tristes, de risos e lágrimas.
Abaixo, as conquistas do FC do
Porto, no Estádio do Dragão...
O Estádio Dragão, que celebrou
recentemente o 15.º aniversário, é o mais bem-sucedido dos estádios portugueses
em utilização e um dos mais florescentes do futebol europeu.
Desde a inauguração, em 16 de
novembro de 2003, o FC Porto conquistou 24 títulos, dois deles europeus e um
mundial, superando, por exemplo, o número de troféus (19) que o Santiago
Bernabéu viu o Real Madrid colecionar desde então ou a quantidade de metal
precioso (18) que Old Trafford e o Manchester United juntaram em igual período.
É verdade que não supera a taxa
de êxito da Allianz Arena (24), casa do Bayern, nem a do Giuseppe Meazza (24),
mas neste caso é preciso somar os 15 títulos do Inter aos nove do Milan.
O Parque dos Príncipes, onde joga
o PSG, também soma 24 troféus desde a data da inauguração do Estádio do Dragão,
mas com a desvantagem de nenhum deles ser internacional.
Já o Camp Nou e o Barcelona são
um caso à parte: ganharam 33 desde novembro de 2003.
Estádios com mais títulos desde 16 de novembro de 2003:
Camp Nou: 33
Estádio do Dragão: 24
Allianz Arena: 24
Guiseppe Meazza: 24
Parque dos Príncipes: 24
Santiago Bernabéu: 19
Old Trafford: 18
Títulos conquistados pelo FC Porto desde a inauguração do Dragão:
Liga dos Campeões: 1
Liga Europa: 1
Taça Intercontinental: 1
Liga Portuguesa: 9
Taça de Portugal: 4
Supertaça de Portugal: 8
Este trabalho faz parte da edição
n.º 384 da revista Dragões, cuja versão digital pode consultar gratuitamente em
www.fcporto.pt/pt/revista
Agradecimento
Quero agradecer ao leitor – acho que
posso chamá-lo de amigo, apesar de nunca termos nos vistos, já que ele vive em
Portugal –, João Santos, por ter me enviado a ótima matéria sobre o Estádio do
Dragão...
João, como dizem em Portugal, é
adepto do Porto e um leitor assíduo e atento ao Fernando Amaral FC, sempre
colaborando com informações, sugestões e, principalmente, com correções ou detalhes
que por vezes me escapam.
quarta-feira, dezembro 26, 2018
Brasil: um país sem memória... Un pueblo sin memoria es un pueblo sin futuro (Estádio Nacional de Santiago do Chile).
Imagem: Autor Desconhecido
As pegadas apagadas pelo descaso
Reforma do Maracanã acabou com o sumiço de pelo menos 31 moldes dos pés
de jogadores lendários que estavam no museu do estádio
Por Pedro Henrique Brandão – Repórter e Comentarista do Universidade do
Esporte
Desde 2000, quando foi o
inaugurado o Museu do Maracanã, a Calçada da Fama do Futebol era uma das
principais atrações para o visitante que iria conhecer o templo máximo do
futebol mais vencedor do mundo.
Até 2010, quando fechou para as
reformas para a Copa do Mundo de 2014, 101 jogadores puseram seus pés na massa
para colocar suas pegadas na eternidade e imortalizar os membros mágicos que
por tantas vezes fizeram a alegria do povo produzindo lances cinematográficos.
Marta foi a única mulher a
registrar seus pés no acervo, em 2007.
E foi justamente um novo convite
a Marta para refazer suas pegadas que despertou a pergunta: mas por que Marta
de novo?
Foi o excelente repórter Marcos
Uchôa, que puxou o fio da meada e descobriu que se trata de um caso de negligência
que fez desaparecer, sem mais nem menos, boa parte do acervo da antiga Calçada
da Fama do Maraca.
Atualmente o acervo apresentado
ao público que visita o estádio é de apenas 28 pegadas, ou seja, menos de um
terço do conjunto original.
O jogo de empurra entre os
(ir)responsáveis começou e notas foram disparadas durante a semana.
A Secretaria de Estado de
Esporte, Lazer e Juventude (SEELJ) publicou uma lista repleta de equívocos que
apresenta moldes que estão expostos no estádio como se estivessem sob sua
guarda.
A concessionária que administra o
Maracanã desde a reinauguração, em 2013, divulgou outra lista com os itens que
recebeu desde que assumiu a gestão do estádio.
Porém enquanto a SEELJ negou
entrevista e imagens do local onde estaria armazenando o acervo, a empresa que
administra o estádio apresentou um inventário detalhado com datas de
recebimento feito por especialistas.
Em entrevista ao Jornal Nacional,
Mário Darzé, presidente da concessionária, diz:
“Todas as peças que efetivamente recebemos, disponibilizamos para o
público. E ao longo desse tempo, fomos percebendo que algumas peças… ninguém
diz o que aconteceu com elas. A gente trabalha para não somente preservar as
peças que formalmente recebemos, mas aumentar o acervo do museu”.
A remoção e guarda do acervo
durante a reforma era de responsabilidade da SEELJ que na época ainda era
SUDERJ.
No procedimento de remoção a
Secretaria confirma que alguns moldes foram danificados, como são os casos de
Kaká, Romário, Renato Gaúcho e Zito, o lendário capitão do Santos Futebol
Clube, o único homem que gritava com o Rei Pelé, falecido em junho de 2015, aos
82 anos de idade.
Portanto o molde dos pés de Zito
são irrecuperáveis.
Na lista apresentada pela SEEJ,
excluindo os itens que estão expostos no estádio, restam 41 peças que poderiam
ser entregues o quanto antes para a atual administração do Maracanã para que se
evite mais prejuízos na memória futebolística brasileira.
Talvez a voz com maior autoridade
no futebol brasileiro atualmente, depois de Pelé, Mário Jorge Lobo Zagallo
lamentou o ocorrido:
“Deu tanto trabalho para pegar os pés de cada um… Vem uma obra e
destrói tudo? Não é por que a minha está lá…, mas a do Nilton Santos é um nome
que tem que ser respeitado, e infelizmente não foi. É um absurdo”.
O Velho Lobo chama de absurdo o
desaparecimento das pegadas de Nilton Santos, a Enciclopédia do Futebol, um
imortal do futebol brasileiro que infelizmente tem seu registro apagado pelo
descaso.
Falecido em novembro de 2013, é
um pedaço da Enciclopédia que desaparece.
Infelizmente Nilton Santos não é
o único nessa situação, Doutor Sócrates, falecido em 2011, Bellini, o capitão
do primeiro título mundial e inventor do gesto de erguer a Copa do Mundo,
falecido em 2014, Zizinho, o ídolo de Pelé, falecido em 2002, apenas para citar
alguns jogadores que faleceram e que não tiveram seus moldes encontrados.
Estão entre 31 nomes que não
constam na lista da SEELJ, nem no inventário da concessionária:
Ademir Menezes, Almir Pernambuquinho, Barbosa, Bellini, Castilho,
Cláudio Adão, Coutinho, Danilo Alvin, Dequinha, Dirceu Lopes, Geovani,
Ipojucan, Julinho, Leandro, Luisinho Lemos, Manga, Marta, Nilton Santos,
Pampolini, Pepe, Pinga, Quarentinha, Roberto Miranda, Rubens, Samarone,
Sócrates, Tostão, Waldo, Zinho, Zizinho e Zózimo.
O sumiço dos moldes de Barbosa é
outro calvário na história do homem que cumpriu a mais longa pena no Brasil.
O goleiro foi apontado
injustamente como culpado pelo Maracazzo, em 1950, ao sofrer o gol de Ghiggia,
quando o Brasil perdeu a Copa do Mundo para os uruguaios comandados por Obdúlio
Varela.
Até sua morte, em abril de 2000,
foram 50 anos de injustas acusações e o peso nos ombros pela derrota.
Além disso, o mito racista de que
goleiros negros não seriam confiáveis.
Agora, como se não bastasse,
perdem o registro físico da existência de Barbosa.
A vocação do Brasil para o
esquecimento parece mesmo mais forte que qualquer outro impulso.
No país do futebol temos apenas
dois museus dedicados ao esporte, o Museu do Futebol, grande estrutura que
conta com biblioteca, oficinas itinerantes, mostras temáticas e que funciona
dentro do estádio do Pacaembu, em São Paulo e o Memorial do Maracanã que
contava com a maior Calçada da Fama do futebol mundial.
Mesmo os clubes que deveriam ser
guardiões de suas memórias, não fazem por onde e, apenas cinco agremiações da
Série A mantêm algum tipo de memorial.
O Corinthians é exemplo no
segmento, com o Memorial Corinthians, no Parque São Jorge e o Museu do Povo, na
Arena Itaquera, consegue gerar renda para o clube.
O Santos mantém o Memorial da
Conquistas, na Vila Belmiro.
No Sul, o Grêmio tem o Museu
Hermínio Bittencourt que funciona dentro de sua nova Arena.
Já o Internacional abre as portas
do Museu do Inter no Gigante da Beira-Rio.
O São Paulo tem um Memorial de
Conquistas disponível ao visitante do tour do Morumbi.
Existem outras iniciativas como o
Centro de Memória Atleticana que é produzido por uma organização sem fins
lucrativos, sem vínculo de apoio do Atlético Mineiro e o Flamengo que faz
algumas exposições esporádicas.
A escassez de museus de futebol é
um reflexo da carência de museus no Brasil.
Segundo um levantamento feito
pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), o Brasil tem 3.879 museus
cadastrados, porém não um número oficial de quantos destes estão de fato
abertos ao público.
Pela situação dos mais famosos é possível
perceber que esse número oficial não é muito real.
Para citar dois exemplos
emblemáticos: o Museu do Ipiranga fechado desde 2013 por risco de desabamento e
o Museu Nacional que ardeu em chamas em setembro de 2018.
Imagem: Autor Desconhecido
São dois cenários onde a história
do país foi escrita, no caso do Museu Nacional um acervo de história natural
imenso foi queimado por puro descaso do poder público.
Voltando para o campo esportivo,
somente neste ano, o Comitê Olímpico Brasileiro (COB), se deu conta que era
necessário criar o Hall da Fama do Esporte Olímpico Brasileiro.
Depois de 20 anos do Prêmio
Brasil Olímpico, o Hall da Fama foi inaugurado com os primeiros integrantes:
Torben Grael, da Vela, maior
medalhista olímpico do Brasil; a dupla Sandra Pires e Jackie Silva, do Vôlei de
Praia, primeiras brasileiras a ganharem ouro nos Jogos; e Vanderlei Cordeiro de
Lima, único brasileiro a receber a medalha Pierre de Coubertin.
Falta muita gente nesse Hall que
não está mais aqui para contar suas histórias.
Perdemos mais um ponto.
Com esse histórico não é de se
esperar que o Brasil cuide de acervos sobre futebol já que não consegue
preservar a própria história.
O problema é que esquece-se que
futebol é parte fundamental da expressão popular do brasileiro.
É arte moderna.
Preservar a memória do futebol é
preservar a memória brasileira e possibilitar um futuro, se não melhor, mas que
ao menos não derretam nosso patrimônio como fizeram com a Jules Rimet, há 35
anos, umas das maiores vergonhas brasileiras.
Que um dia possamos seguir o
exemplo do Chile, que reservou um espaço nas arquibancadas do Estádio Nacional
à memória.
Em 12 de setembro de 1973, um dia
depois de Augusto Pinochet dar um golpe de Estado bombardeando o Palácio La
Moneda e levando a morte o presidente Salvador Allende, o Estádio Nacional de
Santiago foi utilizado como campo de prisioneiros para os opositores do regime.
Enquanto a parte de baixo das
arquibancadas era usada como cela, os camarotes eram usados pelos militares
como salas de interrogatório.
Estima-se que mais de 40 mil
pessoas foram torturadas nas dependências do Estádio Nacional.
Por isso, durante a reforma do
estádio para sediar a Copa América de 2015, os chilenos preservaram um lance de
arquibancada como era originalmente, em 1973.
No setor preservado, por onde os
presos eram levados para o banho de sol, foi escrita uma frase muito poderosa e
que o Brasil deveria aprender a ler, traduzir e escrever em vários lugares
deste país.
Acima do portão 8, lê-se:
Un pueblo sin memoria es un pueblo sin futuro
Aprender com o passado para não
errar no futuro.
Assim como faz a Alemanha com os
memoriais nos campos de concentração nazistas.
É uma lição e tanto para nós, o
país do esquecimento.
Enquanto somem as pegadas, fica o
rastro do descaso.
Por enquanto, ficamos sem museus,
sem pegadas e sem memórias.
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