segunda-feira, dezembro 31, 2018

Feliz 2019 para todos nós...

Arte: Fernando Amaral

São Silvestre: a corrida dos desconhecidos... a história de Marcos Vale.

Imagem: Autor Desconhecido


Na correria: a Corrida de São Silvestre dos desconhecidos

O lado B da prova de corrida de rua mais tradicional do país contado a partir da história de Marcos Vale, um entre os mais de 30 mil atletas amadores que disputarão a charmosa corrida do último dia do ano.

Por Pedro Henrique Brandão, repórter e comentarista do Universidade do Esporte

Acontece hoje, nas ruas do centro de São Paulo, a 94° Corrida de São Silvestre.

Criada em 1924, pelo jornalista Cásper Líbero, a corrida era disputada à noite e em um percurso menor que os atuais 15 km, eram apenas 8,8 km em sua primeira edição que contou com apenas 60 inscritos, dos quais somente 37 completaram a prova.

O nome da prova é uma homenagem ao Santo Silvestre que na época era papa e anos mais tarde foi canonizado.

Noventa e quatro anos depois, a Corrida de São Silvestre cresceu e é a mais tradicional e charmosa corrida de rua do país, conta com mais de 30 mil corredores e leva às ruas, além de atletas profissionais, os atletas amadores no melhor sentido da palavra, pois são aqueles que praticam o esporte por amor.

São as histórias desses milhares de amadores que fazem a festa da corrida que encerra o ano, que merecem ser contadas.

Marcos Vale é um desses atletas que buscou na corrida uma prática esportiva para acompanhar a correria do cotidiano e fazer o corpo entrar no ritmo acelerado da mente de quem vive e trabalha na metrópole.

Trabalhando no escritório de uma ONG em São Paulo, com as idas e vindas no trânsito caótico da região metropolitana, praticamente não restava tempo para se exercitar.

Aos 35 anos de idade, Marcos se viu acima do peso e percebeu a necessidade de praticar uma atividade física.

Como sempre gostou muito de futebol decidiu voltar a praticar a paixão nacional, mas pela falta de tempo acabou tendo problemas em conciliar seus horários profissionais com os dos jogos.

“Decidi voltar a jogar futebol, mas acabei esbarrando na dificuldade de encontrar pessoas que tivessem horários compatíveis com os meus. Fiquei uns meses procurando o pessoal e acabei desistindo” conta Marcos.

O que poderia ser a frustração responsável por manter Marcos no sedentarismo acabou sendo a motivação para buscar uma atividade que pudesse ser praticada individualmente e no horário que coubesse na agenda.

Foi então que a corrida entrou na vida de Marcos Vale, no primeiro semestre de 2016.

“Eu precisava encontrar uma maneira de melhorar minha qualidade de vida, com 35 anos me sentia muito mais velho, sem disposição para acompanhar o pique do dia a dia” recorda.

A história de Marcos Vale corre na esteira de uma tendência que cresce rapidamente no Brasil: a prática da corrida amadora.

Em janeiro de 2014, a consultoria espanhola Relevance divulgou uma pesquisa com mil entrevistados em que estima que 5% da população brasileira acima de 16 anos, cerca de seis milhões de pessoas, pratique algum tipo de corrida.

Apenas em 2013, a Federação Paulista de Atletismo registrou 323 eventos sob sua supervisão contra 240 em 2009 - crescimento de 35%.

No mesmo período, as corridas autorizadas pela CET (Companhia de Engenharia do Tráfego) em São Paulo foram de 81 para 131 - aumento de 62%.
Com tantos eventos de corrida de rua, Marcos não demorou para participar de sua primeira corrida.

Apenas três meses depois de iniciar os treinamentos, correu os 5 km da Global Energy 2016, disputada na Cidade Universitária, na Zona Oeste da capital paulista.

“Fui pegando umas dicas com amigos que já tinham experiência na corrida e li o livro ‘Correr: O exercício, a cidade e o desafio da maratona’ que o Dráuzio Varela publicou naquele período. Cerca de três meses depois que comecei treinar sozinho disputei minha primeira prova”.

Em quatro meses de corrida o auxiliar administrativo já havia perdido 16 quilos e levava uma vida muito mais saudável já que para manter o ritmo de treinamentos precisou fazer uma mudança completa na alimentação, trocando o fast food com refrigerantes e frituras por legumes, verduras e frutas.

“Enquanto as pernas permitirem”

O ano de 2016 foi de ambientação na corrida.

Marcos tomou gosto pelos treinos e decidiu dar um passo adiante: correria a São Silvestre em 2017.

A preparação para atletas amadores costuma ser árdua já que não há tempo para dedicar somente aos treinamentos.

Com a vida profissional tomando boa parte do dia dos atletas cada um, procura espaço em sua agenda para treinar.

“Faço de duas a três vezes por semana o trajeto entre minha casa e o local onde trabalho. Aproximadamente 12 km considerando que a prova tem 15 km acredito ser uma boa preparação”.

Explica Marcos que mora em Taboão da Serra, cidade da Grande São Paulo, e trabalha em Santo Amaro, bairro na Zona Sul da capital.

Durante os treinos sozinho encontrou um grupo que estava se preparando para a prova, ganhou companhia nos treinamentos e a motivação extra das amizades para a preparação.

Junto ao grupo fazia simulados no trajeto oficial da São Silvestre.

Além dos treinamentos existe a preocupação com a alimentação e o sono, na vida de um atleta profissional é mais fácil cuidar de tudo isso, mas na vida de um ser humano comum que decide correr uma São Silvestre é um desafio e tanto passar por esse processo.

“Nos simulados eu treinava o conhecimento do percurso, como superar os aclives, onde dar um gás mais forte, como resistir à Brigadeiro que com certeza é o ponto mais difícil do circuito”.

Foram doze meses de preparação para executar uma prova no último dia do ano.

Até que em 31 de dezembro de 2017, Marcos Vale pisou na Avenida Paulista com o número de inscrição no peito, tênis e disposição para completar o trajeto.

Conseguiu e foi pego pelo “barato” dos corredores que prende quem disputa uma corrida. Sobre a emoção de disputar a quase centenária corrida, Marcos exalta: “É um ano inteiro da sua vida que você vai diluir nos 15 km. A São Silvestre é percurso extremamente exigente e seletivo, mas que tem a questão de tudo que envolve a prova. As superações, as amizades que fiz durante a preparação ou durante a prova. A principal lição que a São Silvestre nos deixa é que todos podem correr, ali na largada não tem classe social, gênero, raça. Nada nos distingue e somos pessoas iguais que dependemos apenas de nossos esforços. Por isso quero continuar até quando as pernas permitirem”.

A vida depois da corrida

A corrida muda a vida das pessoas que a praticam.

É o que garante o corredor Garth Battista, autor da coletânea de história de outros corredores, intitulada “Runner´s High”, uma expressão que em português se refere ao “barato” que os praticantes da corrida sentem.

"É um estado em que a corrida parece não exigir esforço, em que o corpo e a mente se libertam de qualquer peso. É raro, mas todo corredor sente isso de tempos em tempos" descreve Garth Battista.

Já Marcos Vale vai além ao falar das mudanças que a corrida levou a sua vida.

“Primeiro mudou a minha qualidade de vida, hoje me sinto uma pessoa muito mais preparada e disposta fisicamente. Mentalmente também estou mais forte, mais focado para superar os desafios que a gente encontra no trabalho, em casa e na vida como um todo. A corrida é um exercício que exige disciplina e isso é bom para qualquer área da vida. Acredito que liberar endorfina é algo que faz muito bem, que faz enxergar a vida com a perspectiva do ‘copo d’água cheio’. Trouxe minha esposa para o universo da corrida e hoje treinamos junto, o que nos aproximou ainda mais”.

Neste ano vai disputar sua segunda São Silvestre, não se preparou tanto como no ano passado, mas foi por um ótimo motivo: a chegada do pequeno Heitor, seu segundo filho, que fez as noites ficarem mais curtas e agitadas, por isso o sono não tem sido o necessário para descansar dos treinos e preparar para a prova.

Nada que o impeça de disputar novamente a prova que tem tudo para virar tradição da família Vale já que Ana Carolina, sua esposa, planeja debutar na edição 2019 da corrida.

Em meio a tanta mudança Marcos não deixa de lado os planos.

Tem como meta para o próximo ano disputar sua primeira meia maratona.

Mas isso é só para o ano que vem, por enquanto vive os preparativos finais para enfrentar a subida da avenida Brigadeiro Luís Antônio.

Mesmo sem a preparação ideal como no ano anterior, ele vai, literalmente, passo a passo, porque o importante é competir e nessa corrida o Marcos e os 30 mil atletas amadores são os grandes campeões.

Imagem: Marcos Vale

América volta a perder do Botafogo da Paraíba... 1 a 0, gol de Dico.

Imagem: Nadya Araújo

Tommy Caldwell... só ver já assusta.

Dubravka versus Salah...

Imagem: Peter Byrne/PA

Floyd Mayweather, hoje, vai ganhar 142 mil euros por cada segundo em que estiver no ringue...

Imagem: Autor Desconhecido

Floyd Mayweather não se aposentou como imaginávamos...

Não totalmente.

Dependendo da grana, enfrenta quem ousar desafiá-lo...

Hoje vai voltar aos ringues, para um combate de exibição com o japonês Tenshin Nasukawa.

Será uma luta exibição que lhe vai deixar a conta bancária (ainda) mais recheada...

O boxeador norte-americana vai faturar perto de 77 milhões de euros.

O valor corresponde a cerca de 142 mil euros – serão 9 minutos divididos em três assaltos – por cada segundo em que estiver em ação...

O combate não terá juízes, já que só haverá vencedor caso ocorra um KO ou algum dos lutadores se retire.

Mayweather deverá realizar a luta mais rápida e fácil de sua vitoriosa carreira...

Oficialmente, o lutador americano soma 50 vitórias.

domingo, dezembro 30, 2018

Um salto para a multidão...

Imagem: Dave Thompson/PA

Os cinco clubes brasileiros que mais faturaram com bilheteria em 2018...

Imagem: Globo Esporte

Os cinco clubes que mais faturaram com bilheteria em 2018

1 – Palmeiras

R$ 79.550,151
Preço Médio do Ingresso: R$ 67,00
Média de Público: 32.006 por partida

2 – Corinthians

R$ 59.304,872
Preço Médio do Ingresso: R$ 52,00
Média de Público: 31.552 por partida
*O dinheiro arrecadado pelo Corinthians em bilheteria é todo destinado ao pagamento do Estádio

3 – Flamengo

R$ 39.988,237
Preço Médio do Ingresso: R$ 33,00
Média de Público: 37.549 por partida

4 – Grêmio

R$ 37.204,289
Preço Médio do Ingresso: R$ 43,00
Média de Público: 23.857 por partida

5 – Cruzeiro

R$30.455,241
Preço Médio do Ingresso: R$ 35,00
Média de Público: 23.046 por partida

Fonte: Erich Betting 

Correndo de cabeça para baixo...

Imagem: Autor Desconhecido

Os jogadores que mais se valorizaram depois da Copa do Mundo...

Imagem: Matthew Impey/Rex/Shutterstock

Depois do Mundial da Rússia alguns jogadores viram o seu valor de mercado crescer de forma impressionante...

Abaixo a lista dos mais valorizados nos últimos meses segundo o Diário AS da Espanha – os dados foram coletados no site ‘Tranfermarkt’, site especializado em assuntos econômicos.

Abdou Diallo (Borussia Dortmund)
Valorizou 21 milhões de euros...
O valor de mercado do central atualmente é de 33 milhões de euros.

Nicolas Pépé (Lille)
Vale mais 24 milhões de euros...
O Lille espera vendê-lo em janeiro por 40 milhões.

Lucas Torreira (Arsenal)
Valorizou 25 milhões...
O seu valor de marcado atualmente ronda os 55 milhões de euros.

Luka Jovic (Eintracht Frankfurt)
Vale mais 28 milhões...
O do Benfica emprestado aos alemães está agora avaliado em 40 milhões de euros.

Kai Havertz (Bayer Leverkusen)
Vale mais 30 milhões...
Com apenas 19 anos o seu valor de marcado chegou aos 65 milhões de euros.

Eden Hazard (Chelsea) (foto)
Mais 30 milhões...
O atacante está avaliado em 150 milhões de euros.

Antoine Griezmann (Atlético Madrid)
Mais 30 milhões...
É um dos jogadores mais valiosos do mercado: 150 milhões de euros.

Frenkie de Jong (Ajax)
Mais 33 milhões...
Pretendido pelo Barcelona está avaliado em 40 milhões.

Jadon Sancho (Borussia Dortmund)
Mais 50 milhões...
Outra grande promessa do futebol mundial, está avaliado em 70 milhões.

Kylian Mbappé (PSG)
Mais 50 milhões...
Campeão do Mundo pela França, o passe do jovem avançado vale agora 200 milhões.

Entre cinco adversários...

Imagem: Jed Leicester/BPI/Rex/Shutterstock

Fórmula 1 cresce e fecha ano com média de público maior que Copa e NFL...

Imagem: Autor Desconhecido

F1 cresce e fecha ano com média de público maior que Copa e NFL

Média ultrapassou 200 mil pessoas em quase todos os finais de semana de corrida

Por Redação do Máquina do Esporte

A Liberty Media parece estar no caminho certo, ao menos no que se refere a trazer o público de volta à Fórmula 1.

Os dados divulgados após o final da temporada 2018 mostram que a audiência nos circuitos que compõem o circo da F1 aumentou 7,8% em relação ao ano anterior, e a tendência é que seja ainda maior em 2019.

De acordo com os números fornecidos pelos organizadores de cada corrida, a categoria ultrapassou os 4 milhões de espectadores (4.093.305, mais exatamente) in loco nas 21 provas do ano.

A participação média foi de mais de 200 mil pessoas em praticamente todos os finais de semana de corrida.

Para se ter uma ideia, no domingo da corrida, a média de público foi de pouco mais de 80 mil espectadores (80.093, para ser mais exato).

O número é bem maior, por exemplo, que a média vista na Copa do Mundo da Rússia, principal evento esportivo de 2018, que ficou em 47.371 pessoas.

A própria final entre França e Croácia em Moscou chegou "apenas" a 78.011 espectadores.

A Fórmula 1 ainda bateu campeonatos de futebol conhecidos pela presença maciça de público, como Liga dos Campeões (46.630) e Bundesliga (44.657).

Em termos de média, a competição que chegou mais perto da categoria mais importante do automobilismo mundial foi a NFL, com 67.405 espectadores por jogo.

Vale destacar que, entre os líderes de público na temporada, estiveram os finais de semana dos Grandes Prêmios da Inglaterra (340 mil), México (335 mil), Austrália (295 mil), Estados Unidos (263 mil), Cingapura (263 mil), Bélgica (250 mil) e Hungria (210 mil).

Se forem levados em consideração apenas os domingos de corrida, a tentativa frustrada de Lewis Hamilton de ganhar em casa, na Inglaterra, teve 140.500 espectadores (a vitória foi do alemão Sebastian Vettel).

Em segundo lugar, ficou o GP do México, com 135.407 pessoas comparecendo ao circuito para assistir à conquista do pentacampeonato de Hamilton.

"Esses números grandes, comparados favoravelmente com outros grandes eventos esportivos, confirmando uma tendência de crescimento. Estamos particularmente satisfeitos com os resultados e as pesquisas realizadas durante a temporada com relação aos níveis de satisfação dos espectadores, pois mostram que nossos esforços para envolver os torcedores estão funcionando bem", declarou Sean Bratches, diretor de operações comerciais da Fórmula 1.

Aquele toque por cima impossível de defender...

Imagem: Toby Melville/Reuters

Gerrard Piqué agora é dono de um time de futebol...

Imagem: Autor Desconhecido

Gerrard Piqué, zagueiro do Barcelona é o novo dono do FC Andorra, clube do Principado de Andorra...

Piqué que teve sua proposta aprovada por 99,9% dos sócios (300 votantes), pagou a divida do clube que girava em torno de 200 mil euros.

sábado, dezembro 29, 2018

Sincronia entre o homem e a bola...

Imagem: Alex Livesey/World Press Photo

Kanela, um notável do esporte brasileiro... o treinador mais vencedor do basquete dirigindo a seleção do Brasil.

Imagem: Autor Desconhecido

Togo Renan Soares, o Kanela, foi o treinador mais vencedor do basquete brasileiro dirigindo o Brasil nas conquistas dos Mundiais de 1959 e 1963.

Por Pedro Henrique Brandão Lopes

Há 55 anos a seleção brasileira conquistava o bicampeonato mundial de basquete no Maracanãzinho, vencendo a tradicional seleção dos Estados Unidos que mantem, há décadas, uma hegemonia no esporte.

O homem à frente das conquistas de 1959 e 1963 era Togo Renan Soares, mais conhecido como Kanela, um homem explosivo e inovador que fez o basquete brasileiro figurar entre os protagonistas do mundo durante uma década.

Nascido em maio de 1906, em João Pessoa, logo na adolescência o jovem paraibano foi viver no Rio de Janeiro.

A árvore genealógica levava ao parentesco com importantes figuras da política paraibana do início do século XX, como o tio e ex-governador da Paraíba, Camilo de Holanda.

O apelido veio por conta de suas canelas serem muito finas e brancas.

Kanela revolucionou o basquete, mas é um notável do esporte.

Começou muito jovem nas categorias de base do futebol do Botafogo.

Em 1929, com apenas 23 anos, comandou o futebol profissional do Clube da Estrela Solitária, retornando ao cargo em 1936.

Ainda no Botafogo, foi treinador do polo aquático do clube sem nunca ter aprendido nadar, coisas de Kanela.

Antes de dirigir o Botafogo, em 1929, comandou o futebol do Bangu.

É apontado como o treinador que descobriu Domingos da Guia nos treinamentos em Moça Bonita.

Domingos é considerado o mais completo zagueiro de todos os tempos, com sua refinada técnica, jogava no meio de campo, mas Kanela o convenceu a recuar para jogar na zaga.

Deu tão certo que os dribles e domínios mais elaborados do zagueiro ficaram conhecidos como Domingadas e causavam frisson nas arquibancadas cariocas nos anos 1930 e 1940.

A história com o basquete começou no final da década de 1940.

Em 1948, foi para o Flamengo comandar o basquete rubro-negro, mas sua fama de treinador de futebol ainda o fez assumir o futebol do Clube da Gávea por duas oportunidades, em 1948 e 1949.

O sucesso viria mesmo no basquete e no Flamengo foi campeão carioca dez vezes consecutivas, entre 1951 e 1960, ao todo foram 14 títulos estaduais no basquete do Mengão.

Na Seleção Brasileira, Kanela iniciou em 1951, a mais vencedora era do basquete brasileiro.

Em 1954, foi vice-campeão mundial, feito inédito para os brasileiros.

Em 1959 e 1963 venceu o Mundial, conquistando os dois mais importantes títulos do Brasil no esporte.

Nas Olimpíadas de 1960, a medalha de bronze em Roma foi a coroação definitiva do homem que reinventou o basquete brasileiro.

Foi Kanela que inventou o contra-ataque no basquete e o arremesso da zona morta.

Com esse novo jeito de jogar, Kanela venceu tudo que disputou no basquete.

Mesmo numa época em que a Seleção Brasileira contava com craques como Wlamir Marques, Rosa Branca, Amaury Pasos, entre outros, Kanela era um ídolo.

Era acima de tudo um estrategista, mas também era conhecido pelo temperamento explosivo, principalmente contra os árbitros.

Quem conta os causos de Kanela é Jô Soares, o sobrinho famoso e testemunha de muitas histórias do tio que era ídolo no Rio de Janeiro dos anos 1950 / 60.

Jô estava na arquibancada do Maracanãzinho em 25 de maio de 1963, no jogo contra os Estados Unidos que marcou o bicampeonato mundial e recorda com carinho a reação do público:

“Foi uma reação parecida com a do nosso primeiro campeonato mundial de futebol, mas concentrada no Rio de Janeiro (sede da competição). A cidade ficou alucinada. O Maracanãzinho explodindo de alegria com a vitória, como deveria ter explodido o Maracanã na final da Copa do Mundo (de futebol) de 1950. Foi uma coisa de calor, de público, porque é o volume da reação fica maior em um ginásio. E os jogadores agarrando meu tio Kanela. Ele era muito respeitado, um gênio no que ele fazia”.

Jô Soares tinha apenas 25 anos na época e lembra de seu tio com carinho, mas alerta para um “Kanela colérico” que esbravejava a cada ataque americano que terminava em ponto para o selecionado da Terra do Tio Sam.

Havia na imprensa brasileira um certo pessimismo que apelava para o “Complexo de vira latas” ao dizer que o Brasil só ganhara o Mundial de 1959 pela recusa da União Soviética em participar da competição.

Aquilo mexeu com os brios da Seleção em 1963 e Kanela isolou o grupo no Hotel Paineiras aos pés do Cristo Redentor e onde nenhum familiar teve acesso aos jogadores durante o Mundial.

Nos treinamentos a palavra de ordem era “repetição”, para o treinador apenas a repetição dos movimentos a exaustão seria capaz de tornar um time forte e preparado.

Kanela era um obcecado por tática e disciplina, e comandava seus jogadores com mão de ferro.

Mesmo turrão e exigente era adorado pelos atletas, pois protegia seus jogadores em qualquer situação.

No Mundial de 1963, entrou em quadra para dar um tapa no rosto do árbitro uruguaio que marcou injustamente (dizem) uma falta técnica de Amaury Passos contra a União Soviética.

O tapa foi imortalizado por Nelson Rodrigues na crônica “O Tapa Cívico”.

Sobre o temperamento do tio, Jô diz:

“Ele era de um gênio horroroso, que acabava sendo uma qualidade. Era ranzinza. Ele era o marginal da família pela atividade que exercia. Era todo diferente. Só ele era dedicado ao esporte”.

Como bem diz Jô, o gênio horroroso era uma qualidade, já que deu tão certo e com pavio curto e tudo Kanela ganhou dois Mundiais (59 e 63), foi vice em outros dois (54 e 70), além de conquistar um bronze no Mundial de 1967.

O bronze nas Olimpíadas de Roma, em 1960, além do pentacampeonato sul-americano.

Kanela ganhou tudo que disputou e colocou o basquete brasileiro em outro patamar mundial, quando não ficava em primeiro lugar ao menos estava entre os três melhores da competição.

Kanela morreu no dia 12 de dezembro de 1992, aos 86 anos, meses depois de lançar uma biografia e deixar como legado essa que é a história de um vencedor, revolucionário do basquete, o homem que mudou o status do basquete brasileiro e escreveu com muito trabalho e dedicação seu nome na história do esporte.

O único técnico estrangeiro a ter seu nome incluso no Naismith Memorial Basketball, além de figurar no Hall da Fama da FIBA.

Kanela é um notável do esporte brasileiro.

Sadio Mané, ajuda o Liverpool a golear o Newcastle United...

Imagem: Peter Byrne/PA

Filippo Perucchini goleiro do Ascoli marcou na partida contra o Palermo, pela segunda divisão da Itália, ridículo gol contra... O Palermo venceu por 3 a 0.

Errei, ué? Todo mundo erra.

Imagem: Javier García/BPI/Rex/Shutterstock

O Estádio Wanda Metropolitnao fez saltar o número de sócios do Atlético de Madrid...

A 125 mil sócios chegou o Atlético de Madrid, recorde do clube...

O número de seguidores saltou após inauguração da nova arena.

Fonte: Máquina do Esporte

Como foi 2018 para Tiago Volpi, o novo goleiro do São Paulo...

sexta-feira, dezembro 28, 2018

A Barba de Natal do torcedor do Manchester City no Boxing Day...

Imagem: Catherine Ivill/Getty Images  

Jornal "The Guardian" publica denúncias das jogadoras da seleção de futebol feminino do Afeganistão sobre abuso sexual...

Imagem: EPA

Keramuudin Karim, presidente da Federação Afegã de Futebol, havia sido suspenso pelo Comité de Ética da FIFA, por infração do código de ética, ficando impedido de exercer qualquer atividade relacionada com o futebol, enquanto é investigado com base em denúncias de supostos abusos sexuais à jogadoras da seleção feminina do Afeganistão.

Agora, declarações dessas mesmas jogadoras são reveladas em matéria exclusiva do diário britânico "The Guardian". 

As atletas, que falaram anonimamente ao jornal por temerem pela segurança das famílias, relatam desde agressões físicas a sexuais, bem como assédio e ameaças (quer às próprias quer às suas famílias)...

Uma das vítimas afirma ter sido esmurrada e sexualmente agredida (num quarto ao qual se tinha acesso através do escritório do presidente) por Karim, que depois lhe colocou uma arma na cabeça e ameaçou matar membros da sua família ela o denunciasse à imprensa.

"Eu pedi ajuda. Ele começou a tentar chegar mais perto de mim e disse ‘Eu quero ficar mais próximo de ti, quero ver o teu corpo’. Tentei ignorá-lo, fui muito correta com ele e disse-lhe ‘Ouça, eu preciso de dinheiro para os transportes, não tenho dinheiro. Pode ajudar-me? Se não puder, deixe-me ir’", afirmou...
O que ela conta a seguir é enojante:

"Ele disse: ‘Não te preocupes. Vou dar-te o dinheiro’. Disse-me para o seguir para o próximo quarto e fui com ele. Pensei que me fosse ajudar. (...) Era como um quarto de hotel. (...) Ele fechou a porta e disse para me sentar na cama. (...) Começou a empurrar-me. Levantei-me e tentei lutar, mas deu-me um soco na cara. Caí, tentei fugir e abrir a porta, mas não dava. Recebi outro murro na cara e na boca. Saía sangue pelo meu nariz e lábios. Começou a me bater. Caí e tudo começou a ficar escuro. Quando acordei, havia sangue por todo o lado, a cama estava coberta de sangue, saía sangue da minha boca, nariz e vagina", contou a mulher.

Outra atleta diz que Karim ameaçou, em frente às colegas de equipe durante um treino, cortar sua língua, depois de ter fugido quando estava a ser sexualmente agredida, tendo tentado ainda, noutra situação, desnudá-la...

Uma terceira jogadora alega que o presidente a tentou beijar no pescoço e lábios, tendo conseguido escapar.

Esse comportamento levou ao seu afastamento da seleção e posteriormente a um rumor de que era lésbica...

"O seu comportamento tornou-se aceitável entre a equipe de futebol feminino. Ninguém pode se opor porque ele é tão poderoso...Hoje as moças não podem erguer a voz, estão com medo. Podem ser mortas", afirmou uma das vítimas.

Rangers e Kilmarnock, Escócia...

Imagem: Stuart Wallace/BPI/Rex/Shutterstock 

O novo Estádio do Tottenham será o mais caro da Europa...

Imagem: Autor Desconhecido

O ‘Tottenham Hotspur Stadium’ (a direção do clube descartou o uso do nome White Hart Lane na esperança de vender o naming right do novo estádio em breve) será inaugurado em 2019 e terá capacidade para 62.062 espectadores...

A construção que começou em 2007 e que está em fase acabamento, terá um custo final em torno de 830 milhões de euros.

Pintados como personagens do filme Avatar, dois homens desafiam o perigo - 1092 Metros - Zhangjiajie, China.

Imagem: VCG via Getty Images 

Mbappé ultrapassa Neymar e é o jogador mais caro do mundo...

Imagem: Goal.com

200 milhões de euros está avaliado o francês Kylian Mbappé...

O jogador passou Neymar e se tornou o mais valorizado do mundo.

Fonte: Máquina do Esporte

quinta-feira, dezembro 27, 2018

Jornalista Everaldo Lopes... 1930/2018 - Descanse em paz.

Imagem: Tribuna do Norte/Facebook do Jornalista Vicente Estevam

Mais um ato de racismo... desta vez a vítima foi Kalidou Kolibaly.

Imagem: Autor Desconhecido

Durante a partida entre o Internazionale e o Napoli pelo campeonato italiano, no Estádio San Siro, de Milão, aconteceram graves e inaceitáveis incidentes...

O jogado do Napoli Kalidou Kolibaly foi vítima de insultos racistas por parte dos torcedores da Internazionale.

Nervoso com as agressões, o zagueiro acabou expulso por levar o segundo cartão amarelo (35’ e 26’ minutos) ...

Ao final da partida, Carlo Ancelotti, técnico do Napoli, criticou os cânticos racistas vindos da arquibancada:

“Por três vezes pedimos a suspensão do jogo. Koulibaly estava agitado e nervoso por causa desses cânticos e isso foi péssimo para nós, e para o futebol. Quero saber quando é que isso vai acabar. Um dia abandonaremos o gramado. Que nos atribuam então a derrota.”

Mais tarde, o jogador lamentou sua expulsão e registrou em sua conta no Twitter seus sentimentos em relação ao ocorrido...

"Estou desiludido pela derrota e ainda mais por ter deixado os meus irmãos. Mas orgulho-me da cor da minha pele. Orgulho em ser francês, senegalês, napolitano: homem", escreveu o jogador.

Basquete nos mosteiros do Tibete...

Imagem: Autor Desconhecido

Estádio do Dragão... O mais bem-sucedido dos estádios portugueses em utilização e um dos mais florescentes do futebol europeu.

Imagem: Autor Desconhecido

Estádios não apenas construções...

São palcos de grandes dias, dias tristes, de risos e lágrimas.

Abaixo, as conquistas do FC do Porto, no Estádio do Dragão...

O Estádio Dragão, que celebrou recentemente o 15.º aniversário, é o mais bem-sucedido dos estádios portugueses em utilização e um dos mais florescentes do futebol europeu.


Desde a inauguração, em 16 de novembro de 2003, o FC Porto conquistou 24 títulos, dois deles europeus e um mundial, superando, por exemplo, o número de troféus (19) que o Santiago Bernabéu viu o Real Madrid colecionar desde então ou a quantidade de metal precioso (18) que Old Trafford e o Manchester United juntaram em igual período.

É verdade que não supera a taxa de êxito da Allianz Arena (24), casa do Bayern, nem a do Giuseppe Meazza (24), mas neste caso é preciso somar os 15 títulos do Inter aos nove do Milan.

O Parque dos Príncipes, onde joga o PSG, também soma 24 troféus desde a data da inauguração do Estádio do Dragão, mas com a desvantagem de nenhum deles ser internacional.

Já o Camp Nou e o Barcelona são um caso à parte: ganharam 33 desde novembro de 2003.

Estádios com mais títulos desde 16 de novembro de 2003:

Camp Nou: 33
Estádio do Dragão: 24
Allianz Arena: 24
Guiseppe Meazza: 24
Parque dos Príncipes: 24
Santiago Bernabéu: 19
Old Trafford: 18

Títulos conquistados pelo FC Porto desde a inauguração do Dragão:

Liga dos Campeões: 1
Liga Europa: 1
Taça Intercontinental: 1
Liga Portuguesa: 9
Taça de Portugal: 4
Supertaça de Portugal: 8

Este trabalho faz parte da edição n.º 384 da revista Dragões, cuja versão digital pode consultar gratuitamente em www.fcporto.pt/pt/revista

Agradecimento

Quero agradecer ao leitor – acho que posso chamá-lo de amigo, apesar de nunca termos nos vistos, já que ele vive em Portugal –, João Santos, por ter me enviado a ótima matéria sobre o Estádio do Dragão...

João, como dizem em Portugal, é adepto do Porto e um leitor assíduo e atento ao Fernando Amaral FC, sempre colaborando com informações, sugestões e, principalmente, com correções ou detalhes que por vezes me escapam.

David Brooks... AFC Bournemouth.

Imagem: Dan Istitene/Getty Images
Imagem: Austin American-Statesman

225 milhões de dólares custará o novo estádio do Austin para a MLS...

Arena para 20 mil pessoas inclui um parque para a cidade.

Fonte: Máquina do Esporte

quarta-feira, dezembro 26, 2018

Brasil: um país sem memória... Un pueblo sin memoria es un pueblo sin futuro (Estádio Nacional de Santiago do Chile).


Imagem: Autor Desconhecido

As pegadas apagadas pelo descaso

Reforma do Maracanã acabou com o sumiço de pelo menos 31 moldes dos pés de jogadores lendários que estavam no museu do estádio

Por Pedro Henrique Brandão – Repórter e Comentarista do Universidade do Esporte

Desde 2000, quando foi o inaugurado o Museu do Maracanã, a Calçada da Fama do Futebol era uma das principais atrações para o visitante que iria conhecer o templo máximo do futebol mais vencedor do mundo.


Até 2010, quando fechou para as reformas para a Copa do Mundo de 2014, 101 jogadores puseram seus pés na massa para colocar suas pegadas na eternidade e imortalizar os membros mágicos que por tantas vezes fizeram a alegria do povo produzindo lances cinematográficos.

Marta foi a única mulher a registrar seus pés no acervo, em 2007.

E foi justamente um novo convite a Marta para refazer suas pegadas que despertou a pergunta: mas por que Marta de novo?

Foi o excelente repórter Marcos Uchôa, que puxou o fio da meada e descobriu que se trata de um caso de negligência que fez desaparecer, sem mais nem menos, boa parte do acervo da antiga Calçada da Fama do Maraca.

Atualmente o acervo apresentado ao público que visita o estádio é de apenas 28 pegadas, ou seja, menos de um terço do conjunto original.

O jogo de empurra entre os (ir)responsáveis começou e notas foram disparadas durante a semana.

A Secretaria de Estado de Esporte, Lazer e Juventude (SEELJ) publicou uma lista repleta de equívocos que apresenta moldes que estão expostos no estádio como se estivessem sob sua guarda.

A concessionária que administra o Maracanã desde a reinauguração, em 2013, divulgou outra lista com os itens que recebeu desde que assumiu a gestão do estádio.

Porém enquanto a SEELJ negou entrevista e imagens do local onde estaria armazenando o acervo, a empresa que administra o estádio apresentou um inventário detalhado com datas de recebimento feito por especialistas.

Em entrevista ao Jornal Nacional, Mário Darzé, presidente da concessionária, diz:

“Todas as peças que efetivamente recebemos, disponibilizamos para o público. E ao longo desse tempo, fomos percebendo que algumas peças… ninguém diz o que aconteceu com elas. A gente trabalha para não somente preservar as peças que formalmente recebemos, mas aumentar o acervo do museu”.

A remoção e guarda do acervo durante a reforma era de responsabilidade da SEELJ que na época ainda era SUDERJ.

No procedimento de remoção a Secretaria confirma que alguns moldes foram danificados, como são os casos de Kaká, Romário, Renato Gaúcho e Zito, o lendário capitão do Santos Futebol Clube, o único homem que gritava com o Rei Pelé, falecido em junho de 2015, aos 82 anos de idade.

Portanto o molde dos pés de Zito são irrecuperáveis.

Na lista apresentada pela SEEJ, excluindo os itens que estão expostos no estádio, restam 41 peças que poderiam ser entregues o quanto antes para a atual administração do Maracanã para que se evite mais prejuízos na memória futebolística brasileira.

Talvez a voz com maior autoridade no futebol brasileiro atualmente, depois de Pelé, Mário Jorge Lobo Zagallo lamentou o ocorrido:

“Deu tanto trabalho para pegar os pés de cada um… Vem uma obra e destrói tudo? Não é por que a minha está lá…, mas a do Nilton Santos é um nome que tem que ser respeitado, e infelizmente não foi. É um absurdo”.

O Velho Lobo chama de absurdo o desaparecimento das pegadas de Nilton Santos, a Enciclopédia do Futebol, um imortal do futebol brasileiro que infelizmente tem seu registro apagado pelo descaso.

Falecido em novembro de 2013, é um pedaço da Enciclopédia que desaparece.

Infelizmente Nilton Santos não é o único nessa situação, Doutor Sócrates, falecido em 2011, Bellini, o capitão do primeiro título mundial e inventor do gesto de erguer a Copa do Mundo, falecido em 2014, Zizinho, o ídolo de Pelé, falecido em 2002, apenas para citar alguns jogadores que faleceram e que não tiveram seus moldes encontrados.

Estão entre 31 nomes que não constam na lista da SEELJ, nem no inventário da concessionária:

Ademir Menezes, Almir Pernambuquinho, Barbosa, Bellini, Castilho, Cláudio Adão, Coutinho, Danilo Alvin, Dequinha, Dirceu Lopes, Geovani, Ipojucan, Julinho, Leandro, Luisinho Lemos, Manga, Marta, Nilton Santos, Pampolini, Pepe, Pinga, Quarentinha, Roberto Miranda, Rubens, Samarone, Sócrates, Tostão, Waldo, Zinho, Zizinho e Zózimo.

O sumiço dos moldes de Barbosa é outro calvário na história do homem que cumpriu a mais longa pena no Brasil.

O goleiro foi apontado injustamente como culpado pelo Maracazzo, em 1950, ao sofrer o gol de Ghiggia, quando o Brasil perdeu a Copa do Mundo para os uruguaios comandados por Obdúlio Varela.

Até sua morte, em abril de 2000, foram 50 anos de injustas acusações e o peso nos ombros pela derrota.

Além disso, o mito racista de que goleiros negros não seriam confiáveis.

Agora, como se não bastasse, perdem o registro físico da existência de Barbosa.

A vocação do Brasil para o esquecimento parece mesmo mais forte que qualquer outro impulso.

 Somos um país que faz questão de aviltar seu passado, vilipendiar sua história e jogar no lodo do esquecimento as memórias de outrora.

No país do futebol temos apenas dois museus dedicados ao esporte, o Museu do Futebol, grande estrutura que conta com biblioteca, oficinas itinerantes, mostras temáticas e que funciona dentro do estádio do Pacaembu, em São Paulo e o Memorial do Maracanã que contava com a maior Calçada da Fama do futebol mundial.

Mesmo os clubes que deveriam ser guardiões de suas memórias, não fazem por onde e, apenas cinco agremiações da Série A mantêm algum tipo de memorial.

O Corinthians é exemplo no segmento, com o Memorial Corinthians, no Parque São Jorge e o Museu do Povo, na Arena Itaquera, consegue gerar renda para o clube.

O Santos mantém o Memorial da Conquistas, na Vila Belmiro.

No Sul, o Grêmio tem o Museu Hermínio Bittencourt que funciona dentro de sua nova Arena.

Já o Internacional abre as portas do Museu do Inter no Gigante da Beira-Rio.

O São Paulo tem um Memorial de Conquistas disponível ao visitante do tour do Morumbi.

Existem outras iniciativas como o Centro de Memória Atleticana que é produzido por uma organização sem fins lucrativos, sem vínculo de apoio do Atlético Mineiro e o Flamengo que faz algumas exposições esporádicas.

A escassez de museus de futebol é um reflexo da carência de museus no Brasil.

Segundo um levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), o Brasil tem 3.879 museus cadastrados, porém não um número oficial de quantos destes estão de fato abertos ao público.

 Pela situação dos mais famosos é possível perceber que esse número oficial não é muito real.

Para citar dois exemplos emblemáticos: o Museu do Ipiranga fechado desde 2013 por risco de desabamento e o Museu Nacional que ardeu em chamas em setembro de 2018.

 Imagem: Autor Desconhecido

São dois cenários onde a história do país foi escrita, no caso do Museu Nacional um acervo de história natural imenso foi queimado por puro descaso do poder público.

Voltando para o campo esportivo, somente neste ano, o Comitê Olímpico Brasileiro (COB), se deu conta que era necessário criar o Hall da Fama do Esporte Olímpico Brasileiro.

Depois de 20 anos do Prêmio Brasil Olímpico, o Hall da Fama foi inaugurado com os primeiros integrantes:

Torben Grael, da Vela, maior medalhista olímpico do Brasil; a dupla Sandra Pires e Jackie Silva, do Vôlei de Praia, primeiras brasileiras a ganharem ouro nos Jogos; e Vanderlei Cordeiro de Lima, único brasileiro a receber a medalha Pierre de Coubertin.

Falta muita gente nesse Hall que não está mais aqui para contar suas histórias.

Perdemos mais um ponto.

Com esse histórico não é de se esperar que o Brasil cuide de acervos sobre futebol já que não consegue preservar a própria história.

O problema é que esquece-se que futebol é parte fundamental da expressão popular do brasileiro.

É arte moderna.

Preservar a memória do futebol é preservar a memória brasileira e possibilitar um futuro, se não melhor, mas que ao menos não derretam nosso patrimônio como fizeram com a Jules Rimet, há 35 anos, umas das maiores vergonhas brasileiras.

Imagem: Autor Desconhecido

Que um dia possamos seguir o exemplo do Chile, que reservou um espaço nas arquibancadas do Estádio Nacional à memória.

Em 12 de setembro de 1973, um dia depois de Augusto Pinochet dar um golpe de Estado bombardeando o Palácio La Moneda e levando a morte o presidente Salvador Allende, o Estádio Nacional de Santiago foi utilizado como campo de prisioneiros para os opositores do regime.

Enquanto a parte de baixo das arquibancadas era usada como cela, os camarotes eram usados pelos militares como salas de interrogatório.

Estima-se que mais de 40 mil pessoas foram torturadas nas dependências do Estádio Nacional.

Por isso, durante a reforma do estádio para sediar a Copa América de 2015, os chilenos preservaram um lance de arquibancada como era originalmente, em 1973.

No setor preservado, por onde os presos eram levados para o banho de sol, foi escrita uma frase muito poderosa e que o Brasil deveria aprender a ler, traduzir e escrever em vários lugares deste país.

Acima do portão 8, lê-se:

Un pueblo sin memoria es un pueblo sin futuro

Aprender com o passado para não errar no futuro.

Assim como faz a Alemanha com os memoriais nos campos de concentração nazistas.

É uma lição e tanto para nós, o país do esquecimento.

Enquanto somem as pegadas, fica o rastro do descaso.

Por enquanto, ficamos sem museus, sem pegadas e sem memórias.

 Imagem: Autor Desconhecido