quinta-feira, junho 27, 2019

Histórias do Futebol brasileiro: A glória do Juventude diante de 100 mil botafoguenses...

Imagem: Autor Desconhecido

A glória do Juventude diante de 100 mil botafoguenses

Há 20 anos, o Juventude foi campeão em pleno Maracanã, numa final em que a Copa do Brasil registrou seu maior público da história no dia em que 1500 jaconeros calaram 100 mil botafoguenses.

Por Pedro Henrique Brandão Lopes/Universidade do Esporte

O dia 27 de junho de 1999 marcou a final da Copa do Brasil daquele ano disputada entre Botafogo e Juventude.

Era mais uma decisão atípica, porém tradicional na competição que acostumou o brasileiro a ver times fora do eixo dos 12 gigantes.
O Juventude de Caxias do Sul não era exatamente um ilustre desconhecido já que figurava entre clubes da primeira divisão corriqueiramente.

Mas a verdade é que contra o poderoso Botafogo do final dos anos 1990, que contava com o tetracampeão mundial Bebeto no ataque, o Juventude não era considerado favorito, pelo contrário, o time gaúcho era o azarão na finalíssima.

Para chegar à decisão o Juventude precisou superar clubes tradicionais do futebol brasileiro e fez de seu estádio, o Alfredo Jaconi, um caldeirão pronto para cozinhar grandes times.

A campanha do título inédito teve logo na estreia uma goleada contra o Guará do Distrito Federal por 5 a 1 eliminando a partida de volta.

Depois da primeira fase os gaúchos só encontram campeões brasileiros pela frente.

O Fluminense quase eliminou o time de Caxias quando venceu por 3 a 1 no Maracanã, mas o que se viu no Alfredo Jaconi, no jogo da volta, foi uma verdadeira exibição de gala do Juventude, que goleou o Tricolor das Laranjeiras com um soberbo 6 a 0.

O Corinthians surgiu como candidato para acabar com a boa campanha alviverde, um time tradicional, atual campeão brasileiro e que seria novamente campeão nacional ao final da temporada.


Nada feito.

O harmônico time gaúcho venceu os dois jogos, primeiro por 2 a 0 e depois por 1 a 0.

A essa altura do campeonato, o Juventude já era conhecido como o “Terror dos Gigantes”.

Para fazer jus ao apelido o Bahia foi o adversário nas quartas de final.

 O campeão brasileiro de 1988 tinha um bom time e fez jogo duro pela vaga.

Após empates nos dois jogos, o placar se repetiu em 2 a 2, a decisão foi para os pênaltis e o Juventude avançou aproveitando todas as cobranças enquanto os baianos marcaram apenas uma vez.

Nas semifinais o Internacional cruzou o caminho do Juventude.

No Alfredo Jaconi, um empate sem gols deixou a vaga indefinida e um peso enorme a ser levado na bagagem para Porto Alegre, o que deu ao Colorado todo o favoritismo para o segundo jogo.

No Gigante da Beira-Rio, os donos da casa foram surpreendidos e sucumbiram a mais uma grande atuação do time do interior que aterrorizava os gigantes, um escandaloso 4 a 0 e o improvável estava escrito: o Juventude era finalista da Copa do Brasil de 1999.

Do outro lado mais um gigante, o Botafogo que eliminou o Palmeiras nas semifinais e que tinha um elenco recheado de nomes conhecidos do grande público como Wagner, Sérgio Manoel e o parceiro número um do Baixinho Romário no Tetra, Bebeto era o camisa 10 do Fogão.

Além de tudo isso o jogo decisivo ainda seria no Maraca.

A torcida jaconera preparou uma atmosfera bastante hostil aos cariocas, no dia 20 de junho o estádio Alfredo Jaconi foi palco da primeira partida da final.

Arbitragem polêmica de Márcio Rezende de Freitas (sempre ele), expulsão do artilheiro do time, o zagueiro Capone que anotou cinco gols na competição não jogaria a decisão no Rio de Janeiro, dois gols cariocas anulados e dois gols gaúchos no início da partida definiram o resultado, vitória do Juventude por 2 a 1.

Sete dias depois o Maracanã recebeu o maior público da história da Copa do Brasil, 101.581 pessoas estiveram presentes no templo máximo do futebol brasileiro para assistir a decisão da décima primeira Copa do Brasil, na sua imensa maioria torcedores do Clube da Estrela Solitária, cerca de 1500 gaúchos apenas estiveram nas arquibancadas do Maracanã naquela tarde.

O público daquele jogo é até hoje o maior público da Copa do Brasil e seria também o último público acima da marca de 100 mil pessoas da história do Maracanã que desde então passou por consecutivas reformas que diminuíram a capacidade do estádio.

Em campo a estratégia defensiva do Juventude foi mais eficaz e não permitiu que os botafoguenses tirassem o prejuízo do placar agregado.

O goleiro Émerson, em tarde muito inspirada, ajudou a segurar o placar de 0 a 0, foram ao menos 4 defesas difíceis do goleiro que viveu uma redenção pessoal após fraturar a perna duas vezes nas temporadas anteriores.

Mesmo com a desvantagem do primeiro confronto, havia muita expectativa pela conquista entre os torcedores alvinegros.

Pelo regulamento da época apenas um gol alvinegro levaria a Copa do Brasil à General Severiano, mas a única contagem aberta naquela tarde fria de junho foi a de lágrimas botafoguenses e a de sorrisos jaconeros.

Para tentar ser exato, com certeza mais de 100 mil lágrimas alvinegras e incontáveis gargalhadas alviverdes que ecoavam do Maraca até Caxias do Sul.

A tarde de 27 de junho de 1999 marcou o Maracazzo da história do Botafogo e o dia da conquista mais importante da história do Juventude, até hoje o único clube do interior gaúcho a vencer um título nacional e disputar a Libertadores.

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