Imagem: Autor Desconhecido
A glória do
Juventude diante de 100 mil botafoguenses
Há 20 anos, o
Juventude foi campeão em pleno Maracanã, numa final em que a Copa do Brasil
registrou seu maior público da história no dia em que 1500 jaconeros calaram
100 mil botafoguenses.
Por Pedro Henrique
Brandão Lopes/Universidade do Esporte
O dia 27 de
junho de 1999 marcou a final da Copa do Brasil daquele ano disputada entre
Botafogo e Juventude.
Era mais uma
decisão atípica, porém tradicional na competição que acostumou o brasileiro a
ver times fora do eixo dos 12 gigantes.
O Juventude
de Caxias do Sul não era exatamente um ilustre desconhecido já que figurava
entre clubes da primeira divisão corriqueiramente.
Mas a verdade
é que contra o poderoso Botafogo do final dos anos 1990, que contava com o
tetracampeão mundial Bebeto no ataque, o Juventude não era considerado
favorito, pelo contrário, o time gaúcho era o azarão na finalíssima.
Para chegar à
decisão o Juventude precisou superar clubes tradicionais do futebol brasileiro
e fez de seu estádio, o Alfredo Jaconi, um caldeirão pronto para cozinhar
grandes times.
A campanha do
título inédito teve logo na estreia uma goleada contra o Guará do Distrito
Federal por 5 a 1 eliminando a partida de volta.
Depois da
primeira fase os gaúchos só encontram campeões brasileiros pela frente.
O Fluminense
quase eliminou o time de Caxias quando venceu por 3 a 1 no Maracanã, mas o que
se viu no Alfredo Jaconi, no jogo da volta, foi uma verdadeira exibição de gala
do Juventude, que goleou o Tricolor das Laranjeiras com um soberbo 6 a 0.
O Corinthians
surgiu como candidato para acabar com a boa campanha alviverde, um time
tradicional, atual campeão brasileiro e que seria novamente campeão nacional ao
final da temporada.
Nada feito.
O harmônico
time gaúcho venceu os dois jogos, primeiro por 2 a 0 e depois por 1 a 0.
A essa altura
do campeonato, o Juventude já era conhecido como o “Terror dos Gigantes”.
Para fazer
jus ao apelido o Bahia foi o adversário nas quartas de final.
O campeão brasileiro de 1988 tinha um bom time
e fez jogo duro pela vaga.
Após empates
nos dois jogos, o placar se repetiu em 2 a 2, a decisão foi para os pênaltis e
o Juventude avançou aproveitando todas as cobranças enquanto os baianos
marcaram apenas uma vez.
Nas
semifinais o Internacional cruzou o caminho do Juventude.
No Alfredo
Jaconi, um empate sem gols deixou a vaga indefinida e um peso enorme a ser
levado na bagagem para Porto Alegre, o que deu ao Colorado todo o favoritismo
para o segundo jogo.
No Gigante da
Beira-Rio, os donos da casa foram surpreendidos e sucumbiram a mais uma grande
atuação do time do interior que aterrorizava os gigantes, um escandaloso 4 a 0
e o improvável estava escrito: o Juventude era finalista da Copa do Brasil de
1999.
Do outro lado
mais um gigante, o Botafogo que eliminou o Palmeiras nas semifinais e que tinha
um elenco recheado de nomes conhecidos do grande público como Wagner, Sérgio
Manoel e o parceiro número um do Baixinho Romário no Tetra, Bebeto era o camisa
10 do Fogão.
Além de tudo
isso o jogo decisivo ainda seria no Maraca.
A torcida
jaconera preparou uma atmosfera bastante hostil aos cariocas, no dia 20 de
junho o estádio Alfredo Jaconi foi palco da primeira partida da final.
Arbitragem
polêmica de Márcio Rezende de Freitas (sempre ele), expulsão do artilheiro do
time, o zagueiro Capone que anotou cinco gols na competição não jogaria a
decisão no Rio de Janeiro, dois gols cariocas anulados e dois gols gaúchos no
início da partida definiram o resultado, vitória do Juventude por 2 a 1.
Sete dias
depois o Maracanã recebeu o maior público da história da Copa do Brasil,
101.581 pessoas estiveram presentes no templo máximo do futebol brasileiro para
assistir a decisão da décima primeira Copa do Brasil, na sua imensa maioria
torcedores do Clube da Estrela Solitária, cerca de 1500 gaúchos apenas
estiveram nas arquibancadas do Maracanã naquela tarde.
O público
daquele jogo é até hoje o maior público da Copa do Brasil e seria também o
último público acima da marca de 100 mil pessoas da história do Maracanã que
desde então passou por consecutivas reformas que diminuíram a capacidade do
estádio.
Em campo a
estratégia defensiva do Juventude foi mais eficaz e não permitiu que os
botafoguenses tirassem o prejuízo do placar agregado.
O goleiro
Émerson, em tarde muito inspirada, ajudou a segurar o placar de 0 a 0, foram ao
menos 4 defesas difíceis do goleiro que viveu uma redenção pessoal após
fraturar a perna duas vezes nas temporadas anteriores.
Mesmo com a
desvantagem do primeiro confronto, havia muita expectativa pela conquista entre
os torcedores alvinegros.
Pelo
regulamento da época apenas um gol alvinegro levaria a Copa do Brasil à General
Severiano, mas a única contagem aberta naquela tarde fria de junho foi a de
lágrimas botafoguenses e a de sorrisos jaconeros.
Para tentar
ser exato, com certeza mais de 100 mil lágrimas alvinegras e incontáveis
gargalhadas alviverdes que ecoavam do Maraca até Caxias do Sul.
A tarde de 27
de junho de 1999 marcou o Maracazzo da história do Botafogo e o dia da
conquista mais importante da história do Juventude, até hoje o único clube do
interior gaúcho a vencer um título nacional e disputar a Libertadores.
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