2004: o ano
das zebras no futebol
Há 15 anos, o
mundo do futebol ofereceu uma sequência inacreditável de zebras campeãs. Times
que não eram cotados sequer a boas campanhas, terminaram aquela temporada
erguendo troféus e comemorando títulos
Por Pedro
Henrique Brandão Lopes/Universidade do Esporte
A origem do
termo zebra no futebol é imprecisa, mas a versão mais difundida data de mais de
50 anos, mais precisamente em 1964, quando Gentil Cardoso, então treinador da
Portuguesa/RJ, falou que a possível vitória de seu time sobre o Vasco da Gama
seria uma zebra.
Gentil
Cardoso usou o jogo do bicho para criar a expressão, já que entre os 25 animais
que são sorteados não existe a zebra, ou seja, é impossível dar zebra como
resultado no jogo de azar e no futebol a analogia foi perfeita para falar de
resultados pouco esperados.
Desde Gentil
Cardoso, talvez nenhum outro ano na história pariu tantas zebras futebolísticas
quanto 2004.
As listras
galoparam nos gramados do mundo inteiro e em praticamente todas as grandes
ligas houve um campeão imprevisto.
No Brasil, o
Santo André ganhou a Copa do Brasil, o Once Caldas, inacreditavelmente, faturou
a Libertadores, e na Europa, a surpresa foi dupla, com os títulos do Porto, na
Liga dos Campeões, e da Grécia, na Eurocopa.
Isso para
citar apenas alguns casos.
Parafraseando
Nando Reis, em 2004, o mundo do futebol estava ao contrário, por isso, vamos
relembrar os improváveis campeões daquela incomum temporada.
Potiguar de
Mossoró — Campeonato Potiguar
Imagem: Fábio Oliveira
O Campeonato
Potiguar está entre os maiores duopólios do futebol brasileiro.
São 91
títulos somados os triunfos de ABC e América, em 96 edições do campeonato disputado
desde 1919.
É verdade que
o interior potiguar já havia conquistado o Estadual e desbancado a hegemonia de
Alvinegros e Alvirrubros, pelos pés do Corinthians de Caicó, que venceu a
disputa em 2001.
Ainda assim,
no ano mais zebrado da história do futebol mundial, a zebra deu seus galopes
também na Esquina da América.
No Machadão,
o Potiguar de Mossoró comemorou seu primeiro título estadual e deixou o
tradicionalíssimo América de Natal com o vice.
CRAC - Campeonato
Goiano
Imagem: Revista Placar
Uma zebra de
37 anos conquistou o Campeonato Goiano de 2004.
O Clube
Recreativo e Atlético Catalano, o CRAC, não vencia o estadual desde 1967, porém
no dia 18 de abril de 2004, o pequeno time da cidade de Catalão venceu o
tradicional Vila Nova, faturou o bicampeonato histórico e engrossou a
estatística de zebras.
Após eliminar
o Goiás na semifinal, o CRAC disputou o primeiro jogo da final no Serra
Dourada, diante do Vila Nova e perdeu por 2 a 1.
Uma semana
depois, o jogo definitivo foi marcado para o Estádio Genervino da Fonseca, em Catalão.
No tempo
normal, o Leão do Sul venceu por 3 a 0, com gols de Sandro Oliveira, Celinho e
Guaru.
Porém o
regulamento não previa saldo de gols na final e a decisão foi para os pênaltis.
Após converter suas cinco cobranças, Luciano desperdiçou o último chute do Vila
Nova e o título ficou com o CRAC, para a alegria e festa da cidade de Catalão.
São Caetano -
Campeonato Paulista
Imagem: Autor Desconhecido
A ascensão
meteórica do São Caetano, no início dos anos 2000, contou com uma sequência
invejável de decisões para o time do ABC Paulista, mas em todas as finais, o
Azulão levou a pior e parecia fadado a fama de eterno vice-campeão.
O simpático
time azul foi vice do Campeonato Brasileiro, nas edições de 2000 e 2001, e da
Libertadores, em 2002.
Quis o
destino que um troféu, enfim, fosse para São Caetano, no ano místico das
zebras.
No dia 18 de
abril de 2004, no Pacaembu, uma final de Campeonato Paulista zebrada com São
Caetano e Paulista de Jundiaí.
Juntas as
equipes do interior deixaram nos mata-matas Palmeiras, São Paulo e Santos.
Comandado por
Muricy Ramalho, que substituiu Tite demitido após má fase, o São Caetano
contrariou seu princípio de valorizar atletas desconhecidos e investiu em nomes
consagrados no cenário nacional, os chamados medalhões, e contava em seu elenco
com jogadores como Euller, Anderson Lima, Dininho, Warley e Fabrício Carvalho.
Depois de
vencer o primeiro jogo da final por 3 a 1, o São Caetano entrou na finalíssima
podendo até perder por um gol de diferença.
Porém, ainda
na primeira etapa, resolveu a partida e abriu 2 a 0, placar que perdurou até o
apito final e decretou o inédito título Paulista do Azulão.
2004 também
marcou o início do fim do São Caetano, que fazia boa campanha no Brasileirão,
até que em outubro, num jogo contra o São Paulo, no Morumbi, o zagueiro
Serginho sofreu uma parada cardiorrespiratórias e morreu.
Com Serginho
se foi também o brilho do Azulão, que não conseguiu se recuperar do lamentável
episódio e nunca mais repetiu os anos de protagonismo no futebol paulista,
nacional e continental.
*Entre os
campeonatos estaduais de 2004, vale ressaltar o vice-campeão gaúcho daquele
ano, pois apesar de o Internacional ter afastado a zebra da taça, o
desconhecido Ulbra chegou à decisão contra o Colorado.
Arsenal - campeão
invicto da Premier League 2003/2004
Imagem: Autor Desconhecido
Os inventores
do futebol não poderiam ficar de fora da tendência de 2004, e, na Inglaterra, o
galope foi caprichado.
Nem tanto
pelo campeão, que não pode ser considerado exatamente uma zebra, mas sim pela
forma da conquista: um campeonato inteiro sem perder.
Invicto, o
Arsenal conquistou a Premier League, em maio de 2004.
Desde a
temporada 1889/1890, quando o Preston North End conquistou o Campeonato Inglês
sem perder uma única partida sequer, ninguém repetira o feito.
Com jogadores
como Patrick Vieira, Sol Campbell, Gilberto Silva, Fredrik Ljungberg, Robert
Pirès, Edu, Dennis Bergkamp e Thierry Henry, o Arsenal de 2004 contou com o
melhor ataque, a melhor defesa e o artilheiro da competição, enfileirou
vitórias e terminou como campeão inglês, depois de 38 partidas consecutivas sem
derrota na liga.
Middlesbrough
- Copa da Liga Inglesa
Imagem: Pool/Getty Images
Teve surpresa
também na decisão da Copa da Liga Inglesa.
Bolton
Wanderers e Middlesbrough levaram a Cardiff a certeza de que uma zebra estava
prestes a acontecer.
Naquela
temporada o Middlesbrough, The Boro, era um dos times ingleses mais comentados
no Brasil, pois contava com o talento de Juninho Paulista e a segurança de
Doriva, dois brasileiros na Premier League.
Em 128 anos
de história, The Boro nunca havia vencido um título de relevância, mas mudou
esse panorama em apenas 7 minutos, com gols de Joseph-Desire Job e Zenden,
venceu o Bolton e ergueu a Copa da Liga Inglesa.
O placar de 2
a 1 favorável ao Boro, coroou com a conquista do inédito título, um ótimo time
que tinha como destaques os brasileiros Juninho, Doriva e Ricardinho, o
espanhol Mendieta, e o holandês Zenden.
Em sua
campanha, The Boro deixou pelo caminho tradicionais clubes como Everton,
Tottenham e Arsenal.
Um belo
exemplar de zebra proporcionado pelo clube fundado em 1876, na cidade de
Middlesbrough, no Nordeste da Inglaterra.
Grécia –
Eurocopa
Imagem: Liewig Christian - Corbis/Getty Images
A Grécia foi
indiscutivelmente uma zebra, talvez a maior daquele ano e uma das maiores da
história das seleções.
Porém o que
potencializa o presente dos gregos aos portugueses, entregue em pleno Estádio
da Luz, é que ninguém conseguiu identificar que o galope grego estava embalado
desde as Eliminatórias daquela Euro, quando conseguiu empurrar a Espanha para a
repescagem continental.
Já na
competição, um caminho recheado de tradicionais adversários em que a Grécia
deixou para trás novamente a Fúria, na primeira fase, a França, nas quartas e a
República Tcheca, na semifinal, até chegar à grande decisão como a sensação do
torneio para enfrentar ninguém menos do que os anfitriões.
Uma final
continental entre Grécia e Portugal já era uma zebra, considerando que após a
Era Eusébio, Portugal não conseguia boas campanhas.
Uma inusitada
decisão de Eurocopa, que aconteceu no Estádio da Luz.
A Zebra de
Troia foi entregue no estádio lisboeta, em 4 de julho de 2004, com gol
solitário de Haristeas, a Grécia surpreendeu e calou Portugal, que tinha um
timaço com Figo, Ricardo, Deco, Rui Costa, Pauleta, Cristiano Ronaldo e
dirigido por Luiz Felipe Scolari.
Uma
espetacular campanha, que rendeu o título europeu de 2004, e foi o ponto alto
da Seleção Grega, que sequer conseguiu a classificação à Copa do Mundo de 2006.
A vaga nas
oitavas de final no Mundial de 2014, foi o melhor resultado depois da zebra de
Lisboa e a Grécia jamais repetiu o desempenho de 2004.
**Vale
lembrar que Felipão, que dirigia a derrotada seleção Lusa, foi um dos
precursores do “zebrismo campeão” no futebol brasileiro. Em 1991, quando
dirigiu o Criciúma, o treinador conseguiu destaque nacional ao conduzir o
Aurinegro Catarinense ao título da Copa do Brasil diante do poderoso Grêmio.
FC Porto - Champions
League 2003/2004
Imagem: Getty Images
Hoje um nome
badalado no futebol mundial - há controvérsias - José Mourinho ganhou
notoriedade em 2004, quando o Porto conquistou a Liga dos Campeões, sob o
comando do treinador lusitano.
Mourinho
contava com um time que tinha Vítor Baía, Maniche, Deco, Carlos Alberto, entre
outros.
É bem verdade
que o Porto não é um caso de zebra clássica - já havia vencido o torneio
continental em 1987 e é uma das potências do futebol português - porém em
competições internacionais, a pouca tradição do Porto faz com que o título de
2004 seja uma efeméride.
Para se ter
ideia a outra conquista continental do clube, aconteceu apenas em 2011, na Liga
Europa.
A decisão daquela
Champions League foi uma zebra.
Mônaco e
Porto precisaram deixar pelo caminho times como Chelsea, Real Madrid,
Manchester United e Lyon para editar mais uma final inusitada em 2004.
Na
finalíssima, no dia 26 de maio, uma exibição extraclasse e gol de Carlos
Alberto, que Mourinho profetizou que seria o próximo Melhor do Mundo, além dos
gols de Deco e Alenichev, marcaram o 3 a 0 que coroou o ótimo time português.
Werder Bremen
- Bundesliga e Copa da Alemanha
Imagem: Andreas Rentz/Bongarts/Getty Images
Hoje um time
de meio de tabela, o Werder Bremen desbancou o favorito Bayern de Munique,
nadou de braçada na competição e conquistou o Campeonato Alemão de 2004.
Com o
artilheiro brasileiro Aílton no comando de ataque, o Bremen era orquestrado
pelo treinador Thomas Schaaf, e na 25ª rodada abriu 11 pontos de vantagem para
o segundo colocado.
Mesmo
oscilando nas últimas rodadas, o time verde não deixou o título escapar e
conquistou a Salva de Prata.
Para não
perder o embalo, o Bremen ainda levou a Copa da Alemanha, em noite inspirada de
Borowski, diante de mais de 70 mil espectadores presentes no Estádio Olímpico
de Berlim, venceu os aurinegros do Alemannia Aachen, por 3 a 2.
Em 2009, o
Werder Bremen repetiu a dose na Copa da Alemanha e depois não conseguiu reeditar
os bons momentos.
Mais uma
zebra que galopou em 2004 e parou no caminho.
Valencia - La
Liga e Copa UEFA
Imagem: Autor Desconhecido
O Valencia
disputou duas finais consecutivas de Champions League no início dos anos 2000.
Contra Real
Madrid, na temporada 1999/2000, e contra o Bayern de Munique, na edição
2000/2001.
Foi
vice-campeão nas duas ocasiões.
A temporada
2004 foi perfeita para mudar a situação dos valencianos.
Com um time
fantástico orquestrado primeiro por Rafa Benítez e depois por Claudio Ranieri,
o elenco dos Morcegos contava com o emblemático camisa 1 Santiago Cañizares,
Roberto Ayala, os ídolos David Albelda e Rubén Baraja, e o goleador brasileiro
Ricardo Oliveira, para encerrar um incômodo jejum.
Porém no
Campeonato Espanhol, com a concorrência dos Galácticos do Real Madrid e do
Barcelona reconstruído de Ronaldinho Gaúcho companhia Ltda, o Valencia não era
nem de longe cotado ao título.
No ano das
zebras, o improvável aconteceu e num intervalo de apenas 10 dias, o Estádio
Mestalla foi o epicentro do terremoto que sacudiu o futebol da Espanha.
Primeiro ao
desbancar ninguém menos do que Real Madrid e Barcelona com uma campanha
impecável para comemorar o título espanhol e depois ao conquistar a Copa da
UEFA, ao vencer o Olympique de Marseille, por 2 a 0, no Estádio Ullevi, em
Gotemburgo.
Mais uma vez,
o sucesso não se repetiu nos anos seguintes - apesar das conquistas de duas
Copas do Rei - e o terceiro lugar no Campeonato Espanhol foi o máximo que o
Valencia conseguiu.
Real Zaragoza
- Copa do Rei
Imagem: Autor Desconhecido
Essa zebra
foi parida com a infalível “Lei do Ex”: o brasileiro Sávio fez uma grande
partida e foi fundamental para garantir o título sobre os Galácticos.
O Real
Madrid, mesmo com Zidane, Beckham, Guti, Figo, Raúl e Roberto Carlos, não vivia
bons momentos e estava distante da ponta da tabela no Campeonato Espanhol.
O Barcelona
também não havia feito uma boa temporada.
Nesse vácuo,
o Zaragoza se apresentou com um time bem treinado por Víctor Muñoz e enxergou
na Copa do Rei, uma boa oportunidade de voltar a erguer um troféu.
Após eliminar
o Barcelona, nas quartas de final, e o Alavés, nas semifinais, o Zaragoza
chegou à decisão como azarão contra a equipe madrilenha.
No dia 17 de
março, no Estádio Montjuic, foi justamente o Real que abriu o placar com
Beckham em cobrança de falta.
Antes do
intervalo, o Zaragoza conseguiu a virada.
Parecia que
no segundo tempo seria só segurar o resultado e aguardar o relógio entregar o
título para os Maños.
Mas logo no
início da segunda etapa, Cani foi expulso e deixou o Real Zaragoza com um homem
a menos durante quase 45 minutos.
Os merengues
buscaram o empate e obrigaram a prorrogação. O desgaste por jogar um tempo
inteiro em desvantagem numérica era evidente nos jogadores do Zaragoza e um
tempo extra era praticamente a declaração que mais hora menos hora, o Real
Madrid faria o gol que precisava para levantar a Copa.
Porém depois
da expulsão de Guti e a igualdade de homens no gramado, o Zaragoza conseguiu
uma épica superação com gol do zagueiro Galletti, venceu por 3 a 2 e conquistou
o título sobre os favoritos Galácticos.
Sávio,
ex-jogador do time de Madrid por 6 temporadas, ídolo do Real Madrid e que foi
imprescindível para o título do Zaragoza justamente sobre os madrilenhos
recordou o dilema daquela noite:
“Eu entrei em
campo não misturando os fatos. O Real Madrid representa muito para mim, porém,
estava defendendo o Zaragoza e queria fazer história lá também. Aquele time
treinado pelo Víctor Muñoz tinha um comprometimento muito grande além, claro,
da qualidade dos atletas”.
Once Caldas -
Copa Libertadores da América
Imagem: Autor Desconhecido
O Once Caldas
não foi uma zebra, mas sim uma manada inteira de zebras postada atrás da linha
da bola numa retranca que conquistou o continente.
A boa defesa,
quase intransponível, era a principal característica daquele surpreendente time
colombiano.
Enquanto o
favoritismo daquela Libertadores estava com equipes como Santos, São Paulo,
River Plate e Boca Juniors, o Once Caldas, time sem tradição inclusive no
futebol colombiano, enfileirou eliminações sobre os gigantes da América e
conquistou o troféu mais desejado do continente.
Na decisão do
Mundial, o último no antigo formato de jogo único no Japão, o time do baixinho goleiro
Henao empatou durante 120 minutos sem gols com o Porto e apenas nos pênaltis,
por um placar de 8 a 7, os portugueses foram campeões mundiais.
Santo André -
Copa do Brasil
Imagem: Santo André/Divulgação
Além do São
Caetano campeão paulista, outro time da região do ABC foi campeão em 2004.
O Santo André
foi campeão da Copa do Brasil ao vencer o Flamengo, em pleno Maracanã, no
segundo jogo da final.
Dirigido por
Péricles Chamusca, que havia levado o Brasiliense à decisão da mesma Copa do
Brasil em 2002, o Santo André decidiu a competição após eliminar Atlético
Mineiro, Guarani e Palmeiras.
Sem
medalhões, o time que representa a letra A do ABC conseguiu empatar a primeira
partida da final por 2 a 2.
O Flamengo
contava com jogadores como Fabiano Eller, Júlio César, Felipe e Athirson.
Na volta, em
pleno Maracanã lotado de rubro-negros, o Santo André aprontou, surpreendeu e
anotou, com gols de Sandro Gaúcho e Elvis, o 2 a 0 que deu o improvável título
sobre o “favoritaço” Flamengo.
Menção
honrosa: Cienciano - Sul-Americana - 19 de dezembro 2003
Imagem: Autor Desconhecido
Quase em
2004, no dia 19 de dezembro de 2003, a Copa Sul-americana conheceu sua maior
zebra: o Cienciano.
Desde 2015 na
segunda divisão do Campeonato Peruano, o Cienciano foi uma das maiores
surpresas do futebol sul-americano.
O clube de
Cusco foi o primeiro time peruano a conquistar uma competição continental,
desbancando os gigantes Alianza Lima e Sporting Cristal.
No primeiro
jogo, logo um confronto doméstico e a primeira façanha: eliminação do Alianza
Lima.
Depois vieram
Universidad Católica, o Santos de Diego, Robinho e companhia, além do Atlético
Nacional de Medelín para chegar à decisão contra o River Plate.
Esse River
anotou 8 a 1 no agregado contra o Independiente, no confronto válido pelas
oitavas da competição, e eliminou o São Paulo, em pleno Morumbi.
Os peruanos
não se intimidaram e foram ao Monumental de Núñez, para o primeiro jogo da
decisão, dispostos a não perder.
Numa partida
que desafiou os limites da sanidade, o empate em 3 a 3 ao apito final
demonstrou o tamanho da garra daquele modesto e surpreendente time peruano.
Na volta, um
jogo tenso na cidade de Arequipa, pois o estádio do Cienciano não tinha
capacidade para abrigar uma decisão.
Até os 7
minutos do segundo tempo, o equilíbrio se refletia no placar empatado sem gols.
Quando depois
de uma falta no meio-campo, o árbitro aplicou o segundo amarelo e expulsou Juan
Carlos La Rosa.
O Cienciano
precisou lutar com um homem a menos contra um dos melhores times da América,
durante mais de 35 minutos.
Porém, aos 32
minutos, um lance improvável coroou a determinação dos peruanos: uma falta mal
batida, a meia altura e que passou justamente onde a barreira argentina abriu.
Com o 1 a 0
no marcador, o time peruano se segurou como pôde até o apito final decretar o
título do Cienciano, que inaugurou - com alguns dias de antecedência - o ano
das zebras.
Depois de
2004, convencionou-se uma expressão que trata sobre uma suposta “nova ordem no
futebol mundial”.
A verdade é
que houve uma evidente evolução do jogo e da parte física dos jogadores, isso
realmente mudou o favoritismo no futebol.
Camisa, por
si só, não ganha mais jogo e as zebras podem galopar à vontade pelos campos do
mundo.
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